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Direitos Fundamentais

Trabalho realizado por: Curso: Criminologia

 Catarina Costa nº 41149 Professora: Ana Teresa


Das ideias de Dignidade Humana, temos presente os princípios da Universalidade e
da Igualdade.
Falar de princípio da Universalidade, é saber que a ideia deste é muito reconhecida
no universo constitucional português. No sentido da norma da universalidade, este
princípio afirma que, em atenção à qualidade de pessoa, os Direitos Fundamentais
foram pensados pelo legislador constituinte para todas as pessoas que estejam ou
possam vir a estar em relação com o Estado. Todas as pessoas são titulares dos direitos
fundamentais consagrados na CRP, ou seja, os Direitos Fundamentais são de todos,
mas temos de ter atenção que em alguns direitos “todos” significa uma categoria de
pessoas, por exemplo, situação familiar (direitos dos pais), idade (direitos das
crianças).
Na CRP, este princípio é analisado sob 4 aspetos: histórico, onde temos a
universalidade como ideal Republicano inspirado na Revolução Francesa; axiológico, a
universalidade é o corolário da igual dignidade de todas as pessoas; regulamentar,
articulação do conceito de Universalidade com o parâmetro da Igualdade (art.13º) e a
articulação com disposições que se relacionam diretamente com as ideias de
universalidade e igualdade (art. 14º e 15º); e técnico, onde a norma de universalidade
constitui uma regra de interpretação: na dúvida sobre a atribuição ou titularidade de
certo DF, o intérprete deve presumir que o mesmo foi constitucionalmente atribuído a
todas as pessoas.
De tudo isto resulta, em primeiro lugar, os direitos fundamentais não são
exclusivamente aos portugueses residentes em Portugal, abrange também os
portugueses residentes no estrangeiro (art.14º) e os estrangeiros residentes em
Portugal (art.15º). Em segundo lugar, a situação dos estrangeiros que residem ou se
encontrem em Portugal, vigora também um princípio de equiparação, nos termos do
artigo 15º, nº1, este princípio de equiparação constitui, também ele, uma regra de
interpretação, com idêntico conteúdo ao da regra do artigo 12º, nº1 (agora cingida aos
não-portugueses). E em terceiro lugar, pode haver direitos fundamentais exclusivos
dos estrangeiros, de que constitui modelo o direito de asilo (art.33º, nº2).
A titularidade dos DF por pessoas coletivas (art.12º), regem-se pelo princípio da
especialidade, o que já limita a sua esfera jurídica; historicamente os Direitos
Fundamentais não existem para dar resposta a necessidades das pessoas coletivas,
pelo que só residualmente e analogicamente a fundamentalidade se pode associar a
estas pessoas puramente jurídicas; e trata-se não duma cláusula de equiparação (aos
DF das pessoas singulares) mas sim duma cláusula de limitação (as pessoas coletivas só
têm os direitos compatíveis.

Em termos do Princípio da Igualdade, este é o principal eixo estruturante do sistema


dos Direitos Fundamentais. Este princípio, na CRP é representado pelo artigo 13º, e é
um princípio aberto e multidimensional.
Este princípio tem de ter em conta 4 aspetos:
I. O princípio da igualdade segundo o Tribunal Constitucional;
II. Expressões da Igualdade na Constituição;
III. A interpretação do artigo 13º;
IV. Vertentes, dimensões e funções do princípio da igualdade.

I. O princípio da igualdade segundo o Tribunal Constitucional:


O princípio tem sido qualificado como um princípio estruturante pelo Tribunal
Constitucional (por exemplo, os acórdãos nº 76/85, 186/86, 436/2000 ou
403/2004), chegando a afirmar (no acórdão nº 231/94) que o princípio constitui
um valor supremo do ordenamento jurídico. O Tribunal Constitucional, diz que o
princípio da igualdade é um valor constitucional que modela todo o ordenamento
jurídico, designado como critério de interpretação do ordenamento e da
Constituição (Acórdão nº 400/91).

II. Expressões da Igualdade na Constituição:


As expressões principais da igualdade, na CRP, podemos encontrar a igualdade na
família; na esfera religiosa; de armas no processo penal; no sufrágio; no acesso à
função pública; e perante os encargos públicos. O caráter multidimensional da
igualdade, esta pode ser percebida na CRP como: manifesta uma aspiração da
comunidade; é um valor e princípio constitucional estruturante; constitui uma
dimensão relevante das tarefas políticas do Estado; é uma qualidade dos Direitos
Fundamentais; pressuposto e componente da democracia e do Estado de Direito;
critério jurídico de interpretação e critério de controlo; e elemento de base de
direitos especiais de igualdade.

III. A interpretação do artigo 13º:


O artigo 13º, contempla o princípio geral de igualdade, associado à ideia de
dignidade (ligação do art.1º com o art.13º). No princípio de igualdade, em primeiro
temos a presença da afirmação de que “todos os cidadãos são iguais perante a lei”.
Desta fórmula, pode-se deduzir a igualdade na aplicação do Direito (as normas
devem ser interpretadas e aplicadas sem fazer distinções entre os destinatários) e
a igualdade na criação do Direito (a lei, no seu conteúdo, deve
proteger as pessoas de forma igual). Em segundo, o princípio da igualdade não tem
sido tomado como direito geral de igualdade; por outro lado, é generalizadamente
aceite a existência de direitos especiais de igualdade (por exemplo, art. 26º, nº 1;
36º, nº 1 e 4; 50º, nº 1; 58º, nº 2, al. b); etc.). E em terceiro, o princípio geral da
igualdade não parece, dever ser visto como um direito das pessoas mais do que
como um dever do Estado, este dever traduz-se na necessidade de justificação em
todas as ações ou intervenções do Estado que se mostrem em contradição com a
referência de igualdade.

