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Direitos Fundamentais – SUMO

3 perspetivas

Jusnaturalista- Dto naturais do Homem enquanto tal, de todo o lugar em todo o


tempo.
Constitucional- Dto mais intrínsecos das pessoas, circunscritos tanto no tempo
como no espaço, estando territorialmente limitados e não uniformes ao longo do
tempo.
Universalista- não intemporais, mas universais

Ideia de Geração de Direitos

Na década de 70, Carl Joachim Friedrich, propôs a ideia de gerações dos


direitos fundamentais, destacado a ligação desses aos étimos fundamentais,
baseados nos princípios da revolução francesa: liberdade(1º geração) ,
igualdade (2º geração) e fraternidade ( 3º geração ).

1º Tentativa 2º Tentativa

1ºGeração- Liberdade contra o 1º Geração- direitos de liberdade


estado, direitos de conteúdo negativo 2º Geração- ñ existem dtos socais ainda, mas sim
e de proibição, enquadra todo o tipo direitos de partição política e liberdade de
de liberdades, da livre iniciativa expressão.
economia e da propriedade. 3ºGeração -direitos socais.

2ºGeração- étimo de igualdade, dtos Os direitos de liberdade são negativos, enquanto os


de natureza social, direito à saúde e direitos econômicos, sociais e culturais são
educação positivos. A educação e saúde são exemplos de
direitos positivos, onde se pode exigir a ação do
3ºGeração- Dtos ligados à Estado. A Constituição diferencia esses direitos em
fraternidade, liberdades e garantias (negativos) e direitos
autodeterminação, dtos coletivos e econômicos, sociais e culturais (positivos).
ambiente.
À medida que a sociedade evolui, surgem novos direitos fundamentais
porque surgem novas necessidades para tal, e o mesmo acontece com as
gerações.
Acumulação Variedade Abertura
Os df’s acrescentam-se uns O leque abre-se e com a evolução social,
aos outros, uma geração acrescentam-se novas nenhum catálogo direito
não apaga outra. dimensões e sentidos ao fundamental é um trabalho
sistema, que se torna cada acabado, é necessária uma
vez mais complexo e atualização permanente,
multifuncional. estando abertos à
reinterpretação dos direitos
fundamentais e ao
surgimento de novos
direitos
Direitos Fundamentais na CRP
Artº 16 CRP- norma que diz que a CRP não está pensada para ignorarmos
o que se passa noutras latitudes, a CRP diz que há matéria de dtos fundamentais
regulada por si, mas que há dtos fundamentais que decorrem do direito
internacional.
Os direitos fundamentais e os direitos humanos são essencialmente
iguais, sendo a terminologia "direitos humanos" mais comum
internacionalmente e "direitos fundamentais" utilizada nacionalmente.
Os direitos humanos são inerentes à pessoa pela sua condição humana,
embora a expressão possa parecer sugerir a existência de direitos não humanos,
o que não é o caso.

O Sistema de Direitos fundamentais na CRP

Os direitos fundamentais como matéria são um conceito amplo,


abrangendo o conjunto de normas que posicionam o indivíduo na sociedade.
Por outro lado, os direitos fundamentais enquanto conceito jurídico
referem-se a direitos específicos conferidos aos cidadãos por algumas dessas
normas.
A primeira noção é mais abrangente, englobando normas que
estabelecem deveres sem atribuir direitos específicos.
Além disso, existem normas que são matéria de direitos fundamentais,
mas não conferem um direito fundamental em si, estabelecem deveres sem que
atribuam direitos ao cidadão, como as garantias institucionais.
O regime dos direitos fundamentais é matéria do mesmo, mas não é ele
próprio um direito fundamental.
Clausula aberta da CRP
A nossa constituição acolhe direitos fundamentais de outros diplomas, e
por isso diz-se ter clausula aberta o que permite ao individuo invocar direitos
fundamentais para além dos presentes na crp, permitindo uma proteção mais
ampla e abrangente dos direitos humanos.
Direitos Análogos
Fora da CRP, os direitos fundamentais são tratados por meio de outros
instrumentos legais, como convenções internacionais e leis ordinárias.
No contexto dos direitos análogos, o Artigo 17º da CRP aborda não
apenas direitos fundamentais, mas também direitos, liberdades e garantias,
juntamente com o seu regime.
A CRP distingue entre direitos liberdade e garantias e direitos económicos,
sociais e culturais. Direitos análogos aos de liberdade e garantias possuem a
mesma força jurídica e regime, enquanto os restantes direitos fundamentais
devem ser tratados conforme sua força jurídica.
A aplicação desse critério material pode levar à interpretação errônea de
uma norma como sendo de direitos fundamentais, resultando em
inconstitucionalidade. É essencial distinguir corretamente essas normas para
evitar equívocos na sua aplicação.
Identificação de matéria de direitos fundamentais (Critério tríplice)

