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Direitos fundamentais – 1º semestre

Problemática dos Direitos Fundamentais


Sentido dos direitos Fundamentais
- Formação e evolução
1. Noção dos direitos fundamentais
O Estado - comunidade de pessoas ligadas com um poder institucionalizado, constituído por aqueles que o seu direito
reveste da qualidade de cidadãos e a quem atribui direitos e deveres. Dentro da ordem juridica estatal as pessoas têm
diversos direitos, entre eles os DF (relação fundamental e por beneficiar as garantias inerentes a força das normas) ou
direitos das pessoas perante o Estado e assentes na CRP. Os direitos fundamentais implicam 3 pressupostos, não há df:
- sem pessoas que estejam em relação imediata com o poder politico, sem cidadãos e Estado que os respeite e proteja;
- sem reconhecimento de uma esfera propria de autonomia das pessoas frente ao poder.
- sem Constituição (como lei), enquanto função do ordenamento jurídico estatal e de um poder constitucional.
Os df são direitos constantes da Constituição formal, fala-se de df em sentido material que abrange todos os direitos
constantes da CRP, como um conjunto de normas de qualquer natureza que acrescentem novos direitos – art. 16 n1º CRP.

2. Os direitos fundamentais na história


Somente há df quando o Estado e a pessoa, a autoridade e a liberdade se distinguem e contrapõem. Os fins do Estado, a
sua organização, o exercício do poder, a limitação do poder são função do modo de encarar a pessoa, a sua liberdade e
necessidades. Existem diferenciações de compreensão e extensão dos direitos das pessoas:
- Distinção entre liberdade dos antigos (participação na vida da cidade) e liberdade dos modernos (realização da vida pessoal);
- Tutela dos direitos da Idade Media e do Estado estamental e à Tutela dos direitos do Estado moderno (direitos comuns);
- Contraposição entre direitos, liberdades e garantias e direitos sociais;
- Proteção interna e proteção internacional dos direitos do homem.

3. A evolução até ao Estado moderno


Com o cristianismo todos os seres humanos, só por o serem, são considerados dotados de um eminente valor. Todos têm uma
liberdade irrenunciável que nenhuma sujeição politica ou social pode destruir. O reconhecimento da dignidade de cada homem.

4. Da centralização do poder ao constitucionalismo


A sociedade política medieval era uma sociedade complexa, feita de grupos, os direitos eram direitos das pessoas
enquanto membros desses grupos. O único direito comum parecia ser o de petição e queixa.
O Estado estamental é substituído pelo Estado absoluto, afirmando o princípio da soberania, desaparecendo as ordens e
classes portadoras de faculdades políticas, perante o poder soberano todos os grupos e homens são iguais. O Estado
absoluto foi um dos passos necessários para a prescrição de direitos comuns e universais. Além de criar condições jurídicas
de igualdade, o Estado absoluto suscitaria objetivamente condições de luta pela liberdade.
As duas linhas dirigidas à formação e triunfo do conceito de df: tradição inglesa de limitação do poder (Magna Carta) e a
conceção jusracionalista das Revoluções americana e francesa. Todos os homens são livres e têm certos direitos inatos.
Art. 2° e 4º Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão.

5. Do Estado liberal ao Estado social


O conceito de constituição, o conceito de direitos fundamentais, tal como o de constituição, surge indissociável da ideia
de Direito liberal. As 2 características da ordem liberal: a postura individualista abstrata de um "indivíduo e a
individualidade", e o primado da liberdade, da segurança e da propriedade, complementadas pela resistência à opressão.
Contrapostos aos direitos de liberdade, são os DESC (sec. XIX e XX) - económicos para a garantia da dignidade do trabalho,
sociais como segurança na necessidade, e culturais como exigência de acesso à educação, à cultura e transformação da
condição humana.
Na evolução dos df, indica-se, 4 ou 5 gerações: a direitos de liberdade; direitos políticos; direitos sociais; direitos do
ambiente; à autodeterminação; aos recursos naturais e ao desenvolvimento. A transição do governo representativo
clássico para a democracia representativa irá reforçar uma componente democrática que tenderá a fazer da liberdade
tanto uma liberdade - participação como uma liberdade - autonomia.
Para o Estado social de Direito, a liberdade possível tem de alcançar futuro, criou-se condições de liberdade - de facto e
não só jurídica. O resultado é uma liberdade igual para todos construída através da correção de desigualdades e não
através de uma igualdade sem liberdade, sujeita às balizas materiais e procedimentais da Constituição.
6. Direitos fundamentais e regimes políticos no sec. XXI
A evolução e as vicissitudes dos df acompanharam o processo histórico e os contrastes de regimes políticos. Do Estado
liberal ao Estado social de direito o desenvolvimento dos direitos fundamentais faz-se no interior das instituições
representativas e procurando a harmonização entre direitos de liberdade e direitos sociais. A segurança é um imperativo
a que se acha sujeito qualquer Estado. Não uma segurança que colida com o conteúdo essencial dos direitos de liberdade
e que afete a dignidade das pessoas.

7. Estado social, hoje


A passagem dos direitos sociais para as situações da vida foi ocorrendo em ondas sucessivas e com refluxos. Em Portugal
as primeiras normas definidoras de direitos sociais, acompanhadas de instituição de previdência. O Estado social de
direito está radicado na consciência juridica por toda a Europa e Portugal. No TUE art. 3º n3.

