Você está na página 1de 88

DIA DA

CONSTITUIÇÃO
25/03
DIREITO CONSTITUCIONAL

Prof. Daniel Sena


Profª Alessandra Vieira
Prof. Giuliano Tamagno
Direito Constitucional

Professor Daniel Sena

www.acasadoconcurseiro.com.br
Direito Constitucional

PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS

PREÂMBULO

Nós, representantes do povo brasileiro, reunidos em Assembléia Nacional Constituinte para


instituir um Estado Democrático, destinado a assegurar o exercício dos direitos sociais e
individuais, a liberdade, a segurança, o bem-estar, o desenvolvimento, a igualdade e a justiça
como valores supremos de uma sociedade fraterna, pluralista e sem preconceitos, fundada na
harmonia social e comprometida, na ordem interna e internacional, com a solução pacífica das
controvérsias, promulgamos, sob a proteção de Deus, a seguinte CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA
FEDERATIVA DO BRASIL.

Segundo o STF, o preâmbulo não possui força normativa constitucional, logo, não pode
ser utilizado como parâmetro de Controle de Constitucionalidade.

TÍTULO I
Dos Princípios Fundamentais
Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e
do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos:

Princípios Fundamentais
A Forma de Estado adotada no Brasil é a Federativa. A Forma de Estado reflete o modo
de exercício do poder político em função do território. A Federação caracteriza-se por:
• Forma composta ou complexa.
• Pluralidade de poderes políticos internos.
• Pluralidade de Constituições.

www.acasadoconcurseiro.com.br 5
• Autonomia política de cada estado.
• Impossibilidade de secessão.
• Existência de uma Constituição Federal.
• A soberania pertence ao Estado Federal.
• Repartição de competências.
• Participação dos Estados-membros na formação da vontade nacional.
• Existência de um Guardião da Constituição Federal (STF).
• Federalismo tricotômico, centrífugo e por desagregação.
• Clausula pétrea (art. 60, § 4º, CF).
A Forma de Governo adotada no Brasil é a Republicana. A Forma de Governo reflete o
modo de aquisição e exercício do poder político, mede a relação entre o governante e o
governado. O Republicanismo caracteriza-se por:
• Etimologia: “rés pública” (coisa pública).
• Administração da coisa pública em prol da coletividade.
• Temporariedade do exercício do poder.
• Responsabilidade.
• Poder do povo.
• Princípio sensível (art. 34, VII, a, CF).
O Sistema de Governo adotado no Brasil é Presidencialista. O sistema de governo rege
a relação entre o Poder Executivo e o Legislativo medindo o grau de dependência entre
eles. O Presidencialismo caracteriza-se por: O Presidente é o Chefe de Estado, Chefe
de Governo e Chefe da Administração Pública; o presidente é eleito pelo povo direta
ou indiretamente; mandato certo; prevalece a separação entre o Poder Legislativo e
Executivo, independentes e harmônicos entre si.
O Regime de Governo adotado no Brasil é o Democrático. Caracteriza-se por ser: um
Estado Democrático de Direito, estado da social democracia, dignidade da pessoa
humana. Governo do povo, pelo povo e para o povo (soberania popular). Democracia
brasileira: semi-direta ou participativa. Princípio sensível (art. 34, VII, a, CF) .

I – a soberania;
II – a cidadania
III – a dignidade da pessoa humana;
IV – os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa;
V – o pluralismo político.

6 www.acasadoconcurseiro.com.br
Direito Constitucional

Dica de memorização dos fundamentos: SO CI DI VA PLU

Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos
ou diretamente, nos termos desta Constituição.

Soberania popular: democracia semi-direta ou participativa. Pode ser exercida direta


ou indiretamente

Art. 2º São Poderes da União, independentes e harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o
Judiciário.

Princípio da Tripartição dos poderes


• Limitação dos poderes do Estado para evitar a arbitrariedade.
• Preservação do Estado Democrático de Direito.
• Três poderes:

a) Executivo
• Função típica – governar, administrar, executar.
• Função atípica – legislar e julgar.
b) Legislativo
• Função típica – edição de normas gerais, inovação do ordenamento jurídico,
fiscalização contábil e financeira.
• Função atípica – administrar e julgar.
c) Judiciário
• Função típica – jurisdicional, aplicar o direito ao caso concreto.
• Função atípica – administrar e legislar.

• Sistema de freios e contrapesos – permite um equilíbrio entre os poderes para


que nenhum seja maior que o outro.

