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Unidade 2
Introdução
Até agora, já desenvolvemos uma série de habilidades frutos do conhecimento do
constitucionalismo, da Constituição e de todo o arcabouço de conhecimento adquirido até aqui.
Nesta unidade, falaremos sobre os direitos e as garantias fundamentais, suas diferenças
doutrinárias e históricas, além de outros temas muito importantes para a sua formação.
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05:18
Segundo Barcellos:
Algumas dessas expressões têm significados específicos (por exemplo, direitos políticos), mas a
maioria delas pode ser utilizada como sinônimo.
Segundo Barcellos:
Iniciada a discussão acerca da terminologia, faremos um breve paralelo entre os nomes utilizados
para discutir a proteção dos direitos do homem.
https://enciclopediajuridica.pucsp.br/verbete/67/edicao-1/conceito-de-direitos-e-garantias-
fundamentais
Por sua vez, direitos fundamentais são o conjunto de direitos positivados em um ordenamento
jurídico. São os direitos humanos positivados no plano interno de cada Estado, especialmente no
texto constitucional.
A tendência é entender que o direito internacional tem influência direta no sistema interno, e,
nesse sentido, a distinção acima apontada perderia relevância. Há uma necessidade de se entender
o direito internacional dos direitos humanos como direito positivo dentro do ordenamento
brasileiro (por exemplo, reconhecimento do caráter supralegal das convenções internacionais
sobre direitos humanos, ainda que não internalizados).
PRINCIPAIS ELEMENTOS DA
TEORIA DOS DIREITOS
FUNDAMENTAIS
POSITIVAÇÃO
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CONCRETIZAÇÃO
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GARANTIAS
DIGNIDADE
LIBERDADE
IGUALDADE
CONVIVÊNCIA
A definição de direito se dá por serem direitos que podem ser exigíveis. A exigibilidade é a nota
caracterizadora do direito. Os direitos fundamentais restam como uma relação obrigacional. Não
há, portanto, a ideia de aviso ou conselho ou ainda pretensão. Há sim a exigibilidade. A relação
jurídica obrigacional dos direitos fundamentais acontece por meio do credor: ser humano/pessoa;
objeto: todos os direitos relacionados com a dignidade; e devedor: o estado e os particulares.
O Direito Fundamental não é qualquer direito, mas apenas aqueles tidos como fundamentais.
Serão considerados fundamentais os direitos que tiverem vinculação direta com a dignidade da
pessoa humana. Sem tais direitos, a pessoa humana não se realiza, não convive e, às vezes, não
sobrevive.
O Direito do Homem são direitos do ser humano. São inerentes à pessoa humana.
Os principais documentos acerca da evolução histórica dos direitos fundamentais e dos direitos
humanos é basicamente o mesmo rol de documentos da evolução do constitucionalismo.
Quando, no curso dos acontecimentos humanos, se torna necessário um povo dissolver laços
políticos que o ligavam a outro, e assumir, entre os poderes da Terra, posição igual e
separada, as que lhe dão direito as leis da natureza e as do Deus da natureza, o respeito
digno às opiniões dos homens exige que se declarem as causas que os levam a essa
separação.
Consideramos estas verdades como evidentes por si mesmas, que todos os homens foram
criadas iguais, foram dotados pelo Criador de certos direitos inalienáveis, que entre estes
estão a vida, a liberdade e a busca da felicidade.
Que a fim de assegurar esses direitos, governos são instituídos entre os homens, derivando
seus justos poderes do consentimento dos governados; que, sempre que qualquer forma de
governo se torne destrutiva de tais fins, cabe ao povo o direito de alterá-la ou aboli-la e
instituir novo governo, baseando-o em tais princípios e organizado-lhes os poderes pela
forma que lhe pareça mais conveniente para realizar-lhe a segurança e a felicidade.
