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DIREITO

CONSTITUCIONAL 1

ME. BRUNO RAFAEL ARAÚJO LIMA


Teoria dos Direitos Socias
• No século XX, na Constituição do México (1917) e na Constituição da
Alemanha (1919), as primeiras declarações de direitos sociais foram
encontradas. No Brasil, a primeira Constituição a dispor sobre direitos
sociais foi a de 1934.

• Os direitos sociais são direitos prestacionais, têm status positivo e são


classificados na segunda geração de direitos fundamentais.

• Os destinatários desses direitos são os brasileiros e os estrangeiros.


Teoria dos Direitos Socias
• Em caso de omissão injustificável por parte do poder Público, cabe ao
Judiciário, mediante provocação, assegurar o direito que foi
constitucionalmente consagrado.

• Lado outro, o excesso de ativismo judicial é vedado, vez contrariar o


interesse público a decisão que obriga a materialização do direito
social sem considerar a realidade socioeconômica do ente federativo,
o que afronta o orçamento da pessoa política, causando ou
contribuindo para causar o caos econômico.
Princípio da Reserva do Possível
• O Princípio da Reserva do Possível é argumento utilizado pelo Estado,
quando demandado em juízo, para demonstrar que ainda não é
possível materializar, tal como previsto na Constituição, um direito
social.

• a razoabilidade da pretensão deduzida em face do Poder Público e a


existência de disponibilidade financeira.
Princípio do Mínimo Existencial
• O Princípio do Mínimo Existencial limita a utilização da cláusula de
reserva do possível, porque não pode o Estado alegar escassez de
recursos para deixar de assegurar o mínimo necessário para
resguardar a própria condição de ser humano.
Princípio da Vedação de Retrocesso Social
(Efeito cliquet)
• O Princípio da Vedação de Retrocesso Social tem a finalidade de
impedir a extinção ou redução injustificada de políticas públicas ou
mesmo de medidas legislativas destinadas à viabilização de direitos
sociais já consolidados na consciência social, ao longo do tempo.
Direitos Sociais Enumerados na Constituição
Federal
• O artigo 6º da Constituição Federal enumerou expressamente onze
direitos sociais, a saber: a educação, a saúde, a alimentação, o
trabalho, a moradia, o transporte, o lazer, a segurança, a previdência
social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos
desamparados, na forma desta Constituição.

• A Moradia (EC 26/2000), alimentação (EC 64/2010) e transporte (EC


90/2015) não são normas originárias da Constituição, foram
acrescentadas por emendas constitucionais.
Direitos de Nacionalidade: Considerações
Iniciais
• A nacionalidade é um vínculo jurídico-político que une um indivíduo a
um Estado, de forma a tornar esse indivíduo integrante do povo, um
dos elementos de constituição de um Estado.
FIQUE ATENTO!
• 1. Nem todo brasileiro é cidadão, porque nem todos os brasileiros podem votar.
• 2. É possível que um indivíduo não faça parte de povo de nenhum lugar do mundo, porque não
tem nacionalidade (apátrida).
• 3. O povo brasileiro é formado de brasileiros natos e naturalizados.
• 4. Há Estado sem País.
• 5. Em um Estado é possível ter mais de uma nação (Estado multinacional). É o caso da Espanha,
por exemplo, formada de catalães, bascos, navarros e outros.
• 6. Há nação sem Estado, como os curdos, que habitam vários pontos do Oriente Médio, mas não
têm território.
• 7. A República Federativa do Brasil é o Estado brasileiro.
• 8. O Brasil é o País.
• 9. O Estado brasileiro está localizado em um País da América do Sul.
• A nacionalidade pode ser primária (originária) ou secundária
(adquirida). Diz-se primária a nacionalidade que é fruto de um fato
natural: o nascimento. Secundária é a nacionalidade escolhida por um
determinado indivíduo, a que é fruto de ato volitivo posterior ao
nascimento.
A nacionalidade involuntária
• O critério ius sangüinis está firmado no vínculo de sangue, segundo o
qual a nacionalidade será concedida em razão da ascendência da
pessoa. A Suíça, por exemplo, adota o critério de sangue, de forma
que filho de suíços poderá obter a nacionalidade dos pais,
independentemente do local em que nascer, dentro ou fora da Suíça.

