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Por: Doutor António Salomão Chipanga, PhD, Professor de Ciência Política, Direito
Constitucional, Direitos Fundamentais, Direito Eleitoral, Direito do Contencioso
Constitucional e Eleitoral e de História de Direito Moçambicano.
Tema: A NACIONALIDADE
A matéria de que versa o tema em estudo que nos propomos desenvolver nestas lições
sumárias é referente a nacionalidade, direito que tem a sua sede legal no título II da
Constituição da República de Moçambique (CRM), do artigo 23 ao artigo 34.
A cidadania que se apresenta como sendo um status é um direito pessoal que está ligado a
nacionalidade do indivíduo e decorre directa e imediatamente da referida nacionalidade,
sendo assim, uma qualidade que se manifesta através da pertença do indivíduo a uma
comunidade politica de que é cidadão, sendo deste entendimento, um bem jurídico de
primeira grandeza, corolário da dignidade da pessoa humana e daí um direito fundamental
de que advém direitos políticos, civis, económicos e culturais.
Com base neste entendimento a privação de cidadania só pode ocorrer nos casos e nos
termos previstos na Constituição e nas demais leis da República e nunca pode ter como
fundamento, motivos de ordem política e nem pode estar sujeito a suspensão1, conforme se
determina no artigo 294, da CRM.
Diogo Freitas do Amaral4, aceita a definição do Professor Marcello Caetano, porém julga
que requer contudo algum aperfeiçamento, tal que nos apresenta a seguinte definição:
Estado é a comunidade constituída por um povo que, a fim de realizar os seus ideais de
segurança, justiça e bem-estar, se assenhoreia de um território e nele institui, por autoridade
própria, o poder de dirigir os destinos nacionais e impor as normas necessárias à vida
colectiva.”
1
Nos termos previstos no artigo 72, da CRM.
2
Baseando-se na linha de George Jellinek, Teoria General del Estado, trad. Buenes Aires, Albatros, 1981, p.
133 e p.s 295 e seg., em especial a síntese “ O Estado é a unidade de associação dotada originariamente de um
poder de dominação, e formada por homens instalados num território”
3
Caetano, 1996, p. 122.
4
Amaral, Diogo Freitas do, 1984, Estado, in Polis - Enciclopédia, Verbo da Sociedade e do Estado, Vol.
II, Lisboa, Verbo, p. 1127 e 1128.
Doutor. António Salomão Chipanga, PhD, Professor Universitário da Faculdade de Direito da UEM e 3
da Universidade Nachingwea. Regente das disciplinas de Ciência Política, Direito Constitucional,
Direitos Fundamentais, Direito Eleitoral, Contencioso Constitucional e Eleitoral e História de Direito
Moçambicano.
Apontamentos destinados aos estudantes do curso de Direito
O Estado de que nos referimos é o Estado moderno que surge na Europa sobre as ruínas do
feudalismo.
Entendemos que a definição mais adequada para o nosso estudo é aquela em que o Estado
seja coberta por uma proclamação formal pela qual se reconhece a existência de uma massa
humana, o povo, localizado num determinado espaço fisico territorial e o referido povo
organiza-se políticamente fazendo surgir o poder constituinte por via do qual institui um
poder político próprio, cujo exercício se acha limitado na área circunscrita ao território de
que é Senhor com a finalidade de nele prossguir fins de interesse próprio da comunidade.
No presente estudo preferimos adoptar a definição do Prof. Marcello Caetano por conter a
delimitação do conceito jurídico do Estado por recurso a estes três elementos fundamentais
ou condições da sua existência e por sinal os mais difundidos no tema ora em abordagem e
na generalidade da doutrina dominante.
Neste sentido, realçamos a lição do Professor Jorge Miranda7, nos seguintes termos
"Elementos do Estado tanto podem ser elementos constitutivos ou componentes do Estado,
definidores do seu conceito ou da sua essência, quanto condições ou manifestações da sua
existência. No primeiro sentido, na essência do Estado, pelo menos, abrangem˗se um povo,
um território e um poder político (ainda que possam abranger˗se outros elementos).
No segundo, para existir Estado, tem de haver um povo, um território e um poder político,
sem com isso se aceitar, necessariamente, a recondução a eles da estrutura do Estado.
Povo;
População;
Cidadão/cidadania;
5
Sousa, Marcelo Rebelo de, 1983, Direito Constitucional, I – Introdução à Teoria da Constituição, Braga,
Livraria Cruz, p. 108.
6
Alves, Maria Manuela Magalhães Silva Dora Resende, 2000, Noções de Direito Constitucional e Ciência
Política, Rei dos Livros, p. 202.
7
Ibidem, Miranda, Tomo III, p. 28 e 29.
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Nação/nacionalidade;
Pátria/patriota.
Desta feita, Povo é a massa humana que habita o território de que é Senhor. O povo é o
destinatário directo, imediato e permanente da Ordem jurídica Estatal.
O povo é o elemento primário que justifica e determina a existência do Estado sem o qual
não temos a presença jurídica do Estado no conceito universal, é a partir do povo que a
relação jurídica estatal se constitui sob forma de Nacionalidade.
É a partir da nacionalidade que o vínculo jurídico liga o indivíduo que seja nacional do
Estado por ter nascido naquele território do Estado oi ser descendente de ambos ou de um
dos nacionais do Estado que se adquiri a qualidade de cidadão, daquele Estado.
Jorge Miranda – Rui Medeiros9 ensinam-nos que “O conceito de povo não se confunde com
o de sociedade ou de sociedade civil. O povo é uno e definido juridicamente. A sociedade é
complexa, diversificada, plural, repartida por grupos, associações, organizações,
instituições, por vezes com interesses antagónicos.
A pessoa física a que nos referimos é um ser humano dotado de corpo e alma e sujeito de
direitos e deveres na sua comunidade estadual e que constitui a razão de ser do Estado e da
comunidade. A pessoa física é um indivíduo que goza de direitos e está sujeito a certo
dever ou tem um conjunto de deveres em relação a comunidade onde está inserido.
8
Conjunto de indivíduos que se encontram ligados ao Estado pelo vínculo de nacionalidade ou cidadania.
9
Constituição Portuguesa Anotada, Tomo I, Introdução Geral, Preambulo artigos 1.˚ a 79.˚, Coimbra Editora,
2005.
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A pessoa física é um ser social cuja existência só pode ocorrer numa comunidade social
onde está sujeito a normas que determinam a sua conduta fora das quais não tem existência
social nem jurídica.
Para Hans Kelsen10, “Um segundo “elemento” do Estado, segundo a teoria tradicional, é o
povo, isto é, os seres humanos que residem dentro do território do Estado. Eles são
considerados uma unidade. Assim, como Estado tem apenas um território, ele tem apenas
um povo, e, como a unidade território é jurídica e não natural, assim, o é a unidade do
povo. Ele é constituído pela unidade da ordem jurídica válida para os indivíduos cuja
conduta é regulamentada pela ordem jurídica nacional, ou seja, é a esfera pessoal de
validade dessa ordem. Exactamente como a esfera pessoal de validade da ordem jurídica
nacional é limitada, assim também o é a esfera pessoal. Um indivíduo pertence ao povo de
um dado Estado se estiver incluído na esfera pessoal de validade de sua ordem jurídica.
