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CENTRO UNIVERSITÁRIO ANHANGUERA

FACULDADE COMUNITÁRIA
Matéria: Direito e Legislação Profº PAULO CEZAR JUNQUEIRA HADICH

AULA 03 – DIREITO CONSTITUCIONAL

Introdução

O Direito Constitucional é um ramo do Direito Público que


tem por objeto estudar de forma sistematizada os princípios e a norma
fundamental da ordenação jurídica do país. A norma fundamental é a
Constituição. Lei Magna do país, Lei Maior, lei das leis.
Diversos são os tipos de Constituição. De acordo com a
forma: escrita ou não escrita (costumeira). De acordo com a sua
consistência, ser rígida ou flexível. De acordo com sua origem, pode
ser popular ou outorgada.
Escrita: é o instrumento escrito no seu todo que contenha,
de forma sistemática, os princípios da organização do Estado, os
poderes que aos seus órgãos se atribuem, os direitos assegurados
aos cidadãos ante esses órgãos e as demais disposições que
considere conveniente figurem nele. A nossa Constituição de 1988 é
um tipo de Constituição escrita.
Não Escrita ou Costumeira: é aquela cujos princípios
sobre a organização do Estado, poderes dos seus órgãos, definição e
asseguramento dos direitos dos cidadãos ante esse órgãos, constam
de usos, costumes, tradições, precedentes, jurisprudência dos
tribunais e, mesmo que em atos escritos, são atos esparsos. A única
Constituição não-escrita que existe é a da Inglaterra. Ao lado de
elementos não-escritos, ela contém, todavia, muitos elementos
escritos: a Magna Carta de 1215; o “Bill of Rights” de 1688; o Ato do
Estabelecimento de 1701 ( que tornou os juízes independentes do
poder real). A primeira constituição escrita formalmente intitulada
Constituição foi a da Virgínia, em 1787. Logo depois, vieram as
francesas de 1791, 1793 e 1795.
Rígida: é aquela que não pode ser alterada pelo mesmo
processo empregado nas leis ordinárias, visando à estabilidade dos
princípios fundamentais do Estado.

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Flexível: é a que pode ser alterada sem processo especial,


visando uma melhor adaptação à realidade social mutável.
A rigidez ou flexibilidade não correspondem a rigidez ou
flexibilidade reais. Vejamos o exemplo das constituições latino-
americanas (rígidas), constantemente são alteradas, enquanto a
inglesa (flexível), nunca é.
Popular: é o tipo preponderante no Estado moderno. São
elaboradas pelo poder constituinte, representantes do povo,
especialmente eleitos para a finalidade de discutirem e votarem a Lei
Magna do país. Ex. Constituições brasileiras de 1891 (Primeira
Constituição da República), 1934 (Pós-revolução de 1932), 1946 (Pós
2ª Guerra Mundial), 1967 (Pós golpe de 1964, que recebeu uma
grande emenda em 1969) e de 1988 (atual).
Outorgada: é aquela em que o povo não atua em sua
elaboração, ela é imposta pelo Rei, Imperador ou Presidente. Nossas
Constituições de 1824 (outorgada pelo Imperador D.Pedro I, após
dissolver a Constituinte convocada para tal fim) e 1937 (Constituição
do Estado Novo) foram outorgadas.

União, Estados, Municípios e Distrito Federal

Dispõe o artigo 1º da Constituição, que a República


Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos estados e
município e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de
Direito e tem como fundamento: a soberania, a cidadania, a dignidade
da pessoa humana, os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa e
o pluralismo político.
Em seguida, o parágrafo único diz que todo o poder emana
do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou
diretamente, nos termos da própria Constituição.
Já vimos que o Estado Brasileiro adota a forma de
Federação. O federalismo compreende a União, pessoa jurídica de
direito público internacional, dotada de soberania e investida de
atribuições a que se refere o artigo 21 da Constituição, caracterizada
pelo agrupamento dos estados-membros, cada qual com seu
respectivo território, organizados e regidos por suas próprias
constituições e leis que adotarem, mas observando-se os princípios da

