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DIREITO CONSTITUCIONAL I
PROF. MARIA LUCIA BARBOSA
DIREITOS FUNDAMENTAIS
▪ Conjunto de direitos considerados indispensáveis para a vida humana
• DF – Âmbito constitucional com força vinculante.
• DH – Matriz internacional, soft law.
▪ São resultado de uma maturação histórica.
▪ A Constituição Federal foi a primeira a usar as expressões Direitos e Garantias
Fundamentais de forma a abranger as diversas espécies de direitos: individuais,
coletivos, sociais, de nacionalidade e os direitos políticos.
▪ Expressões como “direitos individuais”, “direitos do homem” e principalmente “direitos
humanos” seguem sendo usadas, porém tratam de categorias em geral mais limitadas
do que o complexo representado pelos direitos fundamentais
• Direitos Fundamentais – Aqueles reconhecidos e positivados na esfera do
direito constitucional positivo de determinado Estado.
• Direitos Humanos – Guarda relação com os documentos de direito
internacional, referindo-se às posições jurídicas que se reconhecem ao
homem, independentemente de sua vinculação com uma ordem
constitucional, o que revela um caráter supranacional.
▪ Dessa forma, a doutrina vem alertando sobre a confusão que uma falta de consenso
pode gerar na esfera conceitual, o que reforça a necessidade de se adotar uma
terminologia única, no caso, a de direitos fundamentais.
▪ Reconhecer a diferença dos termos, contudo, não anula a íntima relação existente
entre os dois, uma vez que a grande maioria das constituições se inspiraram que
diversos documentos internacionais no período pós-guerra. (Aproximação dos
conteúdos das declarações internacionais e dos textos constitucionais.)
▪ O apagamento das fronteiras nacionais vem culminando na necessidade de
agregamento internacional (Internacionalização dos DH como algo universal).
PERSPECTIVA HISTÓRICO-EVOLUTIVA
▪ A história dos direitos fundamentais é também a história que desemboca no
surgimento do moderno Estado Constitucional, o qual se sustenta no reconhecimento
e na proteção da dignidade da pessoa humana e nos direitos fundamentais do homem.
▪ Buscando sintetizar a trajetória dos direitos fundamentais, Klaus Stern identifica três
etapas:
• Uma pré-história, que se estende até o século XVIII
• Uma fase intermediária, que corresponde ao período de elaboração da
doutrina jusnaturalista e da afirmação dos direitos naturais do homem
• A fase da constitucionalização, iniciada em 1776, com as sucessivas
declarações de direitos dos novos Estados americanos.
▪ É na Inglaterra, durante o século XII, que encontramos o principal documento referido
pelos estudiosos da área: A Magna Charta Libertatum, firmada em 1215 pelo Rei João
Sem-Terra e pelos bispos e barões ingleses.
▪ Também de suma importância para a evolução que conduziu ao nascimento dos
direitos fundamentais foi a Reforma Protestante, a qual reivindicou o reconhecimento
da liberdade religiosa e de culto.
▪ As revoluções inglesas do século XVII significaram a evolução das liberdades e
privilégios estamentais medievais e corporativos para liberdades genéricas no plano
do direito público, ampliando as liberdades reconhecidas.
▪ A paternidade dos direitos fundamentais é disputada entre a Declaração de Direitos do
Povo da Virgínia (1776) e a Declaração Francesa (1789).
▪ Foram os direitos consagrados nas primeiras emendas da Constituição norte-
americana que marcaram a transição para os direitos fundamentais constitucionais.
▪ Titular do direito: é o sujeito do direito, quem se figura como sujeito ativo da relação do
direito subjetivo
▪ Destinatário do direito: é a pessoa em face da qual o titular pode exigir o respeito, a
proteção ou a promoção do seu direito.
• São pessoas físicas ou jurídicas (de direito público ou privado), que estão
vinculadas pelas normais de direitos fundamentais.
• Inexiste ato de entidade púbica que seja livre dos direitos fundamentais.