Assim como todo o Estado contemporâneo abrange apenas uma parte do espaço, ele
também compreende apenas uma parte da humanidade. E, assim como a esfera territorial
de validade da ordem jurídica nacional é determinada pelo Direito internacional, assim, o
é a sua esfera pessoal.”
Porém, nem todas as pessoas que vivem ou que tenham uma relação jurídica com um certo
território sob o controlo do poder político constituem o substrato humano com o qual o
Estado tem um vínculo jurídico permanente e indissociável.
O vínculo jurídico estabelece-se apenas com os indivíduos que estão sujeitos às normas
gerais que são fixadas pelos órgãos competentes do poder político.
O legislador constituinte material e formal de cada um dos Estados com base em elementos
objectivos que respeitam as normas de Direito Internacional, define e fixa em diplomas
legais os critérios que o permite identificar quais dentre os cidadãos que residem no
território do Estado de que é Senhor são nacionais e por contraposição quais aqueles são
estrangeiros em face dos nacionais.
O conceito de povo não tem sido unanime na doutrina relevante e, por isso, a nossa
concepção pode não ser acolhida em outros regimes políticos e assim, o concieto de povo
pode exprimir outro conteúdo diverso a que nós defendemos.
10
Teoria Geral do Direito e do Estado, Martins Fontes, São Paulo, 2005, página 334.
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A título de exemplo o termo povo pode exprimir um sentido que qualifica as pessoas,
conforme a actividade económica que realiza, concepção ideológica que defende, a
posição política que ocupa na goverNação11 e na sociedade ou condições de vida que
possui e nesta esteira povo são as pessoas que pertencem a classe dos trabalhadores, os
mais desfavorecidos da sociedade, os que não fazem parte da linha de goverNação ou da
chamada alta sociedade e os que não são membros das forças da defesa e segurança do
Estado.
As leis do Estado dirigem-se em primeiro lugar aos nacionais, ao povo e, só a este o Estado
confere direitos políticos, económicos, sociais e culturais, garante-lhe a protecção e a
jurisdição da justiça e em troca exige o cumprimento de certos deveres fundamentais, tais
como os de obediência a ordem estituída, artigo 38, da CRM, o de fidelidade, lealidade e o
de exercer cargos públicos e cumprimento de serviço militar para a defesa da soberania,
conforme o previsto nos artigos 30, 39, 44 e 46, da CRM.
A existência real e jurídica do Estado decorre da vontade política do seu respectivo povo
elemento imprescindível do domínio e do Estado, cabendo a cada membro da comunidade
política prestar a devida contribuição material, sob forma de imposto e de outras formas de
prestação da cidadania activa, conforme se dispõe no artigo 45, da CRM.
11
Jorge Miranda, Manual de Direito Constitucional, Tomo III, Estrutura Constitucional do Estado, 3.ª edic.,
Coimbra Editora, 1996, página 56. – “O que importa sublinhar é que a separação entre governantes e
governados deve ser compreendida não como uma abissal separação de pessoas, mas como uma necessária
separação de funções. Não se trata de qualidades inatas às pessoas, trata-se de funções voltadas para a
prossecução dos fins do Estado. Só há governantes em razão das normas jurídicas.
Os governantes fazem tanto parte do povo como os governados. Têm de ser cidadãos do país, têm de vir do
povo – seja qual for a sua condição social e sejam quais forem as formas de designação. Se pode dizer-se que
encarnam o Estado-poder, já não pode pretender-se que só os governados forme o Estado-comunidade.
Cidadãos como eles, recrutados entre eles, os governantes não podem deixar de viver e conviver com os
governados e de se integrar também, no Estado-comunidade.
A condição jurídica dos governantes é dupla. Como governantes têm um estatuto ditado pela Constituição.
Como cidadãos são iguais aos outros cidadãos, e em tudo aquilo que não disser respeito ao exercício dos seus
cargos, em tudo aquilo que não for actividade funcional, mas apenas pessoal, estão sujeitos às normas comuns
de Direito Criminal e de Direito privado, de Direito Administrativo e de Direito Tributário. Ponto está, por
consequência, em discernir em evitar que eventuais imunidades e regalias funcionais se convertam em
garantias e privilégios pessoais.”
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O vínculo jurídico que liga os indivíduos de um certo território a uma comunidade política
organizada – Estado, objecto da presente lição denomina-se nacionalidade12. É uma
qualidade a que corresponde certos direitos e certas obrigações para com os outros
nacionais e para com a própria colectividade, artigo 38, 39, 44, 45 e 46, todos da CRM.
É importante notar que a expressão “povo” não se confunde com outras expressões afins,
como seja: Nação, população e pátria, termos em relação aos quais nos propomos discernir
por forma a distinguir este com o conceito de povo.
12
Reinhold Zippelius, Teoria Geral do Estado, 3.ª Edição, Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa, 1997,
página 104 – “A nacionalidade é um estatuto jurídico ao qual o direito estatal associa direitos e deveres
específicos reciprocamente relacionados e que exprimem uma vinculação ao destino político de um Estado.
Neste sentido, na democracia, os direitos do cidadão são reservados, tradicionalmente, aos nacionais; isto é, a
capacidade de participar na vida do Estado através do direito de sufrágio activo e passivo, através do direito
de voto e através de exercício de cargos públicos; numa palavra: a cidadania activa, o estatuto do cidadão, o
statuts activus. – Pelo contrário, no caso dos direitos de liberdade (no statuts negativus), o estatuto jurídico
especial dos nacionais revela-se essencialmente apenas na distinção entre direitos do Homem e direitos do
cidadão. Os direitos fundamentais quando formulados como direitos do Homem serão válidos para todos. Os
direitos do cidadão aproveitam apenas aos nacionais e aos indivíduos que lhes forem equiparados.”
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Estado precede a Nação, isto é, é da Nação que se forma o Estado, dai que se justifica que
entre o conceito de Nação e de Estado seja mais difícil identificar a separação ou a
distinção.
A Nação é a reunião de pessoas, geralmente do mesmo grupo étnico, que falam o mesmo
idioma e tem os mesmos usos e costumes, que por sua vez, formam, um povo que é uma
massa demográfica unificada, sob forma de uma comunidade politicamente organizada e
assente numa ideia política.
Uma Nação se mantém unida pelos hábitos, tradições, religião, língua, consciência nacional
e sentimento de pertença ao grupo com o qual se identifica.
Os elementos território, língua, religião, costumes e tradição, por si sós, não constituem o
carácter de uma Nação.
A Nação é uma comunidade histórica de cultura, mas não é qualquer comunidade cultural,
mas sim uma comunidade de cultura com vocação ou aspiração a comunidade política.
Neste sentido, Nação é o elemento humano ou pessoal do Estado, que por conseguinte
revela a pertença a uma Nação, que nem sempre corresponde a um Estado.