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Constituição federal. A entidade União, que constitui o elo entre os


Estados-membros é a única dotada de soberania (poder de comando
como ordem suprema), enquanto os estados-membros gozam apenas
de autonomia (liberdade e faculdade de se reger por leis próprias,
conforme atribuição constitucional, art.25). Os estados-membros se
submetem ao poder da União, no exercício de sua competência
federal, formando um só corpo.
A repartição desses poderes é norteada pelo princípio da
predominância do interesse, de forma que são entregues aos
estados os assuntos e matérias de seu peculiar interesse regional,
passando estes, por sua vez, a repartir competências com os
municípios em relação às matérias e questões do peculiar interesse
local, de cada município, os quais se regem por suas próprias leis e
constituições (as denominas Leis Orgânicas).
Além dos poderes que competem exclusivamente à União,
nos termos dos artigos 21 e 22 da Constituição Federal, que lhe
atribuem competência internacional, econômico-social, político-
administrativa, financeira e legislativa, há, também, competência
comum entre União, estados, Distrito Federal e municípios, nos termos
dos artigos 23 e 24, quanto à obrigação de zelas pela Constituição,
pelo patrimônio histórico, artístico e cultural do país, pela saúde
pública, pela proteção do meio ambiente, pelo fomente à produção
agropecuária, recursos hídricos e minerais e pela educação,
segurança do trânsito, moradia e integração social contra a pobreza.

Organização dos Poderes

O poder é uno e indivisível, sendo divisível, sim, os


atributos do poder, as funções exercidas pelo Estado.
É considerada nascedouro da idéia de distribuição de
poderes a obra de Marsílio Pádua, “Defensor Pacis”, publicada em
1324, na qual ele diz que o povo é o primeiro legislador, fazendo essa
referência ao povo para colocá-lo em oposição a outra entidade, o
“príncipe” que, segundo sua expressão, tem função executiva. Assim,
ao povo cabe uma atribuição fundamental para a vida do Estado, que
é a legislação e, ao “príncipe”, cabe a função executiva.

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Mais tarde essa idéia foi aperfeiçoada na obra do Barão de


Montesquieu, que, partindo de Marsílio de Pádua, chegou à teoria da
divisão ou distribuição de poderes. Em Espírito das Leis, Montesquieu
encontra uma distribuição de poderes indicando como ideal para o
Estado a presença de um Executivo, um Legislativo e um Judiciário.

Maquiavel, em sua obra fundamental O Príncipe, indicava


a existência de um Poder Judiciário, fazendo referência a esse
organismo, dizendo que ele havia surgido anteriormente na França,
destacado do Poder Executivo.
Diz ele que em razão dos inúmeros conflitos envolvendo
burgueses e nobres, o Monarca resolveu criar um órgão judicante, que
atuava em nome próprio, para dirimir os conflitos, e assim, evitar que
ele se desgastasse, dando, assim, origem ao Poder Judiciário. Essa
idéia ganhou ênfase e foi acolhida pela Revolução Francesa.

Poder Legislativo

A função legislativa de âmbito federal é de competência da


União, exercida pelo Congresso Nacional, que se compõe de duas
casas, o Senado e a Câmara dos Deputados, eleitos pelos habitantes
dos respectivos estados.

Congresso Nacional – Senado e Câmara dos Deputados

Cada Estado-membro e o Distrito Federal (arts. 44 e 45),


elegerá três Senadores, com dois suplentes cada, com mandato de
oito anos, renovando-se essa representação de quatro em quatro
anos, alternadamente, uma vez um e outra vez dois Senadores. O
número total de Deputados, bem como a representação por Estado e
pelo DF, será estabelecido por Lei Complementar, proporcionalmente
à população, procedendo-se aos ajustes necessários, no ano anterior
às eleições para que nenhuma unidade da Federação tenha menos de
oito ou mais de setenta Deputados.