• Além dos órgãos estatais, os particulares também estão sujeitos à força
vinculante dos direitos fundamentais.
• Na CF, o texto constitucional nada dispôs sobre os destinatários dos direitos
fundamentais, porém a doutrina e a jurisprudência nunca questionaram tal
vínculo.
▪ A determinação da titularidade dos direitos fundamentais não pode correr de modo
prévio para os direitos fundamentais em geral, mas reclama identificação
individualizada, à luz de cada norma de direito fundamental.
▪ A CF não contem cláusula expressa assegurando DF às pessoas jurídicas, porém isso
não impediu a doutrina e jurisprudência de reconhecerem tal possibilidade.
▪ As normas definidoras dos direitos e garantias fundamentais têm aplicação imediata
(art. 5°, §1)
• As normas constitucionais são dotadas de todos os meios e elementos
necessários a sua pronta incidência.
REMÉDIOS CONSTITUCIONAIS
▪ São espécies do gênero garantias.
▪ A proteção do direito nem sempre estará nas regras definidas constitucionalismo
como remédios, em alguns casos pode estar na norma definidora do direito.
▪ Servem como instrumentos à disposição das pessoas para reclamarem, em juízo, uma
proteção a seus direitos, motivo pelo qual são também conhecidos como ações
constitucionais;
1) Habeas Corpus:
• “Conceder-se-á habeas corpus sempre que alguém sofrer ou se achar
ameaçado de sofrer violência ou coação em sua liberdade de locomoção, por
ilegalidade ou abuso de poder” (art. 5.º, LXVIII)
• O habeas corpus se baseia na garantia da liberdade individual diante do poder
estatal, sendo anteparo de fundamental importância à pessoa diante do
Estado.
• É uma ação, não um recurso, que tem por função prevenir ou reprimir prisões
ilegais.
• Pode ser impetrado por qualquer pessoa, em seu favor ou de outrem, bem
como pelo Ministério Público, sendo o seu titular aquele que está na iminência
de sofrer ou está sofrendo coação ilegal de sua liberdade.
2) Mandado de Segurança:
• “Conceder-se-á mandado de segurança para proteger direito líquido e certo,
não amparado por habeas corpus ou habeas data, quando o responsável pela
ilegalidade ou abuso de poder for autoridade pública ou agente de pessoa
jurídica no exercício de atribuições do Poder Público” (art. 5°, LXIX)
• Trata-se de ação que visa a tutela do direito contra o ilícito, causador ou não
de dano, quando o responsável pela ilegalidade ou abuso de poder for
autoridade pública.
• Protege tanto direitos individuais quanto direitos coletivos.
• O que se postula pelo mandado de segurança é a concessão de ordem contra a
autoridade coatora a fim de encerrar o comportamento lesionante.
• Não cabe mandado de segurança para decisão judicial com trânsito em
julgado.
• São titulares todas as pessoas físicas ou jurídicas, pouco importante se
nacionais ou estrangeiras.
3) Mandado de Injunção:
• “Conceder-se-á mandado de injunção sempre que a falta de norma
regulamentadora torne inviável o exercício dos direitos e liberdades
constitucionais e das prerrogativas inerentes à nacionalidade, à soberania e à
cidadania” (art. 5°, LXXI)
• Trata-se de instrumento que, juntamente à ADI por omissão, visa tutelar a
pessoa diante das omissões inconstitucionais do Estado.
• Segundo Pedro Lenza “o mandado de injunção surge para “curar” uma
“doença” denominada síndrome de inefetividade das normas constitucionais”.
o Ex: Direito de greve do funcionário público, uma vez que não existe
norma reguladora desta.
4) Habeas Data:
• “conceder-se-á habeas data: (art. 5°, LXXII)
a) para assegurar o conhecimento de informações relativas à pessoa do
impetrante, constantes de registros ou bancos de dados de entidades
governamentais ou de caráter público;
b) para a retificação de dados, quando não se prefira fazê-lo por
processo sigiloso, judicial ou administrativo;”
• O habeas data surge como forma de proteção do direito à informação pessoal
e eventuais providências correlatas.