[...] governos são instituídos entre os homens, derivando seus justos poderes do
consentimento dos governados; que, sempre que qualquer forma de governo se torne
destrutiva de tais fins, cabe ao povo o direito de alterá-la ou aboli-la e instituir novo governo,
baseando-o em tais princípios e organizado-lhes os poderes pela forma que lhe pareça mais A+
conveniente para realizar-lhe a segurança e a felicidade (NATIONAL ARCHIVES, 2019, on-
line). A-
A declaração tem sua conotação universal, não se reportando apenas ao Estado e povo franceses.
Apesar de a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão não integrar o sistema internacional,
ela é a fonte histórica para os direitos fundamentais previstos na CF. Thomas Jefferson, um dos
principais elaboradores da Declaração de Independência dos Estados Unidos, era embaixador dos
Estados Unidos na França (cargo que ocupou entre os anos de 1.784 a 1.789) e influenciou, de
forma direta, a elaboração da Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão.
A historicidade, que representa o processo histórico dos quais os direitos fundamentais são fruto.
Em decorrência da historicidade, é possível que alguns direitos reconhecidos como essenciais à
dignidade da pessoa humana em um determinado momento da história possam não ser
reconhecidos como tal em um momento histórico diverso. O reconhecimento do que é ou não
diretamente ligado à dignidade da pessoa humana depende da incidência de variáveis culturais,
históricas etc. (por exemplo, direito a um meio ambiente ecologicamente equilibrado não era
reconhecido como um direito fundamental).
O princípio da vedação do retrocesso não é uma proteção absoluta (caráter histórico dos direitos
fundamentais; direitos fundamentais são um construído). Há discussão quanto à possibilidade de
uma nova constituição estabelecer situações que violem os direitos humanos (por exemplo,
previsão de penas cruéis). Adotando-se o conceito tradicional de poder constituinte originário,
haverá o reconhecimento da possibilidade de tal procedimento. Posicionamento diferente é
adotado por aqueles que reconhecem os direitos humanos como conceito filosófico; nesse caso, é
necessário o reconhecimento de limitações ao exercício do poder constituinte originário. É preciso
reconhecer que a vedação do retrocesso é importante, mas ela não se apresenta como algo que
garanta proteção a todas as situações.
O desuso do direito não gera a sua perda. Não podemos confundir a imprescritibilidade do direito
fundamental com o objeto de proteção desse direito. Com a usucapião, ocorre a perda do objeto, e
não a perda da capacidade de ser proprietário.
Os reality shows não são inconstitucionais. Não há renúncia nem alienação de direitos. A
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disposição sobre a liberdade não está com a empresa organizadora; as pessoas podem sair se
quiserem. Pense sobre isso! Reflita sobre o assunto acessando o link a seguir.
http://www.conteudojuridico.com.br/consulta/Artigos/52203/reality-show-a-indisponibilidade-
dos-direitos-fundamentais-e-a-dignidade-da-pessoa-humana.
Outra garantia dos direitos se dá por meio da indivisibilidade e interdependência, e o que garante
os direitos civis e políticos é condição para a observância dos direitos sociais, econômicos e
culturais e vice-versa (PIOVESAN, 2018, p. 60).
A proibição de retrocesso é parte da proteção que se deve dar aos direitos fundamentais. Cada vez
que um direito fundamental é conquistado e reconhecido como tal precisa de proteção para que
não se volte aos tempos quando ele não era garantido. O exemplo da tortura é importante por isso.
Durante muito tempo, acreditou-se que a tortura era meio válido para se conseguir informações,
mas depois foi percebido que sob tortura qualquer pessoa admite qualquer coisa. Logo, ela não era
útil; ao contrário, era condenável.
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Além disso, não pode reduzir o grau de abrangência. A vedação ao retrocesso impede a redução da
abrangência do direito social previsto (ZAGREBELSKY, 2011). Esse posicionamento diminui o grau
de liberdade da atuação do poder público.
