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A Nova Carreira Imobiliária


MATERIAL BÔNUS
AÇÃO DE ADJUDICAÇÃO COMPULSÓRIA

1. PROMESSA DE COMPRA E VENDA

1.1. Introdução

Inicialmente, é importante lembrar que a promessa de compra e venda não se


confunde com o contrato de compra e venda. O primeiro, é contrato preliminar. O
segundo, é contrato definitivo.
Nos termos do art. 462 do CC, “o contrato preliminar, exceto quanto à forma,
deve conter todos os requisitos essenciais ao contrato a ser celebrado”. Por sua vez, o
art. 463, caput, do CC dispõe que “concluído o contrato preliminar, com observância do
disposto no artigo antecedente, e desde que dele não conste cláusula de
arrependimento, qualquer das partes terá o direito de exigir a celebração do definitivo,
assinando prazo à outra para que o efetive”.
Embora o parágrafo único do art. 462 do CC estabeleça que “o contrato
preliminar deverá ser levado ao registro competente”, na prática, é muito comum que
os sujeitos do negócio não registrem a promessa de compra e venda na matrícula do
imóvel. A falta de registro, contudo, não retira a natureza do negócio (promessa de
compra e venda) e nem invalida o ato, porém produz efeitos apenas entre as partes.
Na promessa de compra e venda de bens imóveis, o registro é importante para
conferir publicidade ao ato, produzir efeitos erga omnes e, em especial, constituir o
direito real de aquisição, nos termos do art. 1.417 do CC:

Art. 1.417. Mediante promessa de compra e venda, em que se não


pactuou arrependimento, celebrada por instrumento público ou

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particular, e registrada no Cartório de Registro de Imóveis, adquire o


promitente comprador direito real à aquisição do imóvel.

O contrato de promessa de compra e venda é muito utilizado nas hipóteses de


pagamento parcelado. Garante ao promitente comprador uma melhor condição de
pagamento, e ao promitente vendedor a manutenção da propriedade imobiliária em
suas mãos, já que somente será lavrada a escritura pública de compra e venda (contrato
definitivo) após o adimplemento da obrigação pelo promitente comprador.
Nota-se, assim, que enquanto o objeto do contrato de compra e venda é uma
obrigação de dar, o objeto da promessa de compra e venda é uma obrigação de fazer,
qual seja, a celebração do contrato principal.

1.2. Cláusula de arrependimento

É possível que as partes insiram uma cláusula de arrependimento na promessa


de compra e venda. Trata-se da estipulação do direito de não celebrar o contrato
definitivo.
O direito de arrependimento, uma vez instituído, gera para o sujeito o direito
potestativo de resilir unilateralmente o contrato. Pactuado o direito de arrependimento,
ele pode ser exercido até o adimplemento integral da obrigação da outra parte.
Aplica-se, portanto, o art. 473 do CC, in verbis:

Art. 473. A resilição unilateral, nos casos em que a lei expressa ou


implicitamente o permita, opera mediante denúncia notificada à outra
parte.
Parágrafo único. Se, porém, dada a natureza do contrato, uma das
partes houver feito investimentos consideráveis para a sua execução,
a denúncia unilateral só produzirá efeito depois de transcorrido prazo
compatível com a natureza e o vulto dos investimentos.

A existência de cláusula de arrependimento impede a propositura de ação de


adjudicação compulsória, a qual visa a obtenção forçada da tutela definitiva
(transferência da propriedade imobiliária ao promitente comprador).

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Ainda que não haja cláusula de arrependimento expressa também haverá


inviabilidade da adjudicação compulsória na hipótese em que as partes pactuam arras
penitenciais. Isso porque, é da essência das arras penitenciais a existência de um direito
de arrependimento, conforme se infere do art. 420 do CC:

Art. 420. Se no contrato for estipulado o direito de arrependimento


para qualquer das partes, as arras ou sinal terão função unicamente
indenizatória. Neste caso, quem as deu perdê-las-á em benefício da
outra parte; e quem as recebeu devolvê-las-á, mais o equivalente. Em
ambos os casos não haverá direito a indenização suplementar.

1.3. Outorga uxória

Exige-se outorga uxória na promessa de compra e venda?