8. A justiça constitucional e os direitos fundamentais


A fiscalização da constitucionalidade das leias é o mais importante de conferir garantia aos direitos consignados nas
normas constitucionais. Na europa tem um imenso influxo das decisões dos Tribunais Constitucionais no
desenvolvimento de grandes princípios, como igualdade, proporcionalidade e tutela da confiança.

9. Os direitos das pessoas para além do Estado


Na constituição estariam garantidos os df, num contexto de subsistência de dogma da soberania do Estado, levaria a que
se não concebesse senão uma proteção interna dos df. Mas quando o Estado rompe as barreiras jurídicas de limitação é
necessário substituir o sistema de proteção interna por vários sistemas de proteção internacional dos direitos do homem.

10. Gerações futuras e sustentabilidade


Quando hoje se fala em direitos das gerações futuras ou em deveres para com elas, o cerne do problema não se situa
aí, mas sim em âmbitos diversos - no da justiça entre gerações e no da sustentabilidade. Incindível do olhar para as
gerações futuras, é o olhar para a sustentabilidade: - ambiental; - cultural; - laboral; - financeira e dos serviços sociais.

Conceito afins e categorias de direitos fundamentais


- Direitos fundamentais e conceitos afins
1. Direitos fundamentais e direitos subjetivos públicos
Direitos subjetivos públicos significam direitos subjetivos atribuídos por normas de direito público, em contraposição
aos direitos subjetivos atribuídos por normas de direito privado.
Há direitos que participam de uma dupla natureza - a de direitos fundamentais e direitos subjetivos privados: Direitos
dos cônjuges (art. 36°, n° 3, 1ª parte); Direitos dos pais em relação aos filhos (art. 36°, n° 3, 2ª parte, e n°5); Direitos de
autor (art. 42°, n° 2); Alguns direitos dos trabalhadores (art. 54°, n° 5) etc.
São direitos subjetivos privados, enquanto manifestados em relações de direito privado - Direito da família, do trabalho,
do consumo, das coisas. E são df, enquanto o Estado fica obrigado à sua proteção através de normas constitucionais.

2. Direitos fundamentais e direitos de personalidade


Os direitos de personalidade são posições jurídicas fundamentais do homem pelo simples facto de nascer e viver. -
São aspetos imediatos da exigência de integração do homem. - São condições essências ao ser e devir. - Tem o conteúdo
necessário da personalidade são emanações da personalidade humana em si. - São direitos de exigir ou pretender de
outrem o respeito da propria personalidade. - Tem por objetivo, não algo de exterior ao sujeito, mas modos de ser físicos
e morais da pessoa ou manifestações parcelares da personalidade humana ou a defesa da propria dignidade. Respeitam
a dignidade da pessoa humana art.1º, implica que se dirijam a direitos: à vida (art. 24º e 33º n4), à integridade pessoal
(art.25º), ao ambiente (art.66º), à liberdade e segurança (art.27º) etc.
Df - têm uma incidência publicista imediata, ainda quando ocorra efeitos nas relações entre os particulares, pertencem
ao domínio do Direito Constitucional.
Direitos de personalidade - incidência privatística, ainda quando sobre ou subposta à df, pertencem ao Direito Civil.

3. Direitos fundamentais e situações funcionais


Df – implicam diferenciação, separação ou exterioridade do Estado. Só existem onde haja um interesse das pessoas que
valha por si, autónomo, diferenciado. Caracter livre de exercício.
Situações funcionais – situações jurídicas de membros do Estado-poder ou do Estado -aparelho. São consequência da
prossecução do interesse publico e prevalece sobre os interesses particulares. Caracter obrigatório de exercício.
Englobam todas as situações em que se subjetivam os estatutos inerentes aos cargos desempenhados pelos titulares
dos órgãos e porventura, certos agentes do Estado e noutras entidades publicas. Prevista na CRP: art. 113º n3 c), 117º
n2, 164º m), 130º, 154º, 155º n2, 157º, 158º, 159º, 196º, 216º, 233º n2 g).
4. Direitos fundamentais e direitos dos povos
Fala-se em direitos dos povos, em complemento dos direitos do Homem ou dos df. A CRP dispõe que Portugal se rege nas
relações internacionais por princípios do respeito dos direitos do Homem e dos direitos dos povos (art.7º n1), e afirma o
direito dos povos à autodeterminação e independência e ao desenvolvimento, bem como o direito a insurreição contra
todas as formas de opressão (art.7º n3).

5. Direitos fundamentais e interesses difusos


Trata-se de necessidades comuns a conjuntos largos e indeterminadas de indivíduos e que somente podem ser satisfeitas
numa perspetiva comunitária. Nem são interesses públicos, nem puros interesses individuais.
Verifica-se na CRP: a valorização do património cultural (arts. 9º e), 66º n2 c) e e), e 78º); a defesa do ambiente e a
conservação da natureza (art. 9º e), 66º e 90°); com a saúde pública (arts. 52° n3 e 64º) etc.
Interesses difusos - interesses dispersos por toda a comunidade e que apenas comunidade, pode prosseguir,
independentemente de determinação de sujeitos. Os Direitos podem emergir quando tais interesses venham a radicar
determinadas pessoas ou venham a confluir com outros direitos, sejam direitos com que tenham alguma interferência ou
dos quais se possam fazer decorrer (direito à vida ou direito à cultura), sejam de iniciativa, de promoção ou de defesa.