[...] a noção de direito está estritamente relacionada ao sistema político, econômico, cultural,
social e moral vigente em determinada sociedade. Sob esse prisma, cada cultura possui seu
próprio discurso acerca dos direitos fundamentais, que está relacionado às específicas
circunstâncias culturais e históricas de cada sociedade. Nesse sentido, acreditam os
relativistas, o pluralismo cultural impede a formação de uma moral universal, tornando-se
necessário que se respeitem as diferenças culturais apresentadas por cada sociedade, bem
como seu peculiar sistema moral. A título de exemplo, bastaria citar as diferenças de padrões
morais e culturais entre o islamismo e o hinduísmo e o mundo ocidental, no que tange ao
movimento de direitos humanos. Como ilustração, caberia mencionar a adoção da prática
da clitorectomia e da mutilação feminina por muitas sociedades da cultura não ocidental
(PIOVESAN, 2018, p. 62-64).
E quais seriam os limites nessa busca pelo não retrocesso? É importante lembrar que existem
algumas vedações, como as apresentadas a seguir:
i. Vedação do direito de escolha: não seria possível uma cultura que vedasse a escolha.
A universalidade dos direitos humanos é reforçada pela recente construção do jus cogens em
matéria do direito internacional. O jus cogens é formado por normas cogentes e imperativas. A ideia
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de existência de normas internacionais superiores reafirma a questão da universalidade
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REFLITA
O Impacto do Terrorismo nos Direitos Humanos
Podemos afirmar que os direitos humanos, assim como os direitos fundamentais, nasceram para
a proteção do homem, entendido como gênero neutro para humanidade. Contudo,
recentemente a ONU autorizou o combate ao terrorismo. Não seria isso um contrassenso?
Autorizar que se mate para proteger outras pessoas não seria uma violação aos direitos
humanos?
Guilherme Berger Schmitt, em seu artigo “O impacto do terrorismo nos direitos humanos: uma
análise crítica das medidas internacionais de combate ao terrorismo à luz dos direitos humanos”,
discute essa incongruência, entre outras. Reflita sobre o assunto acessando o link a seguir.
https://periodicos.ufms.br/index.php/revdir/article/view/766.
A perspectiva subjetiva dos direitos fundamentais (dimensão clássica) realiza a análise dos direitos
fundamentais na perspectiva dos seus titulares. Reconhece-se a existência de uma relação jurídica
obrigacional de forma que os indivíduos (credores) possam exigir em face do Estado (devedor –
visão clássica) a preservação desses direitos. Enquanto direitos, eles apresentam uma relação que
não se apresenta claramente e uma relação jurídica obrigacional. Junto com o direito, surge o dever
de todos em respeitá-lo.
Já a perspectiva (ou dimensão) objetiva dos direitos fundamentais se trata de uma análise não sob a
perspectiva dos titulares do direito fundamental, mas sob a dimensão da obrigação positiva do
Estado na efetiva proteção dos direitos fundamentais, ainda que essa atuação incida em face de
terceiros ou mesmo em face do próprio titular do direito.
Como consequência, por ser obrigação do Estado a efetiva preservação dos direitos fundamentais,
sua atuação também deverá incidir sobre os particulares. Essa situação está relacionada à eficácia
horizontal dos direitos fundamentais. É preciso haver o reconhecimento de que os direitos
fundamentais representam os valores mais importantes de uma determinada sociedade, por
exemplo a vida. O direito fundamental à vida não é, tão somente, um direito de titularidade de cada
indivíduo, sendo necessário o seu reconhecimento como um valor importante para todo o meio
social. A proteção da vida de um determinado indivíduo não é de interesse apenas desse, mas de
toda a sociedade.
O titular do direito também tem a obrigação de tomar precauções para preservar tal bem, já que
esse seria de interesse de toda a sociedade. Além de titular do direito, o indivíduo tem a obrigação
de tutelar tal bem.