Ciência Política Direito Constitucional – Introdução à Teoria Geral do Estado. Ricardo Leite Pinto, José de
13
Recorrendo as lições do Prof. Georges Burdeau14 os “... Estados que acabam de obter a
independência assediados por uma multidão de problemas, dos quais o menos que se pode
dizer é que são resolvidos com desigual felicidade. Ora, de todos estes problemas, o que é
fundamental é o problema nacional. Muito mais do que as suas dificuldades económicas,
muito mais que as das opções que devem ser feitas no plano internacional, e até muito mais
que as que se acham ligadas ao subdesenvolvimento, a dificuldade principal do Estado
novo é a que lhe levanta a estrutura e a delimitação do seu esteio nacional.
Em todos os países antigos, foi a Nação que fez o Estado; ele formou-se lentamente nos
espíritos e nas instituições unificados pelo sentimento nacional. No Estado novo, tal como
aparece no continente africano, é o Estado que deve fazer a Nação. Simplesmente, como o
Estado não pode nascer senão de um esforço nacional, o drama político fecha-se num
círculo vicioso. Que vemos então? Vemos os chefes, adeptos de um Estado que ainda não
existe e do qual colhem os traços no modelo efectivamente consumado noutro sítio,
esforçar-se por criar no seu pais as condições indispensáveis ao estabelecimento de um
poder estatal.”
No sentido jurídico15, a Nação é entendida como “um ser colectivo, indivisível titular da
soberania, composto pela universalidade dos nacionais”. Neste sentido, Estado e Nação
coincidem, a ponto de se poder falar em Estado-Nação, como sinónimo da íntima ligação
entre as duas realidades.
Por isso, um Estado fundar-se-ia sempre numa Nação e cada Nação corresponde a um
Estado.
14
“O Estado,” publicações Europa-América, Lisboa, 1981 pag. 41.
15
Ciência Política Direito Constitucional – Introdução à Teoria Geral do Estado. Ricardo Leite Pinto, José de
Matos Correia e Fernando Roboredo Seara, 2000, página 75 e 77.
16
Manual de Direito Constitucional, Tomo III, Estrutura Constitucional do Estado, 3.ª edic., Coimbra Editora,
1996, página 61.
.
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Uma Nação funda-se, portanto, numa história comum, em atitudes e estilos de vida, em
maneiras de estar na natureza e no mundo, em instituições comuns, numa consciência de
futuro (ou desígnio) a cumprir. Diferencia-se das demais pelos factores característicos que
lhe deram origem e que ficam a marcar o seu destino. Estes factores são extremamente
variáveis: há nações que parecem vinculadas a factores linguísticos, outras a étnicos, ou
religiosos, ou geográficos ou institucionais.
Nação moçambicana
Por conseguinte, a luta de libertação nacional desenvolvida pelo povo moçambicano, sob a
direcção da FRELIMO sementou a unidade nacional como principal factor e definiu o
racismo, o regionalismo, o tribalismo ou qualquer outra forma de descriminação ou
divisionismo na base da cor, raça, sexo, origem étnica, lugar de nascimento, religião, grau
de instrução, posição social, condição física ou mental, estado civil dos pais, profissão ou
opção política como principais inimigos do povo moçambicano, isto é, por todos aqueles
indivíduos que são cidadãos moçambicanos.
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Por conseguinte, nesses Estados não há infelizmente a coincidência entre Estado e Nação,
constituindo esse desejo uma meta e desafio a ser alcança a médio e longo prazo.
O que actualmente caracteriza os Estados africanos são as lutas tribais, regionalistas e etno-
linguista pela posse do poder político para a partir deste alcançar o poder económico,
sobretudo o acesso aos recursos naturais em benefício de uma minoria dominante do
Estado, deixando o essencial que é o desenvolvimento do País e do seu respectivo povo.
A diferença entre Estado e Nação envolve a escala que esses dois termos alcançam.
O Estado é uma instituição pública que, mesmo sendo formado pela sociedade em geral,
compõe um âmbito jurídico e formal em que os cidadãos independentemente da sua cor,
raça, valores culturais, tradições, usos e costume, sentimentos, projectos e outros, se acham
vinculados, através da nacionalidade do referido Estado, enquanto Nação constitui-se de
17
Decorrente da afirmação do povo moçambicano na comunidade internacional sob a direcção da FRELIMO,
movimento político e armado do povo e da aplicação directa e imediata do direito dos povos à
autodeterminação à independência e ao auto-governo, consagrado na carta da ONU, nos artigos 1.º, 55, 73 e
76.
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uma comunidade com valores, costumes, usos, tradições, religião, língua, raça, sentimentos
e projectos próprios dos membros da respectiva comunidade e é algo que se coloca acima
da vontade dos Homens que integram a referida comunidade cultural e política.
Por conseguinte, o Estado é uma criação dos Homens e resultada da vontade expressa
destes, sendo, por isso, mais abrangente por ser multirracial e integrar no seu seio as
comunidades diversificadas que correspondem a Nação.
Um outro conceito que importa referir ainda que seja sucintamente é o da Pátria.
A pátria tem de ser vista em relação ao território concreto e exprime o vínculo efectivo, o
sentimento de amor com o seu território. (pátria é a terra dos pais, trata-se da pátria amada,
a terra dos progenitores, o meu país ou a terra dos meus antepassados). Trata-se de um
sentimento que o cidadão tem pela sua terra onde nasceu e deixou ficar o seu cordão
umbilical, que por carregar estes valores históricos-culturais merece do cidadão um amor
especial, razão pela qual se dispõe moral ou materialmente a proteger e a defender de todos
os ataques inimigos e tudo que está ao seu alcance faz para preservar e manter o que
sempre houve, aceitando apenas o seu melhoramento.
Na esteira deste sentimento, temos vindo a conhecer associações criadas pelos cidadãos,
com as seguintes denominações: associações dos naturais de Sofala, de Buzi, dos naturais e
amigos da Zambézia, de Chibuto, de Marracuene, etc.
Nestas associações vemos com muita clareza o vínculo espiritual e sentimental que liga o
cidadão com o território que o viu nascer ou a crescer.
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O sentimento patriótico comungado por todos os cidadãos que tem ligação umbilical,
espiritual ou outra forma que sentimentalmente o liga a terra pátria é um factor primordial
de união independentemente da cor, raça, sexo, origem étnica, lugar de nascimento,
religião, grau de instrução, posição social, estado civil dos pais, profissão, opção política,
hábitos, tradições, língua, consciência nacional ou qualquer sentimento de pertença ao
grupo com o qual se identifica,
O patriotismo não tem cor, raça, língua, lugar de nascimento, religião nem partido político.
Tem sim o bem comum que é a terra onde nasceu ou lhe viu a crescer.
Enquanto o conceito de povo se situa no domínio político daí ser um conceito de ordem
constitucional de que decorre direitos e deveres tal como vimos.
b) População: são todos os cidadãos que habitam num determinado local que sejam de
várias nacionalidades ou não, portadores de Bilhete de identidade moçambicana, sendo
nacionais ou passaporte e ou documento de identificação de residência do estrangeiro
(DIRE) sendo estrangeiro.