Art. 3º Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil:


I – construir uma sociedade livre, justa e solidária;
II – garantir o desenvolvimento nacional;
III – erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais;

www.acasadoconcurseiro.com.br 7
IV – promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer
outras formas de discriminação.

Dica de memorização dos objetivos: CON GA ER PRO

Art. 4º A República Federativa do Brasil rege-se nas suas relações internacionais pelos seguintes
princípios:
I – independência nacional;
II – prevalência dos direitos humanos;
III – autodeterminação dos povos;
IV – não-intervenção;
V – igualdade entre os Estados;
VI – defesa da paz;
VII – solução pacífica dos conflitos;
VIII – repúdio ao terrorismo e ao racismo;
IX – cooperação entre os povos para o progresso da humanidade;
X – concessão de asilo político.

Dica de memorização dos Princípios que regem as relações internacionais: A IN DE


NÃO CON PRE I RE CO S

Parágrafo único. A República Federativa do Brasil buscará a integração econômica, política,


social e cultural dos povos da América Latina, visando à formação de uma comunidade latino-
americana de nações.

8 www.acasadoconcurseiro.com.br
Direito Constitucional

DOS DIREITOS E DEVERES INDIVIDUAIS E COLETIVOS

CAPÍTULO I
DOS DIREITOS E DEVERES INDIVIDUAIS E COLETIVOS
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos
brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à
igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:

1. Destinatários dos Direitos Fundamentais:


•• Brasileiros e estrangeiros residentes no país. Lembrando que os estrangeiros não
precisam morar no país, bastam estar no país.
•• Podem ser pessoas físicas ou jurídicas, de direito público ou de direito privado.
2. Vida
•• Aborto: proibido no Brasil, ressalvados os casos de excludentes de ilicitude previstos
no Código Penal, no artigos 128:
a) Aborto necessário – para salvar a vida da mãe
b) Aborto sentimental – para as vítimas de estupro
c) Aborto do feto anencefálico – STF para os casos de feto sem cérebro
•• Eutanásia: proibido no Brasil
•• Pena de morte: permitida no Brasil em caso de guerra declarada nos termos do
art. 5º, XLVII
3. Liberdade
•• 1ª geração de direitos fundamentais
•• Direito de autodeterminação, escolha

www.acasadoconcurseiro.com.br 9
4. Igualdade
•• Principio da igualdade ou isonomia
a) Igualdade formal – todos são iguais perante a lei, igualdade jurídica
b) Igualdade material – igualdade efetiva, substancial: “tratar os iguais com igualdade
e os desiguais com desigualdade, na medida das suas desigualdades”
•• Ações afirmativas ou discriminações positivas
5. Segurança
•• Segurança jurídica
•• Tranquilidade para exercer os direitos fundamentais
•• Estabilidade nas relações jurídicas
•• Garantias constitucionais
6. Propriedade
•• É o direito de usar, gozar, dispor e reivindicar os seus bens

I – homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos termos desta Constituição;

1. Regra: igualdade entre homens e mulheres


2. Exceções:
a) Aposentadoria
Homem: 35 de contribuição e 65 de idade
Mulher: 30 de contribuição e 60 de idade
b) Licença
Maternidade: 120 dias
Paternidade: 5 dias
c) Serviço militar obrigatório: só para os homens

II – ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei;

10 www.acasadoconcurseiro.com.br
Direito Constitucional

1. Liberdade matriz ou Princípio da Legalidade:


•• Legalidade para o particular – pode fazer tudo o que não for proibido
•• Legalidade para o agente público – só pode fazer o que a lei manda ou permite

III – ninguém será submetido a tortura nem a tratamento desumano ou degradante;


IV – é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato;

Liberdade de manifestação do pensamento


•• O pensamento é livre, mas sua manifestação deve ser controlada, pois não é um
direito absoluto
•• Denúncia anônima: Não é possível instauração de Inquérito policial baseado uni-
camente na denúncia anônima. Neste caso, o poder público deve atestar a verossi-
milhança da denúncia e a comprovação dos fatos.
•• Para o STF a “marcha da maconha” é constitucional por decorrer diretamente da
Liberdade de manifestação do pensamento.
•• Não é necessária autorização do biografado para o autor escrever uma biografia.
•• A profissão de jornalista não exige formação superior em jornalismo.