6. Direitos fundamentais e interesses legítimos


CRP alude a direitos e a interesses constitucional ou legalmente protegidos: art.18º n2 restrições de DLG; art. 20º n1
acesso a justiça; art.266º funções da administração; art. 268º n4; 202º n2. Trata-se de figuras com dimensões
complementares: subjetiva nos direitos, nos df; e objetiva nos interesses legítimos.

7. Direitos fundamentais e garantias institucionais


2 noções de garantia institucional: um conceito lato e impreciso de disposição constitucional em que se contempla e se
garante qualquer instituição no mais amplo sentido; e um conceito restrito de disposição constitucional consagradora de
qualquer instituição ou de qualquer forma ou princípio objetivo de organização social que o Estado deva respeitar.
Para saber se uma norma se reporta a um direito ou a uma garantia institucional, averigua-se se estabelece uma
faculdade de agir ou exigir em favor de pessoas/ grupos, e se coloca na esfera jurídica uma situação ativa que uma pessoal/
grupo possa exercer por si e invocar perante outras entidades, caso em que haverá apenas uma garantia institucional.
Df – à vida (art. 24º) à reunião (art. 45°), sufrágio (art. 49º), greve (art. 57º, n1 e 2), entre outros. Df indissociável das
garantias institucionais – direito a constituir família (art. 36º n1) etc.

- Categorias de direitos fundamentais


1. Classificações
Os df constituem uma unidade, mas podem ser vistos de diversos ângulos. Quanto à estrutura e conteúdo, divisão
tripartida: Status libertatis, status civitatis, status active civitatis. Distinguimos direitos de agir e direitos de exigir e direitos
de existência, direitos de liberdade, direitos de participação, diretos a prestações e direitos de defesa.

2. Status libertatis, status civitatis, status active civitatis


- Direitos de liberdade: que têm por objeto a expansão da personalidade sem interferência do Estado;
- Direitos cívicos: têm por objeto prestações positivas do Estado, de outras entidades públicas e da sociedade no seu
conjunto no interesse dos súbditos;
- Direitos políticos: têm por objeto a interferência das pessoas na própria atividade do Estado, formação da sua vontade.

3. Direitos de agir e direitos de exigir


OS df dividem-se:
- Direitos de agir, subdivide-se em: - Liberdades (liberdades em geral, direitos de propriedade); e - Direito de defesa
- Direitos de exigir, subdivide-se: - Direito de exigir comportamentos positivos (prestações jurídicas, prestações
materiais); - Direito de exigir comportamentos negativos.

4. Direitos de existência, liberdade, participação, prestação e de defesa


Direito de existência - compreende direitos como o direito à vida (art. 24º); à integridade pessoal (art. 25°); à identidade
pessoal entre outros (art. 26º). São como direitos de existência, a sua salvaguarda depende da própria existência da
pessoa. O sujeito exige a tutela dos bens essenciais da sua existência contra qualquer comportamento ofensivo desses
bens.
Direito de liberdade - direito ao desenvolvimento da personalidade (art. 26º n1); liberdade física (art. 27º); liberdade de
mento(art. 36º); direito de propriedade (art. 62º); etc. Tem por conteúdo positivo o direito de decidir, por si, agir ou não agir e
conteúdo negativo não sofrer o sujeito interferência, impedimentos ou constrangimentos.
Direito de liberdade - direito ao desenvolvimento da personalidade (art. 26º n1); liberdade física (art. 27º); liberdade de
casamento (art. 36º); direito de propriedade (art. 62º); etc. Tem por conteúdo positivo o direito de decidir, por si, agir ou
não agir e por conteúdo negativo não sofrer o sujeito interferência, impedimentos ou constrangimentos.
Direito de participação - participação política em geral (art. 48º); direito de sufrágio (art. 49°); acesso a cargos públicos
(art. 50º)etc. São também direitos de agir, para a conformação de atos/atividades do Estado e outras entidades públicas.
Direitos de prestações - direito à administração da justiça (arts. 20º n1 e 202º); direitos à segurança social (art. 63º), à
proteção da saúde (art. 64°) etc. São direitos de exigir, o acesso a certos bens e serviços do Estado e a outras entidades.
Direitos de defesa - direto a tutela jurisdicional de direitos e interesses legalmente protegidos (art. 20° e 268º n4 e 5); de
resistência (arts. 21º, 103º n3, 271º n3); de queixa ao provedor de justiça (art. 23º); a recorrer para o TC de decisões dos
tribunais (art. 280º n1 b)). Uma atividade das pessoas, especificamente voltada para a salvaguarda dos seus direitos.

5. Direitos liberdade e direitos sociais


Pelo Estado social de Direito, não pode negar-se a ambas as categorias de direitos a qualificação como df.
Direitos de liberdade: ideia de que as pessoas, só por o serem, ou por terem certas qualidades ou por estarem em certas
situações ou inseridas em certos grupos ou formações sociais, exigem respeito por parte do Estado e dos demais poderes.
Direitos sociais: verificação da existência de situações de necessidade e de desigualdade de facto - umas derivadas das
condições físicas e mentais das pessoas, outras derivadas de condicionalismos económicos, sociais, geográficos, etc. - e
de vontade de as vencer para estabelecer uma relação solidaria entre todos os membros da mesma comunidade politica.