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Reinhold Zippelius, Teoria Geral do Estado, 3.ª Edição, Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa, 1997,
página 94, - “Pode designar-se como povo em sentido sociológico a totalidade de indivíduos que se sente
ligadas por um sentimento de afinidade nacional, que, por seu turno, está fundada numa pluralidade de
factores, p. ex., o parentesco rácico, a cultura comum (especialmente da língua e da religião), e o destino
político comum.
Analisada com mais atenção, a solidariedade nacional revela-se como fenómeno extremamente complexo e
problemático. Não existe, ao que parece, uma única afinidade nacional, pura e simplesmente, mas apenas
variadas combinações de afinidade que diferem grandemente quanto ao seu grau e seu conteúdo. Um homem
pode sentir-se ligado a um outro pela língua e pela religião comum, a um segundo pelo parentesco familiar e
pela pátria comum, a um terceiro pela profissão e pelos mesmos interesses económicos e espirituais e
finalmente, ainda a outro pelo destino político comum. Qualquer uma das combinações destes factores parece
exprimir aquilo que se designa leviamente por “sentimento nacional”, do qual, no entanto, existem, na
verdade, variantes muito diferentes consoante os seus componentes e a sua intensidade.”
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Em Estados modernos, a participação dos cidadãos nacionais na vida política nacional não
fica refém do momento da realização do sufrágio eleitoral, momento em que todos os
cidadãos nacionais são chamados a exercer o seu direito de voto ou de ser votado.
Os cidadãos nacionais são participantes activos na vida política do Estado. Eles participam
na vida pública, através da emissão livre da opinião pública que por diversas vias
manifestam, artigo 45 e 44, todos da CRM e influênciam indirectamente os orgãos com
poderes de decisão política governamental e gozam dos direitos de manifestação e de
reunião, de associação e de constituir, participar e aderir a partidos políticos, conforme os
artigos 51, 52, 53 e 73, todos da CRM.
19
Resolução n.º 5/91, de 12 de Dezembro, Ratifica o Pacto Internacional sobre Direitos Civis e Políticos,
adoptados pela Assembleia Geral das Nações Unidas, em 16 de Dezembro de 1966, publicado no BR n.º 50,
Supl. de 12 de Dezembro de 1991;
20
Consiste em considerar a pessoa humana como o fim supremo do Estado e do Direito, sendo este o critério
de fundamentação do Direito em geral e dos direitos fundamentais em particular.
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O Estado só pode dar força executória e sancionatória às leis que decreta no seu território.
Cidadão: São os sujeitos do Direito traduzido sob forma de leis do Estado a quem cabe o
dever de obediência a tais leis e de prestar ao Estado a que vinculado o dever de participar
na vida civil e democrática, ou seja, a palavra cidadão abrange todos os sujeitos de Direito
nomeadamente: os que integram o conceito de povo e o conceito de população e a ambos
se impõe o dever de cidadania, artigo 45 e 44, ambos da CRM.
21
Jorge Miranda, Manual de Direito Constitucional, Tomo III, 3.ª edic. Coimbra, 1996, pag. 92.
22
Idem, Jorge Miranda, página 91.
23
Idem, Jorge Miranda, página 93.
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Enquanto que o conceito de povo tem em consideração o sujeito a quem confere plenos
direitos e liberdades políticas consagradas na Constituição e nas Leis.
Pessoa jurídica é uma elaboração do Direito que visa garantir o gozo pleno dos Direitos por
parte da pessoa física que como tal individualmente não pode os gozar totalmente.
Assim, a pessoa jurídica é em primeiro plano a pessoa física natural e em segundo lugar a
pessoa colectiva.
A pessoa colectiva é constituída por pessoas físicas em número que a legislação ordinária
de cada país define agregada a um certo património e com fundamento na sua existência
jurídica decorrente da personalidade jurídica que possui goza por si próprio de direitos e
deveres distintos das pessoas que a compõe.
A pessoa colectiva goza dos direitos que a lei lhe confere através dos órgãos sociais que lhe
garantem o seu funcionamento.
São pessoas colectivas, as sociedades comerciais, as fundações, as associações, os partidos
políticos, as confissões religiosas.
No conjunto dos direitos que assiste a pessoa jurídica, a título de exemplo, a pessoa
colectiva, em virtude da sua natureza não ser pessoa natural, não pode beneficiar-se
plenamente dos direitos fixados no artigo 40, 36, 37, 47, 66 e outros, todos da CRM.
Depois de identificarmos as duas realidades, faz sentido equiparar o termo cidadão ou
nacionalidade e utilizá-los indistintamente, tal como o nosso legislador usa as duas
expressões, ciente do seu significado em cada caso do seu uso.
A nacionalidade pode ser vista sob duas perspectivas: perspectiva sociológica e perspectiva
jurídica.
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A tese objectiva afirma que a Nação como produto necessário de certos factores objectivos
tais como geografia (território), língua ou etnia, e a solidariedade fundada na comunidade
de raça e religião, o habitat, etc. são considerados elementos fundamentais que fortalecem na
consciência dos membros do grupo a coloração que os torna actuante e cultivam o
sentimento de unidade e a coesão social da comunidade.
De facto, a tese objectiva, com pretensões a cientifica, embora cientificamente essa teoria
nunca teve valor, na medida em que na humanidade não há actualmente raças puras, os
autores da tese sustentaram por muito tempo que a raça era o factor essencial ou o
fundamento para formar a Nação, porque tem no factor raça, isto é, para eles todos os
indivíduos da mesma raça constituiriam uma nacionalidade e assim levou muita gente a
pensar deste modo e foi o que justificou a consagração do espírito de raça eleita ou superior
as demais, que no passado fundamentou o surgimento de manifestações rácicas como a
superioridade ariana defendida por Adolfo Hitler na Alemanha Nazi e o apartheid na Africa
do Sul, facto que nos conduz imediatamente a discriminação dos cidadãos em razão da
raça,
em que o culto rácico permite o extermínio de outras raças;
há concessão de privilégios;
concede-se oportunidades e direito a uns em detrimento de outros.
A lógica do discurso pode levar a sucessivas fragmentações étnicas de base cada vez mais
estreita e geradoras de conflitos entre grupos, cada um se exaltando e negando os outros.
Doutor. António Salomão Chipanga, PhD, Professor Universitário da Faculdade de Direito da UEM e 19
da Universidade Nachingwea. Regente das disciplinas de Ciência Política, Direito Constitucional,
Direitos Fundamentais, Direito Eleitoral, Contencioso Constitucional e Eleitoral e História de Direito
Moçambicano.
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O caso de Timor-Leste que foi objecto de uma invasão efectuada pela Indonésia em 1975,
antes da criação do respectivo Estado que se situa numa parte da ilha de um conjunto que
constitui a Indonésia e que, a despeito de tentativas forçadas de integração, persiste em
afirmar-se como Nação prova-o suficientemente.
Esse sentir colectivo prima factores objectivos que sem dúvida têm peso relevante na
formação das afinidades e solidariedades.