A perspectiva objetiva não exclui a perspectiva subjetiva, mas a ela se agrega. Os direitos
fundamentais são também valores ou finalidades que dirigem todo Poder Público e que traduzem
condicionamentos impostos também aos particulares e mesmo aos outros Estados (a violação de
um Estado aos direitos fundamentais de seus integrantes atinge a todos da comunidade
internacional).
É necessário o reconhecimento de que não é apenas o Estado que ocupa o polo passivo da relação
jurídica obrigacional nos direitos humanos. Mesmo os particulares e outros Estados podem ser
reconhecidos como devedores, ou seja, também têm a obrigação de respeitar tais direitos.
A dimensão objetiva dos “[...] direitos fundamentais liga-se ao reconhecimento de que tais direitos,
além de importarem certas prestações aos poderes estatais, consagram também os valores mais
importantes em comunidade política” (SARMENTO, 2010).
Os adeptos desta teoria justificam a eficácia direta dos direitos fundamentais nas relações
privadas com base na constatação de que os perigos que espreitam os direitos
fundamentais, no mundo contemporâneo, não provêm apenas do Estado, mas também dos
poderes sociais e de terceiros em geral. Ressalte-se que não se trata de uma doutrina radical,
vez que não se nega a necessidade de ponderar o direito fundamental em jogo com a
autonomia privada dos particulares envolvidos no caso, ou seja, essa teoria está longe de
pregar a desconsideração da liberdade individual nas relações jurídicas privadas, como
asseveram alguns (2009, p. 2). A+
Diz Sarmento:
[...] teoria da eficácia mediata nega a possibilidade de aplicação direta dos direitos
fundamentais nas relações privadas porque, segundo seus adeptos, esta incidência acabaria
exterminando a autonomia da vontade, e desfigurando o Direito Privado, ao convertê-lo
numa mera concretização do Direito Constitucional (2010, p. 143).
Deveres Fundamentais
O reconhecimento da eficácia horizontal é ratificado pelo fato de que, paralelamente aos direitos
fundamentais, existem os deveres fundamentais. Acompanhe a seguir quais são:
a) O art. 10 da Declaração Universal dos Direitos do Homem prevê que “toda pessoa tem deveres
para com a comunidade”.
c) O art. 205 da CF (BRASIL, 1988, on-line) prevê a educação como um dever do Estado e da família,
devendo ser promovida e incentivada com a colaboração da sociedade.
NCC:
“Art. 205. A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada
com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o
exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho” (BRASIL, 1988, on-line).
Atenção: Educação é uma expressão mais ampla que a ensino. O dispositivo não está tratando do
ensino, mas da educação.
Por exemplo: jogar lixo para fora do carro – violação do direito de educação (desvirtua a educação
das demais gerações).
d) O art. 225 da CF (BRASIL, 1988, on-line) prevê a defesa e a preservação do meio ambiente
ecologicamente equilibrado como um dever do poder público e da coletividade.
CF:
“Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do
povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de
defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações” (BRASIL, 1988, on-line).
e) O art. 227 da CF (BRASIL, 1988, on-line) prevê o dever da família, da sociedade e do Estado de
assegurar à criança e ao adolescente o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à
profissionalização, à cultura, à dignidade ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e
comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração,
violência, crueldade e opressão.
CF:
“Art. 227. É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança e ao adolescente, com
absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à
profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e
comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração,
violência, crueldade e opressão” (BRASIL, 1988, on-line).
Eficácia irradiante dos direitos fundamentais – os direitos e garantias fundamentais são dotados
de uma especial força expansiva, projetando-se por todo o universo constitucional e servindo como
critério interpretativo de todas as normas do ordenamento jurídico.
Eficácia dos direitos fundamentais nas relações privadas – as teorias sobre a eficácia horizontal
dos direitos fundamentais são:
Segundo a teoria da ineficácia horizontal (teoria adotada nos EUA), os direitos fundamentais não se
aplicam às relações entre particulares, sendo exigíveis apenas contra o Estado.