V – é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da indenização por dano


material, moral ou à imagem;

Juntamente com a vedação ao anonimato, a responsabilização de quem ofende


outrem funciona como garantia constitucional, norma de proteção para o exercício
da liberdade de pensamento

VI – é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos


cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e a suas liturgias;
VII – é assegurada, nos termos da lei, a prestação de assistência religiosa nas entidades civis e
militares de internação coletiva;
VIII – ninguém será privado de direitos por motivo de crença religiosa ou de convicção filosófica
ou política, salvo se as invocar para eximir-se de obrigação legal a todos imposta e recusar-se a
cumprir prestação alternativa, fixada em lei;

www.acasadoconcurseiro.com.br 11
Liberdade de consciência e crença religiosa (VI – VIII)
•• Decorre do fundamento constitucional de Pluralismo Político
•• O Brasil não possui religião oficial
•• No Brasil a relação entre o Estado e a igreja é uma relação de separação, logo, ele
é reconhecido como Estado Laico, Leigo ou não – confessional
•• Todas as manifestações religiosas possuem proteção constitucional desde que
compatíveis com todo o ordenamento jurídico
•• O inciso VIII fala da chamada Escusa de consciência (imperativo ou objeção de
consciência). Ocorre quando um indivíduo deixa de fazer algo em virtude da sua
crença. Quando não quiser cumprir uma obrigação imposta a todos, ele deverá
cumprir uma prestação alternativa fixada em lei. Caso não cumpra nenhuma das
duas, ocorrerão restrições nos seus direitos políticos.

IX – é livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, indepen-


dentemente de censura ou licença;

Liberdade de expressão

X – são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o
direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação;
XI – a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo penetrar sem consentimento
do morador, salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar socorro, ou, durante
o dia, por determinação judicial;

Inviolabilidade domiciliar
1. Exceções a inviolabilidade da casa:
Qualquer hora: flagrante delito, desastre ou para prestar socorro
Durante o dia: determinação judicial
2. Casa: local delimitado e separado, não aberto ao público, ocupado com exclusivida-
de a qualquer título. Para o STF, o conceito de casa pode ser ampliado (escritório profis-
sional, quarto de hotel, oficina mecânica, garagem, trailer, barco)
3. Dia:
•• 06:00 às 18:00 (regra adotada nas provas)
•• Aurora ao Crepúsculo

12 www.acasadoconcurseiro.com.br
Direito Constitucional

XII – é inviolável o sigilo da correspondência e das comunicações telegráficas, de dados e das


comunicações telefônicas, salvo, no último caso, por ordem judicial, nas hipóteses e na forma
que a lei estabelecer para fins de investigação criminal ou instrução processual penal;

Inviolabilidade das Comunicações


•• Inviolabilidade relativa
•• Correspondências podem ser restringidas no Estado de defesa e Estado de sítio ou
em estabelecimentos penais para evitar-se a prática de crimes
•• Comunicação telefônica: Prevista expressamente sua quebra apenas por ordem ju-
dicial quando ocorrer investigação criminal ou instrução processual penal.
•• Lei 9.296/96 – Lei das interceptações telefônicas
Interceptação – gravação, no momento em que se realiza, terceira pessoa, sem con-
sentimento. Depende de autorização judicial;
Gravação – um dos interlocutores, sem consentimento do outro. Permitida no caso de
legítima defesa;
Gravação ambiental – captação de conversa, imagem, consentimento de um dos inter-
locutores. Permite-se no caso de legítima defesa.
•• Sigilo dos dados bancário e fiscal
Permite-se a quebra quando utilizados para ocultar atividades ilícitas
Indispensável a individualização do objeto e do investigado
Autorização judicial, de CPI, diretamente pelo FISCO, requisição do MP (ao juiz ou a CPI
segundo o STF).
HC para impugnar decisão judicial

XIII – é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, atendidas as qualificações


profissionais que a lei estabelecer;

Liberdade de ação profissional


•• Norma de eficácia contida

XIV – é assegurado a todos o acesso à informação e resguardado o sigilo da fonte, quando


necessário ao exercício profissional 1;

1 Vide nota de referência ao inciso IV do artigo 5º, da CF.

www.acasadoconcurseiro.com.br 13
Liberdade de informação

XV – é livre a locomoção no território nacional em tempo de paz, podendo qualquer pessoa,


nos termos da lei, nele entrar, permanecer ou dele sair com seus bens;