Para responder a essa pergunta, é preciso observar que o art. 462 do CC dispõe
que “o contrato preliminar, exceto quanto à forma, deve conter todos os requisitos
essenciais ao contrato a ser celebrado”. Isso significa que, muito embora a promessa de
compra e venda (contrato preliminar) possa ser celebrada por qualquer forma, os
demais requisitos do contrato de compra e venda (contrato definitivo) devem estar
presentes (princípio da equiparação).
Logo, como a compra e venda exige a outorga uxória do cônjuge do vendedor
(art. 1.647 do CC), sob pena de anulabilidade (art. 1.649 do CC), a promessa de compra
e venda deve, também, conter a outorga do cônjuge do promitente vendedor, salvo se
casados sob o regime da separação absoluta de bens.

Art. 1.647. Ressalvado o disposto no art. 1.648, nenhum dos cônjuges


pode, sem autorização do outro, exceto no regime da separação
absoluta:
I - alienar ou gravar de ônus real os bens imóveis;
II - pleitear, como autor ou réu, acerca desses bens ou direitos;
III - prestar fiança ou aval;
IV - fazer doação, não sendo remuneratória, de bens comuns, ou dos
que possam integrar futura meação.
Parágrafo único. São válidas as doações nupciais feitas aos filhos
quando casarem ou estabelecerem economia separada.

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Art. 1.649. A falta de autorização, não suprida pelo juiz, quando


necessária (art. 1.647), tornará anulável o ato praticado, podendo o
outro cônjuge pleitear-lhe a anulação, até dois anos depois de
terminada a sociedade conjugal.
Parágrafo único. A aprovação torna válido o ato, desde que feita por
instrumento público, ou particular, autenticado.

2. ADJUDICAÇÃO COMPULSÓRIA JUDICIAL

2.1. Notificação extrajudicial

Adimplidas as obrigações pelo promitente comprador, surge para ele à


celebração do contrato definitivo de compra e venda, ou seja, a assinatura da escritura
pública, conforme prevê o art. 463, caput, do CC:

Art. 463. Concluído o contrato preliminar, com observância do


disposto no artigo antecedente, e desde que dele não conste cláusula
de arrependimento, qualquer das partes terá o direito de exigir a
celebração do definitivo, assinando prazo à outra para que o efetive.

2.2. Propositura da ação de adjudicação compulsória

Inicialmente, impende destacar que a inércia do promitente vendedor em


assinar a escritura pública de compra e venda (contrato definitivo) configura
inadimplemento contratual. Por conseguinte, o promitente comprador possui duas
grandes opções: 1ª) promover ação de resolução de contrato com pedido de restituição
dos valores pagos; 2ª) promover ação de adjudicação compulsória.
Analisaremos a segunda opção.
Esgotado o prazo previsto na notificação, o promitente comprador ajuizará
ação de adjudicação compulsória. O objetivo da ação é a obtenção da tutela específica,
qual seja, conferir à promessa de compra e venda o caráter definitivo, a fim de

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possibilitar o registro e a consequente transferência da propriedade imobiliário ao


promitente comprador.
É como se a sentença judicial transformasse a promessa de compra e venda em
escritura de compra e venda.

Art. 464. Esgotado o prazo, poderá o juiz, a pedido do interessado,


suprir a vontade da parte inadimplente, conferindo caráter definitivo
ao contrato preliminar, salvo se a isto se opuser a natureza da
obrigação.

A adjudicação compulsória está prevista no art. 1.418 do CC, in verbis:

Art. 1.418. O promitente comprador, titular de direito real, pode exigir


do promitente vendedor, ou de terceiros, a quem os direitos deste
forem cedidos, a outorga da escritura definitiva de compra e venda,
conforme o disposto no instrumento preliminar; e, se houver recusa,
requerer ao juiz a adjudicação do imóvel.

É preciso ter cuidado para não confundir a ação de adjudicação compulsória


com a ação de obrigação de fazer. Se o promitente comprador ajuíza ação de obrigação
de fazer, o pedido será para que o réu seja compelido a assinar o contrato definitivo de
compra e venda. A ação certamente demorará muito. A ação de adjudicação
compulsória não tem por objetivo forçar o réu a assinar o contrato, mas afastar
compulsoriamente a sua recalcitrância, substituindo a sua própria vontade, para tornar
o contrato preliminar definitivo e, independentemente de qualquer comportamento do
réu, transferir a propriedade imobiliária ao promitente comprador junto ao registro
imobiliário.
A adjudicação compulsória é uma forma de obter a tutela específica
(transferência da propriedade imobiliária), incidindo, assim, a regra do art. 505 do CPC,
segundo o qual “na ação que tenha por objeto a emissão de declaração de vontade, a
sentença que julgar procedente o pedido, uma vez transitada em julgado, produzirá
todos os efeitos da declaração não emitida”.