Também é possível que determinado direito tido como fundamental seja aplicado nas relações
entre particulares quando uma lei ordinária preveja tal possibilidade. Nesse caso, a aplicação ou
não desse direito seria uma decisão puramente do âmbito ordinário (diferente do que ocorre com a
teoria da eficácia indireta).
De acordo com a teoria da eficácia indireta (teoria adotada na Alemanha), os direitos fundamentais
não se aplicam diretamente na relação entre particulares, sob pena de violar a autonomia da
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vontade, o que comprometeria todo o direito privado. A solução adotada para que os direitos
fundamentais sejam aplicados nas relações privadas é propiciar uma intermediação da legislação
constitucional com a legislação de direito privado. O juiz aplicaria a norma de direito civil e A-
indiretamente os direitos fundamentais.
É diferentemente do que ocorre com a teoria da ineficácia horizontal. Na teoria da eficácia indireta,
a decisão de aplicação dos direitos fundamentais nas relações privadas está no âmbito
constitucional, mas depende do legislador ordinário para garantir a sua efetividade. O direito
fundamental é aplicado por meio da lei (haveria obrigatoriedade de o legislador ordinário legislar).
É exemplo da manifestação dessa teoria a utilização das cláusulas gerais pelo direito privado.
Assim, os direitos fundamentais seriam utilizados para interpretar as normas privadas.
Segundo a teoria da eficácia mediata, os direitos fundamentais não são imediata e diretamente
aplicáveis às relações interprivadas. A eficácia é mediata e indireta, porque é tarefa (dever-
competência), em primeira linha, do Poder Legislativo ao criar normas de direito privado, e, na
omissão ou insuficiência legislativa, do Poder Judiciário, ao aplicar e desenvolver o direito privado,
sobretudo ao recurso “preenchimento” das cláusulas gerais e conceitos jurídicos indeterminados
com conteúdos axiológicos que subjazem (aos) ou informam os direitos fundamentais.
Segundo a teoria da eficácia direta (teoria adotada em Portugal, Espanha e na Itália), os direitos
fundamentais podem ser aplicados diretamente, sendo prescindível a intermediação de norma
privada. O ideal é que o legislador edite norma para que sejam estabelecidos critérios objetivos
para a atuação do judiciário, mas, havendo omissão do legislativo, o juiz aplica diretamente.
Sobre a corrente adotada no Brasil, as decisões do STF sempre adotaram a eficácia direta, mas só
recentemente é que os julgados do supremo têm levantado a discussão das teorias existentes.
“[...] muitos dos direitos impõem um dever ao Estado (poderes públicos) no sentido de proteger
perante terceiros os titulares de direitos fundamentais” (CANOTILHO, 2003, p. 166).
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A-
a) Direitos fundamentais meramente formais são aqueles que a CF (BRASIL, 1988, on-line) rotula
como sendo fundamentais (TÍTULO II).
São posições jurídicas essenciais que concretizam a dignidade da pessoa humana. Nem todos os
direitos previstos no art. 5º (BRASIL, 1988, on-line) estão protegidos pela cláusula pétrea. Somente
aqueles que estiverem vinculados à dignidade humana serão considerados como direitos
fundamentais em sentido material e serão protegidos pela cláusula pétrea.
STF – Min. Moreira Alves – “a leitura do art. 60, § 4º, deveria ser literal” (MENDES, 2004, p. 221).
i. Sim – a proteção do art. 60, § 4º, abrangeria, apenas, os direitos fundamentais diretamente
relacionados à dignidade da pessoa humana. Os dispositivos que não sustentassem tal situação
(direitos considerados formalmente, mas não materialmente constitucionais) poderiam ser
revogados.
ii. Não – a leitura do art. 60, § 4º, deve ser literal. Todos os dispositivos estariam protegidos, ainda
que o direito nele refletido seja, tão somente, formalmente fundamental.
a) Direitos – disposições meramente declaratórias, que imprimem existência legal aos direitos
reconhecidos.