Liberdade de locomoção
•• Direito de ir, vir e ficar
•• Durante o Estado de Defesa e Estado de Sítio a liberdade de locomoção poderá
sofrer restrições
•• Restrições ilegais e com abuso de poder, pode-se utilizar o Habeas Corpus para se
proteger

XVI – todos podem reunir-se pacificamente, sem armas, em locais abertos ao público, indepen-
dentemente de autorização, desde que não frustrem outra reunião anteriormente convocada
para o mesmo local, sendo apenas exigido prévio aviso à autoridade competente;

Liberdade de Reunião
1. Requisitos para exercer o direito de reunião:
•• Pacifica
•• Sem armas
•• Locais abertos ao público
•• NÃO precisa de autorização X PRECISA de prévio aviso
•• Não frustrar outra reunião convocada anteriormente para o mesmo local
2. Limitação ao direito de reunião
Estado de Defesa: restrição
Estado de Sítio: suspensão

XVII – é plena a liberdade de associação para fins lícitos, vedada a de caráter paramilitar;
XVIII – a criação de associações e, na forma da lei, a de cooperativas independem de autorização,
sendo vedada a interferência estatal em seu funcionamento;

14 www.acasadoconcurseiro.com.br
Direito Constitucional

XIX – as associações só poderão ser compulsoriamente dissolvidas ou ter suas atividades


suspensas por decisão judicial, exigindo-se, no primeiro caso, o trânsito em julgado;
XX – ninguém poderá ser compelido a associar-se ou a permanecer associado;
XXI – as entidades associativas, quando expressamente autorizadas, têm legitimidade para
representar seus filiados judicial ou extrajudicialmente;

Liberdade de associação (XVII – XXI)


•• Sua criação não depende de autorização
•• Vedada associação paramilitar
•• Proibida a interferência estatal em seu funcionamento interno
•• Dissolução X Suspensão
a) Dissolução – mais grave, precisa de sentença judicial mais forte (transitada em jul-
gado)
b) Suspensão – mais branda, qualquer decisão judicial resolve

XXII – é garantido o direito de propriedade;


XXIII – a propriedade atenderá a sua função social;
XXIV – a lei estabelecerá o procedimento para desapropriação por necessidade ou utilidade
pública, ou por interesse social, mediante justa e prévia indenização em dinheiro, ressalvados
os casos previstos nesta Constituição;

Desapropriação por necessidade ou utilidade pública ou por interesse social:


•• Necessidade ou utilidade pública ou interesse social
•• Prévia e justa indenização em dinheiro

XXV – no caso de iminente perigo público, a autoridade competente poderá usar de propriedade
particular, assegurada ao proprietário indenização ulterior, se houver dano;

Requisição administrativa
•• Autoexecutável
•• Indenização ulterior só se houver dano

www.acasadoconcurseiro.com.br 15
XXVI – a pequena propriedade rural, assim definida em lei, desde que trabalhada pela família,
não será objeto de penhora para pagamento de débitos decorrentes de sua atividade produtiva,
dispondo a lei sobre os meios de financiar o seu desenvolvimento;

Bem de família
•• Pequena propriedade rural
•• Trabalhada pela família
•• Protegida contra penhora para pagamentos de débitos decorrentes da atividade
produtiva

XXVII – aos autores pertence o direito exclusivo de utilização, publicação ou reprodução de


suas obras, transmissível aos herdeiros pelo tempo que a lei fixar;
XXVIII – são assegurados, nos termos da lei:
a) a proteção às participações individuais em obras coletivas e à reprodução da imagem e voz
humanas, inclusive nas atividades desportivas;
b) o direito de fiscalização do aproveitamento econômico das obras que criarem ou de que
participarem aos criadores, aos intérpretes e às respectivas representações sindicais e associa-
tivas;

Propriedade autoral (XXVII e XXVIII)


•• Lei 9.610/98
•• O direito do autor é vitalício e o do herdeiro é temporário

XXIX – a lei assegurará aos autores de inventos industriais privilégio temporário para sua
utilização, bem como proteção às criações industriais, à propriedade das marcas, aos nomes de
empresas e a outros signos distintivos

Propriedade industrial
•• Lei 9.279/96
•• O direito do autor é temporário

16 www.acasadoconcurseiro.com.br
Direito Constitucional

XXX – é garantido o direito de herança;


XXXI – a sucessão de bens de estrangeiros situados no País será regulada pela lei brasileira em
benefício do cônjuge ou dos filhos brasileiros, sempre que não lhes seja mais favorável a lei
pessoal do "de cujus";

