Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Abstract
The purpose of this article is to interpret and understand the fundamental rights in Mozambican
constitution. One of the major problems is the confusion between the rights of peoples and the
rights of man. When we talk about the rights of peoples, we are talking about the right to self-
determination, the right to peace, etc. These are rights of the collectivity that are well defined
and in varying situations. Human rights refer to the right to life, freedom, religious beliefs, the
right to work, etc., etc. Along these lines, it can be seen that fundamental rights are defence
rights intended to protect certain subjective positions against intervention by the public power.
In this sense, for the perception of the fundamental rights in the Mozambican constitution, we
resorted to the bibliographical revision of authors such as Canotilho, Gouveia and Miranda
who gave much contribution in the search for the understanding of the fundamental rights in
the Mozambican constitution, as well as legal devices such as the Bulletin of the Republic and
1
Mestrando em ciências Políticas e Estudos Africanos pela Universidade Pedagógica de Maputo. Possui
graduação de Licenciatura em Ensino de História com Habilidades em Ensino de Geografia pela extinta
Universidade Pedagógica de Moçambique delegação de Montepuez. Contacto (861780104/848080410) correio
eletrónico: diliodinala@gmail.com.
2
Mestrando em ciências Políticas e Estudos Africanos pela Universidade Pedagógica de Maputo. Possui
graduação de Licenciatura em Filosofia pela UEM. Contacto (879129271/847329271). Correio eletrónico:
salminadasdores@gmail.com
2
the Mozambican Constitution, to finish we will present a conclusion where we can defend that
the fundamental rights of man are objective and subjective legal situations defined in positive
law in favour of the dignity, equality and freedom of the human person. Fundamental rights
and fundamental duties are legal situations or behavioural adstrictions constitutionally imposed
on people, on members of the political community. They are duties that man has before the
State, or before other men as a citizen, which derive from his basic statute, the Constitution, in
accordance with the principles that shape it.
Introdução
Os direitos fundamentais são baseados nos princípios dos direitos humanos, garantindo a
liberdade, a vida, a igualdade, a educação, a segurança e etc. No entanto, o estabelecimento dos
direitos fundamentais leva em consideração o contexto histórico-cultural de determinada
sociedade. Nesse caso, por exemplo, os direitos fundamentais de diferentes países podem
divergir, de acordo com as particularidades culturais e históricas de cada civilização.
O Direito Constitucional dos Direitos Fundamentais é o primeiro núcleo temático que, ao nível
da especialidade, se impõe esclarecer, logo a seguir à apresentação geral da CRM que se tornou
possível através dos seus princípios constitucionais e das suas regras acerca da nacionalidade
moçambicana. Isto quer dizer que é esta vertente do Direito Constitucional que tem a finalidade
de proteger a pessoa humana, ao mais alto nível e com todas as garantias que são apanágio da
força deste domínio jurídico. Em nenhum outro lugar do Direito Positivo estadual se pode dar,
nestes termos de máxima efetividade, tanta proteção à pessoa como pela consagração de
direitos fundamentais.
Olhando este pressuposto, podemos salientar que o presente artigo leva como hipótese que ao
Direito Constitucional, como estalão supremo da Ordem Jurídica, se entregasse a incumbência
singular de proteção da pessoa humana. Assim, os direitos fundamentais são as posições
jurídicas activas das pessoas integradas no Estado-Sociedade, exercidas por contraposição ao
Estado-Poder, positivadas na Constituição, daqui se descortinando três: um elemento
subjectivo: as pessoas integradas no Estado-Sociedade, os titulares dos direitos, que podem ser
exercidos em contraponto ao Estado-Poder; um elemento objetivo: a cobertura de um conjunto
de vantagens inerentes aos objetos e aos conteúdos protegidos por cada direito fundamental;
um elemento formal: a consagração dessas posições de vantagem ao nível da Constituição, o
estalão supremo do Ordenamento Jurídico.
O presente artigo justifica-se pela sua importância na percepção dos direitos fundamentais na
constituição Moçambicana. Pois, os direitos fundamentais só existem onde existindo uma
3
Constituição, esta os tenha consagrado e, se justifica citando Cruz Villalon segundo o qual
“onde não existir Constituição não haverá direitos fundamentais”.
O artigo é apresentado em partes, itens onde encontramos os assuntos abordados em volta do
tema, nomeadamente: 1. Direitos fundamentais na Constituição Moçambicana; 1.1. Princípios
Atinentes aos Direitos Fundamentais; 1.1.1. Princípio da Igualdade; 1.1.2. Princípio da
Universalidade; 1.1.3. Princípio da Não Discriminação; 1.1.4. Princípio da Dignidade Humana;
1.2. Dimensão Objectiva e Subjectiva dos Direitos Fundamentais; 1.3. Categorias dos direitos
fundamentais; 1.3.1. Direitos Fundamentais Individuais e Direitos Fundamentais
Institucionais; 1.3.2. Direitos de Exercício Individual e Direitos de Exercício Colectivo; 1.3.3.
