Você está na página 1de 5

PROFESSOR(A): STEFANO CARDOSO

Estado Contemporâneo

Poder Constituinte: Formas de Manifestação. Leis


Orgânicas Municipais e Distrital
Objetivo da Aula

Conhecer as linhas gerais do constitucionalismo e as peculiaridades acerca do tema, no


contexto brasileiro, através do estudo do Poder Constituinte e suas formas de manifestação:
leis orgânicas municipais e distrital.

Apresentação

Caro aluno, muito bem-vindo à nossa Aula 4.


Preparado para mais uma imersão superinteressante?
Depois de termos falado tanto em Estado e Constituição, vamos, enfim, conhecer com
maiores o Poder Constituinte, suas formas de manifestação e, ainda, tratar dos pontos
relevantes e interessantes ao nosso contexto dentro das leis orgânicas municipais e distrital.
Assim, ao fim, vamos dar uma breve olhada nas nossas constituições estaduais e nas
leis orgânicas municipais e do Distrito Federal.
Vamos lá! Preparem-se!
Sangue nos olhos e muito foco!

1. Poder Constituinte: Formas de Manifestação

Poder Constituinte é o “poder para elaborar uma nova Constituição e modificá-la”


(ALCANTARA; ALCANTARA, 2021, p. 58).
Mas a quem pertence esse poder, quem o exerce e quem é seu titular?
Que tal darmos uma olhada no art. 1º da Constituição do Brasil (BRASIL, 1988)?

Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios
e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos:

Livro Eletrônico
faculdade.grancursosonline.com.br 1 de 5
Professor(a): Stefano Cardoso

I – a soberania;
II – a cidadania;
III – a dignidade da pessoa humana;
IV – os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa;
V – o pluralismo político.
Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes
eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição. (grifo nosso).

É, portanto, o povo o titular do poder constituinte. Entretanto, nas democracias


modernas, é inviável que todos os habitantes de determinado Estado participem ativamente
das discussões e da elaboração da Constituição.
Assim, costuma-se eleger democraticamente uma assembleia que será encarregada
do trabalho. É importante esclarecer, no entanto, que essa assembleia deve ser plural,
espelhando as diferentes culturas e segmentos daquela sociedade. Caso contrário, não se
poderá falar em uma Constituição legítima, uma vez que ela não espelhará o povo, que é o
titular do poder constituinte.

A Constituição do Brasil que vigorou a partir de 1969, outorgada pela Ditadura


Militar, no auge da repressão política, previa, em seu art. 1º, parágrafo único, que
“Todo o poder emana do povo e em seu nome é exercido”. Entretanto, foi elaborada
e imposta pelo regime, sem qualquer participação do povo.

O poder constituinte pode ser classificado como originário ou derivado. Vamos entender
o que significa.

1.1. Poder Constituinte Originário

Poder constituinte originário (também denominado inicial, inaugural, genuíno ou de 1º grau)


é aquele que instaura uma nova ordem jurídica, rompendo por completo com a ordem jurídica
precedente. (LENZA, 2020, p. 211).

Lembre-se, meu caro aluno, de que é, juridicamente, por meio da Constituição que
um Estado é fundado.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para LEILA - 01380319595, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição
sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.

faculdade.grancursosonline.com.br 2 de 5
Professor(a): Stefano Cardoso

É por meio da Constituição que um Estado é fundado.

O poder constituinte originário é (LENZA, 2020):


a) Inicial, porque funda um novo Estado, uma nova ordem jurídica;
b) Autônomo, não devendo obediência a nenhuma autoridade;

c) Ilimitado juridicamente, já que é inicial e fundante de um novo Estado e de uma


nova ordem jurídica, e não precisa observar a ordem jurídica anterior;

d) Permanente, pois, uma vez concluído o trabalho de elaboração e de promulgação da


Constituição, o poder constituinte permanece em estado de latência na sociedade.

No que diz respeito à limitação ou não do poder constituinte originário, há certa discussão,
atualmente.

Se, antes do Estado-moderno, o constitucionalismo, por vezes, tinha como fundamento


de validade e justificação uma norma superior, divina, por exemplo, posteriormente essa
característica deu espaço à racionalidade. Essa racionalidade é expressa, sobretudo, nos
ideais revolucionários do século XVIII e na obra de Kelsen no século XX.

Entretanto, hoje, muitos adotam uma corrente que seria um meio-termo. Isto é,
permanece a racionalidade, porém com uma limitação relativa, em regra.

Nessa perspectiva, o poder constituinte teria que respeitar “princípios da justiça”,


“princípios de direito internacional”, além de observar os direitos humanos (LENZA,
2020, p. 213).

1.2. Poder Constituinte Derivado

Poder constituinte derivado é fruto do poder originário. É esse último que o cria e
estabelece as suas condições formais e materiais de exercício, sendo, assim, limitado.
Significa dizer que ele pode ser limitado em razão da matéria a ser tratada e do procedimento
a ser seguido.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para LEILA - 01380319595, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição
sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.

faculdade.grancursosonline.com.br 3 de 5
Professor(a): Stefano Cardoso

Assim, pode ser subdivido em reformador e decorrente. Reformador é a classificação


do poder constituinte que altera o texto constitucional, mediante emendas ao texto.
Decorrente é o poder constituinte dos Estados-membros da uma federação. Ele irá atuar
tanto na estruturação – inicial – daquele Estado-membro quanto na modificação do texto
constitucional.

É por essa razão que os estados brasileiros possuem, cada um, seu próprio texto
constitucional – Constituição estadual. Não é demais lembrar, nobre estudante, que esse
texto está limitado ao que estabelece a Constituição da República.

No Brasil, em razão do federalismo de terceiro grau, de que já tratamos na unidade


anterior, os municípios possuem um texto equivalente, denominado “lei orgânica”.

O Distrito Federal, por sua vez, que tem uma natureza particular e mescla características
e competências de Estado-membro e município, possui uma lei orgânica distrital.

Considerações Finais

Bacana o tema desta aula, né? Eu, particularmente, gosto muito!


No caso brasileiro, por se tratar de uma federação com milhares de entes – 26 estados-
membros, mais de 5.000 municípios, além do Distrito Federal –, entender essa ordem
constitucional é fundamental.
Vamos para a última aula desta unidade, na qual teremos mais temas superinteressantes.
Então, venham comigo!!!

Materiais Complementares

Como material complementar, indico fortemente o filme Sobral – O homem que não
tinha preço. É um documentário nacional sobre a vida do advogado Sobral Pinto, uma das
grandes figuras de nosso país, que atuou na defesa de perseguidos políticos nas ditaduras
de Vargas e Militar, além de ter atuado no movimento de redemocratização. Com direção
de Pedro Fiuza e produção Augusto Café, de 2012.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para LEILA - 01380319595, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição
sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.

faculdade.grancursosonline.com.br 4 de 5
Professor(a): Stefano Cardoso

Referências

ALCANTARA, Amanda Cecatto; ALCANTARA, Silvano Alves. Teoria da Constituição. Curi-


tiba: InterSaberes, 2021. E-book. Disponível em: <https://plataforma.bvirtual.com.br/
Acervo/Publicacao/188325/>. Acesso em: 31 Outubro 2022.

LENZA, Pedro. Esquematizado: Direito Constitucional. 24ª. ed. São Paulo: Sa-
raiva, 2020. E-book. Disponível em: <https://app.minhabiblioteca.com.br/#/
books/9788553619306/>. Acesso em: 31 Outubro 2022.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para LEILA - 01380319595, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição
sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.

faculdade.grancursosonline.com.br 5 de 5

Você também pode gostar