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2.3. Requisitos

A ação de adjudicação compulsória, nos casos de promessa de compra e venda


de bem imóvel, depende do preenchimento dos seguintes requisitos:

a) Promessa de compra e venda de bem imóvel celebrada pelo proprietário;


b) Ausência de cláusula de arrependimento;
c) Adimplemento da obrigação pelo promitente comprador.

O prévio registro da promessa de compra e venda não é requisito para a ação


de adjudicação compulsória, conforme entendimento firmado pelo STJ através da
súmula 239:

Súmula 239. O direito à adjudicação compulsória não se condiciona ao


registro do compromisso de compra e venda no cartório de imóveis.

Vê-se, assim, que os documentos que devem ser anexados à petição inicial são:
a) documentos de representação processual; b) cópia da certidão de matrícula do
imóvel; c) cópia do contrato de promessa de compra e venda assinado pelas partes; d)
cópia do comprovante de quitação; e) cópia do comprovante de notificação do
promitente comprador.

2.4. Legitimidade

Tem legitimidade ativa:

a) Promitente comprador/espólio/herdeiros:

Regra geral, a legitimidade ativa será daquele que figura como promitente
comprador no instrumento. Se ele falecer, terá legitimidade o seu espólio, representado

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pelo inventariante. Caso os direitos aquisitivos decorrentes do contrato tenham sido


objeto de inventário e já tenha sido realizada a partilha, a legitimidade caberá aos
herdeiros que receberam tal direito.

b) Cessionário:

É possível que a promessa de compra e venda tenha sido cedida para alguém.
Nesse caso, o cessionário terá legitimidade para ajuizar ação de adjudicação
compulsória. A cessão da promessa de compra e venda também acarreta a cessão das
ações correspondentes. Assim, a ação deve ser proposta pelo cessionário contra o
promitente vendedor e não contra o cedente. Aliás, conforme entendimento do STJ, o
cedente sequer deve ocupar o polo passivo dessa ação.

AGRAVO INTERNO NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. AÇÃO DE


ADJUDICAÇÃO COMPULSÓRIA. NECESSIDADE DE INCLUSÃO DOS
PROMITENTES VENDEDORES NO POLO PASSIVO DA DEMANDA.
SÚMULA 83/STJ. ALEGAÇÃO DE TER OCORRIDO CESSÃO DE CRÉDITO
ENTRE OS PROMITENTES VENDEDORES E OS PRIMITIVOS
ADQUIRENTES. IMPOSSIBILIDADE DE ACOLHIMENTO DESSA TESE.
SÚMULA 7/STJ. AGRAVO INTERNO DESPROVIDO. 1. A jurisprudência
desta Corte dispõe no sentido de que "na ação de adjudicação
compulsória não é necessária a participação dos cedentes como
litisconsortes, sendo o promitente vendedor parte legítima para
figurar no pólo passiva da demanda" (AgRg no Ag 1.120.674/RJ, Rel.
Ministro Sidnei Beneti, Terceira Turma, julgado em 28/4/2009, DJe
13/5/2009). 2. Não sendo incluídos na demanda os promitentes
vendedores, de rigor a improcedência da ação, assim como
determinado pelas instâncias ordinárias. 3. A modificação da
conclusão exarada no aresto hostilizado e o acolhimento da tese
recursal defendida pelos insurgentes (a respeito de ter havido apenas
cessão de crédito entre os promitentes vendedores e os primitivos
adquirentes), demandaria necessariamente o reexame do conjunto de
fatos e provas do respectivo processo, o que é vedado no âmbito do
recurso especial, em decorrência do disposto na Súmula 7/STJ, não
sendo o caso de revaloração das provas. 4. Agravo interno desprovido.
(AgInt no AREsp n. 1.442.859/RJ, relator Ministro Marco Aurélio
Bellizze, Terceira Turma, julgado em 9/9/2019, DJe de 12/9/2019.)

