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Constituições brasileiras- 1824, 1891, 1934, 1937, 1946, 1967 e

1988.

Alguns historiadores consideram a Emenda nº 1 à Constituição


Federal de 1967, como a Constituição de 1969, outorgada pela Junta
Militar. Mas na história oficial do País são consideradas apenas sete –
1824, 1891, 1934, 1937, 1946, 1967 e 1988.

1ª - Constituição de 1824 (Brasil Império)


2ª - Constituição de 1891 (Brasil República)
3ª - Constituição de 1934 (Segunda República)
4ª - Constituição de 1937 (Estado Novo)
5ª - Constituição de 1946
6ª - Constituição de 1967 (Regime Militar)
7ª - Constituição de 1988 (Constituição Cidadã)

A democracia em cada Constituição

1ª- 1824 (A Constituição Política do Império)

A Constituição de 1824 estabeleceu no Brasil uma monarquia


constitucional hereditária e representativa. As províncias não teriam
autonomia e seriam governadas por pessoas indicadas pelo
imperador. Definiu também os poderes que regiam o império, o Poder
Legislativo, o Poder Moderador, o Poder Executivo, e o Poder Judicial.
Adotando a religião católica como oficial do Império, permitindo
outras religiões apenas em cultos domésticos. Traço marcante dessa
Constituição, o Poder Moderador, previsto no artigo 98* do texto,
coloca o imperador como chefe supremo da nação, acima de todos os
outros, e lhe confere um caráter inviolável, sagrado e isento de
qualquer responsabilidade. Outra determinação foi o voto
censitário, que seria indireto e dividido em duas fases: os eleitores
que comprovassem determinada renda anual teriam direito de
escolher seus representantes, que, por fim, elegeriam os deputados e
senadores.
* Art. 98 CF/1824- O Poder Moderador é
a chave de toda a organização política, e
é delegado privativamente ao Imperador,
como Chefe Supremo da Nação, e seu
Primeiro Representante, para que
incessantemente vele sobre a
manutenção da Independência, equilíbrio,
e harmonia dos mais Poderes Políticos.
2ª- 1891 (Constituição Republicana)

Essa Constituição assegurou maior autonomia para os estados. A


partir da Proclamação da República e da promulgação da Carta de
1891, o Brasil começou a ser governado por um presidente. A
Constituição da República dos Estados Unidos do Brasil, com caráter
mais democrático, foi promulgada pelo Congresso Nacional e instituiu
o federalismo, “por união perpétua e indissolúvel das suas antigas
províncias, em Estados Unidos do Brasil”. Estabelece a separação e
independência entre os Poderes, extingue o Poder Moderador e
preconiza a laicidade do Estado. O texto constitucional estabeleceu a
divisão dos poderes (Executivo, Legislativo e Judiciário) e as suas
funções; e ratificou a mudança na forma de governo como república e
o sistema, o presidencialismo. O federalismo garantiu a
transformação das províncias em estados com maior autonomia. O
voto censitário, isto é, aquele baseado na renda do eleitor, foi
extinto, e instaurou-se o voto universal para homens a partir dos 21
anos. No entanto, ainda havia exceções para o voto, como mulheres,
analfabetos, mendigos, religiosos que faziam votos de obediência e
militares de baixa patente. Mesmo revogando o voto censitário, que
era uma forma de restrição do acesso da maioria da população à
escolha dos seus representantes, a república manteve essas
restrições.

3ª- 1934 (Democrática e de curta duração)

Em seus aspectos mais amplos, a Constituição de 1934 apresentava


muitas características que a aproximavam de sua antecessora. O
Brasil continuava a ser uma República Federativa, com relativa
autonomia para os estados; os poderes continuavam separados em
Executivos, Legislativo e Judiciário; e as eleições diretas eram
mantidas como forma de escolha dos governadores, deputados e do
presidente. Assuntos como a educação, a saúde pública, a família e o
trabalho aparecem como grandes marcos da transformação que
impulsionara a Revolução de 1930. Com relação às leis trabalhistas, a
constituição proibiu a distinção dos salários para uma mesma função
por razões de estado civil, nacionalidade, sexo e idade. Promoveu a
criação do salário-mínimo e a padronização de uma jornada de
trabalho máxima de oito horas diárias. Por meio dessa ampla e
significativa gama de direitos aos trabalhadores, a Constituição de
1934 fazia com que Getúlio Vargas conquistasse o apoio de grande
parte da população assalariada. Apesar dos avanços propostos na
Carta de 1934, ela durou pouco, apenas três anos, e foi revogada
para a entrada em vigor da Constituição de 1937, criada para
consolidar o Estado Novo e a ditadura da Era Vargas.