Processo Legislativo

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O processo legislativo compreende um conjunto de


atividades (iniciativa, discussão, votação, sanção ou veto,
promulgação e publicação) praticadas pelos órgãos legislativos, com
vistas à criação das normas jurídicas ou legais, sejam elas Emendas
Constitucionais, Leis Complementares, Leis Ordinárias, Leis
Delegadas, Medidas Provisórias, Decretos Legislativos, Decretos e
Resoluções.
A Constituição é discutida e votada por um poder
constituinte, parlamentares especialmente convocados pelo povo para
essa missão, denominados Poder Constituinte Originário. Uma vez
aprovada e em vigor a Constituição, ela poderá ser remendada
(reformada) nos termos e na forma nela estabelecidos atribuindo-se o
Poder Reformador àquele por ela indicado.

Espécies Legislativas

Emendas Constitucionais: é um projeto de reforma de texto


constitucional que substitui, complementa, adiciona ou suprime
palavras ou conceitos pré-existentes. Só passa a ser preceito
constitucional depois de ser aprovada e publicada. No Brasil, a CF só
pode ser emendada mediante a proposta de: I) um terço, no mínimo,
dos membros da Câmara dos Deputados ou do Senado Federal; II) do
Presidente da República; ou III) de mais da metade das Assembléias
Legislativas das unidades da Federação, manifestando-se, cada uma
delas, pela maioria relativa de seus membros.
Lei Complementar: É a Constituição que diz em que casos
deve ser editada a Lei Complementar (Ex.art.24, inciso XII e art.25,
par.3º). Só pode ser aprovada por maioria absoluta (art.69), de todos
os membros da Casa Legislativa. Esse quorum difere daquele
necessário para aprovação das leis; o qual exige apenas a maioria
simples dos presentes à sessão legislativa. A exigência de “quorum”
qualificado significa que a Constituição deu maior destaque aos
assuntos tratados por Leis Complementares.
Lei Ordinária: está no campo residual. É tratado por Lei
Ordinária tudo aquilo que não é objeto dos outros instrumentos

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legislativos, seja porque estes tenham matéria específica, seja porque


tenham diferente processo de elaboração da |Lei Ordinária.
Lei Delegada: Quem elabora a Lei Delegada é o poder
Executivo depois de solicitar essa delegação ao Poder Legislativo.
Não poderá ser delegada ao Poder Executivo a função de legislar
sobre matéria de competência exclusiva do Congresso Nacional
(art.49), de competência privativa da Câmara dos Deputados (art.51),
do Senado Federal (art.52), nem sobre matéria reservada à Lei
Complementar ou sobre organização do Poder Judiciário, do Ministério
Público, a carreira e a garantia de seus membros; nacionalidade,
cidadania, direitos individuais, políticos e eleitorais; e planos
plurianuais, diretrizes orçamentárias e orçamentos (art.68, par.1 o).
Medidas Provisórias: Não é ato legislativo, não é lei, não
obstante tenha força de lei. Emana do Presidente da República, o qual
tem autorização constitucional (art.62) para edita-las, em caso de
relevância e urgência. As Medidas Provisórias perderão a eficácia
desde a edição, se o Poder Legislativo não as converter em lei no
prazo de trinta dias, a partir de sua publicação.
Decreto Legislativo: seu conteúdo principal consiste em
matérias de competência exclusiva do Congresso Nacional, conforme
dispõe o artigo 49 da C.F.
Decreto: É uma norma jurídica geral, sem criação de direito
novo, emanada pelo Presidente da República, a fim de regulamentar
Lei Ordinária, visando sua fiel execução. Nem toda lei necessita de
regulamentação para ser aplicada. O decreto é sempre dependente da
lei.
Resoluções: Enquanto atos do Poder Legislativo, vêm
geralmente definidas nos Regimentos Internos do Senado, da Câmara
dos Deputados e no Regimento do congresso Nacional.