• Trata de ação que visa determinar a liberação de informação, ratificação de
dados ou a complementação de informações.
• Pode ser impetrado por pessoa física ou jurídica, seja nacional ou estrangeiro,
para tutela do direito à informação que lhe diga respeito de forma direta.
2) Ação Popular:
• “qualquer cidadão é parte legítima para propor ação popular que vise a anular
ato lesivo ao patrimônio público ou de entidade de que o Estado participe, à
moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e
cultural, ficando o autor, salvo comprovada má-fé, isento de custas judiciais e
do ônus da sucumbência” (art. 5°, LXXIII)
• Confere ao cidadão a possibilidade de ajuizar uma ação face ao poder pública
na defesa dos itens anteriormente mencionados, sem atribuir custos ao
cidadão.
• A doutrina costuma afirmar o fato da ação popular ter como pressuposto a
afirmação de ato lesivo por parte do demandante, sendo a lesividade elemento
essencial da causa petendi.
• A ação popular pode ser proposta por qualquer cidadão, necessitando titulo
eleitoral ou documento correspondente, não admitindo propositura por
pessoa jurídica. O MP também não pode propor ação popular.
DIREITO À VIDA
▪ Na CF de 1988, o direito à vida foi expressamente contemplado no caput do art. 5°.
▪ Também é importante mencionar a proteção da vida por meio da proibição da pena de
morte, salvo em caso de guerra declarada (art. 5°, XLVII, a)
• A proibição da pena de morte, contudo, não implica que o direito à vida tenha
um caráter absoluto nem impede que a vida de alguém seja tomada sem
sanção jurídica (ex: legítima defesa)
▪ O conceito de vida, para efeitos da proteção jusfundamental, é aquele de existência
física, cuidando de critério meramente biológico.
▪ Consiste no direito de todos os seres humanos de viverem, abarcando a existência
corporal no sentido da existência biológica e fisiológica do ser humano.
▪ O direito à vida digna: proíbe tratamento indigno, degradante, desumano, tortura,
penas de caráter perpetuo, trabalhos forçados e cruéis. Surge da ligação entre o
direito a vida e a dignidade da pessoa humana.
▪ Todavia, é importante ressaltar que direito à vida e dignidade humana não se
confundem, uma vez sendo direitos autônomos e diferentes, a fim de evitar os ricos de
uma “biologização” da dignidade.
▪ Outro direito o qual este possui forte conexão é o direito à integridade física, o qual
protege a integridade corporal e psíquica.
▪ O direito à saúde, embora também apresente forte conexão com o tópico atual, com
este não pode ser confundido.
▪ No contexto da proteção ambiental, o direito à vida também impõe medidas de
proteção contra a degradação do meio ambiente.
▪ Sua titularidade é a mais ampla possível, sendo assegurada a qualquer pessoa
natural, não sendo apenas reservada aos brasileiros e estrangeiros residentes.
▪ Questão sobre fetos:
• De acordo com o STF (ADIn 3.510), não haveria titularidade de um direito à vida
antes do nascimento com vida.
• Por outro lado, é também possível compreender da decisão referida que a
proteção da vida intrauterina, se da por extensão do âmbito subjetivo de
proteção da dignidade humana.
• Dessa forma, verifica-se que o reconhecimento de tal titularidade antes do
nascimento segue sujeito de controvérsia.
▪ Obrigações estatais derivadas do dever de proteção da vida abrangem:
a) Dever de proteção da vida por meio de medidas positivas
b) Dever de amparo financeiro
c) Estabelecimento de normas de direito organizacional e processual
d) Deveres de criminalização e responsabilidade civil e administrativa
e) Proibições e sanções estatais direcionadas aos particulares
▪ Discussão sobre a interrupção da gravidez:
• Questão que polariza as opiniões na esfera doutrinária, legislativa e
jurisprudencial.