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c) Promitente vendedor

É possível que a recalcitrância seja do próprio promitente comprador. Nesse


caso, o promitente vendedor pode se valer da ação de adjudicação compulsória para
que o imóvel seja registrado em nome daquele.
Trata-se de uma “adjudicação compulsória inversa”.
Caso o promitente comprador seja falecido, a ação será proposta contra o seu
espólio (caso haja inventário) ou contra os seus herdeiros (caso não haja inventário).
Nesse caso, julgado procedente o pedido, o imóvel será registrado em nome do “de
cujus”, a fim de observar o princípio da continuidade do registro, param, só depois,
registrar em nome dos herdeiros contemplados no inventário.

Quando a ação for promovida pelo promitente comprador (espólio ou


herdeiros) e pelo cessionário, a legitimidade passiva será do promitente vendedor. Caso
este seja falecido, a legitimidade passiva será do seu espólio (caso haja inventário) ou
dos seus herdeiros (caso não haja inventário ou este já tenha sido encerrado).
Não será cabível a adjudicação compulsória, caso o promitente vendedor não
seja o proprietário registral do imóvel.

2.5. Competência

Por se tratar de ação real imobiliária, a competência será do foro (local) onde o
bem imóvel está situado. Trata-se de regra de competência territorial absoluta, prevista
no art. 47 do CPC (“Para as ações fundadas em direito real sobre imóveis é competente
o foro de situação da coisa”). A ação deverá ser distribuída para uma das varas cíveis da
comarca.

2.6. Participação do cônjuge

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Por se tratar de ação real imobiliária, aplica-se o art. 73 do CPC. Assim, se a


parte autora for casada, deverá obter a autorização do seu cônjuge, salvo se o
casamento for regido pelo regime da separação absoluta de bens, conforme art. 73,
caput, do CPC:

Art. 73. O cônjuge necessitará do consentimento do outro para propor


ação que verse sobre direito real imobiliário, salvo quando casados sob
o regime de separação absoluta de bens.

Se o réu for casado, o seu cônjuge também deverá ser citado, salvo se o
casamento for regido pelo regime da separação absoluta de bens, conforme art. 73, §
1º, I, do CPC:

Art. 73. O cônjuge necessitará do consentimento do outro para propor


ação que verse sobre direito real imobiliário, salvo quando casados sob
o regime de separação absoluta de bens.
§ 1º Ambos os cônjuges serão necessariamente citados para a ação:
I - que verse sobre direito real imobiliário, salvo quando casados sob o
regime de separação absoluta de bens;
(...)

Essa mesma regra se aplica à união estável comprovada nos autos, conforme
prevê o § 3º do art. 73 do CPC (“Aplica-se o disposto neste artigo à união estável
comprovada nos autos”).

2.7. Petição inicial

A petição inicial deve observar os requisitos dos arts. 319 e 320 do CPC. O valor
da causa será o valor previsto no contrato.

2.8. Audiência de conciliação ou mediação

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Não sendo o caso de indeferimento da petição inicial (art. 330 do CPC) ou de


julgamento de improcedência liminar do pedido (art. 332 do CPC), o juiz designará uma
audiência de conciliação, observando o art. 334 do CPC.

Art. 334. Se a petição inicial preencher os requisitos essenciais e não


for o caso de improcedência liminar do pedido, o juiz designará
audiência de conciliação ou de mediação com antecedência mínima de
30 (trinta) dias, devendo ser citado o réu com pelo menos 20 (vinte)
dias de antecedência.
§ 1º O conciliador ou mediador, onde houver, atuará necessariamente
na audiência de conciliação ou de mediação, observando o disposto
neste Código, bem como as disposições da lei de organização
judiciária.
§ 2º Poderá haver mais de uma sessão destinada à conciliação e à
mediação, não podendo exceder a 2 (dois) meses da data de realização
da primeira sessão, desde que necessárias à composição das partes.
§ 3º A intimação do autor para a audiência será feita na pessoa de seu
advogado.
§ 4º A audiência não será realizada:
I - se ambas as partes manifestarem, expressamente, desinteresse na
composição consensual;
II - quando não se admitir a autocomposição.
§ 5º O autor deverá indicar, na petição inicial, seu desinteresse na
autocomposição, e o réu deverá fazê-lo, por petição, apresentada com
10 (dez) dias de antecedência, contados da data da audiência.
§ 6º Havendo litisconsórcio, o desinteresse na realização da audiência
deve ser manifestado por todos os litisconsortes.
§ 7º A audiência de conciliação ou de mediação pode realizar-se por
meio eletrônico, nos termos da lei.
§ 8º O não comparecimento injustificado do autor ou do réu à
audiência de conciliação é considerado ato atentatório à dignidade da
justiça e será sancionado com multa de até dois por cento da
vantagem econômica pretendida ou do valor da causa, revertida em
favor da União ou do Estado.
§ 9º As partes devem estar acompanhadas por seus advogados ou
defensores públicos.
§ 10. A parte poderá constituir representante, por meio de procuração
específica, com poderes para negociar e transigir.
§ 11. A autocomposição obtida será reduzida a termo e homologada
por sentença.
§ 12. A pauta das audiências de conciliação ou de mediação será
organizada de modo a respeitar o intervalo mínimo de 20 (vinte)
minutos entre o início de uma e o início da seguinte.