Sendo este um critério proposto pelo professor Vieira de andrade o


mesmo subdivide-se em 3 características essenciais, sendo essas o do radical
subjetivo, a função e a intenção.

Ao aplicarmos este critério à nossa CRP encontramos DF’s que estão na


CRP, mas fora do dito catálogo.
O Art. 103º 3º é o direito a não pagar imposto que não tenham sido criados
nos termos da lei, este direito é fundamental, sendo o mesmo critério.
Os direitos de participação política, ART 122 E 124º, também estão fora
do catálogo, mas à luz do critério também o são.

Radical Subjetivo Função Intenção


Identificador de Matéria Normas que são matéria Normas de direitos
fundamental. É o centro de de direitos fundamentais fundamentais têm a
qualquer norma matéria de têm a função específica de intenção de explicitar uma
DF’s e composta por proteger bens jurídicos ou ideia concreta do ser
posições subjetivas, sendo posições essenciais dos humano, derivada
estas atribuídas a todos os cidadãos, cumprindo esse diretamente da dignidade
cidadãos, o que ñ implica objetivo diretamente, sem da pessoa humana,
que ñ haja df’s dirigidos a proteger indiretamente. densificada ao longo do
determinados grupos por tempo
haver razões especificas e
não por privilégios (dto
trabalhadores)

Estas normas apresentam natureza análoga à razão pela qual o legislador


protegeu determinados DLGS.

Quais podem ser as outras utilidades deste critério?


Na Constituição da República Portuguesa (CRP), podem existir matérias
de direitos fundamentais que não estão explicitamente presentes, mas são
abordadas em leis ordinárias, como os direitos de personalidade, o direito ao
asilo e o direito de reagrupamento familiar, considerados análogos aos direitos
fundamentais da CRP.
Identificar o que não constitui matéria de direitos fundamentais é útil ao
analisar normas da CRP à luz do critério tríplice, como os artigos 39º (regulação
da comunicação social) e 40º, que, embora não sejam direitos fundamentais,
estão intimamente ligados a estes, especialmente à liberdade de expressão e
imprensa.
Como distinguir as condições objetivas de efetivação de direitos fundamentais?
O simples facto de um direito fundamental estar na constituição não
chega. Este necessita de aplicação na realidade. Os direitos fundamentais
presentes na constituição têm uma função prática e real.
Condições objetivas de efetivação de DF:
- Condições legais, ou seja, necessitam de normas jurídicas que detalham
e concretizem esses direitos.
- Cariz económico e financeiro (direito à saúde, segurança social, ...) para
que estes direitos tenham um efeito real na vida das pessoas necessitam de
efetivação na prática.
O princípio da unidade da constituição
Este destaca a interligação de todos os elementos constitucionais.
Embora os direitos fundamentais tenham autonomia, estão integrados no todo
constitucional. A separação entre garantias institucionais e condições de
efetivação é pedagógica, pois a constituição é indivisível.
Os direitos fundamentais devem ser interpretados considerando a
constituição como um todo, distinguindo quais normas são de fato
fundamentais. Não se deve absolutizar a autonomia dos direitos fundamentais,
mas sim encontrar um equilíbrio dentro do sistema constitucional.

Garantias institucionais:
→ As GI são normas às quais falta o radical subjetivo, ou seja, não
conferem direitos a pessoas em particular, mas apesar disso estão
intrinsecamente ligadas e visam garantir diretamente esses direitos, sendo a sua
principal função é protegê-los. As GI não conferem DI mas existem por causa
desses direitos, para os proteger.
Isto distingue as Gl de outras normas que podem interferir nos DF mas
cuja principal função não é proteger DF.
• Princípio da separação de poderes- a principal razão pela qual existe
este princípio não é proteger DF logo não é uma garantia constitucional;
• Princípio da independência judicial- garantia geral dos DF;
• Princípio da isenção política das forças armadas- são neutras e não
participam no processo político- garantia dos DF;
Estes são princípios de base organizacional. Estas normas são condições
objetivas gerais da efetivação de DF, sem elas não há direitos fundamentais, mas
não surgem na constituição para proteger DF.