Por exemplo: MS pode ser considerado como uma garantia e como um direito.
Como é feita a classificação na Constituição Federal de 1988 (BRASIL, 1988, on-line)? O
constituinte originário fez a opção de separar os direitos em blocos, nada impedindo, contudo, que
se encontrem alguns em capítulos diferentes. É importante lembrar que basta que o texto esteja
previsto na Constituição para que assim o seja considerado. Vejamos como foi feito:
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a) Direitos individuais.
b) Direitos coletivos. A-
c) Direitos sociais.
d) Direitos à nacionalidade.
e) Direitos políticos.
Tratamento Constitucional
Entendida essa classificação, pôs-se o legislador constituinte a inserir em títulos e capítulos os
assuntos dispostos na Constituição (BRASIL, 1988, on-line). Assim ficou organizada a nossa
Constituição:
Direitos Fundamentais
Assim, existe uma fórmula para caracterizar os direitos fundamentais: direitos individuais +
direitos coletivos + direitos sociais + direitos da nacionalidade + direitos políticos.
A Constituição estabelece a dignidade da pessoa humana como um dos seus fundamentos, ou seja,
nessa concepção, a pessoa é tida como fundamento e fim da sociedade e do Estado.
i. Direitos de defesa.
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Lembrar da reserva do possível – limitações orçamentárias limitam a implementação dos direitos
prestacionais.
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iii. Direito de participação.
Direitos envolvidos: direitos de nacionalidade (art. 12, CF) e direitos políticos (art. 14, CF)
(BRASIL, 1988, on-line).
Objetivo: garantir uma maior participação do indivíduo na vida do Estado.
Ideia equivocada de considerar os direitos de 1ª geração como negativos e não onerosos enquanto
os de 2ª geração como positivos e onerosos.
Consequência: enfraquecimento da normatividade dos direitos sociais.
É necessário o reconhecimento de uma afinidade estrutural entre os direitos fundamentais.
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i´. Direitos fundamentais de primeira dimensão.
Valor: liberdade.
Objetivo: proteger o indivíduo em face da atuação do Estado.
Direitos envolvidos: direitos civis e direitos políticos.
No modelo de Estado liberal, a atuação do Estado deve ser mínima. Ele deve se abster de interferir
na vida dos cidadãos. Seu papel é o de garantir direitos, e suas obrigações perante a sociedade têm
caráter negativo, estando ligadas às obrigações de não fazer (os chamados deveres negativos).
No campo econômico, Smith (1983, p. 10) fazia referência à “mão invisível do mercado”.
Valor: igualdade.
Objetivo: reduzir as desigualdades existentes.
Direitos envolvidos: direitos sociais, direitos econômicos e direitos culturais. Envolve também
direitos sem conteúdo contraprestacional (aqueles em que não há obrigatoriedade de prestação
pelo Estado. não há a necessidade de um fazer, como, por exemplo, as liberdades sociais, a
liberdade de sindicalização, o direito de greve, o direito a férias e o direito ao repouso semanal
remunerado.
Titularidade: direitos coletivos.
Direitos prestacionais (cunho positivo).
Revolução Industrial
A alteração da realidade social faz surgir novas demandas perante o Estado. O século XIX foi
marcado por uma profunda exploração do operário (luta do proletariado).
Valor: fraternidade.
Direitos envolvidos: direito ao meio ambiente. Segundo Bonavides:
Para alguns autores, a 4ª dimensão seria integrada pelos direitos das minorias, direitos vinculados à
biotecnologia e direitos intergeracionais.
Por exemplo: intolerância às violações aos direitos humanos – intolerância boa. Não aceitação do
diferente – intolerância má.