Elaboração das Leis

Etapas:
Iniciativa: A iniciativa das leis complementares e ordinárias,
nos termos do art.61 da CF, pode ser feita pelas seguintes pessoas: I)
Presidente da República; II) Supremo Tribunal Federal; III) Tribunais

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Superiores; IV) qualquer Deputado ou Senador; V) Comissão da


Câmara dos Deputados, do Senado Federal ou do Congresso
Nacional; VI) Procurador-Geral da República; VII) cidadãos, na forma
e nos casos previstos na própria constituição.
A iniciativa gera, assim, a formação de um Projeto de Lei.
Discussão: Apresentado o projeto, inicia-se sua discussão
nas comissões permanentes da respectiva Casa Legislativa, Câmara
ou Senado, segundo sua competência, sendo, depois, encaminhado
para discussão em plenário.
Votação: Após a discussão, o projeto passa para a
votação. Como conseqüência do nosso sistema bicameral, o projeto
de lei precisa ser aprovado pelas duas Casas Legislativas. Para a
votação é preciso que haja quorum, isto é, a presença da maioria
absoluta de seus membros (metade mais um). Havendo “quorum”,
haverá discussão e deliberação (que é a conclusão sobre o que foi
discutido), passando-se a votação. A matéria discutida e deliberada,
será aprovada se houver votação favorável pela maioria dos presentes
à sessão. Não há prazo para que o projeto seja colocado em
discussão e votação, exceto quando o Presidente da República pedir
urgência, hipótese essa em que a Câmara e o Senado terão, cada
qual, quarenta e cindo dias para se manifestarem.
Sanção: É a concordância do Presidente da República a
um projeto deliberado e votado anteriormente nas duas Casas
Legislativas. Sancionando o projeto, o Presidente da República o
promulga.
Veto: É a rejeição pelo Presidente da República ao projeto
deliberado e votado pela Câmara e pelo Senado. O veto pode ser total
ou parcial. Para ser parcial, o Presidente terá que vetar, no mínimo,
um artigo, um parágrafo, um inciso ou alínea do projeto, não lhe é
permitido vetar apenas uma ou algumas palavras do texto. A proibição
procura evitar que o Presidente, pelo veto de algumas palavras,
desvirtue o conteúdo lógico do projeto ou sua intenção, bastando, por
exemplo, vetar uma palavra negativa, para mudar totalmente o sentido
pretendido pelo projeto.
Promulgação: Pela promulgação, o Presidente da
República transforma o projeto em Lei, atestando sua existência como

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tal, ordenando sua publicação e seu cumprimento, além de incluí-la no


mundo jurídico.
Publicação: A Lei é levada a conhecimento público. Com
isso, não se poderá alegar ignorância de sua existência, validade e
obrigação de ser observada. A publicação da lei é feita em órgão
oficial ou oficializado.
Processo Legislativo nos Estados e Municípios

Nos estados e municípios, o processo legislativo


desenvolve-se da mesma maneira que perante o Congresso Nacional,
observadas as peculiaridades de cada Estado, segundo suas
respectivas Constituições e Leis Orgânicas. O Poder Legislativo
estadual é exercido pelas Assembléias Legislativas Estaduais e o
Poder Legislativo municipal, pelas Câmaras de Vereadores.

Poder Executivo

O Poder Executivo Federal é exercido pelo Presidente da


República, auxiliado pelos Ministros de Estados. A eleição do
Presidente da República e do Vice-Presidente realizar-se-á,
simultaneamente, no primeiro domingo de outubro do ano anterior ao
do término do mandato presidencial vigente. Se o candidato obtiver
maioria absoluta de votos nas eleições, não haverá necessidade de
segundo turno, caso contrário far-se-á nova eleição, em até vinte dias
após a proclamação do resultado, concorrendo os dois candidatos
mais votados o primeiro turno, considerando-se eleito àquele que
obtiver a maioria dos votos válidos.

Sistema de Governo

Sendo o Poder Executivo exercido por um só


homem, conforme estabelecido em nossa Constituição, podemos dizer
que temos um executivo monocrático. Dessa forma, o Presidente da
República é o chefe de Estado e ao mesmo tempo o chefe do
Governo.