A importância dos direitos fundamentais na CRP – ARTº 1


O nosso catálogo de DF vem desde a constituição de 76, da assembleia
constituinte. A CRP e os DF são considerados por algumas pessoas como
influência do marxismo e leninismo e do liberalismo burguês. Há também quem
considere que é influência do liberalismo moderno.
O legislador colocou a dignidade da pessoa humana no primeiro artigo da
Constituição para conferir unidade de sentido, sendo o fio condutor da CRP. Isso
reflete a importância dos DF como expressão imediata dessa dignidade. A CRP
atribui grande relevância aos DF, refletida na sua posição na constituição.
A distinção entre DLG e DESC evidencia a proteção mais intensa dos
primeiros, associada à dignidade humana. A compreensão dos DF vai além da
interpretação jurídica, incorporando valores culturais e constitucionais.
As constituições podem inovar na criação de DF, refletindo um projeto de
vida em comum. A ordem dos DF é aberta e não hierárquica, representando
diferentes valores. Os regimes distintos para DLG e DESC não implicam
hierarquia, mas refletem a diversidade de valores que representam. Em caso de
conflitos de DF, o legislador deve harmonizá-los, seguindo o princípio da
harmonização prática, adaptando-se às circunstâncias.
O catálogo de direitos na CRP é extenso, incluindo direitos novos e
remanescentes desde 1976, resultante da assembleia constituinte. Os DF
refletem um compromisso generoso com os direitos fundamentais, apesar de
não serem exaustivos.
Características dos Direitos Fundamentais (DF):
1. Dimensão subjetiva:
1. Concedem faculdades aos indivíduos.
2. Atribuídos a indivíduos: Desvios à regra da individualidade são os
direitos de pessoas coletivas e grupos.
3. Universalidade e permanência: Todos os cidadãos beneficiam dos DF,
sem prazo de validade.

1. Direitos de Grupos:
1. Importância crescente em grupos minoritários (raciais, étnicos,
etc.).
2. Necessidade de garantir que os direitos de grupos não
comprometam os direitos individuais.
2. Universalidade e Exceções:
1. Exceções à universalidade: Alguns DF não se aplicam a todos os
cidadãos.
2. Limitações aos DF: Devem obedecer ao princípio da
proporcionalidade.
3. Exclusividades: Estrangeiros especiais podem gozar de DF
específicos.
3. Categorização dos Titulares de Direitos:
1. Menores de idade: Alguns DF só são adquiridos na maioridade.
2. Proteção especial: Grupos vulneráveis como idosos e deficientes
possuem direitos adicionais.
4. Fundamentalidade dos DF:
1. Imprescindíveis para proteger a dignidade humana em contextos
específicos.

Os Direitos Fundamentais (DF) possuem várias características distintivas.


Em primeiro lugar, concedem uma dimensão subjetiva aos indivíduos,
conferindo-lhes faculdades específicas. Além disso, são direitos atribuídos aos
indivíduos, com exceções para direitos de pessoas coletivas e grupos, cuja
finalidade condiciona os direitos que possuem.
A universalidade e permanência dos DF são fundamentais, beneficiando
todos os cidadãos sem prazo de validade. No entanto, existem exceções, como
direitos que não se aplicam a todos os cidadãos e a necessidade de limitações
aos DF seguindo o princípio da proporcionalidade.
A proteção de grupos minoritários, como raciais ou étnicos, tem ganhado
destaque, mas deve ser equilibrada para não comprometer os direitos
individuais. Por outro lado, existem distinções entre titulares de direitos, como
menores de idade que não possuem certos DF até atingirem a maioridade.
Os DF são considerados fundamentais por serem essenciais para proteger a
dignidade humana em contextos específicos, sendo imprescindíveis em garantir
direitos e liberdades básicas em sociedade.