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2.9. Contestação

Não havendo acordo em audiência, o réu terá o prazo de 15 (quinze) dias para
apresentar contestação.
Podem ser suscitadas tanto questões processuais quanto questões de mérito.

2.10. Reconvenção

Na ação de adjudicação compulsória, o réu pode, além de contestar, apresentar


reconvenção. A título de exemplo, basta imaginar a reconvenção do réu, na qual
pretende a resolução do contrato de promessa de compra e venda, sob o argumento de
inadimplemento do autor-reconvindo; ou, ainda, reconvenção para pleitear o
reembolso dos valores pagos a título de IPTU ou taxas condominiais pagos após a
celebração do contrato de promessa de compra e venda.

Cabe reconvenção na ação de usucapião, seguindo o procedimento comum.

2.11. Réplica

Quando o réu alegar questões preliminares (art. 337 do CPC), questões


prejudiciais ou juntar novos documentos, o juiz intimará o autor para se manifestar em
réplica no prazo de 15 (quinze) dias

2.12. Saneamento

Apresentada a réplica, quando for o caso, o juiz, se não for o caso de julgamento
conforme o estado do processo (hipóteses dos arts. 485, 487, II ou III, 355 ou 356 do
CPC), o juiz proferirá uma decisão de saneamento e organização do processo, seguindo
a forma do art. 357 do CPC:

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Art. 357. Não ocorrendo nenhuma das hipóteses deste Capítulo,


deverá o juiz, em decisão de saneamento e de organização do
processo:
I - resolver as questões processuais pendentes, se houver;
II - delimitar as questões de fato sobre as quais recairá a atividade
probatória, especificando os meios de prova admitidos;
III - definir a distribuição do ônus da prova, observado o art. 373 ;
IV - delimitar as questões de direito relevantes para a decisão do
mérito;
V - designar, se necessário, audiência de instrução e julgamento.
§ 1º Realizado o saneamento, as partes têm o direito de pedir
esclarecimentos ou solicitar ajustes, no prazo comum de 5 (cinco) dias,
findo o qual a decisão se torna estável.
§ 2º As partes podem apresentar ao juiz, para homologação,
delimitação consensual das questões de fato e de direito a que se
referem os incisos II e IV, a qual, se homologada, vincula as partes e o
juiz.
§ 3º Se a causa apresentar complexidade em matéria de fato ou de
direito, deverá o juiz designar audiência para que o saneamento seja
feito em cooperação com as partes, oportunidade em que o juiz, se for
o caso, convidará as partes a integrar ou esclarecer suas alegações.
§ 4º Caso tenha sido determinada a produção de prova testemunhal,
o juiz fixará prazo comum não superior a 15 (quinze) dias para que as
partes apresentem rol de testemunhas.
§ 5º Na hipótese do § 3º, as partes devem levar, para a audiência
prevista, o respectivo rol de testemunhas.
§ 6º O número de testemunhas arroladas não pode ser superior a 10
(dez), sendo 3 (três), no máximo, para a prova de cada fato.
§ 7º O juiz poderá limitar o número de testemunhas levando em conta
a complexidade da causa e dos fatos individualmente considerados.
§ 8º Caso tenha sido determinada a produção de prova pericial, o juiz
deve observar o disposto no art. 465 e, se possível, estabelecer, desde
logo, calendário para sua realização.
§ 9º As pautas deverão ser preparadas com intervalo mínimo de 1
(uma) hora entre as audiências.