4ª- 1937 (Institui o Estado Novo com supressão de direitos e


garantias)

A Constituição de 1937 entrou em vigor no mesmo dia do golpe que


deu início ao Estado Novo, em 10 de novembro. O texto da nova
Carta foi escrito pelo jurista Francisco Campos e centralizava os
poderes da república nas mãos de Getúlio Vargas. O motivo para que
a Constituição de 1937 existisse era a suposta garantia da segurança
nacional, evitando que as lutas pelo poder promovidas pelos grupos
políticos impedissem a plena realização das ações governamentais.
Meses antes, o governo divulgou o Plano Cohen, que era uma suposta
tentativa de os comunistas tomarem o poder. Porém, anos depois,
revelou-se que o plano era fajuto e só foi fabricado como forma de
justificar o golpe do Estado Novo. De caráter autoritário, o texto
começa com uma exposição de motivos feita por Getúlio Vargas para
justificar as medidas duras que viriam a ser elencadas em seus
artigos e parágrafos, para “assegurar à Nação a sua unidade, o
respeito à sua honra e à sua independência, e ao povo brasileiro, sob
um regime de paz política e social, as condições necessárias à sua
segurança, ao seu bem-estar e à sua prosperidade”. Assim, a Carta
de 37 institui a pena de morte, suprime liberdades individuais e os
partidos políticos e concentra poderes no chefe do Executivo,
acabando com a independência dos demais poderes da República. O
fim da Segunda Guerra Mundial, com a decadência dos regimes
totalitários que inspiraram o Estado Novo, além da insatisfação
gerada pela grande concentração de poder nas mãos do chefe do
Poder Executivo levaram à queda do regime de Vargas.

5ª – 1946 (Retomada democrática)

Essa Constituição, datada de 18 de setembro de 1946, retomou a


linha democrática de 1934 e foi promulgada de forma legal, após as
deliberações do Congresso recém-eleito, que assumiu as tarefas de
Assembleia Nacional Constituinte. Passam a ser restabelecidos os
direitos individuais, a independência dos Poderes da República e a
harmonia entre eles, a autonomia dos estados e municípios, a
pluralidade partidária, direitos trabalhistas como o direito de greve e
a instituição de eleição direta para presidente da República, com
mandato de cinco anos. Embora democrática, a Constituição de 46,
com seus 218 artigos traz na sua primeira parte toda a estruturação
do Estado e somente a partir do artigo 129 começa a tratar da
declaração de direitos e da cidadania e das garantias individuais. O
texto ainda impede qualquer reforma constitucional na vigência de
estado de sítio e a deliberação de projetos tendentes a abolir a
Federação ou a República. As demais normas estabelecidas por essa
Constituição foram: incorporação da Justiça do Trabalho e do Tribunal
Federal de Recursos ao Poder Judiciário; pluralidade partidária;
direito de greve e livre associação sindical; e condicionamento do uso
da propriedade ao bem-estar social, possibilitando a desapropriação
por interesse social.

6ª- 1967 (Consolidação do Regime Militar)

Após a instalação do Regime Militar em 1964 foi mantido o


funcionamento do Congresso Nacional, contudo seus poderes e
prerrogativas eram controlados “em nome da segurança nacional”.
Apesar de ter sido promulgada pelo Congresso Nacional, como foram
outras cartas com caráter democrático, a Constituição de 1967
consolidou o Regime Militar no Brasil, tendo como marca o
autoritarismo e a reversão dos princípios democráticos preconizados
na Carta de 1946. Houve a concentração de poderes na União, com
um Poder Executivo Federal mais forte, e supressão de garantias
políticas, com a adoção da eleição indireta para presidente da
República, por meio de Colégio Eleitoral. Essa Constituição foi
emendada por sucessiva expedição de Atos Institucionais (AIs), que
serviram de mecanismos de legitimação e legalização das ações
políticas dos militares, dando a eles poderes extraconstitucionais. De
1964 a 1969, foram decretados 17 atos institucionais,
regulamentados por 104 atos complementares. Na concepção do
decano do STF, essa emenda constitucional “é uma Carta
Constitucional envergonhada de si própria, imposta de maneira não
democrática e representando a expressão da vontade autoritária dos
curadores do regime”. A história oficial, entretanto, reconhece apenas
sete as constituições brasileiras, de forma que a Emenda
Constitucional nº 1 de 1969 é considerada apenas uma
reinterpretação do texto de 1967, decretada pela Junta Militar que
governava o País, após a morte de Costa e Silva.

7ª – (Constituição Cidadã)

Promulgada em 5 de outubro de 1988 pela Assembleia Nacional


Constituinte eleita em 1987, a nova Constituição veio consolidar a
transição do Regime Militar para a Nova República, após 20 anos de
repressão e direitos individuais tolhidos em nome do interesse do
Estado. A nova Carta consagrou cláusulas transformadoras com o
objetivo de alterar relações econômicas, políticas e sociais,
concedendo direito de voto aos analfabetos e aos jovens de 16 a 17
anos. Estabeleceu também novos direitos trabalhistas, como redução
da jornada semanal de 48 para 44 horas, seguro-desemprego e férias
remuneradas acrescidas de um terço do salário. O texto também
procura se autopreservar, impedindo a aprovação de emenda
constitucional tendente a abolir as chamadas cláusulas pétreas –
regime federativo, separação de Poderes, direitos e garantias
individuais e voto direto, secreto e universal e periódico. Ela permite
o exercício direto da cidadania também por meio de projetos de lei de
iniciativa popular e consagra os princípios de garantia dos direitos
adquiridos, dos atos jurídicos perfeitos e da coisa julgada.

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