6. Sentido da distinção
A CRP distingue direitos de liberdade e direitos sociais art.9º, definindo como df, num sistema torna -os complementares,
interdependentes.
Os direitos de liberdade - são direitos de agir, direitos negativos. Tem um conteúdo determinado ao nível de normas
constitucionais. Constam de normas constitucionais precetivas.
Os direitos sociais - são direitos de exigir, direitos positivos. Ambos acompanhados de deveres de proteção do Estado.
tem um conteúdo determinado por opção do legislador ordinário. Constam de normas programáticas.

7. As vertentes positivas e negativas dos direitos


Tao incontornáveis como as diferenças são as manifestações de vertente positiva nos direitos de liberdades e de vertente
negativa dos direitos sociais.

8. Dupla natureza dos direitos ambientais


O ambiente tem a natureza de interesses difusos, embora possa reverter em df, quando conflua com df ou radique em
determinadas pessoas. Esses direitos desdobram-se em direitos com estrutura de DLG (os direitos inerentes ao ambiente
são direitos de autonomia ou de defesa das pessoas perante os poderes públicos e sociais que nelas se exercem) ou em
DESC (o direito ao ambiente é um direito a prestações positivas do Estado e da sociedade art.66ºn1).

9. Direitos fundamentais individuais e direitos fundamentais institucionais


Os df reportam-se sempre à pessoa humana. A sua classificação em: - individuais: direito a vida, liberdade pessoal,
trabalho, ensino etc; - institucionais – direito a antena, confissões religiosas, comissões de trabalhadores etc.

10. Direitos de exercício individual, de exercício coletivo e de exercício individual e coletivo simultaneamente
Direitos de exercício individual: os direitos de existência, desenvolvimento da personalidade, liberdades etc.
Direitos de exercício coletivo: liberdade de reunião, impressa, greve, manifestações etc.
Direitos de exercício individual e coletivo em simultâneo: liberdade de expressão e informação, religião e culto, petição etc.

11. Direitos fundamentais comuns e direitos fundamentais particulares


Df comuns – direitos universais dos cidadãos. Df particulares – direitos próprios destes ou daqueles cidadãos.

12. Direitos do homem, do cidadão e do trabalhador


Como direitos do homem e de todos, os df apresentam-se como direitos do homem, com idênticas qualidades e
abstraindo das situações sociais e económicas em que se pudesse achar. CRP contempla direitos em que se sobressaem
ora a qualidade genérica do homem enquanto homem, cidadãos e trabalhador

13. Direitos pessoais, sociais e políticos


Direitos pessoais – direitos que protege, essencialmente, a pessoa, singular, o indivíduo, nos atributos caracterizadores
da sua personalidade moral e física. São os direitos que sempre se encontrariam, não constituíssem laços perduráveis de
convivência social e apenas se desse a mera coexistência dos indivíduos. Correspondem: direito à vida (art. 24º), à
integridade moral e física (art. 25º), à liberdade e à segurança (art. 27°), (art. 41º), deslocação e de emigração (art. 44º).
Direitos sociais - direitos da pessoa na sociedade. Direitos correspondentes à teia de relações sociais em que a pessoa se
move para realizar a sua vida em todas as suas potencialidades, sem as quais ela não poderia alcançar e fruir os bens
económicos, culturais e sociais stricto sensu de que necessita. Subdividem-se em direitos económicos como: a liberdade
de profissão (art. 47), direito de propriedade (art. 62°), direito à segurança (art. 63º), art. 38º, 73°, 36º n1, 63º.
Direitos políticos - direitos da pessoa frente ao Estado ou no Estado, direitos de participação na vida pública, direitos de
tomar parte na vida política e na direção de assuntos públicos do país, tal como art. 48º n2, 49º, 50°, 51º, 124º n1, 207º.

14. Direitos gerais e direitos especiais


Os df podem ser direitos comuns e direitos particulares, e direitos gerais – atribuídos em razão de situações de caracter
geral, e direitos especiais – atribuídos à face de situações especiais eventualmente verificáveis ex: 31º n1 e 32º.

15. Direitos fundamentais materiais e direitos fundamentais procedimentais


Df materiais – direitos das pessoas nas situações da vida constitucionalmente garantidas;
Df procedimentais – direitos das pessoas conexos com procedimentos relativos a funções ou a órgãos de poder publico,
pode subdividir-se em: substantivos (a participação no procedimento vale por si), e adjetivos ou processuais (esta em
causa a tutela de outros direitos por meio de regras de processo).

16. Direitos e garantias


Os direitos representam só por si certos bens; são principais; permitem a realização das pessoas e inserem-se direta e
imediatamente, nas respetivas esferas jurídicas; na aceção jusracionalista inicial, os direitos declaram-se. Ex: direito à vida
(art. 24, n 1) correspondem as garantias que consistem na proibição da pena de morte (art. 24, n 2).
As garantias destinam-se a assegurar condições para a fruição desses bens; são acessórias muitas delas adjetivas; só nelas
se projetam pelo nexo que possuem com os direitos; na aceção jusracionalista inicial as garantias estabelecem-se.