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Presidente da República e os Ministros de Estado

Compete ao Presidente da República, dentre outras


atribuições que lhe confere o art.84 da CF, nomear seus Ministros de
Estado, organizar e fazer funcionar a administração federal, manter
relações com os Estados estrangeiros, conferir poderes aos
representantes diplomáticos, celebrar tratados, convenções e atos
internacionais, sujeitos a referendo do Congresso Nacional, tomar
iniciativa a processo legislativo, nos casos facultados pela CF,
sancionar, promulgar e fazer publicar lei, bem como expedir decretos e
regulamentos para sua fiel execução.

Crimes de Responsabilidade

São crimes de responsabilidade do Presidente da


República os atos por ele praticados que atentem contra a CF e,
especialmente contra:
I) a existência da União;
II) o livre exercício do Poder Legislativo, do Poder Judiciário, do
Ministério Público e dos Poderes constitucionais das unidades
da Federação;
III) o exercício dos direitos políticos, individuais e sociais;
IV) a segurança interna no País;
V) a probidade na administração;
VI) a lei orçamentária; e
VII) o cumprimento das leis e das decisões judiciais.
Esses crimes serão definidos em lei especial, como dispõe
o parágrafo único do art.85 da CF. Uma vez admitida a acusação
contra o Presidente por dois terços da Câmara dos Deputados, será
ele submetidos a julgamento perante o Senado Federal, nos crimes de
responsabilidade.
Responsabilizado perante o Senado, o Presidente perde o
cargo e deve se afastar da vida pública durante oito anos. Nos casos
de crimes comuns, depois de admitida a acusação pela Câmara e
condenado pelo Supremo Tribunal Federal, o Presidente também
perde o cargo, mas, nesses casos, não fica afastado da vida pública
por oito anos.

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Os Ministros de Estado serão escolhidos dentre brasileiros


maiores de vinte e um anos e no exercício de seus direitos políticos.
Compete ao Ministro de Estado, além de outras atribuições
estabelecidas na Constituição e na Lei:
I) exercer a orientação, coordenação e supervisão dos órgãos e
entidades da administração federal na área de sua
competência e referendar os atos e decretos assinados pelo
Presidente da República;
II) expedir instruções para a execução das leis, decretos e
regulamentos;
III) apresentar ao Presidente da República relatório anual de sua
gestão no Ministério;
IV) praticar os atos pertinentes às atribuições que lhe forem
outorgadas ou delegadas pelo Presidente da República.

Poder Judiciário

Além da função de legislar e administrar, o Estado exerce


também a função jurisdicional, isto é, a função de dizer o direito (“júris
dictio”), aplicando a lei ao caso concreto controvertido, mediante
processo regularmente instaurado, por iniciativa do interessado,
segundo a legislação processual, com direito a ter um juiz imparcial e
desinteressado quanto ao resultado do litígio e, uma vez conferida à
parte contrária o direito de ampla defesa, as partes tomam
conhecimento da sentença proferida revestida de coisa julgada, de
forma que não possa mais ser modificada por outra decisão, exceto
nas hipóteses admitidas em ação rescisória.

Organização Judiciária Estadual

A CF transfere a cada Estado-membro a administração e a


organização de sua justiça, conhecida como justiça local ou comum,
podendo vir a exercer jurisdição especial em casos em que não há
órgãos especializados nas comarcas, como, por exemplo, os litígios
trabalhistas e os de competência federal. Este tipo de jurisdição é
conhecido como jurisdição supletiva.