• No Brasil, para efeitos da legislação infraconstitucional, a prática voluntária
do aborto, salvo nos casos de risco para a vida da mãe ou vítima de delito
sexual, permanece sendo crime.
DIREITO DE IGUALDADE
▪ Igualdade e justiça são noções que guardam uma conexão íntima.
▪ No direito constitucional contemporâneo, a igualdade passou a constituir valor
central, representando a pedra angular do constitucionalismo moderno.
▪ O principio da igualdade, dessa forma, se apresenta como um dos princípios
estruturantes das dimensões liberais, democráticas e sociais projetadas pela
Constituição de 1988.
▪ Art. I, Declaração Universal dos Direitos Humanos:
• “Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e direitos. São dotados
de razão e consciência e devem agir em relação uns aos outros com espírito de
fraternidade.”
▪ Importante notar que o princípio da igualdade e o direito de igualdade sofreram
significativa mutação quanto ao seu significado e alcance, especialmente acerca da
transição de uma concepção estritamente formal para uma noção material.
▪ Na perspectiva mencionada no tópico anterior, cabe identificar 3 fases que
representam a mudança quanto ao entendimento do princípio da igualdade:
a) Igualdade compreendida como igualdade de todos perante a lei.
b) Igualdade compreendida como proibição de discriminação de qualquer
natureza.
c) Igualdade como igualdade da própria lei, portanto, uma igualdade “na” lei.
▪ Da igualdade formal à igualdade material:
• Na sua primeira fase, o principio da igualdade se referenciava à noção de que
todos os homens são iguais, sendo, portanto, compreendida como absoluta em
termos jurídicos
• A igualdade formal, portanto, exige que todos que se encontrem numa mesma
situação recebem idêntico tratamento (igualdade na aplicação da lei).
• A atribuição de um sentimento material à igualdade, o qual não deixa de ser
uma igualdade de todos perante a lei, foi uma reação à ideia de que a igualdade
forma não afastava, por si só, situações de injustiça.
• Dessa forma, a igualdade perante a lei e na aplicação da lei se migrou para
uma igualdade também “na lei”. Portanto, na segunda fase, a igualdade opera
como exigência de critérios razoáveis e justos para determinados
tratamentos desiguais.
• Além disso, igualdade em sentido material também significa proibição de
tratamento arbitrário, ou seja, vedação de critérios injustos e violadores da
dignidade da pessoa humana.
• Por sua vez, a terceira fase se caracteriza pela evolução do princípio no âmbito
do constitucionalismo moderno, passando a se chamar de uma igualdade
social ou de fato.
▪ A Constituição de 1988 não limitou a enunciar a igualdade apenas no art. 5°, caput, mas
estabeleceu, ao logo do texto, uma série de disposições sobre o tratamento igualitário
e a proibição da discriminação.
• Ex: igualdade entre homens e mulheres, proibição de diferença de salários,
igualdade de direitos entre o trabalhador permanente e avulso, etc.
▪ Dimensão objetiva: a igualdade constitui valor estruturante do Estado Constitucional
na condição de Estado Democrático e Social.
▪ Dimensão subjetiva: opera como fundamento de posições individuais e mesmo
coletivas que tem por objeto a proibição de tratamentos em desacordo com as
exigências da igualdade, assim como funciona de fundamento de direitos derivados a
prestações.
PROIBIÇÃO DA TORTURA
▪ Elencada no art. 5°, III, e também na Lei de tortura (9455/97)
• III - ninguém será submetido a tortura nem a tratamento desumano ou degradante.
• (Lei da Tortura) Art. 1º Constitui crime de tortura:
I - Constranger alguém com emprego de violência ou grave ameaça, causando-lhe
sofrimento físico ou mental:
a) com o fim de obter informação, declaração ou confissão da vítima ou de terceira
pessoa;
b) para provocar ação ou omissão de natureza criminosa;
c) em razão de discriminação racial ou religiosa;
II - Submeter alguém, sob sua guarda, poder ou autoridade, com emprego de
violência ou grave ameaça, a intenso sofrimento físico ou mental, como forma de
aplicar castigo pessoal ou medida de caráter preventivo.