Direitos fundamentais e sistemas constitucionais


O atual sistema português
1. A constituição e dos direitos fundamentais
A constituição de 1976 prevê os Direitos e deveres fundamentais. Prevê outros direitos que interferem diretamente com
o exercício dos direitos complementados.
Art. 16º n2, mandado interpretar e integrar os preceitos constitucionais e legais respeitantes aos direito s fundamentais
pela Declaração Universal dos direitos do homem.
Art. 16º n1, estatui que os df consagrados na crp não excluem quaisquer outros constantes das leis e das regras aplicáveis
de Drt. Internacional, remete art. 7º n1 impõe a Republica o respeito dos direitos do Homem nas relações internacionais,
artº 26n1, 32ºn1, 48º 1.
DF em sentido formal: todos aqueles que estejam consagrados em quaisquer normas da Constituição formal.
DF em sentido material: proveem de uma constituição material, decorrentes da lei e de regras de Direito internacional, no
conjunto do ordenamento tem uma função substantiva, não beneficiam de garantias inerentes às normas constitucionais.

2. O tratamento sistemático dos direitos


A CRP divide os direitos fundamentais: em DLG (direitos liberdades e garantias) e DESC (drt. económicos, sociais e culturais).

3. Abertura a novos direitos fundamentais


O art.16º n1 CRP – clausula aberta ou de não tipicidade de df – sentido material de df, são os que as normas formalmente
constitucionais enunciem, e os direitos provenientes de outras fontes, na perspetiva ampla da Constituição material. É
uma enumeração aberta, completada através de novos direitos ou novas faculdades de direitos. Não se trata apenas da
complementação no texto constitucional, mas de uma manifestação do principio da liberdade contraposto ao principio
da competência – liberdade das pessoas contrapostas a prefixação normativa dos poderes do Estado e dos seus órgãos e
de uma decorrência de ideia basilar da dignidade da pessoa humana.
Pela CRP só podem ser incorporados como df, os direitos consignados em convenções internacionais ou em resoluções
de entidades internacionais de que o Estado seja parte art.8º, que aparecem exigidos pelo respeito da dignidade da pessoa
humana. Se um direito é criado por lei, por lei pode ser extinguido.

4. Deveres na constituição
Os direitos da CRP de 1976 são acompanhados por deveres. Distinguimos: deveres dos cidadãos perante o Estado e
outras entidades publicas (ex: dever de obediência à lei art.21º; dever de sufrágio art.49º n2; dever de pagar impostos
art.103º n3) e deveres dentro da sociedade civil (ex: deveres dos cônjuges art.36º n3; dever de defender e promover a
saúde art, 64º n1; dever de defender o ambiente art.66º n1). Distinguem-se as restrições, limites, proibições e vedações.
5. A interpretação e a integração de harmonia com a Declaração Universal
O art. 16º n2, clarifica e alarga o catalogo de direitos. Os df num contexto mais solido do que a Constituição em sentido
instrumental e ficam imbuídos dos princípios e valores da Declaração, como parte essencial da ideia de Direito à luz da
qual todas as normas constitucionais têm de ser pensadas e postas em pratica.

Fundamento do sistema
1. A dignidade da pessoa humana
- Fundamento da Republica: A ligação jurídico-positiva entre df e dignidade da pessoa humana só começa em textos
internacionais e constituições subsequentes à 2ºGM.
A Constituição no art. 1º, a República "baseada na dignidade da pessoa humana", em que "todos os cidadãos têm a mesma
dignidade social e são iguais perante a lei" que remete ao art. 26º, n2 e n3. No art. 59º n1 b), art. 67º n2 e) e art. 206º.
Confere uma unidade de sentido, de valor e de concordância prática ao sistema de df, e repousa na dignidade da pessoa
humana, ou seja, na conceção que faz da pessoa fundamento e fim da sociedade e do Estado. De modo a que os DLG e
os DESC têm a sua fonte ética na dignidade da pessoa humana. E art. 1 Declaração Universal.
A dignidade é um princípio que coenvolve todos os princípios relativos aos direitos e deveres das pessoas e à posição
do Estado perante elas. Princípio axiológico fundamental e limite do poder constituinte, serve de critério de interpretação
e integração. Não é um direito, mas fundamento de todos os direitos. Valor absoluto. Pode haver ponderação da
dignidade de uma pessoa com a dignidade de outra pessoa, não com qualquer outro princípio, valor ou interesse.

- CRP: A dignidade da pessoa humana é dignidade da pessoa humana individual e concreta; - implica a dignidade da vida
humana; - é da pessoa já nascida e desde a sua conceção; - é do homem e da mulher, sendo português ou não, em
igualdade; - implica o respeito da orientação sexual, sem discriminação; - determina a garantia dos direitos de liberdade.