Pluralismo Político
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Pluralismo político não se limita ao pluralismo político partidário (por exemplo, pluralismo de
ideias).
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Direitos Fundamentais e as Questões Territoriais
As ameaças aos direitos fundamentais não se limitam aos limites territoriais, e as questões que
envolvem tais direitos extrapolam esses limites. As ameaças são globais. Os direitos fundamentais
precisam trabalhar essas ameaças globais.
Patrimônio da humanidade – Unesco. Nesses casos, o Estado tem um dever a mais de proteger
esses patrimônios. São patrimônios que não pertencem ao Estado ou a uma determinada pessoa, e
sim de interesse de todos.
Direitos dos animais (visão ecocêntrica): reconhecimento dos animais como sujeito de direito.
SAIBA MAIS
Animais como Sujeitos de Direito A+
Os animais, no ordenamento jurídico brasileiro, não são protegidos pelos Direitos Fundamentais.
A-
Esses, como já vimos, são direcionados à Pessoa Humana. Contudo, é importante a leitura do
Artigo 225, § 1º da Constituição Federal de 1988:
(art. 225, § 1º, VII, CF) (BRASIL, 1988, on-line) vedação de práticas que
submetam os animais à crueldade.
CF
Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado,
bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-
se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para
as presentes e futuras gerações.
§ 1º. Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder Público:
“VII - proteger a fauna e a flora, vedadas, na forma da lei, as práticas que
coloquem em risco sua função ecológica, provoquem a extinção de espécies
ou submetam os animais a crueldade (Regulamento)”.
Quem seria o titular desse direito? No trecho “todos têm direito”, o direcionamento é para a
espécie humana. Ela tem o direito a um meio ambiente ecologicamente equilibrado e, para que
isso possa tornar-se realidade há o dever de proteção. Assim, no ordenamento brasileiro, não é
possível defender que os animais seriam sujeitos de direito, mas o dispositivo constitucional
representa uma aproximação dessa concepção.
- Surgimento das
- Constatação da
primeiras - Revolução
divisão dos países em
Momento constituições Industrial.
ricos e pobres;
histórico escritas. - Luta do
desenvolvidos e
- Revoluções proletariado.
subdesenvolvidos
liberais.
- Direito ao meio
- Direitos ambiente. - Direito à
sociais. - Direito à paz. democracia.
- Direitos civis.
Direitos - Direitos - Direito ao - Direito de
- Direitos
envolvidos econômicos. desenvolvimento. informação.
políticos.
- Direitos - Direito à - Pluralismo
culturais. autodeterminação político.
dos povos.
- Direitos - Direitos
Titularidade - Direitos difusos.
individuais. coletivos.
b) Aspectos jurídicos:
É um conceito trabalhado pela doutrina para garantir uma eficácia mínima aos direitos sociais. O
texto constitucional consagra um grande número de direitos, mas nem todos podem ser efetivados
frente à limitação orçamentária existente. Assim, a doutrina/jurisprudência identifica um grupo
diretamente ligado ao mínimo para uma existência digna. Frente a esse, não é possível a alegação
do princípio da reserva do possível.
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A-
04:38
INDICAÇÃO DE LEITURA
Ano: 2019
Editora: Atlas
ISBN: 9788522487219
Sinopse: Uma pesquisa séria e profunda acerca dos direitos e garantias fundamentais. Os
autores Dimitri Dimoulis e Leonardo Martins mergulham no ordenamento jurídico-
constitucional brasileiro por meio de um excelente estudo. De forma bem didática, eles
buscam relacionar os problemas enfrentados por todos nós brasileiros e a proteção
constitucional adquirida. Leitura recomendada para quem quer se aprofundar no tema.
Considerações Finais
Trabalhamos, nesta unidade, os direitos fundamentais e verificamos sua proximidade e suas
diferenças com os direitos humanos. Além disso, estudamos o tratamento constitucional dos
direitos fundamentais e as gerações e dimensões desses.