Basta pensar na emoção nacional que se sente ao ver flutuar em lugar remoto a Bandeira
Nacional, basta relembrar num plano mais quotidiano a explosão de alegria racional
perante o triunfo de uma equipa ou selecção nacional de futebol do Estado de que somos
nacionais.
De uma maneira geral pode-se afirmar que a formação da Nação é precedente à formação
do Estado e há vários factores que concorrem uns mais influentes que os outros.
O Prof. António José Fernandes24, defende que a permanência, por longo tempo, no mesmo
meio físico, no mesmo espaço geográfico, vai fazendo aparecer um tipo de indivíduos com
sinais e atributos próprios; o mesmo clima, alimentação e trabalho vão moldando a
fisionomia geral. Essa contiguidade, essa convivência determina costumes, sentimentos,
interesses semelhantes.
24
Introdução à Ciência Politica, Teorias, Métodos e Temáticas, Porto, pag. 83.
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Tudo isto, através do tempo, em que o grupo humano sofre as mesmas lutas, experimenta
as mesmas alegrias e sente as mesmas aspirações, produz uma comunidade cultural, um
modo de ser e de viver comum. É através da história comum a todos os membros do grupo,
a todas as gerações, que se vai formando esse parentesco sociocultural que caracteriza a
Nação”.
Nesta perspectiva a Nação funda-se numa história comum, em atitudes e estilos de vida, em
maneiras de estar na natureza e no mundo, em instituições comuns, numa ideia de futuro ou
desígnio colectivo a cumprir.
Por razões históricas que se prendem com o fenómeno colonial que interrompeu o processo
normal de formação das Nações em vários países do terceiro mundo, a formação do Estado
não se fez depois de acabado o processo de formação da Nação e vem assim a constituir um
dos factores mesmo da consolidação desta.
Que nos baste citar o Estatuto do Indígenato que estipulava “Consideram-se indígenas das
referidas Províncias os indivíduos de raça negra ou seus descendentes que, tendo nascido
ou vivendo habitualmente nelas, não possuam ainda a ilustração e os hábitos individuais e
sociais pressupostos para a integral aplicação do direito público e privado dos cidadãos
portugueses” ou ainda que “não são concedidos aos indígenas direitos políticos em relação
a instituições não indígenas”, Vide artigo 2.º e 56.º do Decreto-Lei citado.
Doutor. António Salomão Chipanga, PhD, Professor Universitário da Faculdade de Direito da UEM e 21
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Moçambicano.
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Neste sentido não é a Lei Constitucional que pode arbitrariamente dizer quem é
moçambicano e quem não é. São os vínculos sociais desde o local de nascimento, a cultura,
as relações de família, a inserção na comunidade, a paternidade que estabelecem a
verdadeira nacionalidade que depois cabe à ordem jurídica explicitar e tutelar.
Dito isto, importa referir que o contexto histórico especial da independência em que não
existia uma definição concreta da nacionalidade nem uma distinção jurídica de cidadania
entre moçambicanos e portugueses (com a abolição do Estatuto do Indigenato pelo
Decreto-Lei n.º 43893, de 6 de Setembro de 1961, B.O. n.º 36, de 14 de Setembro de 1961,
a favor dos ventos da luta de libertação, juridicamente todos os indivíduos nascidos em
território moçambicano ou descendentes destes e ou nascidos, temporariamente fora deste
eram portugueses o que determinou algumas soluções particulares).
Doutor. António Salomão Chipanga, PhD, Professor Universitário da Faculdade de Direito da UEM e 22
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Moçambicano.
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Por conseguinte, a lei da nacionalidade com a sua vigência desnacionalizou parte dos
cidadãos portuguesas nascidos em território moçambicano que nos termos da lei não
optaram pela nacionalidade moçambicana, vide n.º 2 e 3 do artigo 1 e o artigo 14, todos da
lei da Nacionalidade.
25
Publicada no BR n.º 50, de 21 de Dezembro de 1987, 4.º suplemento.
26
Publicada no BR n.º51, de 28 de Dezembro de 1993, 2.º Suplemento
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ii. Segundo: atribui-se a nacionalidade exigindo-se como condição“ sine qua non"
que o indivíduo interessado tome iniciativa desencadeando o processo para que
lhe seja atribuída a nacionalidade do Estado.
1. Nacionalidade Originária
Ex.: O menino José nascido no Zimbábue para o onde o pai se deslocou em missão de
serviço da Embaixada Moçambicana e a mãe cidadã de nacionalidade sul africana que
também se deslocara para Zimbabwe a procura de emprego, ou melhores condições de
vida. Da relação de ambos nasceu o menino José na cidade de Harare, capital de
Zimbabwe.
A nacionalidade adquirida a sede do critério para a sua atribuição se acha presente nos
artigos 26, 27, 28 e 29 todos da CRM.
é, aquela que primeiro é reconhecida ao cidadão sem que lhe exija qualquer actividade da
sua parte e daquela em que o cidadão para obtê-la exige-se que expressa de forma
inequívoca uma vontade dirigida à aquisição da nacionalidade moçambicana e a esta se
denomina nacionalidade adquirida que tanto pode ser atribuída por efeito de casamento, por
naturalização, filiação ou por adopção.
Da nacionalidade Originária
O local de nascimento corresponde ao critério jus soli que significa que são nacionais desse
Estado, todos indivíduos, que tenham nascido no território desse Estado. Portanto para que
tenha a nacionalidade desse Estado, basta nascer nesse Estado, na área da jurisdição desse
Estado independentemente da vontade dos seus progenitores, ou da sua própria vontade.
Este critério desatende a nacionalidade dos progenitores ou dos adoptantes, mas sim releva
o local do nascimento do indivíduo.
Nos casos em que o cidadão tenha nascido no território estrangeiro, sendo filho de pais
nacionais do Estado moçambicano, o registo da criança deve ocorrer na conservatória
perante os agentes Diplomáticos ou do Consulado do Estado moçambicano no estrangeiro,
isto é, nas autoridades diplomáticas ou consulares de que o individuo é nacional, sendo,
porém, este cidadão de nacionalidade do Estado moçambicano, mas natural do Estado
estrangeiro onde efectivamente tenha nascido.
Neste caso, a nacionalidade originária a obtém pela via sanguínea dos seus progenitores,
conforme a al. a) do n.º 1, do artigo 23, da CRM, sucedendo o mesmo nos casos em que os
progenitores ou seus representantes no acto de registo não podem comprovar o local de
nascimento da criança que registam, aplica-se o critério da consanguinidade.
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Fora destes dois critérios objectivos são ainda critérios de atribuição da nacionalidade
moçambicana, o casamento com um cidadão moçambicano, a filiação e adopção, o que nos
quer dizer que a aquisição da nacionalidade moçambicana não é deixado ao arbítrio do
interessado nem a terceiros, mas sim entre o cidadão e o Estado Moçambicano.
Segundo esse princípio são moçambicanos todos aqueles que nasceram em Moçambique,
artigo 23, n.º 1 e após a proclamação da independência nacional (Art. 24, n.º 1, ambos da
CRM).