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A Justiça Estadual divide o território de cada estado em


circunscrições, comarcas e distritos. As circunscrições correspondem
a uma reunião de comarcas contíguas da mesma região. As
comarcas são as sedes de um ou mais juízos ou varas, que têm
jurisdição sobre todo o território da comarca e que pode englobar um
ou mais municípios, que se subdividem em Distritos, estes na
categoria de cidades, bairros ou vilas. Havendo necessidade, nos
distritos poderão ser criadas varas distritais.
As comarcas são classificadas hierarquicamente em
entrâncias, segundo critério populacional, tributário, ou movimentação
forense e extensão territorial. Normalmente, as entrâncias são de
quatro categorias: primeira, segunda, terceira e especial, que também
pode ser dividida para a criação dos foros regionais.
As varas podem ser classificadas por matéria, conforme o
movimento forense. Nestas varas as atribuições de cada juiz de Direito
são especificadas. É o caso das Varas cíveis, Criminais, Família,
Registros Públicos, Fazenda Pública, Infância e Juventude e
Acidentes do Trabalho, chamadas de Varas Especializadas
Varas Cíveis: a elas compete processar, julgar e executar
os feitos principais, acessórios e incidentes, contenciosos ou
administrativos, de natureza cível e comercial, ressalvada a
competência específica de outra Vara Especializada.
Varas Criminais: compete o processo e julgamento das
ações penais e seus incidentes, oriundos de crimes e contravenções,
bem como a decisão de questões relativas a “habeas corpus”, prisão
preventiva e liberdade provisória.
Tribunais do Júri: compõem-se de um Juiz presidente
(togado) e sete jurados (juízes leigos, que não são necessariamente
formados em Direito) escolhidos entre populares. A competência dos
Tribunais do Júri é de julgar os crimes dolosos contra a vida, o
procedimento dos processos relativos a estes crimes é comum, até
certa fase do processo, cuja instrução é realizada por um Juiz de
direito. Após a instrução, a apreciação (julgamento) do processo-crime
é feita pelo Tribunal do Júri. Em toda Comarca há necessariamente
um Tribunal do Júri.
Varas da Fazenda Pública: são competentes para
processar e julgas os feitos principais, acessórios e incidentes, em

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matéria cível, inclusive as ações populares e o cumprimento de cartas


precatórias e rogatórias, em que o Estado e suas entidades
autárquicas e paraestatais forem interessados na condição de autores,
réus, assistente ou opoente, com exclusão dos feitos de falência,
acidentes de trabalho e mandados de segurança, estes contra atos de
autoridades sediadas fora da Comarca.
Varas da Família e Sucessões: compete julgar ações
relativas a estado das pessoas, tais como capacidade, pátrio-poder,
tutela e curatela, bens de incapazes, emancipações, vínculos de
usufruto e fideicomisso, alimentos, bem como sucessões, através de
inventários, arrolamentos, partilhas, cumprimento de testamento e
codicilos, arrecadação de herança jacente, de bens de ausentes e
vagos, suprimento de idade e consentimento, outorga marital e uxória,
adoção e legitimação adotiva, com exceção dos casos de competência
das Varas de Infância e Juventude.
Varas de Registros Públicos: compete-lhes processar e
julgar os feitos contenciosos ou administrativos relativos aos registros
públicos. Dirimir dúvidas dos oficiais de registro e tabeliães, quanto
aos atos de seu ofício, ordenar cancelamento ou anulação de atos,
processar suspeições opostas aos serventuários e proceder a
matrícula de jornais, revistas e outros periódicos e resolver incidentes
nas habilitações de casamento.
Varas da Infância e Juventude: processar, julgar e
executar, nos termos da legislação federal, as questões relativas às
crianças (consideradas as pessoas de até 12 anos de idade) e aos
adolescentes (indivíduos com idade entre 12 e 18 anos) e às infrações
por eles praticadas. Dentre outras estabelecidas pelas leis de
organização judiciária de cada estado, as questões relativas às
crianças e aos adolescentes dizem respeito a: abandono, registro civil,
capacidade, pátrio-poder, tutela, suprimento de idade e
consentimento, adoção e legitimação adotiva, alimentos, guarda e
educação, apuração de ato infracional a eles atribuído, recolhimento e
internação, fiscalização do trabalho, concessão de alvarás a
espetáculos e outros.
Varas de Acidentes do Trabalho: processar, julgar e
executar questões relativas a acidentes de trabalho previstas na
legislação federal e seus incidentes.