- É individual e concreta: A dignidade da pessoa humana é da pessoa individual e concreta não de um ser ideal e abstrato.
- Dignidade da pessoa e dignidade da vida: a dignidade da pessoa humana implica a dignidade da vida, toda a vida
humana tem valor em si propria e toda a vida humana possui o mesmo valor. A vida humana é inviolável art. 24º CRP,
33º n6, 32º n6, 19º n6. A dignidade da pessoa é tanto da pessoa já nascida como da pessoa desde a conceção, porque a
vida humana é inviolável (art. 24º n1), porque a Constituição garante a dignidade pessoal e a identidade genética do ser
humano (art. 26° n1) e a procriação assistida é regulamentada em termos que salvaguardem a dignidade da pessoa
humana (art. 67º n2, e)).
- Dimensão da dignidade: > é da pessoa em qualquer dos géneros, presentes todas as faculdades da humanidade. A
respeito e a garantia da intimidade das pessoas art. 26º n 1 e 2, art. 35º n1, 2, 3 e 4, art. 41º n3, art. 34º e art.65º n1;
> determina o respeito dos direitos de liberdade, art. 26º n1, 41º n5, 42°, 43º, 37°,47º, 49º n2, 67º n2 d) e art. 72, n° 1;
> exige condições de vida capazes de assegurar liberdade e bem-estar (art. 22º, 23° e 25º da Declaração Universal);
> O seu respeito justifica a criminalização da ofensa de bens jurídicos subjacentes aos df, de acordo com a consciência
jurídica geral e um princípio de proporcionalidade, e requer a proteção da vítima. O ofendido tem o direito de intervir no
processo nos termos da lei (art. 32º n7) e de obter adequadas medidas de proteção e segurança;
> Permanece, independentemente dos seus comportamentos, mesmo quando ilícitos e sancionados pela ordem juridica.

2. Estado de direito
É necessário que se não verifique incompatibilidade entre elemento subjetivo e objetivo na CRP, em que os df tenham
um quadro institucional de desenvolvimento, que a garantia da liberdade se faça através da divisão do poder. A síntese
destes princípios vem a ser o Estado de direito - só existe quando esses processos se encontram diferenciados por diversos
órgãos, de harmonia com um principio de divisão do poder e que o Estado aceita suja subordinação a critérios que o
transcendem, salvaguarda dos df da pessoa humana.

3. Estado de direito democrático


Uma democracia representativa e pluralista é um Estado de Direito – por imperativo de racionalidade ou funcionalidade
juridica e de respeito dos direitos das pessoas. O poder politico pertence ao povo e é exercido de acordo com a regra da
maioria, mas está subordinado à CRP. Há a interpretação de 2 princípios substantivas: o da soberania do povo e dos df.
O Estado de Direito democrático significa Estado social de Direito, liga-se também à democracia económica, social e
cultural, cuja realização é objeto da democracia politica, e reporta-se pelos DESC.

4. Estado de direito e Estado de justiça


Um Estado de Direito material, um Estado de df não pode deixar de ser também um Estado de justiça, a CRP prossupõe
um principio de justiça – art. 20º n4 e 5, 22º, 30º n2 e 3, 32º n5 e 266º n2.
O principio da justiça não se esgota na função administrativa, abrange , função jurisdicional e a função legislativa.
O regime dos Direitos Fundamentais
Os princípios constitucionais
O Direito é ordenamento, implica coerência ou consistência; assenta em valores, assim como em interesses que se
projetam ou traduzem em princípios.
O regime dos df consiste num conjunto de princípios, complementados por algumas regras. Divididos em 3 níveis:
a) regime comum a todos os df (e a todos os direitos previstos na ordem jurídica portuguesa);
b) regime comum, mas com variações ou adaptações determinadas pela diversa estrutura dos direitos;
c) regime específico dos DLG e regime específico dos DESC.

Princípios comuns a todos os direitos: Princípio da Universalidade (art. 12º); Princípio da Igualdade (art. 13); Princípio
da Proporcionalidade (arts. 2º, 18º n2, 19° n4 e 8, 266º n2, 270º e 272º n2), são resolvidas as colisões de direitos e entre
direitos e deveres; Princípio da proteção da Confiança (art. 266º, n2); Princípio da eficácia jurídica dos direitos
fundamentais (art. 19º n3); Princípio da tutela jurídica, através dos tribunais (arts. 20º, 202º, 268º n4 e 5, e 280º n1 e 2),
do Provedor de Justiça (art. 23º) e do direito de petição (art. 52º, n1); Princípio da Responsabilidade Civil, das entidades
públicas e dos titulares dos seus órgãos, funcionários e agentes em caso de violação de direitos (arts. 22º e 269º n1).

Princípios específicos do regime dos DLG: Princípio da reserva de lei (art. 18º n2 e 3); Princípio do sentido restritivo das
restrições (art. 18º n2 e 3); Princípio do sentido excecional da suspensão (art. 11º); Princípio da afetação individual
apenas verificados pressupostos e as garantias da CRP e da lei (arts. 27º n2 e 3, 36º n6); Princípio da responsabilidade
criminal em caso de violação pelos titulares dos órgãos do poder político e pelos funcionários e agentes do Estado e das
demais entidades públicas (arts. 117º, n1 e 269º).

Princípios específicos dos DESC: Princípio da exigência de efetivação pública (art. 9° d)); Princípio da iniciativa social
(arts. 63º n5, 64º n3 d etc. ); Princípio da democracia participativa (art. 2º, 54 n5 etc.); Princípio da dependência da realidade
constitucional (art. 9°, alínea d)); Princípio da relevância das condições económicas dos titulares (arts. 20º n1 e 64º n2 a)).

Princípios comuns
- Principio da universalidade
É o primeiro princípio comum aos df e aos demais direitos existentes na ordem jurídica portuguesa, todos os que fazem
parte da comunidade política fazem parte da comunidade jurídica, são titulares dos direitos e deveres aí consagrados; Os
df têm ou podem ter por sujeitos todas as pessoas integradas na comunidade política, no povo.
O principio da universalidade (todos têm todos os direitos e deveres, diz respeito aos destinatários) não se confunde com
o principio da igualdade (todos têm os mesmos direitos e deveres, diz respeito ao seu conteúdo). Aplica-se a todos os
portugueses, em território nacional ou estrangeiro art. 14º.