Este princípio, apenas comporta como excepções as ditadas por normas de Direito
Internacional, como as relativas aos filhos de cidadãos em serviço dos seus países nascidos
em território nacional aos quais se não atribui a nacionalidade moçambicana, artigo 24, n.º
2 e 3, da CRM. No caso vertente, não se aplica o disposto no artigo 121, n.º 3, da CRM por
se dirigir tão-somente as crianças moçambicanas.
Contudo para não ser possessiva, a disposição fundamental reconhecendo aos nascidos em
território moçambicano a nacionalidade moçambicana comporta a possibilidade de
nacionalidade na maioridade para os filhos de pais estrangeiros.
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Estes dois princípios de fundo são os que regem a nacionalidade nos dias de hoje. No
entanto tornava-se necessário determinar a nacionalidade de quem se encontrava no
território nacional no momento da independência. Para essas situações foram estabelecidas
algumas regras próprias que tinham em consideração a complexa situação do acesso a
independência.
Essas regras são essencialmente as seguintes, artigo 23, al. a), n.º 2 e 3 e ainda o artigo 25,
todos da CRM:
Não se impõe nacionalidade a quem possuir afinidade definida com outra Nação pelo que
perde a nacionalidade moçambicana ainda que tenha nascido em território moçambicano,
se de expressa ou tácita tenha optado por outra nacionalidade, artigo 23, al. c), do n.º 1, da
CRM.
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Presume-se aí que essa longa permanência comporta uma identificação com o país que não
o abandonaram e sem invocar os fundamentos da naturalização.
Relativamente a estes indivíduos a CRM de 1990 havia fixado o prazo de 20 anos como
regra geral e de metade da idade em se tratando de indivíduos com menos de 40 anos,
artigo 16 e 17 da CRM.
Nacionalidade Adquirida
Além dos cidadãos a quem cabe a nacionalidade moçambicana por serem originários do
Estado de que são nacionais, isto é, por força de lei, como seja o disposto nos artigos 23, 24
e 25 da CRM podem ainda outros cidadãos de origem estrangeira também adquirirem a
nacionalidade moçambicana, desde que de forma expressa manifestem a vontade de serem
nacionais do Estado moçambicano e satisfazerem as condições que a lei exige para o efeito.
Alguns países definem-se mesmo como países de imigração, sendo historicamente o caso
mais famoso o dos Estados Unidos da América que exalta a sua experiência de melting pot
de populações de várias proveniências e ainda o Brasil. Outros praticam políticas fechadas.
Trata-se da situação que o individuo é filho ou filha de pai ou mãe que entretanto
estabelece uma nova relação matrimonial. O conjunge que não seja pai ou mãe biológico
pode havendo acordo nesse sentido entre o casal, o que não for pai ou mãe biológico pelo
acto de perfilhação assumir legalmente a paternidade do filho ou da filha do seu parceiro e
27
É o vinculo jurídico que une duas pessoas em virtude de uma ter gerado a outra, correspondente a filiação a
um vinculo natural.
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a este acto se diz filiação que consiste em a filha ou o filho do outro parceiro ou de quem é
adoptado ser atribuido a nacionalidade do seu novo pai ou da sua nova mãe ou de ambos,
conforme os casos.
Esta figura visa evitar no seio de uma mesma família a descriminação dos filhos em razão
do seu nascimento, conforme se determina no artigo 121, n.˚3, da CRM, assim, a mãe pode
perfilhar os filhos do marido e o marido perfilhar os filhos da sua esposa ou ambos adoptar
uma mesma criança, passando a ser filho ou filha natural do casal.
O cidadão nacional que adoptar plenamente, nos termos do Código Civil, uma criança de
nacionalidade estrangeira, esta pode adquirir a nacionalidade moçambicana do adoptante
ou dos adoptantes, artigo 29 da CRM.
Este princípio determina que aos cidadãos de nacionalidade adquirida não podem ser
deputados, membros do Governo, titulares de órgãos de soberania nem terem acesso a
carreira diplomática e militar ou equivalente aos cidadãos de nacionalidade adquirida,
artigo 30, n.º 1, da CRM.
28
1. Todo o indivíduo tem direito a ter uma nacionalidade.
2. Ninguém pode ser arbitrariamente privado da sua nacionalidade nem do direito de mudar de nacionalidade.
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O passado do ser vivo e a sua cultura marca em tinta indelével a sua conduta e o seu modo
de ser e não pode ser superado em absoluto pelas novas tradições, cultura e modo de vida
do novo grupo ou comunidade onde se integrou, apesar de todo o esforço, educação,
enquadramento, apoio dos demais, formação ou instrução que tiver.
O Homem é sempre igual a si mesmo em todos os tempos e reflecte a sua origem, por mais
boa vontade de querer e assimilar novos valores que até os pode assimilar, mas não
consegue destruir o que já tem na sua mente ou na sua personalidade. É assim que por
muitos anos que o naturalizado tenha no país onde é nacional, de quando em vez surge e
manifesta a sua origem e proveniência estadual.
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Pelas razões atrás esgrimidas e outras, várias Constituições dos Estados modernos vedam o
acesso a cargos públicos a cidadãos que tenham antes ou actualmente outra nacionalidade,
diferente a do Estado de que ora sejam cidadãos nacionais e assim a legislação eleitoral
impede que possa ser confiados funções de soberania, entre elas a de Presidente da
República, como é o caso de Moçambique que não admite que o cidadão não originário
possa concorrer, vide artigo 146, n.º 1, al. a) da CRM, por se entender que a nacionalidade
é uma maneira de ser do indivíduo e traduz o seu meio cultural e a sua Nação originária.
O artigo 118, n.º 3, al. a) e b), da CRM de 1990 é no nosso entender uma disposição
excepcional ao artigo 66 e seguintes da mesma Constituição de 1990 ora citada limitava os
direitos fundamentais dos cidadãos, porquanto, os pais do candidato ao cargo de Presidente
da República não podiam gozar plenamente da liberdade que a Constituição de então
oferecia, de poderem optar por uma outra nacionalidade, sempre que acham-se ser
conveniente.
Por outro lado, era uma disposição que politicamente poderia ser aproveitada pelos Partidos
políticos, coligações políticas ou candidatos independentes para prejudicar um determinado
candidato, bastando para tal provar que os progenitores antes das eleições presidenciais
optaram por uma outra nacionalidade. Nesta conformidade o candidato podia ver a sua
candidatura rejeitada por não reunir os requisitos, embora no momento da propositura da
candidatura reunisse.
Dito isto, tenha-se em conta a tendência crescente para atribuir direitos políticos a
estrangeiros residentes em reconhecimento da sua contribuição para a criação da riqueza
nacional e que tem levado a atribuir a emigrantes o direito de votar e em certos casos de ser
eleito para órgãos locais.