Dimensão objetiva dos direitos fundamentais


Os direitos fundamentais têm uma dimensão objetiva e uma dimensão
subjetiva.
O que faz a dimensão objetiva dos direitos fundamentais é alargar o efeito
útil do direito subjetivo. As maneiras que se alarga o efeito do direito subjetivo:

1) Garantias institucionais

4) Produção de efeitos da inconstitucionalidade

5) Deveres fundamentais

1-Garantias institucionais-
Garantias institucionais impõem obrigações ao Estado e aos poderes
públicos para proteger bens jurídicos relacionados aos direitos fundamentais,
mesmo sem corresponder a um direito específico.
Estas normas regulam aspetos sociais ligados a direitos fundamentais,
reconhecidos e tipificados na Constituição Portuguesa (CRP). Exemplos incluem
a garantia de setores na economia e a responsabilidade do Estado por danos
causados, detalhados pela legislação ordinária.
O legislador tem liberdade para expandir essas garantias, mas deve
respeitar os princípios nucleares definidos na CRP.

2) ) Eficácia externa e existência de um eventual dever de proteção dos


direitos fundamentais

Os Direitos Fundamentais possuem eficácia interna e externa, vinculando


a sociedade como um todo e refletindo os valores de uma sociedade específica.
Além da relação indivíduo-Estado, surge a questão de se os direitos
fundamentais são diretamente aplicáveis nas relações entre particulares. Esses
direitos condicionam todo o ordenamento jurídico, exigindo a proteção geral dos
direitos fundamentais pelos poderes públicos. Com o surgimento dos direitos
sociais, o Estado passou a ser visto como responsável por garantir direitos
fundamentais, o que levanta questões sobre o grau de intervenção estatal nas
relações entre particulares. O Estado deve intervir para limitar comportamentos
que violem direitos fundamentais, mas deve fazê-lo de forma equilibrada devido
a implicações econômicas. Conflitos entre direitos fundamentais servem como
limites à intervenção estatal, que deve garantir a proteção efetiva desses direitos,
mantendo sempre uma margem de decisão legislativa.

3) Condicionam mecanismo da sociedade e poderes públicos-


A dimensão objetiva dos direitos fundamentais implica a existência de
mecanismos/processos para seu exercício. Por exemplo, o direito ao voto requer
eleições para ser exercido. Quando o Estado restringe direitos fundamentais,
como na expropriação, deve garantir proteções adequadas.
Embora o Estado não seja intrinsecamente focado nos direitos
fundamentais, apenas em circunstâncias excecionais pode-se falar de um direito
subjetivo na dimensão objetiva, envolvendo uma prestação estatal essencial
para garantir um direito fundamental.
Apesar da influência da dimensão objetiva dos direitos fundamentais
sobre o legislador ordinário, este tem ampla margem de conformação para
legislar de acordo com os interesses sociais, embora essa margem seja mais
restrita em relação aos direitos subjetivos.

4) Produção de efeitos da inconstitucionalidade – uma norma que viole


um direito fundamental é inconstitucional, tanto é inconstitucional uma norma
que viole a dimensão subjetiva como a objetiva, a declaração de
inconstitucionalidade não depende da dimensão subjetiva. Os direitos
fundamentais têm também influência ou aquilo que se chama o efeito
interpretativo quando olhamos determinada norma infraconstitucional, temos
duas interpretações possíveis:
1) está a violar direitos fundamentais;
2) não está a violar direitos fundamentais. Temos de interpretar como não
está a violar direitos fundamentais.

5). Deveres fundamentais


Os deveres fundamentais são essenciais para equilibrar os direitos
fundamentais, lembrando que os cidadãos também têm responsabilidades.
Existem dois tipos: autónomos, como o dever de pagar impostos e defender a
pátria, que derivam da ideia de comunidade política, e institucionais,
relacionados com as responsabilidades das instituições governamentais para
garantir o funcionamento do Estado e a proteção dos direitos dos cidadãos.
Em resumo, os deveres fundamentais visam promover a interdependência
social e assegurar o cumprimento das obrigações cívicas e institucionais para o
bem-estar da sociedade.

Diferença nos regimes entre os DF’s e os DESC

Critério da determinabilidade do conteúdo - é que diferencia um desc de um


dlg.
DFs: São direitos de natureza civil e política, como liberdade de expressão,
liberdade de religião, direito à vida, entre outros. Os DFs são geralmente
negativos, ou seja, exigem abstenção do Estado em interferir nesses direitos.
DESC: Envolvem direitos de natureza social, econômica e cultural, como
direito à saúde, educação, trabalho, moradia, entre outros. Os DESC são
geralmente positivos, demandando ações afirmativas do Estado para garantir
seu cumprimento.