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I e II Tribunais de Alçada Cível: criados para auxiliar o


Tribunal de Justiça. É composto por juízes de categoria especial
distribuídos entre as câmaras. A competência é definida por
resoluções e provimentos do Tribunal de Justiça.
Tribunal de Alçada Criminal: órgãos de segundo grau,
julgam matérias determinadas: crimes culposos, patrimoniais e contra
a economia popular, dentre outros. É composto de juízes, sendo um
presidente e outro vice-presidente e divididos em Câmaras.
Tribunal de Justiça: é o órgão supremo da Justiça do
Estado, tem sua sede na capital e jurisdição em todo o seu território.
Compete-lhe os feitos relativos ao Estado ou a capacidade das
pessoas e os oriundos dos juízos de falência, concordata ou
insolvência, crimes contra a vida ou da lei de tóxicos. Têm o
tratamento de Egrégio Tribunal e seus membros têm o título de
Desembargador. Divide-se em 02 seções (cível e crime), compostas
de Câmaras com certo número de Desembargadores. Dentre os
Desembargadores, há o Presidente, o 1º Vice (são em total de 04) e o
Corregedor Geral da Justiça, que juntos constituem o Conselho
Superior da Magistratura.

Organização Judiciária Federal

A Justiça Federal, recriada através do Ato Constitucional


nº2, de 1965, e organizada pela Lei nº5.010, de 30/05/66, é composta
por Juízes substitutos e titulares dotados de competência para
conhecer e julgar, em primeira instância, as lides que envolvem o
interesse da União, em matéria civil e criminal, de acordo com os
ditames do artigo 109 da CF.
A Justiça Federal tem jurisdição especial, se a analisarmos
sob o aspecto do órgão que a mantém (União), porém deve ser
considerada também comum pelo critério da legislação aplicada.
A Justiça Federal é dividida em seções judiciárias, que sãs
as sedes de um ou mais juízos em uma determinada unidade
territorial. As seções judiciárias equivalem às comarcas na justiça
estadual. Cada estado possui uma seção judiciária sediada na capital
do estado-membro.
Competência:

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I) lides que envolvam o interesse da União, entidades


autárquicas ou empresas públicas federais, sejam na
qualidade de autoras, rés, assistentes ou opoentes, com
exceção dos processos falimentares;
II) processos entre estados ou organismos internacionais e
municípios ou pessoas domiciliadas no Brasil, que envolvam
contratos ou tratados internacionais, cumprimento de carta
rogatória (mandada pelo Supremo Tribunal Federal) e de
sentença estrangeira, após a homologação pelo STF, e
causas relativas à nacionalidade e naturalização;
III) mandados de segurança contra atos de autoridades federais,
excluída a competência dos Tribunais Federais;
IV) os crimes políticos, ressalvada a competência a Justiça
Eleitoral e Militar;
V) os crimes praticados em detrimento de bens, serviços ou
interesse da União, entidades autárquicas ou empresas
públicas.
Jurisdição Supletiva: nas comarcas do interior do país, que
não possuem seção judiciária, a competência dos juízes federais
transfere-se aos juízes estaduais, para julgamento de causas de
interesse da União, autarquias ou instituições previdenciárias.
Tribunais Regionais Federais: criados pela atual CF, são
compostos por 7 juízes, sendo um quinto dentre advogados ou
membros do M.P. com mais de 10 anos de efetivo exercício, e as
demais mediante promoção de juízes federais (antigüidade e
merecimento, alternadamente).
Justiça do Trabalho: compete-lhe processar e julgar
dissídios individuais ou coletivos, entre empregados e empregadores,
como também outras controvérsias oriundas das relações do trabalho.
É composta de Varas do Trabalho, Tribunais Regionais do Trabalho e
pelo Tribunal Superior do Trabalho.
Justiça Eleitoral: competência relativa às questões de
registro e cassação de registro de partidos políticos, a divisão eleitoral
do país, o alistamento eleitoral, a fixação de data das eleições,
processamento e apuração das eleições, processo e julgamento de
crimes eleitorais, e a declaração de perda de mandato de Senadores,
Deputados e Vereadores.