Perda de Nacionalidade
Da mesma forma que se adquire a nacionalidade, por efeito da lei, a cidadania também se
pode perder, por efeito da lei e essa perda assume fundamentalmente dois modos:
Entende-se que quem de livre vontade adquire uma nacionalidade estrangeira ou opta por
outra nacionalidade de que é nacional, fá-lo consciente dos efeitos jurídicos que daí
decorrem.
Por conseguinte, a CRM não prevê a perda da nacionalidade que não seja por vontade
própria do cidadão por este ter optado ou possuir outra nacionalidade, artigo 31, conjugado
com o artigo 15 da Declaração Universal dos Direitos do Homem.
A lei da nacionalidade, Lei n.º 16/87, de 21 de Dezembro29, para além das previstas na
norma constitucional, prevê ainda mais duas situações da perda da nacionalidade, as
previstas no artigo 14, n.º 1, als, a) e b), designadamente:
29
Na aplicação das normas constitucionais como em qualquer outra norma de Direito, ocorre o fenómeno de
superveniência das normas constitucionais, que se traduzem no princípio segundo o qual a “lei nova revoga a
lei antiga” – ou seja, a fonte nova revoga a antiga, requer os devidos cuidados, pois há muitas dificuldades
para a aplicação deste princípio, sobretudo quando se trata de normas constitucionais novas ou de
modificação constitucional.
Uma nova Constituição, traz consigo um conjunto de situações que se devem considerar para a aplicação
imediata deste princípio que acabamos de enunciar, que se podem resumir da seguinte maneira:
a) A acção da nova Constituição sobre a antiga pode ser de revogação global ou em certos casos de
caducidade;
b) A acção das normas constitucionais novas (provenientes de modificação constitucional) sobre as normas
anteriores implicam a revogação individualizada;
d) A acção de Constituição nova sobre normas ordinárias anteriores não desconformes com ela, origina a
Novação.
Pelo artigo 31 da CRM fica também claro que o cidadão moçambicano que adquirir
nacionalidade de outro Estado, que por força da lei da nacionalidade desse Estado, deve
renunciar a nacionalidade moçambicana, na ordem jurídica moçambicana mantém-se
cidadão nacional, nos termos do artigo 33, salvo ocorrer a situação prevista na al. a) do
artigo 31, em acto que deve ocorrer sob a legislação interna moçambicana, vide ainda o
artigo 15 da Declaração Universal dos Direitos do Homem. Trata-se de uma cautela que
tem por finalidade evitar que o cidadão nacional por motivos da lei de outro Estado possa
tornar-se num cidadão apátrida.
Diz-se apátrida ao indivíduo que não possuem nacionalidade de nenhum Estado, ou seja,
que não é reconhecido por nenhum Estado como seu cidadão.
A lei da nacionalidade, bem como a sua revisão pontual pela lei ora citada, em 1987, na
vigência da Constituição da República Popular de Moçambique de 1975.
Ora, com a entrada em vigor da Constituição de 1990, a norma prevista no artigo 14, n.º 1,
als, a) e b), da Lei n.º 16/87, de 21 de Dezembro, em nosso entender, e, assim defendemos
fica automaticamente ferida de caducidade por inconstitucionalidade superveniente,
porquanto, não se ajusta a nova norma constitucional que não permite a perda da
nacionalidade por parte do cidadão, por acto administrativo do Estado, mas sim por
vontade expressa em acto designado de renúncia nos termos da lei.
b) Privação, acto pelo qual o Estado retira, por razões várias, a nacionalidade a um seu
nacional.
Até 1987, a lei da nacionalidade, aprovada pelo Comité Central da FRELIMO, aos 20 de
Junho de 1975, nas mesmas circunstâncias e condições em que se aprovou a Constituição
da República, o que lhe confere uma posição jurídica privilegiada, pois tornou-se uma lei
com igual força jurídica que uma norma jurídico-constitucional por ter sido aprovada pelo
legislador constituinte originário, distinguia entre os cidadãos nacionais uma situação
distinta da mulher moçambicana e do homem moçambicano ao estipular no artigo 14, n.º 1,
al. e) a perda obrigatória de nacionalidade para as nacionais que contraírem matrimónio
com um estrangeiro.
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Moçambicano.
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A fixação desta norma visou protelar interesses nacionais, que na óptica do poder popular
legitimamente instituído, podia quem fosse privado de certos direitos de que era titular em
relação a propriedade, no período colonial, por exemplo o titulo sobre o uso e
aproveitamento da terra ou propriedade sobre os imóveis de arrendamento, sociedades
comerciais, fábricas ou empresas, em virtude de ser estrangeiro, obter por via do casamento
com a mulher moçambicana, anulando desse modo o efeito jurídico prático da norma
proibitiva que decreta a nacionalização de tais bens.
Artigo 20
Os Estados não tem espaço de manobra relativamente ao critério natural de “jus sanguinis”,
segundo o qual os descendentes adquirem a nacionalidade dos seus progenitores, mas em
relação ao critério “jus soli”, a situação é diversa e varia de país para país, dai haver
necessidade de cautela na apreciação dos respectivos pedidos e atribuição da nacionalidade.
a) Estados antigos
b) Estados novos
Pela norma constitucional a perda da nacionalidade não é acto definitivo, mas sim
temporária, pois o cidadão que a perder pode querendo readquirir, desde que a solicita e
satisfaz as exigências legais.
A reacção popular contra esses cidadãos determinou a tomada de algumas medidas político
administrativos por parte do Conselho de Ministros que culminaram na expulsão desses
cidadãos, enquanto estrangeiros, por terem violado a lei então em vigor que não permitia a
dupla nacionalidade no território moçambicano, vide artigo 14 da Lei da Nacionalidade.
Mais tarde perante as petições de alguns desses cidadãos, sobretudo das mulheres que
haviam perdido a sua nacionalidade por terem contraído matrimónio com cidadão
estrangeiro e, por isso expulsos do país, alegando motivos diversos entre eles o princípio da
igualdade consagrada na lei fundamental e requerendo a nacionalidade moçambicana de
que são originários veio a ser permitida a sua reaquisição particularmente por parte das
mulheres que perderam a nacionalidade em virtude de casamento.
Para este efeito, o legislador pela Lei n.º 16/87, de 21 de Dezembro, procedeu a revisão
pontual da lei da nacionalidade e assim, estabeleceu o artigo 20, conforme vimos atrás.
Artigo 32
(Reaquisição)
1. Pode ser concedida a nacionalidade moçambicana àqueles que, depois de a terem
perdido, a requeiram e reúnam cumulativamente as seguintes condições:
a) estabeleçam domicílio em Moçambique;
b) preencham os requisitos e ofereçam as garantias fixadas na lei.
A reaquisição da nacionalidade pelo cidadão não importa o motivo da perda faz regressar à
situação jurídica anterior à perda da nacionalidade moçambicana anteriormente possuída,
vide artigo 32, n.º 3 da CRM de 2004.
A dupla nacionalidade era assim rejeitada pela ordem jurídica nacional pelo facto de que a
condição para adquirir outra nacionalidade o cidadão interessado devia voluntariamente ou
renunciar previamente ou por força de lei perder a nacionalidade moçambicana, nos casos
em que adquire outra nacionalidade, aceite prestar serviços a favor de um Estado
estrangeiro sem autorização do Governo moçambicano ou contrair casamento com um
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Moçambicano.