• O critério ius solis funda-se no local de nascimento da pessoa, no


território do Estado em que o indivíduo nasce, independentemente
da nacionalidade dos pais.
Nacionalidade Primária (Brasileiros Natos)
• O Brasil adota para definição de nacionalidade primária, em regra, o critério
ius solis, mas em três casos, é aplicado também o critério ius sangüinis, como
se verá a seguir.

Ius sanguinis: os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou mãe brasileira,


desde que:
• 1. um dos pais esteja a serviço do Brasil; ou
• 2. sejam registrados em repartição brasileira competente; ou
• 3. venham a residir na República Federativa do Brasil e optem, em qualquer
tempo, depois de atingida a maioridade, pela nacionalidade brasileira.
Nacionalidade Secundária (Brasileiro
Naturalizado)
• Duas são as situações enumeradas na Constituição Federal:
naturalização ordinária e naturalização extraordinária.

• Naturalização Ordinária Constitucional


Os estrangeiros originários de países de língua portuguesa têm
tratamento diferenciado, dadas a proximidades culturais e o
favorecimento de se comunicarem em português. Deles, a Constituição
apenas exige um ano de residência no Brasil e idoneidade moral.
• O português equiparado, preenchidos os requisitos do tratado
bilateral, pode exercer direitos civis e políticos no Brasil, inclusive a
capacidade eleitoral passiva, exceto evidentemente os cargos
privativos de brasileiros natos.

Naturalização Extraordinária (ou quinzenária)


A naturalização extraordinária será concedida a pessoa de qualquer
nacionalidade fixada no Brasil há mais de quinze anos ininterruptos e
sem condenação penal, desde que requeira a nacionalidade brasileira.
Evolução Histórica do Constitucionalismo
• Dirley da Cunha Júnior (2006) define Constitucionalismo como “um movimento
político e constitucional que pregava a necessidade da elaboração de
Constituições escritas que regulassem o fenômeno político e o exercício do poder,
em benefício de um regime de liberdades públicas;

• Marcelo Novelino (2015), por sua vez, admite dois conceitos de


Constitucionalismo, um em sentido mais amplo e outro em sentido mais restrito;

• Canotilho diz que há dois movimentos constitucionais: Constitucionalismo Antigo


e Constitucionalismo Moderno;
Constitucionalismo Antigo (Antiguidade
Clássica)
• A primeira experiência constitucional de que se tem notícia,
considerando Constitucionalismo em sentido amplo, se deu na
Antiguidade Clássica, entre os hebreus.

• Povo hebreu, Grécia, Roma e Inglaterra.


Constitucionalismo Moderno (Final do século
XVIII a meados do século XX)
• A partir das Revoluções Liberais (Revolução Francesa, Revolução Americana e
Revolução Industrial) influenciadas pelo Iluminismo, surgiu o ideário
constitucional, segundo o qual seria necessário, para evitar abusos dos soberanos
em relação aos súditos;

• Surgiu um documento em que se fixasse a estrutura do Estado e suas limitações


em relação ao povo. Surgiram, então, ao final do século XVIII, as primeiras
constituições escritas, rígidas e protetoras de direitos fundamentais de primeira
dimensão;
Constituições Sociais
• Constituição Mexicana (1917) e Constituição de Weimar (1919);

• Ambas foram marcadas pela priorização de direitos fundamentais de segunda


dimensão;

• A Constituição deixou de ser concebida como simples manifesto político para ser
compreendida como uma norma jurídica fundamental e suprema, elaborada para
exercer dupla função: garantia do existente e programa de direção para o futuro
(TAVARES, 2002).
O constitucionalismo moderno pressupõe:
1. uma Constituição escrita;
2. uma Constituição rígida, cujos procedimentos de reforma sejam especiais e
dificultados;
3. a definição de direitos fundamentais;
4. a divisão de poderes ou de funções, de modo a limitar a atuação do poder do
Estado
Constitucionalismo Contemporâneo (A partir
de 1945)
• O Fim da Segunda Guerra Mundial trouxe significativas mudanças para o
constitucionalismo europeu, de forma que a Constituição passou a ser concebida
como sistema aberto no sistema social. Tem-se aqui o Constitucionalismo
Contemporâneo ou Neoconstitucionalismo;