Direitos de Liberdade e Direitos Sociais; 1.4. Protecção e restrições aos direitos fundamentais;
1.5. Vinculação dos Poderes Públicos aos Direitos Fundamentais (sociais); 1.6. A Limitação
dos Direitos Fundamentais e o Princípio da Proporcionalidade .
Um outro autor que discute os direitos fundamentais é Vieira de Andrade. Para este, os preceitos
relativos aos direitos fundamentais não podem ser pensados apenas do ponto de vista dos
indivíduos, enquanto posições jurídicas de que estes são titulares perante o Estado,
designadamente para se defenderem, antes valem juridicamente também do ponto de vista da
comunidade, como valores ou fins que esta se propõe prosseguir, em grande medida através da
acção estadual. Para Menezes Cordeiro, os direitos fundamentais correspondem à positivação,
nas ordens jurídicas internas do tipo continental, dos direitos do homem. Correspondem às
posições jurídicas activas consagradas na Constituição, (Queiroz, 2002, p.49).
Qualquer que seja o entendimento que se tenha dos direitos fundamentais o certo é que,
perfilhando o Prof. Jorge Miranda, estes não se esgotam nos consagrados na Constituição
(dimensão objectiva), existem outros direitos inerentes à natureza humana para além dos
consagrados na Constituição (dimensão subjectiva). Aliás, este foi o entendimento acolhido
pelo legislador constituinte moçambicano, ao estabelecer no art. 42 da CRM que “os direitos
fundamentais consagrados na Constituição não excluem quaisquer outros constantes das leis”.
A Constituição Moçambicana atribui os direitos fundamentais a todos os cidadãos perante a
lei, e todos gozam dos mesmos direitos e estão sujeitos aos mesmos deveres. O artigo 35º e
seguintes da CRM enumeram princípios e uma série de direitos, deveres e liberdades
consignados na “lei-mãe” do país. Refere ainda que: “os direitos fundamentais consagrados na
Constituição não excluem quaisquer outros constantes das leis” (CRM, 2004). Isto para dizer
que todos os assuntos sobre os direitos fundamentais não se esgotam apenas na Constituição,
existindo outros instrumentos legais ou leis que de forma específica nos remetem à sua consulta
e apreciação. Ou seja, a fonte de reconhecimento dos direitos humanos em si não é, apenas, a
Constituição mas também a Lei ordinária. Assim, as atribuições dos direitos fundamentais na
CRM encontram-se dispostos em: Princípio da Universalidade e Princípio da Igualdade.
Segundo Gouveia (2005, p.1031), o conceito de direitos fundamentais, de acordo com esta
perspetiva específica, implicou que ao Direito Constitucional, como estalão supremo da Ordem
Jurídica, se entregasse a incumbência singular de proteção da pessoa humana. Assim, os
direitos fundamentais são as posições jurídicas ativas das pessoas integradas no Estado-
Sociedade, exercidas por contraposição ao Estado-Poder, positivadas na Constituição, daqui se
descortinando três elementos constitutivos:
um elemento subjectivo: as pessoas integradas no Estado-Sociedade, os titulares dos
direitos, que podem ser exercidos em contraponto ao Estado-Poder;
um elemento objectivo: a cobertura de um conjunto de vantagens inerentes aos objetos
e aos conteúdos protegidos por cada direito fundamental;
5
Assim, numa perspectiva de seus titulares, os direitos fundamentais surgem como direitos
subjectivos públicos, enquanto que na perspectiva das relações de vida, surgem como institutos,
unidos não por uma relação de dependência, complementaridade ou instrumentalidade, mas
sim, por uma relação de integração essencial. Para Haberle, os direitos fundamentais
apresentam um “lado” jurídico-individual, enquanto garantem aos seus titulares um direito
subjectivo público, e um “lado” institucional objectivo, enquanto garantias constitucionais de
âmbitos de vida de liberdade juridicamente ordenado e conformados (De Novais, 2010, pp.57-
80).
Constituição (art. 56, n.º 2 da CRM) e na medida em que tais limitações ou suspensão sejam
transitárias. A CRM (art. 72) encarregou-se de enumerar as situações face as quais, as
liberdades e garantias individuais podem ser limitadas, designadamente em situações de
excepção: de estado de guerra, estado de sítio e estado de emergência.