1. Principio da universalidade e pessoas coletivas


Os df e todos os direitos são direitos das pessoas singulares. No entanto, há direitos institucionais e art. 12º n2, CRP, que
as pessoas coletivas gozam dos direitos e estão sujeitas aos deveres compatíveis com a sua natureza.
Os valores básicos da ordem constitucional, o direito ao desenvolvimento da personalidade – pessoas singulares; as
pessoas coletivas só podem usufruir de direitos que possam ou devam ser-lhes atribuídos.

- Principio da igualdade – art.13º CRP


Existe uma dicotomia entre igualdade juridica ( igualdade jurídico-formal ou como igualdade liberal) e igualdade
social (igualdade jurídico-material, ligada a uma atitude critica sobre a ordem social e económica existente).
Distingue-se 2 planos: da atribuição dos direitos em igualdade e o da fixação das incumbências do Estado e da
sociedade organizada perante as condições concretas das pessoas.

1. Principio da igualdade no Direito positivo português


A CRP, no seu texto inicial, não continha a explicitação da igualdade de direitos dos Homens. A CRP de 1976 é a afirmação
com caracter geral tanto da igualdade perante a lei como da igualdade real entre os Portugueses (sociedade).
A Constituição não se circunscreve a declarar o princípio da igualdade. Aplica-o, desde logo, a zonas mais sensíveis ou
importantes na perspetiva da sua ideia de direito. É um sistema bastante complexo, em que se deparam decorrências
puras e simples da igualdade jurídica, preceitos de diferenciação em função de diferenças de circunstâncias, imposições
derivadas da igualdade social e discriminações positivas.
2. Sentido da igualdade
A análise deste princípio assenta em três pontos, acolhidos quase unanimemente pela doutrina e pela jurisprudência:
- A igualdade não é identidade e igualdade jurídica não é igualdade naturalista ou naturalística;
- A igualdade significa intenção de racionalidade e, em último termo, intenção de justiça;
- A igualdade é conexa a outros princípios, é entendida em global dos valores, critérios e opções da Constituição material.
O sentido primário do princípio é negativo: consiste na vedação de privilégios e de discriminações.
- Privilégios são situações de vantagem não fundadas. Privilegiadas são as pessoas com direitos não atribuídos às demais
pessoas ou às pessoas na mesma situação.
- Discriminações situações de desvantagem. Discriminadas são as pessoas a que não são conferidos os direitos atribuídos
ao conjunto das pessoas ou a quem são impostos deveres, ónus, encargos não impostos às outras pessoas.
Mais complexo é o sentido positivo: - Tratamento igual de situações iguais;
- Tratamento desigual de situações desiguais, mas substancial e objetivamente desiguais e não criadas ou mantidas
artificialmente pelo legislador;
- Tratamento das situações não apenas como existem, mas também como devem existir, de harmonia com os padrões da
Constituição material.
Art.26º n1, o direito à proteção legal contra quaisquer formas de discriminação, é entendido como garantia ou direito
strictu senso, possui uma dupla dimensão: negativa (vedação ou invalidade de normas que prevejam discriminações) e
positiva (dever do Estado de editar providencias legislativas, administrativas e jurisdicionais que impeçam diferenciações
de tratamento das pessoas não fundadas constitucionalmente e que promovam tratamentos não discriminatórios).
A igualdade não se reconduz a proporcionalidade, mas tem de ser uma igualdade proporcional e valorativa e qualquer
diferenciação tem de assentar numa fundamentação material, racional, objetiva.

3. Igualdade e lei
A igualdade perante a lei não é igualdade exterior à lei. É igualdade na lei, tem por destinatários os próprios órgãos de
criação de Direito. A igualdade perante a lei não equivale a igualdade perante os atos legislativos. É igualdade perante o
Direito, é igualdade na criação e na aplicação do Direito. Os seus destinatários são os órgãos políticos e legislativos, os
tribunais e os órgãos administrativos.

4. Igualdade, administração e jurisdição


A Constituição prescreve expressamente o respeito do princípio da igualdade pelos órgãos agentes administrativas, a par
dos princípios da e proporcionalidade, da imparcialidade e da boa-fé (art. 266º n2).

5. As discriminações positivas
Com a democracia e o Estado social surgiram as discriminações positivas ou situações de vantagem. Ex: proteção do
trabalho das mulheres durante a gravidez art. 59º n2 c), proteção do trabalho de menores e pessoas com deficiência art.
59º n2 c), garantias dos salários art. 59º n3.