• A dignidade da pessoa humana deixou de ter natureza meramente filosófica para


ter força normativa;

• Os direitos e garantias fundamentais deixaram de ser norteadores apenas da


relação Estado-indivíduo e passaram a permear a relação entre indivíduo-
indivíduo(eficácia horizontal dos direitos fundamentais);
Três marcos fundamentais do neoconstitucionalismo: o
histórico, o filosófico e o teórico:
1. O marco histórico coincide com o surgimento do Estado Constitucional de
Direito, pós a Segunda Guerra Mundial.

2. O marco filosófico é o pós-positivismo; a integração entre direito e ética e a


valorização dos direitos fundamentais.
3. O marco teórico é extraído essencialmente do pensamento de Konrad Hesse,
encontrado na obra Força Normativa da Constituição.
Os efeitos do neoconstitucionalismo
1. a supremacia da Constituição;
2. a proteção aos direitos fundamentais;
3. a força normativa dos princípios constitucionais;
4. a constitucionalização do Direito
5. a ampliação da jurisdição constitucional.
Constitucionalismo do Futuro
1. Verdade as Constituições devem conter apenas aquilo que é possível
constitucionalizar, para não criar mentiras e promessas impossíveis de cumprir.
2. Solidariedade a solidariedade entre os povos deve estar expressa na Constituição, a
fim de que se promova a noção de justiça social, cooperação e tolerância.
3. Consenso a elaboração das normas constitucionais deve ser feita democraticamente e
contemplar a vontade da maioria.
4. Continuidade as reformas constitucionais devem respeitar os avanços já conquistados.
5. Participação é a consagração da democracia participativa.
6. Integração as constituições devem integrar o plano interno e externo, mediante a
previsão de órgãos supranacionais.
7. Universalidade as constituições do futuro devem primar pelos fundamentais
internacionais, para banir toda forma de desumanização.
Sentidos de Constituição
• O vocábulo “constituição” pode ser definido em várias acepções, variáveis
conforme o fundamento que se adote.

• A natureza jurídica da Constituição não é unívoca e pode ser analisada pelos


prismas sociológico, político, culturalista, dentre outras hipóteses
Sentido Sociológico(Ferdinand Lassalle)
• A Constituição é a somatória dos fatores reais de poder dentro de uma
sociedade, o efetivo poder social.

• Sob a ótica sociológica, a Constituição transcende a ideia de norma, de forma que


o seu texto positivo seria apenas um reflexo da realidade social do país.

• “A Constituição não é uma norma jurídica, mas um fato social”.

• Karl Marx também desenvolveu uma concepção sociológica de Constituição, para


quem a Constituição era a norma fundamental da organização estatal, um
produto das relações de produção que visava a assegurar os interesses da classe
dominante;
Sentido Político(Carl Schmitt)
• A Constituição uma decisão política fundamental, um conjunto de opções
políticas de um Estado, e não um reflexo da sociedade.

• O jurista afirmou que o fundamento da Constituição não está em uma norma


jurídica precedente e nem em si mesma, mas na vontade política que a antecede.

• “ há diferença entre Constituição e Leis Constitucionais”


Sentido Jurídico(Hans Kelsen)
• A Constituição consiste num sistema de normas jurídicas, paradigma de validade
de todo o ordenamento jurídico.

• Essa concepção jurídica, também denominada Teoria Pura do Direito, a


Constituição é norma pura, puro dever ser, sem dar relevância a questões
filosóficas, políticas ou sociológicas;

• Do sentido jurídico se extrai a ideia de constituição rígida, de supremacia formal


da Constituição e de controle concentrado de constitucionalidade.
Classificação das Constituições
• Quanto ao conteúdo
Quanto ao conteúdo, uma constituição pode ser material ou formal.
• Quanto à forma
 Quanto à forma (ou apresentação) as constituições podem ser escritas ou não
escritas
• Quanto ao modo de elaboração
Quanto ao modo de elaboração, as Constituições podem ser dogmáticas ou
históricas
Classificação das Constituições
• Quanto à extensão
Quanto à extensão, uma constituição pode ser analítica ou sintética.