Conclusão
Contudo, pode-se concluir que direitos fundamentais são direitos de defesa que se destinam a
proteger determinadas posições subjetivas contra a intervenção do poder público. Os direitos
fundamentais do homem são situações jurídicas objectivas e subjectivas definidas no direito
positivo em prol da dignidade igualdade e liberdade da pessoa humana. Direitos fundamentais
e Deveres fundamentais são situações jurídicas ou adstrição de comportamentos impostas
constitucionalmente às pessoas, aos membros da comunidade política. São deveres que
o homem tem perante o Estado, ou perante outros homens enquanto cidadão e que derivam do
seu estatuto básico, a Constituição, em conformidade com os princípios que a enformam.
Os direitos fundamentais não se resumem aos que constam do texto constitucional, uma vez
que eles representam valores supremos intrínsecos à dignidade humana, cuja validade não
carece da consagração em nenhum instrumento jurídico. Os direitos fundamentais só existem
onde existindo uma Constituição, esta os tenha consagrado.
Assim, os direitos fundamentais são as posições jurídicas cativas das pessoas integradas no
Estado-Sociedade, exercidas por contraposição ao Estado-Poder, positivadas na Constituição,
daqui se descortinando três elementos constitutivos: um elemento subjectivo: as pessoas
integradas no Estado-Sociedade, os titulares dos direitos, que podem ser exercidos em
contraponto ao Estado-Poder; um elemento objectivo: a cobertura de um conjunto de vantagens
inerentes aos objetos e aos conteúdos protegidos por cada direito fundamental; um elemento
formal: a consagração dessas posições de vantagem ao nível da Constituição, o estalão supremo
do Ordenamento Jurídico.
Os direitos fundamentais surgem como direitos subjectivos públicos, enquanto que na
perspectiva das relações de vida, surgem como institutos, unidos não por uma relação de
dependência, complementaridade ou instrumentalidade, mas sim, por uma relação de
integração essencial.
Os direitos fundamentais apresentam um “lado” jurídico-individual , enquanto garantem aos
seus titulares um direito subjectivo público, e um “lado” institucional objectivo, enquanto
garantias constitucionais de âmbitos de vida de liberdade juridicamente ordenado e
conformados.
13
Os direitos fundamentais reportam-se à pessoa humana, mas há bens jurídicos da pessoa que
só podem ser salvaguardados no âmbito ou através de instituições (associações, grupos de
qualquer natureza, instituições stricto sensu), dotadas de maior ou menor autonomia frente aos
indivíduos que as constituem, tudo na perspectiva de protecção, promoção e realização da
pessoa, pela atribuição de direitos a essas instituições (personificadas ou não).
No plano de exercício, encontramos direitos de exercício individual – que são direitos de
existência, direito ao desenvolvimento da personalidade, a liberdade física, a liberdade de
consciência, a liberdade positiva e negativa de associação, o direito ao trabalho e, em geral,
todos os direitos sociais.
Os direitos de exercício colectivo são aqueles que somente podem ser postos em prática por
um conjunto de pessoas, por exemplo: a liberdade de imprensa, de reunião, de manifestação, o
direito à greve, o direito de sufrágio.
A par da vinculação dos direitos fundamentais aos órgãos quer públicos quer privados que
emana da própria Constituição, não se pode postergar o princípio da proporcionalidade no
Estado de Direito.
Assim, no caso do ordenamento jurídico moçambicano, o exercício dos direitos fundamentais
só pode ser limitado em razão da salvaguarda de outros direitos e interesses protegidos pela
Constituição (art. 56, n.º 2 da CRM) e na medida em que tais limitações ou suspensão sejam
transitárias.
Referências Bibliografia
BARBAS, Stela Marcos de Almeida Neves; Direito do genoma humano. Portugal: Almedina,
2007.
CANOTILHO, J.J. Gomes; Direito Constitucional e Teoria da Constituição, 5.ª Edição,
Portugal: Almedina. 2001.
DE ANDRADE, José Carlos Vieira; Os Direitos Fundamentais na Constituição Portuguesa
de 1976, 5.ª Edição, Portugal: Almedina, 2012.
DE NOVAIS, Jorge Reis; As restrições aos Direitos Fundamentais não expressamente
autorizadas pela Constituição, 2.ª Edição, Coimbra: Coimbra Editora, 2010
GOUVEIA, Jorge Bacelar; Manual de Direito Constitucional, Vol. II, Portugal: Almedina,
2005.
MIRANDA, Jorge; Manual de Direito Constitucional, Tomo IV, 4.ª Edição, Coimbra:
Coimbra Editora, 2008.
_______________ Teoria do Estado e da Constituição. Coimbra: Coimbra Editora, 2002.
14
Legislação
Constituição da Republica de Moçambique – 2004