Direito de herança
Bens de estrangeiros situados no Brasil serão regulados pela lei mais favorável aos
herdeiros podendo ser a estrangeira ou brasileira

XXXII – o Estado promoverá, na forma da lei, a defesa do consumidor;

Lei 8.078/90 – Código de Defesa do Consumidor

XXXIII – todos têm direito a receber dos órgãos públicos informações de seu interesse
particular, ou de interesse coletivo ou geral, que serão prestadas no prazo da lei, sob pena de
responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja imprescindível à segurança da sociedade
e do Estado;

Liberdade de informação
•• Não é um direito absoluto: possibilidade de restrição por meio de sigilo quando for
necessário à segurança da sociedade ou do Estado.

XXXIV – são a todos assegurados, independentemente do pagamento de taxas:


a) o direito de petição aos Poderes Públicos em defesa de direitos ou contra ilegalidade ou
abuso de poder;
b) a obtenção de certidões em repartições públicas, para defesa de direitos e esclarecimento
de situações de interesse pessoal;

Direito de petição e certidão

www.acasadoconcurseiro.com.br 17
XXXV – a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito;

Princípio da Inafastabilidade da Jurisdição, direito de ação ou principio do livre


acesso ao poder judiciário.

XXXVI – a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada;

Princípio da segurança nas relações jurídicas


•• Direito adquirido – direito já incorporado ao patrimônio do indivíduo
•• Ato jurídico perfeito – ato jurídico acabado, consumado
•• Coisa julgada – decisão judicial da qual não caiba mais recurso

XXXVII – não haverá juízo ou tribunal de exceção;

Principio do juiz natural ou juiz legal

XXXVIII – é reconhecida a instituição do júri, com a organização que lhe der a lei, assegurados:
a) a plenitude de defesa;
b) o sigilo das votações;
c) a soberania dos veredictos;
d) a competência para o julgamento dos crimes dolosos contra a vida;

Tribunal do Júri
•• Súmula Vinculante 45: A competência constitucional do Tribunal do Júri prevalece
sobre o foro por prerrogativa de função estabelecido exclusivamente pela
constituição estadual.

XXXIX – não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação legal;

18 www.acasadoconcurseiro.com.br
Direito Constitucional

Principio da anterioridade

XL – a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu;

Principio da irretroatividade

XLI – a lei punirá qualquer discriminação atentatória dos direitos e liberdades fundamentais;
XLII – a prática do racismo constitui crime inafiançável e imprescritível, sujeito à pena de
reclusão, nos termos da lei;
XLIII – a lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis de graça ou anistia a prática da
tortura , o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o terrorismo e os definidos como
crimes hediondos, por eles respondendo os mandantes, os executores e os que, podendo
evitá-los, se omitirem;
XLIV – constitui crime inafiançável e imprescritível a ação de grupos armados, civis ou militares,
contra a ordem constitucional e o Estado Democrático;

Insuscetíveis de
Imprescritíveis Inafiançáveis
graça e anistia
•• Racismo
•• Ação de grupos armados •• Terrorismo
•• Racismo •• Terrorismo •• Tráfico de drogas
•• Ação de grupos armados •• Tráfico de drogas •• Tortura
•• Tortura •• Crimes hediondos
•• Crimes hediondos

XLV – nenhuma pena passará da pessoa do condenado, podendo a obrigação de reparar o


dano e a decretação do perdimento de bens ser, nos termos da lei, estendidas aos sucessores e
contra eles executadas, até o limite do valor do patrimônio transferido;

Principio da personalidade da pena

XLVI – a lei regulará a individualização da pena e adotará, entre outras, as seguintes:


a) privação ou restrição da liberdade;

www.acasadoconcurseiro.com.br 19
b) perda de bens;
c) multa;
d) prestação social alternativa;
e) suspensão ou interdição de direitos;

XLVII – não haverá penas:


a) de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos termos do art. 84, XIX;
b) de caráter perpétuo;
c) de trabalhos forçados;
d) de banimento;
e) cruéis;

XLVIII – a pena será cumprida em estabelecimentos distintos, de acordo com a natureza do


delito, a idade e o sexo do apenado;

Principio da individualização da pena

XLIX – é assegurado aos presos o respeito à integridade física e moral;

Direitos dos Presos


Uso de algemas
•• Regulamentado pelo Decreto nº 8.858/2016.
•• Súmula Vinculante 11: Só é lícito o uso de algemas em casos de resistência e de
fundado receio de fuga ou de perigo à integridade física própria ou alheia, por parte
do preso ou de terceiros, justificada a excepcionalidade por escrito, sob pena de
responsabilidade disciplinar, civil e penal do agente ou da autoridade e de nulidade
da prisão ou do ato processual a que se refere, sem prejuízo da responsabilidade
civil do Estado.
Execução da pena:
•• Súmula Vinculante 56: A falta de estabelecimento penal adequado não autoriza
a manutenção do condenado em regime prisional mais gravoso, devendo-se
observar, nessa hipótese, os parâmetros fixados no RE 641.320/RS.