• Quanto à finalidade (Sentido teleológico)


Quanto à finalidade, uma constituição pode ser garantia, balanço ou dirigente.

• Quanto à origem
 Quanto à origem, uma constituição pode ser outorgada, promulgada, cesarista e
pactuada
• Quanto à estabilidade (durabilidade)
Quanto à estabilidade, as constituições podem ser imutáveis, rígidas, flexíveis ou
semirrígidas.

Diz-se poder constituinte o poder que cria ou atualiza normas


constitucionais. Trata-se do poder exercido pelo legislador constituinte.
PODER CONSTITUINTE
• É o responsável pela formação do Estado e materializa a
autodeterminação de uma nação por meio da elaboração de uma
Constituição;

• Atualmente, a doutrina majoritária defende que a titularidade do


poder constituinte é do povo e não da nação.
Formas de exercício do poder constituinte
• 1) democrática (poder constituinte legítimo) quando o povo elege
representantes para a elaboração de normas constitucionais
(assembleia ou convenção);

• 2) autocrática (poder constituinte usurpado) quando a


Constituição é imposta ao povo por um governante ou por uma
minoria.
Poder Constituinte Originário
• É o que cria a Constituição de um Estado, organizando-o e criando os
poderes que o regerão. Trata-se de um poder político primário e
inaugural, que rompe com a ordem jurídica precedente e instaura um
novo ordenamento jurídico.

• É um poder político, supremo, incondicionado e ilimitado, destinado a


estabelecer a Lei Maior do Estado;

• É incondicionado e insubordinado;
Classificações do PCO
• Quanto ao momento de manifestação: pode ser dividido em histórico
ou revolucionário. Histórico é o poder que estrutura o Estado pela
primeira vez e Revolucionário o que rompe com a ordem precedente e
traz uma nova organização para o Estado;

• Quanto ao modo de deliberação constituinte: é classificado como


Concentrado ou Difuso. Quando a Constituição resulta do trabalho de
um órgão constituinte que se reúne para a elaboração de um
documento escrito, tem-se o poder Concentrado, mas quando a
Constituição é consuetudinária, ou seja, fruto de costumes e de
tradições, tem-se o poder Difuso.
Classificações do PCO
• Quanto ao modo de elaboração: o Poder Constituinte Material, fruto
da autoconformação do Estado, segundo certa ideia de Direito
(decisão política) e o Poder Constituinte Formal, que se manifesta
quando a ideia de Direito é sistematizada em documento dotado de
força normativa (Constituição)
PODER CONSTITUINTE DERIVADO
• O Poder Constituinte Derivado é o que atualiza a Constituição Federal, por
meio de emendas, e o que cria a Constituição estadual. Sua natureza é
jurídica;

• Poder Constituinte Derivado é limitado e subordinado ao criador, pois sofre


restrições de ordem material, circunstancial e formal. É também
secundário, dependente e condicionado, de modo que sua atuação deve
seguir firmemente as regras previamente estabelecidas pelo texto
constitucional.

• Reformador, Revisor e Decorrente


Poder Derivado Reformador
• Também denominado por parte da doutrina de “competência
reformadora”, é destinado a modificar formalmente o texto da
Constituição, por meio de emendas.
Iniciativa
1. um terço, no mínimo, dos membros da Câmara dos Deputados;
2. um terço, no mínimo, dos membros do Senado Federal;
3. o Presidente da República;
4. mais da metade das assembleias Legislativas, manifestando-se, cada
uma delas, pela maioria relativa de seus membros.
Bicameralismo puro
• Processo legislativo das emendas, se a segunda Casa emendar o texto
da PEC, esta deverá retornar à primeira Casa, que poderá aprová-lo,
rejeitá-lo ou novamente modificar o texto. Em caso de modificação, o
projeto deverá retornar à segunda Casa, que poderá exercer as
mesmas ações anteriormente enumeradas
Turnos e quórum de votação
• Devem ser votadas em dois turnos em cada Casa legislativa e devem
atingir, para serem aprovadas, em cada Casa e em cada turno de
votação, o quórum qualificado de três quintos (60%) do total dos
membros.
Princípio da irrepetibilidade
• “a matéria constante de proposta de emenda rejeitada ou havida por
prejudicada não pode ser objeto de nova proposta na mesma sessão
legislativa.”