Heterogeneidade do conteúdo

- Há diferentes conteúdos do DF no sentido de haver um conteúdo principal e um


conteúdo instrumental do DF

1. Faculdades ou poderes especificamente conferidos por aquele direito, norma


que consagra aquele direito.

2. Faculdades que estão ao serviço primeiro, são necessárias para a


concretização do conteúdo principal, o conteúdo principal por sua vez tem um
núcleo essencial que é formado dentro dos poderes ou faculdades conferidas
por aquela norma, há algumas absolutamente necessárias, as manifestações
mais imediatas da dignidade da pessoa humana que aquele direito visa proteger.
E ainda dentro deste conteúdo essencial há as camadas envolventes, são
desenvolvimentos ligados ao núcleo essencial, mas mais indiretamente
decorrentes da DPH, o núcleo essencial tem um papel especial no que diz
respeito aos poderes fundamentais, por ser essencial aquele núcleo não pode
ser tocado, nem através de lei restritiva nem nos casos de estados de exceção.

Por vezes, no caso típico dos DESC, o conteúdo principal do direito é


definido pelo legislador ordinário e não está na constituição. Nesse caso, como
não está na constituição, não podemos falar em núcleo essencial, mas sim em
um conteúdo mínimo que deve ser consagrado. O legislador tem a obrigação de
cumpri-lo e concretizá-lo. É aquilo que distingue os DESC de DLG incluindo no
que diz respeito ao seu regime.

Critério da determinabilidade do conteúdo:

No caso dos DLG, o seu conteúdo principal é essencialmente determinado


pela constituição, o que é mais fácil em direito de conteúdo negativo.

No caso dos DESC, o conteúdo principal não é determinado ao nível


constitucional e é definido no legislador ordinário, e é esta a razão pela qual uns
e outros têm regimes diferentes. Porque a determinabilidade significa que o
conteúdo definido ao nível constitucional é denso o suficiente para dele
podermos retirar um direito autônomo e por isso pode ser diretamente aplicado.

Esta aplicabilidade direta é uma das características do regime dos DLG.


Então, se os DLG são diretamente aplicáveis, não quer dizer que no caso dos DLG
não haja intervenção legislativa sobre eles, mas há para as circunstâncias em
que podem ser exercidos para os limitar, etc. Mas há pelo menos um conteúdo
definido ao nível constitucional, e esse é suficiente para que se possa aplicar
diretamente, mesmo que não haja lei.

Por exemplo, no Art.º 31 conseguimos retirar um conteúdo útil. Nos DESC,


as prestações positivas são o seu conteúdo principal, ex. direito à saúde e
educação. Obrigar o estado a providenciar estes direitos às pessoas, o conteúdo
definidor desse direito é uma prestação positiva. Estas pressupõem a utilização
de recursos que são escassos, recursos limitados para procura ilimitada. Então,
se estes são escassos, alguém tem de proceder à aplicação desses recursos,
tem de fazer opção no que diz respeito à utilização desses recursos para
concretizar os DESC.

Esta escolha tem de ter em conta todas as consequências, e quem pode


fazer estas escolhas não é o legislador constituinte, esta decisão tem de ser feita
pelo legislador ordinário, respeito pelo princípio democrático, quem elegemos
para tomar estas opções por nosso nome, por isso diz-se que os DESC são
direitos sobre reserva do possível, porque são concretizados se e quando na
medida em que haja recursos para o efeito e, portanto, o conteúdo principal
destes direitos é definido pelo legislador. Estas opções implicam a existência de
políticas.

Isto não é o mesmo que dizer que pode não haver nada, dizer que o
conteúdo essencial dos DESC é determinado pelo legislador ordinário não é a
mesma coisa que dizer que ele pode dizer que o conteúdo essencial é zero,
Professor Jorge Novais.