20 www.acasadoconcurseiro.com.br
Direito Constitucional

L – às presidiárias serão asseguradas condições para que possam permanecer com seus filhos
durante o período de amamentação;
LI – nenhum brasileiro será extraditado, salvo o naturalizado, em caso de crime comum, prati-
cado antes da naturalização, ou de comprovado envolvimento em tráfico ilícito de entorpecen-
tes e drogas afins, na forma da lei;
LII – não será concedida extradição de estrangeiro por crime político ou de opinião;

Extradição (LI e LII):


•• Ato de cooperação internacional
•• Exige-se tratado internacional de reciprocidade
•• Observa-se os princípios da Dupla Tipicidade e especialidade
•• Regras para extradição passiva:
a) Brasileiro nato – nunca
b) Brasileiro naturalizado – pode ser extraditado no caso de pratica de crime comum
antes da naturalização ou de comprovado envolvimento com tráfico de drogas antes
ou depois da naturalização
c) Estrangeiro – pode, exceto por crime político ou de opinião

LIII – ninguém será processado nem sentenciado senão pela autoridade competente;

Principio da individualização da pena

LIV – ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal;

Princípio do Devido Processo Legal


•• Limitação a arbitrariedade do Estado

LV – aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são


assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes;

www.acasadoconcurseiro.com.br 21
Principio do contraditório e ampla defesa
•• Processo judicial ou administrativo
•• Inquérito policial, sindicâncias, inquéritos civis e demais investigações: não é ne-
cessário
•• Contraditório: direito de se opor, debater, contraditar, direito a informação e a se
manifestar no processo
•• Ampla defesa: trazer ao processo todos os meios de defesa permitidos no direito
•• SV nº 3 – Nos processos perante o Tribunal de Contas da União asseguram-se o
contraditório e a ampla defesa quando da decisão puder resultar anulação ou re-
vogação de ato administrativo que beneficie o interessado, excetuada a aprecia-
ção da legalidade do ato de concessão inicial de aposentadoria, reforma e pensão.
•• SV nº 5 – A falta de defesa técnica por advogado no processo administrativo disci-
plinar não ofende a Constituição.
•• SV nº 14 – É direito do defensor, no interesse do representado, ter acesso amplo
aos elementos de prova que, já documentados em procedimento investigatório re-
alizado por órgão com competência de polícia judiciária, digam respeito ao exercí-
cio do direito de defesa.
•• SV nº 21 – É inconstitucional a exigência de depósito ou arrolamento prévios de
dinheiro ou bens para admissibilidade de recurso administrativo.
•• SV nº 28 – É inconstitucional a exigência de depósito prévio como requisito de ad-
missibilidade de ação judicial na qual se pretenda discutir a exigibilidade de crédito
tributário.

LVI – são inadmissíveis, no processo, as provas obtidas por meios ilícitos;

Inadmissibilidade das provas ilícitas


•• Provas ilícitas por derivação
Teoria dos frutos da árvore envenenada
Interpretação restritiva
Não anula o processo de pronto
As provas lícitas são preservadas
•• Em caso de legitima defesa, o STF permite que a prova ilícita seja utilizada

22 www.acasadoconcurseiro.com.br
Direito Constitucional

LVII – ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal
condenatória;

Principio da não culpabilidade, presunção de inocência


•• Tese de Repercussão geral (STF): A execução provisória de acórdão penal conde-
natório proferido em grau recursal, ainda que sujeito a recurso especial ou extra-
ordinário, não compromete o princípio constitucional da presunção de inocência
afirmado pelo artigo 5º, inciso LVII, da Constituição Federal.