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Artigo 21
Artigo 22
Poderá ser concedida a nacionalidade moçambicana por naturalização aos estrangeiros que,
à data da apresentação do pedido, reúnam cumulativamente as seguintes condições:
a) renunciarem à nacionalidade anterior;
b) residirem habitual e regularmente há pelo menos dez anos em Moçambique;
c) serem maiores de dezoito anos;
d) preencherem os requisitos e oferecerem as garantias fixadas na lei.
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Moçambicano.
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Artigo 24
Artigo 25
1. Poderá ser concedida a nacionalidade moçambicana àqueles " que, depois de a terem
perdido, a requeiram e reúnam cumulativamente as seguintes condições:
a) renunciarem à nacionalidade anterior;
b) estabelecerem domicílio em Moçambique;
c) preencherem os requisitos e oferecerem as garantias fixadas na lei.
Artigo 26
No caso deste cidadão moçambicano vier a perder a nacionalidade estrangeira por qualquer
motivo, automaticamente engrossa a lista de cidadãos apátridas.
Desta feita, os factos que determinam a perda ou reaquisição da nacionalidade são apenas
as que constam do artigo 31 e 32, respectivamente, da CRM de 2004, cujo texto
transcrevemos em seguida:
Artigo 31
(Perda)
Perde a nacionalidade moçambicana:
a) o que sendo nacional de outro Estado, declare por meios competentes não querer
ser moçambicano;
b) aquele a quem, sendo menor, tenha sido atribuída a nacionalidade moçambicana
por efeito de declaração do seu representante legal, se declarar, pelos meios
competentes até um ano depois de atingir a maioridade, que não quer ser
moçambicano e se provar que tem outra nacionalidade.
Artigo 32
(Reaquisição)
1. Pode ser concedida a nacionalidade moçambicana àqueles que, depois de a terem
perdido, a requeiram e reúnam cumulativamente as seguintes condições:
c) estabeleçam domicílio em Moçambique;
d) preencham os requisitos e ofereçam as garantias fixadas na lei.
Doutor. António Salomão Chipanga, PhD, Professor Universitário da Faculdade de Direito da UEM e 43
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Pela leitura atenta ao regime estabelecido na CRM de 2004 para a aquisição, perda ou
reaquisição da nacionalidade moçambicana, não se mostra ajustada o termo dupla
nacionalidade, pois, em nenhum momento ou em nenhuma disposição jurídica se acha
consagrada o número de Estados em que o cidadão moçambicano possa ser nacional.
Ora a legislação constitucional que temos vindo a citar não nos permite identificar número
limite de Estados em que o cidadão moçambicano só pode ser simultaneamente cidadão.
Não havendo, não se justifica que falemos de dupla nacionalidade, podemos sim falar de
outras nacionalidades que o moçambicano possa ser nacional, isto é, da
multinacionalidade, que pode resultar de várias situações da vida política, económica,
social ou cultural tal como se verificar da hipótese seguinte:
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Contudo, embora seja permitida que o cidadão tenha mais que uma nacionalidade na
República de Moçambique, “não é reconhecida nem produz efeitos na ordem jurídica
interna qualquer outra nacionalidade aos indivíduos que, nos termos do ordenamento
jurídico da República de Moçambique, sejam moçambicanos, artigo 33 da CRM.
Assim, esta cidadã, sempre que estiver no território do Estado moçambicano só pode exibir
o Bilhete de Identidade ou Passaporte que lhe confere a cidadania moçambicana não
podendo em caso algum invocar outra nacionalidade que tiver para obter ou exigir qualquer
direito ou tratamento diferenciado nas autoridades moçambicanas.
O cidadão que seja nacional de outros Estados, na ordem jurídica nacional não só não pode
invocar tais Estados de que é simultaneamente nacional como não pode ser candidato ao
cargo de Presidente da República, por uma questão da identidade e independência nacional,
conforme se determina no artigo 118, da CRM, cujo texto transcrevemos:
Artigo 147
(Elegibilidade)
1. O Presidente da República é eleito por sufrágio universal directo, igual, secreto, pessoal
e periódico.
2. Podem ser candidatos a Presidente da República os cidadãos moçambicanos que
cumulativamente:
a) tenham a nacionalidade originária e não possuam outra nacionalidade;
b) possuam a idade mínima de trinta e cinco anos;
c) estejam no pleno gozo dos direitos civis e políticos;
d) tenham sido propostos por um mínimo de dez mil eleitores.
Pelas razões acima expostas, a restrição impõe-se também aos cidadãos estrangeiros que
tenham adquirido a nacionalidade moçambicana, nos seguintes termos:
Artigo 30
(Restrições ao exercício de funções)
1. Os cidadãos de nacionalidade adquirida não podem ser deputados, membros do
Governo, titulares de órgãos de soberania e não têm acesso à carreira diplomática ou
militar.
2. A lei define as condições do exercício de funções públicas ou de funções privadas de
interesse público por cidadãos moçambicanos de nacionalidade adquirida.
Bibliografia Básica:
1. Manual de Direito Constitucional, Tomo III, Jorge Miranda, 3.ª ediç., Coimbra
1996;
2. Constituição Portuguesa Anotada, Tomo I, Introdução Geral, Preâmbulo artigos
1.˚ a 79.˚, Coimbra Editora, 2005;
3. Direito Constitucional de Moçambique, Jorge Bacelar Gouveia, Lisboa,
Maputo, 2015;
4. “O Estado”, publicações Europa-América, Georges Burdeau, Lisboa, 1981;
5. Teoria Geral do Direito e do Estado, Hans Kelsen, Martins Fontes, São Paulo,
2005;
6. Teoria Geral do Estado, Reinhold Zippelius, Serviço de Educação, Fundação
Calouste Gulbenkian, Lisboa, 1997;
7. Manual de Ciência Política e Direito Constitucional, Tomo I, Marcello Caetano,
Coimbra, 1996;
8. Ciência Política Direito Constitucional – Introdução à Teoria Geral do Estado.
Ricardo Leite Pinto, José de Matos Correia e Fernando Roboredo Seara, Oeiras,
2000;
9. Introdução à Ciência Política, Teorias, Métodos e Temáticas, António José
Fernandes, Porto;
10. As Origens do Estado Moderno, Zahar Editores, Rio de Janeiro, 1972;
11. “O Estado”, Joh Hall e Ikenberry, Editorial Estampa, Lisboa, 1990,
12. O Estado, Georges Burdeaus, Publicações Europa – América,
Doutor. António Salomão Chipanga, PhD, Professor Universitário da Faculdade de Direito da UEM e 46
da Universidade Nachingwea. Regente das disciplinas de Ciência Política, Direito Constitucional,
Direitos Fundamentais, Direito Eleitoral, Contencioso Constitucional e Eleitoral e História de Direito
Moçambicano.
Apontamentos destinados aos estudantes do curso de Direito
Legislação