Os DLG têm um conteúdo determinável ao nível constitucional e, por isso,


não precisam da lei para se fazerem valer. A lei ajuda, mas mesmo que não haja
lei, aquele direito tem a possibilidade de ser aplicado diretamente (neste
pressuposto assenta o seu regime). O regime tem várias facetas: regime
material e regime orgânico e formal, art.º 18 (requisitos para a intervenção
legislativa restritiva dos DF), Artº. 19 (os estados de exceção), Artº. 20/5 (tutela
jurisdicional efetiva), Art º. 21 (direito de resistência), Artº. 165/1/b, Artº. 272/3,
Artº. 288.

O regime é aplicável por força do Art.º 17 aos DF de natureza análoga aos DLG.

Há dois requisitos para que se possa dizer que estamos perante uma DF
análogo a um DLG:

- Tem de se tratar de um direito subjetivo referido diretamente à dignidade da


pessoa humana.

- O seu conteúdo tem de ser determinável ao nível constitucional (normas que


tenham natureza materialmente constitucional, pode não estar na constituição)

O regime dos DLG


Art. 18 - nº1: A vinculação das entidades privadas é diferente da das
entidades públicas.
Aplicabilidade direta e vinculação das entidades públicas traduz-se em dizer que
as normas que consagram D DLG são normas preceptivas e têm um conteúdo
exequível, aplicam-se assim na ausência de lei ou contra a lei.
Quando se dá uma inconstitucionalidade por omissão?
Quando temos normas recetivas, mas não exequíveis, ou seja, com
conteúdo definida, mas que a sua natureza não permite a aplicação sem
intervenção legislativa, a aplicabilidade direta nestes casos significa que o
legislador estava constitucionalmente vinculado a operacionar este conteúdo e
não o fez.
Vinculação das entidades públicas
3 conjuntos de EPS: executivo, legislativo e judicial
Legislador: densificar ou expandir o conteúdo para os tornar exequíveis,
no espírito que a constituição prevê para esse direito. Pode ainda ocorrer de
harmonizar DF na medida em que haja colisão dos mesmos, daí advém o dever
de proteção.
Judicial: papel de controlo da conformidade da legislação, condutas de
poderes públicos, sendo que o TC tem papel na densificação e interpretação do
conteúdo de DF.
Administração: Esta abrange PCP, de DP, das quais a AP atua e até os
privados quando exercem podres públicos, norma do CPA.
A AP concretiza DF, vinculando-se a estes principalmente nas situações
de discricionariedade administrativa, quanto maior, maior é a vinculação aos
DLG.

ARTº 18 nº2- Os DLG mais fortes podem ser alvo de restrições e não são
absolutos, na 2º parte do artigo, temos de ter atenção, tem de existir uma
credencial constitucional, pode um artigo não dizer que o direito pode ser
restringido, mas se isso resultar de uma leitura conjugada dos artigos, ele pode
ser alvo de restrição.
A restrição tem de se limitar ao necessário para salvaguardar outros
direitos ou interesses garantidos na CRP, tendo de responder ao princípio da
proporcionalidade, e ao seu teste, da idoneidade, necessidade e
proporcionalidade em sentido restrito.
Restringir um para salvaguardar outro, esta medida é idônea, mas será a
melhor medida? E que restrinja menos o dlg em causa?
No 3º teste, o legislador tem de colocar os prós e os contras se a restrição
não justifica o benefício que se obtenha.
A lei que restringe tem de conferir caráter geral e abstrato. Não pode ter
efeito retroativo e nem diminuir a extensão e alcance do conteúdo essencial dos
preceitos constitucionais. A lei restritiva está sujeita ao ART 165/2/B
Art.º 21: Um dos aspetos do regime de DLG é a autotutela. No direito geral,
existe uma proibição de autotutela, mas pela sua essencialidade o legislador
constituinte estabelece uma exceção neste ideal e permite aos DLG, que é o
direito de resistência. Pode-se resistir, mas este direito tem de ser medido.
Art.º 272 nº3 Art. 288: Limites materiais de revisão, não se pode diminuir
em matéria de DLG. Estabelece que em matéria de direitos, liberdades e
garantias, não se pode diminuir o que pode ser potencialmente problemático,
assegurando a proteção e preservação desses direitos fundamentais.
Art.º 19: A suspensão de direitos, coisa temporária por estar associada
aos estados de exceção. Ocorre um evento que perturba a normalidade da CBR
perturba o pressuposto essencial em que a vida assenta então no fundo nestes
estados suspende-se parte da CIR para repor a normalidade e depois voltasse a
normalidade e volta a crescer e a vigorar em pleno.

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