LVIII – o civilmente identificado não será submetido a identificação criminal, salvo nas hipóteses
previstas em lei;

Lei de identificação criminal


•• Lei 12.037/2009

LIX – será admitida ação privada nos crimes de ação pública, se esta não for intentada no prazo
legal;

Ação penal privada subsidiária da pública

LX – a lei só poderá restringir a publicidade dos atos processuais quando a defesa da intimidade
ou o interesse social o exigirem;

Principio da publicidade dos atos processuais

LXI – ninguém será preso senão em flagrante delito ou por ordem escrita e fundamentada
de autoridade judiciária competente, salvo nos casos de transgressão militar ou crime
propriamente militar, definidos em lei;
LXII – a prisão de qualquer pessoa e o local onde se encontre serão comunicados imediatamente
ao juiz competente e à família do preso ou à pessoa por ele indicada;
LXIII – o preso será informado de seus direitos, entre os quais o de permanecer calado, sendo-
lhe assegurada a assistência da família e de advogado;

www.acasadoconcurseiro.com.br 23
Direito ao silêncio

LXIV – o preso tem direito à identificação dos responsáveis por sua prisão ou por seu interroga-
tório policial;
LXV – a prisão ilegal será imediatamente relaxada pela autoridade judiciária;
LXVI – ninguém será levado à prisão ou nela mantido, quando a lei admitir a liberdade provisó-
ria, com ou sem fiança;
LXVII – não haverá prisão civil por dívida, salvo a do responsável pelo inadimplemento voluntá-
rio e inescusável de obrigação alimentícia e a do depositário infiel;

Sumula Vinculante STF nº 25: “É ilícita a prisão civil de depositário infiel, qualquer que
seja a modalidade do depósito

LXVIII – conceder-se-á "habeas-corpus" sempre que alguém sofrer ou se achar ameaçado de


sofrer violência ou coação em sua liberdade de locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder;

Habeas Corpus
•• Gratuito
•• Ação constitucional penal
•• Cessar violência à liberdade de locomoção por ilegalidade ou abuso de poder
•• Espécies:
Repressivo ou liberatório – Violência produzida
Preventivo – Ameaça, antes de ocorrer a violência (salvo-conduto)
•• Partes:
Impetrante
Paciente
Autoridade coatora
•• Legitimidade ativa universal, nacional ou estrangeiro, Independente da capacidade
civil, idade ou estado mental, pessoa física ou jurídica
•• Em benefício próprio ou de terceiros

24 www.acasadoconcurseiro.com.br
Direito Constitucional

•• Contra autoridade pública (autoridade policial) ou particular (hospital particular


psiquiátrico)
•• Magistrados no exercício da função: concede de ofício
•• Pode ser interposto para trancar ação penal ou inquérito policial desde que da
imputação possa advir pena privativa de liberdade
•• Não se aplica a pena de multa ou simples advertência
•• Não se aplica a PAD ou processo de IMPEACHMENT
•• Segundo o artigo 142, §2º da CF, não cabe habeas corpus contra punições
disciplinares militares. Entretanto, segundo o STF cabe se a prisão for ilegal.
•• Serve para impugnar excesso de prazo da instrução penal
•• Serve para impugnar inserção de provas ilícitas (quebra do sigilo de comunicação
telefônica sem autorização judicial)

LXIX – conceder-se-á mandado de segurança para proteger direito líquido e certo, não ampara-
do por "habeas-corpus" ou "habeas-data", quando o responsável pela ilegalidade ou abuso de
poder for autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições do Poder
Público;
LXX – o mandado de segurança coletivo pode ser impetrado por:
a) partido político com representação no Congresso Nacional;
b) organização sindical, entidade de classe ou associação legalmente constituída e em funcio-
namento há pelo menos um ano, em defesa dos interesses de seus membros ou associados;

Mandado de segurança individual e coletivo


1. Ação constitucional civil
•• Lei nº 12.016/09
•• Requisitos:
Direito líquido e certo
Caráter subsidiário: não amparado por HC e HD
Ilegalidade ou abuso de poder
Autoridade pública ou agente da pessoa jurídica no exercício de atribuições do poder
público

www.acasadoconcurseiro.com.br 25
•• Legitimidade ativa: qualquer pessoa física ou jurídica
•• Legitimidade passiva: autoridade coatora. Autoridade com poder de decisão para
anular o ato. Pode ser autoridade pública ou privada;
•• Repressivo ou preventivo
•• Prazo: 120 dias a partir da ciência do ato a ser impugnado (decadencial)
•• Cabe MS contra diretor de estabelecimento particular de ensino
2. MS Coletivo
•• Objeto: preservação de interesses transindividuais
•• Legitimidade ativa:
a) Partido político
Representação no CN
A Lei 12.016/09 limitou a atuação aos fins partidários ou de seus membros

b) Organização sindical, entidade de classe ou associação em funcionamento há pelo


menos um ano
Têm que estar legalmente constituída e atuar na defesa dos interesses dos seus
membros ou associados
Substituição processual: não precisa de autorização específica dos membros desde que
haja previsão expressa no estatuto social
Pertinência temática
•• Objetivo:
Fortalecimento das organizações classistas
Pacificar as relações sociais