É importante agora que o(a) aluno(a) se questione: qual a importância dos direitos fundamentais
A+
em minha vida? Pergunta complexa, não é mesmo? Ao falarmos de dimensões dos direitos
fundamentais, falamos sobre a primeira delas, que é a liberdade. Você já refletiu sobre como a
liberdade é importante para cada um de nós. O fato de você ter ido à padaria, ao shopping ou A-
mesmo ficado em casa é um ato de liberdade garantido constitucionalmente.
E ao pensar nas mazelas da vida, nas oportunidades de emprego, de viajar, de passear, você já se
imaginou igual aos demais? Já teve seu direito perseguido e clamou por igualdade?
Por fim, por várias vezes nos pegamos pensando no futuro e no mundo que deixaremos para
aqueles que chegarão depois de nós. Você agora sabe que isso é um direito de terceira dimensão
ligado à fraternidade. Como é bom estudar, não é mesmo? Passemos agora, na próxima unidade, a
tratar dos direitos humanos propriamente ditos.
Atividade
Weiss e Kroetz estão conversando sobre suas vidas e suas conquistas. Em determinado momento, Weiss diz que o fato de
pagar boletos o faz ser extremamente infeliz e propõe a Kroetz que ele pague suas contas, e, em troca, se tornaria seu
escravo, suportando, inclusive, penas corporais pelos seus erros. Kroetz aceita sem pensar duas vezes. Com base na
narrativa apresentada, assinale a alternativa correta.
Weiss pode abrir mão de seu direito fundamental à liberdade, contudo Kroetz deve antes pagar um valor por ele para
caracterizar o contrato de escravidão.
O Contrato de Escravidão é válido e foi previsto na Lei Áurea, vigente nos dias atuais.
Não é possível que Weiss abra mão de seu direito fundamental de liberdade em favor de Kroetz. Ele deve antes oferecer tal
direito ao Estado, que, recusando, garante a quem pediu o direito de vender-se livremente.
A doutrina defende que há uma proibição de retrocesso nos direitos fundamentais, ou seja, não é possível alguém abrir mão
de sua própria liberdade em troca da escravidão.
Atividade
A frase “Direitos humanos para humanos direitos” esconde vários preconceitos, um deles a tentativa de construção de dois
tipos de humanidades, os que estão certos e os que estão errados. Essa não é uma característica dos direitos fundamentais
ou dos direitos humanos. Essa dualidade não foi abarcada pela luta e construção de tais direitos. A respeito da eficácia dos
direitos fundamentais, assinale a alternativa correta.
A eficácia vertical traduz a noção clássica, na qual os direitos fundamentais visam proteger o cidadão em face do Estado
opressor. Todos eles. Sem distinção.
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A eficácia horizontal traduz a noção clássica na qual os direitos fundamentais visam proteger o cidadão em face do Estado
A-
opressor. Todos eles.
Não é possível a aplicação de direitos fundamentais nas relações entre particulares. Assim, o Estado pode tratar de forma
diferente pessoas de situações semelhantes, ainda que sem justificativa.
O direito fundamental dos bandidos deve ser diminuído sempre, ou seja, quem comete crimes perde o direito a ter direitos.
Eficácia horizontal e eficácia vertical dizem respeito, respectivamente, à proteção do cidadão contra o Estado e à proteção do
cidadão contra outro cidadão.
Atividade
A doutrina costuma usar as expressões “geração de direitos” e “dimensões de direitos” fundamentais. Qual a diferença entre
esses dois termos?
Geração dá a ideia de momentos que serão superados (uma geração supera ou substitui a outra), enquanto dimensão dá a
ideia de continuidade de todas as conquistas.
A liberdade é considerada pela doutrina direito de 2ª dimensão, enquanto a igualdade é considerada de 1ª geração.
A liberdade é considerada pela doutrina direito de 1ª dimensão, enquanto a igualdade é considerada de 3ª geração.