▪ Mesmo que não houvesse dispositivo na Constituição Federal especificamente sobre
tortura, tal proibição poderia ser diretamente deduzida do princípio da dignidade da
pessoa humana e sua integridade corporal, psíquica e moral.
▪ Nesse âmbito estamos diante de regras e não de princípios, implicando delegar o que
viola ou não viola a dignidade humana.
▪ Não é admitido o recuso de ponderação de bens e uso da proporcionalidade no conflito
entre a proibição da tortura e de tratamentos desumanos e degradantes, afinal, esta
assume caráter absoluto.
PRINCÍPIO DA LEGALIDADE
▪ Estabelecido no art. 5°, II, da Constituição Federal de 1988.
▪ Exigência de que a administração pública apenas poderá intervir em algum caso
concreto se tiver sido autorizada por lei, ou pelo menos com base nesta (legalidade
estrita)
▪ No âmbito dos particulares, por sua vez, o principio se baseia na permissividade das
condutas não proibidas por força da lei (autonomia da vontade)
▪ O princípio da legalidade constitui, portanto, uma garantia (fundamental)
constitucional da liberdade.
DIREITOS DE LIBERDADE
▪ Na Constituição de 1988, é possível afirmar a existência de um elenco de direitos
fundamentais específicos (liberdade de expressão, de reunião e manifestação, etc.),
mas também de um direito geral de liberdade.
▪ O constituinte brasileiro desenvolveu um catálogo minucioso de liberdades, ao
contrário de constituições como a alemã e a portuguesa, as quais consagram a
liberdade de forma mais genérica.
▪ O direito geral de liberdade pode ser interpretado na previsão do art. 5°, §2, o qual
estabelecer um sistema aberto de direitos e garantias fundamentais.
• Está aberto à integração com outras liberdades previstas nas declarações de
direitos no plano internacional.
• Funciona como um principio geral de interpretação e integração em espécie e
de identificação de liberdades implícitas na ordem constitucional.
• Dessa forma, a positivação de um direito geral de liberdade introduz uma
cláusula geral que permite dela derivar outras liberdades não expressamente
consagradas no texto constitucional.
▪ A liberdade é vista como um valor relacional, uma vez que esta é exercida nos limites
dos direitos fundamentais do outro.
▪ Além da liberdade formal, é relevante mencionar a existência de uma liberdade
material, uma vez que, apenas o reconhecimento e a proteção de ambas as dimensões
correspondem às exigências da dignidade da pessoa humana.
• Liberdade formal: assume a feição de uma liberdade jurídica, no sentido de
que “é permitido tanto fazer algo, quanto deixar de fazê-lo, isso ocorre
exatamente quando algo não é nem obrigatório, nem proibido”.
• Liberdade material: esta, por sua vez, além da liberdade formal, abrange uma
visão econômico-social, implicando na ausência de barreiras econômicas que
consequentemente impeçam o exercício de alternativas de ação.
▪ Espécies de liberdade ne CF:
a) Liberdade de manifestação do pensamento (incluindo a liberdade de opinião);
b) Liberdade de expressão artística;
c) Liberdade de ensino e pesquisa;
d) Liberdade de comunicação e de informação (liberdade de “imprensa”);
e) Liberdade de expressão religiosa
1) Liberdade de Expressão:
• A Constituição Federal de 1988 guarda sintonia com a evolução registrada, a
contar da Declaração Universal dos Direitos Humanos de 1948 no âmbito do
direito internacional dos direitos humanos.
• Em nossa ultima Carta magna, as liberdades de expressão não foram apenas
mais detalhadas, como também passaram a corresponder ao patamar do
Estado Democrático de Direito.
• A liberdade de expressão, nas suas diversas manifestações, engloba tanto o
direito de a pessoa se exprimir quanto o de não se expressar ou mesmo de não
se informar.