• A irrepetibilidade da PEC é absoluta, diferente da irrepetibilidade


aplicada aos projetos de lei (artigo 67 da CF) que é relativa.
Tramitação de PEC
• Uma vez apresentada uma proposta de emenda à Constituição, na
primeira Casa, o texto poderá ser aprovado, rejeitado ou emendado.
Se rejeitado, em qualquer dos turnos, o projeto será arquivado. Se
aprovado em dois turnos, com ou sem modificação, será
encaminhado à segunda Casa.

• PEC emendada só deverá retornar com obrigatoriedade à Casa de


onde saiu se as alterações forem substanciais.
PEC paralela
• é possível desmembrar a PEC em duas, de forma que a parte de
consenso segue para promulgação e a outra parte continua
tramitando (esta última é a “PEC paralela”), até que as Casas entrem
em consonância.
Promulgação
• A promulgação das emendas é feita pela Mesa da Câmara e pela
Mesa do Senado.
Limitações ao Poder de Reforma
• O Poder Constituinte Derivado é limitado pelo Poder Originário, de
forma que o Congresso Nacional não está autorizado a utilizar o
processo legislativo das emendas para alterar qualquer assunto, de
qualquer maneira, na Lei.
Limitações materiais
• Forma federativa de Estado;
• Voto direto, secreto, universal e periódico;
• Separação de Poderes;
• Direitos e garantias individuais.
Classificação das Normas Constitucionais
• Na lição de José Afonso da Silva, as normas constitucionais
classificam-se, conforme a eficácia, em: normas de eficácia plena, de
eficácia contida e de eficácia limitada (com suas respectivas
subdivisões).
Normas de Eficácia Plena
• Norma constitucional de eficácia plena é aquela que produz desde
logo todos os seus efeitos jurídicos e não comporta a possibilidade de
restrição em nível legal;

• Boa parte do texto constitucional tem essa condição de aplicabilidade


direta;
Normas de Eficácia Contida
• Norma constitucional de eficácia contida é aquela que produz desde
logo todos os seus efeitos jurídicos, mas admite algum
condicionamento no âmbito legal;

• As normas de eficácia contida possuem aplicabilidade direta, imediata


e efeitos possivelmente não integrais.
Normas de Eficácia Limitada
• Segundo José Afonso da Silva, norma constitucional de eficácia
limitada é aquela que não produz desde logo todos os seus efeitos e
precisa ser completada pelo legislador ordinário.

• As normas de eficácia limitada são aquelas que apresentam


aplicabilidade indireta, mediata e reduzida.
Preâmbulo
• O que é o preâmbulo e qual a sua relevância?

• Posicionamento do Supremo Tribunal Federal (ADI 2076-5) ?


Ato das Disposições Constitucionais
Transitórias

• Normas constitucionais transitórias, criadas, como o próprio nome


indica, para produzirem efeitos por prazo determinado, integram o
Ato das Disposições Constitucionais Transitórias (ADCT);

• o ADCT são dotadas de força normativa, integram a Constituição e


têm o mesmo valor hierárquico das que constam da parte dogmática.
Princípios, regras e normas jurídicas
• A Constituição é formada por um conjunto normativo aberto de
princípios e regras, uma vez que o direito se expressa por meio de
normas jurídicas.

• As normas constitucionais têm o propósito de regulamentar a


conduta dos indivíduos e do Estado, para resguardar a ordem e a paz
social.
Princípios Fundamentais
• Princípios fundamentais, de acordo com Canotilho, são “princípios
definidores da Estrutura do Estado, dos princípios estruturantes do
regime político e dos princípios caracterizadores da forma de governo
e da organização política em geral.”

• 1) forma de governo; 2) forma de Estado e preservação do vínculo


federativo; 3) regime político; 4) fundamentos; 5) separação de
poderes; 6) objetivos e 7) princípios que regem as relações
internacionais.
Princípios Estruturantes - Formas de Governo
• Os princípios estruturantes, também denominados “núcleo duro da
Constituição”, são os que norteiam o funcionamento do Estado, isto é,
a sua organização político-administrativa;

• Forma de governo é a expressão que se refere à maneira como deve


ser exercido o poder no Estado, bem como quem poderá exercê-lo.
Diz respeito à relação entre governante e governados.
Princípios Estruturantes - Formas de Estado
• Chama-se de forma de Estado o modo pelo qual o poder político é
exercido num país. Diz respeito à organização político-administrativa
do Estado e à escolha por uma repartição ou não de poderes
autônomos regionalizados.