6. A igualdade entre particulares


Este princípio não vincula apenas o Estado e as demais entidades públicas nas relações entre particulares, embora seja
necessário, como o respeito da sua vinculação aos DLG (art. 18º n1) e os DESC (art. 26º n1, 47º n1, 56º n4, 61º n1 e 62°).
- Principio da proporcionalidade
A ideia de proporcionalidade é conatural às relações entre as pessoas: a relação deve ser proporcional à ação e a
distribuição das coisas deve fazer-se com justiça. O apelo à proporcionalidade surge quando há dois ou mais bens jurídicos
carecidos de realização e sobre os quais, ocorra ou não conflito, tenha de procurar-se o equilíbrio, a harmonização, a
ponderação, a concordância prática. Distingue-se em 3 subprincípios:
- idoneidade ou a adequação: pressuposta a legitimidade do fim consignado na norma, é a propositura de um meio
adequado à sua prossecução. Perante um bem juridicamente protegido, a intervenção em correspondência com ele.
- necessidade ou exigibilidade: entre os que podiam ser escolhidos in abstrato e sem colidirem com a CRP, aquele que
melhor satisfaz in concreto, menos custos ou mais benefícios , à realização do fim, a providencia à decisão deve ser tomada.
- racionalidade ou a proporcionalidade stricto sensu: equivale a justa medida. Implica que o órgão proceda a uma correta
avaliação da providência em termos quantitativos e qualitativos, de tal forma que não fique nem mais nem menos do que
importa para se alcançar o resultado devido.
1. Campos de aplicação
Art.18º n2, as restrições devem limitar-se ao necessário para salvaguardar outros direitos ou interesses
constitucionalmente protegidos. OS DLG estão submetidos ao crivo da proporcionalidade (art. 19º, 28º n2, 30º n5, 36º
n6). Este principio aplica-se também aos direitos sociais

2. Formas de violação
A mais corrente forma de violação do princípio consiste no excesso de interferência legislativa, afetando o conteúdo ou
o exercício de um direito. No entanto, os DLG podem ser violados não só por excesso como por insuficiênc ia ou
incumprimento por parte do Estado de deveres de proteção. Pode haver violações por excesso de proteção, quando o
Estado conceda a certa categoria de pessoas ou de situações uma proteção descabida.
Desproporcionalidade negativa – insuficiência ou o défice de proteção.
Desproporcionalidade positiva – arbítrio e a infração do subprincípio da proibição de excesso.

- Principio da proteção da confiança


Só em Estado de Direito os cidadãos obtêm a segurança da previsibilidade do seu futuro. E previsibilidade que exige, em
simultâneo, publicidade, certeza, compreensibilidade, razoabilidade, estabilidade.
- Publicidade dos atos do poder público e dos procedimentos da respetiva formação;
- Certeza, como conhecimento exato das normas aplicáveis, da sua vigência, das suas condições de aplicação e da fixação
do comportamento dos destinatários;
- Compreensibilidade, como clareza das expressões verbais das normas e suscetibilidade de compreensão pelos seus
destinatários médios;
- Razoabilidade, como não arbitrariedade, adequação às necessidades coletivas e coerência interna das normas;
- Estabilidade, como garantia de um mínimo de permanência das normas, por uma parte, e garantia dos atos e dos efeitos
jurídicos produzidos, por outra parte.
Olhando no plano subjetivo, a segurança jurídica reconduz-se a proteção da confiança, tal como a jurisprudência e a
doutrina constitucionais do Estado de Direito democrático que têm interpretado. Os cidadãos têm direito à proteção da
confiança, da confiança que podem pôr nos atos do poder político que contendam com as suas esferas jurídicas. E o
Estado fica vinculado a um dever de boa-fé.

- Principio da eficácia juridica


Os preceitos constitucionais respeitantes aos direitos, liberdades e garantias são diretamente aplicáveis - art. 18, 1 parte.
Não são os únicos preceitos nessas condições, bem pelo contrário, pois, em Constituição normativa, é postulado geral
que as suas normas sejam aplicáveis, ou suscetíveis de ser aplicáveis, diretamente nas situações da vida.
Enquanto que antes o exercício dos direitos dependia da sua regulamentação, hoje as normas constitucionais adstringem
os comportamentos de todos os órgãos e agentes do poder e conformam as suas relações com os cidadãos s em
necessidade de mediatização legislativa.
Os tribunais não podem tomar decisões contrárias a normas constitucionais (art. 20º e 202º ss). Mas tudo se esgota no
sistema de recursos de cada ordem de jurisdição, pois recursos para o Tribunal Constitucional apenas são admissíveis da
decisão sobre normas, e não das decisões em si mesmas (art. 280").
- Principio da tutela juridica
Como se costuma dizer, a primeira forma de defesa dos direitos é a consiste no seu conhecimento. Só quem tem
consciência dos seus direitos consegue usufruir os bens a que eles correspondem e sobre avaliar as desvantagens e os
prejuízos que são violados ou restringidos.
Qualquer cidadão pode pretender conhecer os seus direitos, sejam estes quais forem, em quaisquer situações da vida em
que se encontre. Por definição, os direitos fundamentais têm de receber, em Estado de Direito, proteção jurisdicional. Só
assim valerão inteiramente como direitos, liberdades e garantias ou direitos económicos, sociais e culturais.

- Principio da responsabilidade civil do Estado


Se ninguém contesta a responsabilidade da Administração - por regulamentos e atos administrativos, e noutro plano por
contratos e se se aceita em maior ou menor medida, a responsabilidade do Estado pelo exercício da função legislativa e
sobre o modo de concretizar.
Também não é de excluir a responsabilidade por atos políticos stricto sensu: assim, por declaração de estado de sítio ou
de estado de emergência, à margem das normas constitucionais e legais (art. 19 ); ou por inquéritos parlamentares ou
por convenções internacionais que ofendam direitos fundamentais. O artigo 271 específica o princípio em relação aos
funcionários e agentes da Administração Pública.

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