• Art. 5°, IV: “é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato”
• Art. 5.º, V: “é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da
indenização por dano material, moral ou à imagem”
• Art. 5°, VI: “é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo
assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei,
a proteção aos locais de culto e a suas liturgias”
• Art. 5°, IX: “é livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de
comunicação, independentemente de censura ou licença”.
• Em nosso texto, encontramos diversos enunciados dispersos, formulados de
modo a assegurar expressamente os direitos de liberdade da pessoa (Ex: art.
206, II, o qual trata da liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar
pensamento nas diretrizes do ensino”)
• A liberdade de expressão encontra limites na restrição voltada ao combate do
preconceito e intolerância contra as minorias estigmatizadas (ponderação e
proporcionalidade)
• Vedação do anonimato (art. 5°, IV)
o Aplica-se às liberdades de expressão em geral.
o Devido ao anonimato, eventual responsabilização civil ou penal
poderia ficar inviabilizada.
o Não exclui o sigilo da fonte, mas a comunicação com esse direito nem
sempre é de fácil realização na prática.
• Direito de resposta proporciona ao agravo (art. 5°, V)
o Ao mesmo tempo em que reconhece e protege a liberdade de
expressão, a CF assegura o direito de resposta proporcional às
manifestações que venham a afetar bens e direitos fundamentais de
terceiros.
o É um meio de assegurar o contraditório no processo público da
comunicação.
• O STF (na ADPF 130) decidiu pela não recepção da Lei de Imprensa,
que regulamentava o direito de resposta, mostrado que o direito de
resposta encontra-se consagrado como direito fundamental na
Constituição Federal.
• A questão do chamado discurso do ódio é de grande relevância ao contexto da
liberdade de expressão, uma vez que esta encontra limites na dignidade da
pessoa humanas e todos os grupos afetados por mensagens de teor
discriminatório ou violento. Exemplo: Caso “Ellwanger”, no qual o STF alegou
condenação criminal ao autor de obras de teor antissemita.
• Outra situação de grande repercussão sobre os limites do ilícito pena, foi
2) Liberdade de consciência e crença (religiosa)
• Constituem uma das mais antigas e fortes reivindicações do indivíduo.
• A liberdade religiosa foi uma das primeiras liberdades asseguradas nas
declarações de direitos.
• Jellinek afirma ter sido a primeira expressão da ideia de um direito universal
e fundamental da pessoa humana.
• Na Constituição de 1988, vemos a liberdade religiosa contemplada em 3
momentos do título “Dos direitos e garantias fundamentais”:
o Art. 5.º, VI: “É inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo
assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma da
lei, a proteção aos locais de culto e a suas liturgias”.
o Art. 5.º, VII: “É assegurada, nos termos da lei, a prestação de assistência
religiosa nas entidades civis e militares de internação coletiva”.
o Art. 5.º, VIII: “Ninguém será privado de direitos por motivo de crença religiosa
ou de convicção filosófica ou política, salvo se as invocar para eximir-se de
obrigação legal a todos imposta e recusar-se a cumprir prestação
alternativa, fixada em lei”.
• Embora conexas, a liberdade de consciência e crença não se confundem,
apresentando dimensões autônomas. A primeira assume uma dimensão mais
ampla.
o Segundo Konrad Hesse, é possível afirmar que a liberdade de crença e de
confissão religiosa e ideológica aparece como uma manifestação particular
do direito fundamental mais geral da liberdade de consciência
• Na Constituição Federal de 1988, o Estado Laico é defendido no art. 19, o qual
veda aos entes da Federação que estabeleçam, subvencionem ou embaracem
o funcionamento de cultos religiosos ou igrejas. (a referência a Deus no
preâmbulo não possui caráter normativo, não compromete a neutralidade)
• A liberdade de consciência e crença, assim como os demais direitos, encontra
limites em outros direitos fundamentais e na dignidade da pessoa humana.