2.13. Instrução

Esse é o momento do processo no qual as partes terão a oportunidade de


produzir novas provas, além das provas documentais já juntadas aos autos.

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O objetivo do autor será demonstrar o preenchimento dos requisitos da


adjudicação compulsória (existência da promessa de compra e venda; quitação da
obrigação; e recusa do réu em assinar a escritura de compra e venda).
O objetivo do réu é tentar justificar o motivo pelo qual não assinou a escritura
definitiva e/ou a ausência de direito do autor à adjudicação.
Também é possível juntar novos documentos. Contudo, vale lembrar que se os
documentos já estavam em poder da parte e ela deixou de juntá-los anteriormente,
corre-se o risco de o juiz indeferir a juntada, com fundamento nos arts. 320, 434 e 435
do CPC.

Art. 320. A petição inicial será instruída com os documentos


indispensáveis à propositura da ação

Art. 434. Incumbe à parte instruir a petição inicial ou a contestação


com os documentos destinados a provar suas alegações.
Parágrafo único. Quando o documento consistir em reprodução
cinematográfica ou fonográfica, a parte deverá trazê-lo nos termos
do caput , mas sua exposição será realizada em audiência, intimando-
se previamente as partes.

Art. 435. É lícito às partes, em qualquer tempo, juntar aos autos


documentos novos, quando destinados a fazer prova de fatos
ocorridos depois dos articulados ou para contrapô-los aos que foram
produzidos nos autos.
Parágrafo único. Admite-se também a juntada posterior de
documentos formados após a petição inicial ou a contestação, bem
como dos que se tornaram conhecidos, acessíveis ou disponíveis após
esses atos, cabendo à parte que os produzir comprovar o motivo que
a impediu de juntá-los anteriormente e incumbindo ao juiz, em
qualquer caso, avaliar a conduta da parte de acordo com o art. 5º .

Sendo necessário, o juiz poderá deferir a produção de prova oral, designando,


para tanto, audiência de instrução e julgamento, ocasião em que serão ouvidas as partes
– caso haja requerimento de depoimento pessoal ou caso o juiz determine de ofício – e
as testemunhas arroladas.

2.14. Alegações finais

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Havendo audiência de instrução e julgamento, as alegações finais serão


apresentadas oralmente, conforme prevê o art. 364 do CPC:

Art. 364. Finda a instrução, o juiz dará a palavra ao advogado do autor


e do réu, bem como ao membro do Ministério Público, se for o caso
de sua intervenção, sucessivamente, pelo prazo de 20 (vinte) minutos
para cada um, prorrogável por 10 (dez) minutos, a critério do juiz.
§ 1º Havendo litisconsorte ou terceiro interveniente, o prazo, que
formará com o da prorrogação um só todo, dividir-se-á entre os do
mesmo grupo, se não convencionarem de modo diverso.
§ 2º Quando a causa apresentar questões complexas de fato ou de
direito, o debate oral poderá ser substituído por razões finais escritas,
que serão apresentadas pelo autor e pelo réu, bem como pelo
Ministério Público, se for o caso de sua intervenção, em prazos
sucessivos de 15 (quinze) dias, assegurada vista dos autos.

2.15. Sentença

Em caso de procedência do pedido, a sentença substituirá a vontade do


promitente vendedor, conforme art. 501 do CPC:

Art. 501. Na ação que tenha por objeto a emissão de declaração de


vontade, a sentença que julgar procedente o pedido, uma vez
transitada em julgado, produzirá todos os efeitos da declaração não
emitida.

Não haverá a lavratura da escritura pública de compra e venda, pois a própria


sentença já confere à promessa de compra e venda caráter definitivo, nos termos do
art. 464 do CC:

Art. 464. Esgotado o prazo, poderá o juiz, a pedido do interessado,


suprir a vontade da parte inadimplente, conferindo caráter definitivo
ao contrato preliminar, salvo se a isto se opuser a natureza da
obrigação.

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Transitada em julgado a sentença, será lavrada a carta de adjudicação, a qual


será encaminhada, via mandado, ao Cartório de Registro de Imóveis para ser registrada
na matrícula do imóvel, a fim de que passe a constar o promitente comprador como
proprietário do bem.

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