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Resumo
LUGAR DO PAGAMENTO
As partes podem, no momento da celebração do contrato, convencionar o local do pagamento. Todavia,
quando não fazem isso, é imprescindível analisar se a dívida é quesível ou portável.
Dívidas quesíveis devem ser pagas no domicílio do devedor. Por sua vez, dívidas portáveis devem ser pagas
no domicílio do credor.
A regra, de acordo com o artigo 327 do CC é que as dívidas são quesíveis. Nesse particular, não esquecer da
presunção do art. 330 do CC. Adverte-se que é uma presunção relativa.
Art. 327. Efetuar-se-á o pagamento no domicílio do devedor, salvo se as partes convencionarem diversamente,
ou se o contrário resultar da lei, da natureza da obrigação ou das circunstâncias.
Art. 330. O pagamento reiteradamente feito em outro local faz presumir renúncia do credor relativamente ao
previsto no contrato.
Ora, por mais que se tenha sido convencionado que o pagamento ocorrerá no lugar X, se reiteradamente
está ocorrendo no lugar Y, presume-se que então, que a parte renunciou ao lugar X em detrimento do lugar
Y.
Note, portando, que não se pode esquecer do art. 78 do CC, o estabelece o domicílio especial, aquele que é
ajustado contratualmente.
Art. 78. Nos contratos escritos, poderão os contratantes especificar domicílio onde se exercitem e cumpram os
direitos e obrigações deles resultantes.
Mas porque alguém irá ajustar no contrato o lugar do domicílio? Pelas mais diversas razões, por exemplo,
fins de pagamento, fins de cumprimento das obrigações decorrentes do contrato (clausula de eleição de
foro).
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Obs. 1: análise do art. 307 do CC.
Este artigo estabelece o pagamento consubstanciado na transferência de uma propriedade. Fora dito que o
pagamento é o cumprimento voluntário da obrigação, independentemente de sua natureza (obrigação de
fazer, não fazer, entrega de coisa, dinheiro ou mesmo uma transferência de propriedade).
Quando o pagamento envolve transferência de propriedade, é necessário ler o art. 307 do CC:
Art. 307. Só terá eficácia o pagamento que importar transmissão da propriedade, quando feito por quem possa
alienar o objeto em que ele consistiu.
Exemplo: alienante e adquirente na compra e venda de um carro. A obrigação que a compra e venda faz
surgir para o adquirente é o pagamento do preço, enquanto a obrigação do alienante é a transferência de
propriedade. (obs: a compra e venda não transfere propriedade, apenas gera direito a aquisição da
propriedade. Por isso que é importante atentar ao primeiro artigo da compra e venda (o art.481 do CC) e
combiná-lo com os artigos 1.227 e 1.267 do CC, ou seja, o que transfere a compra e venda é para bens
moveis a tradição e para imóveis o registro!).
Logo, se a compra e venda gera direito a aquisição, quando a obrigação de alienante estará cumprida?
Quando ele transfere a propriedade do bem.
Voltando ao exemplo da compra e venda de um veículo (bem móvel), suponhamos que seja descoberto que
o alienante não era dono do veículo, ele era filho do dono. Um dos pressupostos que nós temos é que o
alienante tem que ser o dono/proprietário, ele somente poderá transferir se for o proprietário, logo, no
exemplo, o pagamento realizado é ineficaz, nos termos do art. 307 do CC, pois compra e venda feita por
quem não era dono, não produz efeito.
Todavia, suponhamos que posteriormente a esse negócio ineficaz celebrado pelo seu filho, o pai vem a
falecer. Ora, pelo princípio da saisine, o alienante como único herdeiro, na data do óbito, tem transferidos
todos os direitos patrimoniais de seu pai. Então, o alienante se torna proprietário em uma data posterior a
celebração do negócio que efetivamente ocorreu. Esse negócio produz efeitos?
Para responder, é preciso combinar o artigo 307 do CC com o artigo 1.268, § 1º do CC, situado no capítulo da
tradição:
Logo, para todos os efeitos, no exemplo citado, iremos considerar que o pagamento se deu na data da
celebração do negócio (quando o pai ainda era vivo). A aquisição posterior da propriedade produz efeitos ex
tunc, ou seja, retroagem a data da tradição. Isso se chama de “pós eficacização do pagamento”
Portanto, nada impede que as partes, na data de celebração do contrato convencionem o aumento
progressivo de prestações sucessivas.
Mas como essa cláusula que convenciona o aumento progressivo de prestações sucessivas é denominada?
“cláusula de escala móvel”.
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Por vezes o examinador faz a seguinte afirmação: a cláusula de escala móvel não é admitida no direito
brasileiro ou é ilícita. Está errado, esta cláusula é admitida sim!
Mas atenção para não confundir com a famosa cláusula de “hardship”, é uma cláusula comum em contratos
internacionais, segundo explica a jurista Judith Martins Costa, é uma cláusula em que as partes podem
convencionar o aumento progressivo de prestações sucessivas, todavia, para convencionar, as partes
devem celebrar um novo acordo de vontade, como se fosse um aditamento, e nesse novo acordo, provar o
desequilíbrio do contrato.
Resumindo: durante a execução de um contrato, uma das partes prova o desequilíbrio do contrato, por uma
razão qualquer, e desse desequilíbrio surge uma nova convenção, na qual se permite o aumento progressivo
de prestações sucessivas.
A modalidade de pagamento que tem o maior índice de cobranças em provas é o pagamento direto, do qual
se deve ter mais atenção no estudo. Nas próximas modalidades que serão estudadas, o nível de incidência é
pequeno, motivo pelo qual o estudo será mais pontual e dogmático.