• Na federação, a organização político-administrativa do Estado é


descentralizada, de modo que o Estado Federal é soberano e os entes
que o compõem são todos autônomos, isto é, têm autogoverno e
capacidade para legislar.
Espécies de federação
• a) Quanto à origem o federalismo pode ser classificado como
federalismo por segregação e federalismo por aglutinação.
Regimes Políticos
• Regime político é o que define a possibilidade de o povo poder ou
não participar da tomada de decisão no Estado;
• Autocracia e a democracia são os regimes políticos atualmente
existentes.
• Na autocracia, os governantes impõem, unilateralmente, as suas
regras ao povo, que não participa da produção da política de governo.

• A democracia se opõe à autocracia na medida em que sua essência é


o fato de o titular do poder ser o povo (princípio da soberania
popular).
Fundamentos da República Federativa do
Brasil
• I - a soberania;
• II - a cidadania;
• III - a dignidade da pessoa humana;
• IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa;
• V - o pluralismo político.
Objetivos fundamentais da República
Federativa do Brasil
• I - construir uma sociedade livre, justa e solidária;
• II - garantir o desenvolvimento nacional;
• III - erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as
desigualdades sociais e regionais;
• IV - promover o bem de todos, sem preconceitos de origem,
raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de
discriminação.
Direitos e Garantias Individuais em Espécie
• são direitos e garantias individuais, sendo que alguns deles têm
expressão coletiva;

• Os direitos individuais têm natureza de princípios e não de regras, de


forma que a determinação de sua incidência requer não só a
identificação de seu conteúdo, mas também a definição dos limites
externos, para que se coadunem com outros bens jurídicos também
constitucionalmente consagrados;
Direito à Vida
• O direito à vida tem dupla acepção, uma negativa e uma positiva.

• O direito à vida deve ser tutelado tanto em sua dimensão subjetiva (o


indivíduo em face do Estado) quanto em sua dimensão objetiva (a
comunidade em face do indivíduo e/ou do Estado).

• O direito à vida, embora seja o mais fundamental dos direitos, não é


absoluto, de modo que, no caso concreto, em hipótese de colisão
com outros bens, poderá sofrer a relativização.
Princípio da Igualdade
• A igualdade é um dos direitos fundamentais básicos e dá origem a
vários outros direitos e garantias fundamentais, dentre os quais
podemos enumerar a igualdade tributária (artigo 150, II, da CF); o
acesso a cargos e empregos públicos mediante concurso (artigo 37, II,
da CF); a igualdade salarial para os que exercem a mesma função (artigo
7º, XXX, da CF); a reserva de vagas para deficientes na Administração
Pública (artigo 7º, XXXI, da CF) e a vedação ao racismo (artigo 5º, XLII,
da CF).

• O princípio da igualdade está consubstanciado em duas dimensões:


uma objetiva e outra subjetiva
A respeito do princípio da igualdade, conheça
algumas decisões do Supremo Tribunal Federal
• 1. “Não cabe ao Poder Judiciário, que não tem função legislativa, aumentar
vencimentos de servidores públicos sob o fundamento de isonomia.” (Súmula
Vinculante 37).
• 2. “É constitucional a regra que veda, no âmbito do SUS, a internação em
acomodações superiores, bem como o atendimento diferenciado por médico
do próprio SUS, ou por médico conveniado, mediante o pagamento da
diferença dos valores correspondentes.” (RE 581.488)
• 3. É inconstitucional a fixação de segunda chamada em etapa de concurso
público em razão de situações pessoais do candidato. Assim, caso o candidato
não faça a prova porque chegou atrasado em razão de acidente de trânsito que
congestionou a via, ou porque estava internado, não terá direito a segunda
chamada, tendo em vista a impessoalidade e o interesse público (RE 630.733).
A respeito do princípio da igualdade, conheça
algumas decisões do Supremo Tribunal Federal
• 4. O Supremo Tribunal Federal reconheceu, em tese de repercussão
geral, o direito de candidatas gestantes à remarcação de testes de
aptidão física em concursos públicos, independentemente de haver
previsão legal (RE 1058333);