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Juntas Eleitorais: comandadas por Juízes de Direito.


Tribunal Regional eleitoral: há um em cada capital de
estado e no Distrito Federal. Compõe-se de: 2 juízes eleitos dentre
Desembargadores do TJ;, 2 juízes eleitos dentre Juízes de Direito,
escolhidos pelo TJ; 1 juiz do TRF ou escolhido por ele; 2 juízes
nomeados pelo Presidente da República, dentre 06 advogados
nomeados pelo TJ.
Tribunal Superior Eleitoral: composto de 3 juízes dentre os
Ministros do STF e de 02 juízes dentre os membros do STJ, além de 2
nomeados pelo Presidente da República, dentre 6 advogados
indicados pelo STF.
Das decisões do TRE, cabem recurso ao TSE. As decisões
do TSE são irrecorríveis, salvo quando contrariarem a Constituição ou
denegarem “habeas corpus” das quais caberá recurso ao Supremo
Tribunal Federal.
Justiça Militar Federal: compete aos órgãos da Justiça
Militar Federal processar e julgar os militares e as pessoas que lhe são
assemelhadas nos crimes militares definidos em lei.
Justiça Militar Estadual: é competente para tratar dos
crimes militares praticados por Oficiais ou Praças da Polícia Militar
estadual, ou seus assemelhados, em serviço de natureza policial
militar ou nos recintos da Justiça, de repartição ou estabelecimentos
militares, ainda que contra civis, ou cometidos contra militar também
da ativa, mesmo em lugar não sujeito à jurisdição militar, nem em
razão de serviços ou função militar, mesmo quando o autor da infração
esteja comissionado em qualquer outra corporação.

Superior Tribunal de Justiça (STJ) e


Supremo Tribunal Federal (STF)

O STJ tem sede na Capital Federal e jurisdição em todo o


território nacional. Os Ministros do STJ são em número de trinta e três,
no mínimo, nomeados pelo Presidente da República, dentre brasileiros
com idade superior a trinta e cinco anos e inferior a sessenta e cinco
anos, após aprovada a escolha pelo Senado Federal na proporção de
um terço dentre os juízes dos Tribunais Regionais Federais, um terço

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CENTRO UNIVERSITÁRIO ANHANGUERA
FACULDADE COMUNITÁRIA
Matéria: Direito e Legislação Profº PAULO CEZAR JUNQUEIRA HADICH

dentre os desembargadores dos Tribunais de Justiça e um terço


dentre advogados e o Ministério Público.
Ao STJ compete processar e julgar dentre outros
mencionados no artigo 105, da CF, em recurso especial, as causas
decididas, em única ou última instância, pelos tribunais regionais
federais ou pelos tribunais dos estados, do Distrito Federal e
territórios, quando a decisão recorrida: i) contrariar tratado ou lei
federal, ou negar-lhes vigência; ii) der à lei federal interpretação
divergente da que lhe haja atribuído outro tribunal.
O STF é a mais alta Corte de Justiça do país. Sua sede é
na Capital da União e sua jurisdição cobre todo o território nacional.
Os Ministros do STF são em número de onze, nomeados
pelo Presidente da República, depois de aprovada a escolha pela
maioria absoluta do Senado Federal, dentre cidadãos com mais de
trinta e cinco anos e menos de sessenta e cinco, de notável saber
jurídico e ilibada reputação, e que se reúnem em plenário ou divididos
em turmas. Ao STF compete processar e julgar, dentre outras
mencionadas no artigo 102 da CF mediante recurso extraordinário, as
causas decididas em única ou última instância, quando a decisão
recorrida contrariar dispositivo da Constituição.

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