IV. Vertentes, dimensões e funções do princípio da igualdade:


O princípio da igualdade tem uma vertente objetiva e uma vertente subjetiva,
tem ainda uma dimensão negativa (ou formal) e uma dimensão positiva (ou
material).
A vertente objetiva, traduz-se primeiramente num dever do Estado; é um
princípio estruturante, na base do qual assenta todo o sistema de Direitos
Fundamentais; e exerce funções de critério de interpretação e de critério de
controlo das intervenções do Estado. A vertente subjetiva, traduz-se no facto de a
igualdade qualificar casa um dos direitos fundamentais (direitos de igual liberdade
e de igual participação, assim como direitos de promoção da igualdade); a ideia de
igual dignidade está na base do critério da fundamentalidade material e na base da
conceção dos direitos fundamentais; existência de uma série de direitos especiais
de igualdade; e do facto da vertente objetiva derivar ou poder derivar uma
proteção subjetiva.
Na dimensão negativa (ou formal), o princípio afirma a “igualdade de todos
perante a lei”, onde pressupõe o princípio da legalidade, a tendencial
universalidade da lei e a projeção da dimensão temporal do Direito. Na dimensão
positiva (ou material), o princípio afirma a exigência de tratamento desigual
daquilo que é desigual, na medida da diferença; e pressupõe a introdução de
compensações que atenuam as desigualdades de partida (por exemplo, políticas de
quotas).

O princípio da equidade não tem apenas um significado. A equidade, é um critério


hermenêutico para interpretação das leis. Esta entra como uma forma de adaptação
da lei ao caso em concreto ou quando houver omissão ou lacuna legislativa, a
equidade é essencial para a resolução do problema do acordo com o caso.
Apesar de todos termos direitos iguais, sabemos que nem sempre esses direitos são
efetivos a todos de maneira justa. Dessa forma, uma sociedade com equidade busca
corrigir os desequilíbrios que existem, a partir da aplicação correta de direitos
fundamentais como os Direitos Humanos. A visão de justiça dos Direitos Humanos
promove a equidade, pois além de serem universais, buscam reduzir as desigualdades
existentes por meio do reconhecimento das necessidades específicas de cada um.
Um exemplo da equidade pode ser na saúde, onde o Comitê dos Direitos
Econômicos, Sociais e Culturais das Nações Unidas, reafirmou que o direito à saúde
deve ser não apenas pelas garantias do acesso a cuidados médicos, mas também aos
determinantes de saúde, como o acesso a água potável e ao saneamento, a segurança
alimentar, a moradia adequada, etc. A promoção da equidade na saúde é
indispensável para garantir a saúde de todos sem discriminação. Exemplo de um caso:
“Imagine que um homem com aproximadamente 30 anos está a passar mal, com febre
e dores no corpo, e resolve ir até a emergência de um hospital para procurar auxílio
médico. Na emergência, só há um médico disponível para atendê-lo e enquanto estava
a guardar para ser chamado, uma mulher vítima de um grave acidente de carro chega
às pressas de ambulância e precisa urgentemente passar por uma cirurgia. Apesar de
ambos terem igualmente o direito à saúde e o homem ter chegado antes no hospital, o
princípio da equidade na saúde prevê que a mulher tenha prioridade para ser
atendida, por estar em uma situação muito mais vulnerável, sendo que o único médico
disponível terá que realizar a sua cirurgia primeiro.”

A Dignidade Humana é o princípio fundamental do Estado Português (art.º 1º da


CRP, com afloramentos diretos em vários preceitos constitucionais – 13º, 26.º,
67.º59.º, 260). Esta tem uma superioridade jurídica, ou seja, vincula o Estado e
particulares, quaisquer que sejam as relações entre eles. É discutível a noção de
dignidade humana, mas não há dúvida que esta é a fundação de toda a Constituição e
é o princípio dos princípios.
A Dignidade Humana é sem dúvida alguma o ponto de referência, uma norma de
base e está espalhada por toda uma série de princípios, subprincípios e regras, é por
isso que a defesa da dignidade humana se esgota na proteção ou na defesa destes
princípios, subprincípios e regras, na altura da sua violação.
O Princípio de Dignidade Humana refere-se a cada pessoa (individual), a todas as
pessoas (universal) e a cada ser humano como ser autónomo (livre). É este o princípio
que vai garantir a unidade de sentido do conjunto dos Direitos Fundamentais,
designadamente na Constituição da República Portuguesa. É por isso que se diz que os
Direitos Fundamentais assentam no princípio da dignidade humana e,
simultaneamente, sustentam o princípio da dignidade humana.

Bibliografia e Webgrafia:

 “Direitos Fundamentais: Introdução Geral” de José Melo Alexandrino – 2ª


Edição Revista e Atualizada.

 Uso dos power points disponibilizados no portal.

 https://www.politize.com.br/equidade/blogpost/o-que-e-equidade/

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