• 5. É inconstitucional a atribuição excessivamente valorizada de pontos


na prova de títulos em concurso público pelo simples exercício
anterior de cargos públicos (AI 830.011).
Princípio da Legalidade
• Diz-se princípio genérico de legalidade, porque a partir dele outros
foram criados: princípio da legalidade penal; princípio da legalidade
administrativa e princípio da legalidade tributária. Nessa lição, apenas
trataremos do que consta no artigo 5º da Constituição Federal.

• A legalidade não é absoluta e pode ser afastada durante os chamados


estados de legalidade extraordinária: estado de defesa (artigo 136 da
CF) e estado de sítio (artigo 137 da CF).
A respeito do princípio da legalidade, conheça
algumas decisões do Supremo Tribunal Federal
• 1. “Só por lei se pode sujeitar a exame psicotécnico a habilitação de
candidato a cargo público.” (Súmula 686 do STF).

• 2. “Não cabe recurso extraordinário por contrariedade ao princípio


constitucional da legalidade, quando a sua verificação pressuponha
rever a interpretação dada a normas infraconstitucionais pela decisão
recorrida.” (Súmula 636 do STF).
A reserva legal pode ser classificada a partir
de dois distintos parâmetros
• Quando a Constituição exige a regulamentação integral de seus
dispositivos por meio de lei, tem-se a reserva legal absoluta.

• Se a Constituição exigir lei que apenas fixe os parâmetros de atuação


de sua norma e estes puderem ser complementados por espécie
infralegal, tem-se a reserva legal relativa.
Liberdade de Consciência, de Expressão e de
Manifestação do Pensamento
• Súmula 611: “Desde que devidamente motivada e com amparo em
investigação ou sindicância, é possível a instauração de processo
administrativo disciplinar com base em denúncia anônima, em face do
poder-dever de autotutela imposto à Administração.
• Para o STF, é inconstitucional dispositivo de lei que proíbe as emissoras de
rádio e televisão de usarem montagem ou brincadeiras que, de alguma
forma, degradem ou ridicularizem candidato, partido ou coligação;
• É inconstitucional a proibição judicial de eventos públicos de defesa da
legalização ou da descriminalização do uso de entorpecentes, porque
ofende o direito fundamental de reunião, o direito de informação e as
liberdades de expressão e manifestação do pensamento (ADI 4.274).
Liberdade de Crença Religiosa e Escusa de
Consciência
• A Constituição Federal assegura a todos ampla liberdade religiosa,
que compreende a liberdade de crença, a liberdade de culto e a
liberdade de organização religiosa;

• Súmula Vinculante 52: “Ainda quando alugado a terceiros, permanece


imune ao IPTU o imóvel pertencente a qualquer das entidades
referidas pelo art. 150, VI, “c”, da Constituição Federal, desde que o
valor dos aluguéis seja aplicado nas atividades para as quais tais
entidades foram constituídas.”
Direito à Privacidade
• A privacidade é um dos direitos da personalidade, do qual se originam
os seguintes direitos: intimidade, vida privada, honra e imagem.

• A publicação da fotografia sem o consentimento da pessoa, para fins


comercias ou não, quando causar desconforto, aborrecimento ou
constrangimento implica em dever de indenizar por dano moral. Não
há a necessidade de comprovação de ofensa à reputação da pessoa,
basta o desconforto (ou aborrecimento) causado em razão da
divulgação da fotografia. (RE 215.924).
• Constitui prova lícita a coleta de material biológico da placenta, com o
propósito de fazer exame de DNA, para averiguação da paternidade
do nascituro, mesmo sem o consentimento da mulher extraditanda,
porque o direito à privacidade não é absoluto. De forma que, se de
um lado há o direito à intimidade da mulher, por outro lado, há
direito à honra dos policiais que foram acusados de estupro e o
direito à imagem da Polícia Federal, dado que o estupro teria ocorrido
nas dependências da própria instituição. (Rcl 2.040 QO).

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