(Ex: atos de cunho religioso que afetam terceiros ou levem a um dever de
proteção estatal da pessoa contra si próprio, como no caso de greve de fome)
DIREITOS POLÍTICOS
▪ A cidadania, bem como os direitos e deveres fundamentais correlatos, guarda estreita
relação com os direitos de participação ativa na formação da vontade política estatal,
bem como dos processos democráticos e decisórios.
▪ Tal aspecto revela a vinculação entre democracia e a garantia organizacional e
política da dignidade da pessoa humana.
▪ Por ser um Estado Democrático Direito, o estado brasileiro guarda relação direta entre
democracia e direitos políticos (se verifica uma relação de reciprocidade e
interdependência)
▪ A democracia não é apenas forma, um mero processo de legitimação do poder estatal.
Esta também possui uma dimensão material, cabendo o reconhecimento, respeito,
proteção e promoção de determinados princípios e direitos.
▪ Os direitos políticos dizem respeito, dessa forma, ao processo político interno dos
Estados, ao respectivo modelo democrático e do conteúdo e ao alcance dos
respectivos direitos políticos.
▪ Direitos políticos em perspectiva supranacional:
• O direito internacional dos direitos humanos acabou consagrando uma pauta
mínima em matéria de direitos políticos, a começar pela Declaração Universal
dos Direitos Humanos.
• Tal fato ocorreu em função do valor da democracia para a comunidade
internacional, e a relevância da participação individual nos processos de
decisão.
▪ Direitos políticos no constitucionalismo brasileiro:
• Os direitos políticos, como de resto os direitos fundamentais em geral, tiveram
uma posição de destaque na Constituição Federal.
• Os direitos políticos em sentido estrito, no sentido de direitos e garantias
diretamente destinados a assegurar uma livre e eficaz participação do
cidadão nos processos de tomada de decisão política na esfera estatal, foram
contemplados pela CF nos arts. 14 a 16.
• Por sua vez, a questão dos partidos políticos foi determinada no art. 17, sendo
de grande importância, uma vez que ninguém poderá eleger alguém que não
esteja vinculado a um partido político.
▪ A dimensão objetiva dos direitos políticos se relaciona com a ampliação do espaço da
dimensão subjetiva, pois, para além de direitos negativos, a primeira tem por objeto
bloquear a intervenção no âmbito de proteção do direito ou, de assegurar o não
impedimento de ações ou omissões por parte do seu titular, os direitos políticos
assumem a condição de direitos a prestações.
▪ Diretrizes principais dos direitos políticos:
1) Todos os direitos políticos previstos no Título II da CF têm igual dignidade
constitucional na condição de direitos fundamentais
2) Como direitos fundamentais, todos os direitos políticos devem ser submetidos,
em termos substanciais, ao mesmo regime jurídico-constitucional, com
destaque para a aplicabilidade imediata de suas normas, cláusulas pétreas e
restrições em matéria de direitos fundamentais.
3) Os direitos políticos não têm a priori peso maior ou menor que os demais
direitos e garantias fundamentais, devendo ser aplicados de modo sistemático
e harmônico.
4) Numa perspectiva material está em causa a sua posição de destaque para a
dignidade da pessoa humana e a democracia, já numa visão formal se traduz,
num conjunto de garantias, ou seja, num regime jurídico-constitucional
privilegiado.
▪ Titularidade dos direitos políticos:
• Titulares dos direitos políticos na perspectiva da Constituição Federal são, em
regra, os nacionais, ou seja, os brasileiros natos e naturalizados.
• A titularidade vária em ativa e passiva:
o A titularidade ativa (assim como do passivo) pressupõe, todavia, o
alistamento eleitoral, que é obrigatório para os maiores de 18 anos e
facultativo para os analfabetos.
o Para a titularidade passiva, por sua vez, devem ser atendidas as
condições de elegibilidade previstas no art. 14, § 3.º, da CF. Trata-se de
requisitos a serem observados em todos os casos, seja qual for o cargo
eletivo almejado, além do pleno exercício dos direitos políticos, o
alistamento eleitoral, o domicílio eleitoral na circunscrição e a filiação
partidária.