LXXI – conceder-se-á mandado de injunção sempre que a falta de norma regulam entadora
torne inviável o exercício dos direitos e liberdades constitucionais e das prerrogativas inerentes
à nacionalidade, à soberania e à cidadania;

Mandado de injunção
•• Ação constitucional Civil

26 www.acasadoconcurseiro.com.br
Direito Constitucional

•• Requisitos:
Norma constitucional de eficácia limitada
Falta de norma regulamentadora tornando impossível o exercícios de direitos
•• Objetivo: curar a inefetividade das normas constitucionais
•• Legitimidade ativa: qualquer pessoa
•• Legitimidade passiva: pessoa estatal com competência de regulamentar as normas
constitucionais
•• Teoria concretista: o STF concretiza o direito no caso concreto, com efeito erga
omnes ou inter partes, até que sobrevenha norma integrativa pelo poder legislativo
•• É possível mandado de injunção coletivo nos termos do mandado de segurança
coletivo
•• Em 2016 entrou em vigor a primeira lei que regulamenta o Mandado de Injunção
(Lei 13.300/16). Dentre as mudanças mais relevantes para sua prova podemos
citar:
•• Ampliação do rol de legitimados para impetração do mandado de injunção
coletivo com a inclusão do Ministério Público e da Defensoria Pública além dos
legitimados para impetrar o Mandado de Segurança coletivo (Partido Político com
representação no Congresso Nacional, Organização Sindical, entidade de classe e
associação legalmente constituída e em funcionamento há um ano.
•• Outra mudança relevante é que o efeito do MI passa a ser em regra inter partes
podendo ter efeito erga omnes no caso de necessidade para efetivação do direito.

LXXII – conceder-se-á "habeas-data":


a) para assegurar o conhecimento de informações relativas à pessoa do impetrante, constantes
de registros ou bancos de dados de entidades governamentais ou de caráter público;
b) para a retificação de dados, quando não se prefira fazê-lo por processo sigiloso, judicial ou
administrativo;

Habeas Data
•• Gratuito
•• Ação constitucional civil
•• Lei 9.507/97 – Rito processual sumário

www.acasadoconcurseiro.com.br 27
•• Assegura conhecimento, retificação, complementação ou explicação de informa-
ções e Anotação nos assentamentos funcionais
•• Banco de dados de repartições públicas ou privadas acessíveis ao público
•• Informações de interesse particular relativos a pessoa do impetrante (personalís-
sima)
•• Legitimidade ativa: PF, PJ, brasileiro ou estrangeiro
•• Não é absoluto: sigilo indispensável a segurança do Estado ou da sociedade.
•• Requisito: petição administrativa recusada (Súmula 2 STJ)

LXXIII – qualquer cidadão é parte legítima para propor ação popular que vise a anular ato lesivo
ao patrimônio público ou de entidade de que o Estado participe, à moralidade administrativa,
ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural, ficando o autor, salvo comprovada má-
fé, isento de custas judiciais e do ônus da sucumbência;

Ação popular
•• Ação processual civil
•• Preventiva e repressiva
•• Legitimidade ativa: pessoa física detentora dos direitos políticos (cidadão)
•• Defesa de interesse coletivo contra ato lesivo ao: Patrimônio público ou de entidade
de que o Estado participe, moralidade administrativa, meio ambiente, patrimônio
histórico e cultural
•• Lei 4.717/65
•• Meio direto de exercício da democracia
•• Isento de custas ou ônus da sucumbência, salvo má fé

LXXIV – o Estado prestará assistência jurídica integral e gratuita aos que comprovarem insufici-
ência de recursos;

Assistência judiciária gratuita


•• Destinados aos hipossuficientes

28 www.acasadoconcurseiro.com.br
Direito Constitucional

•• Defensorias Públicas

LXXV – o Estado indenizará o condenado por erro judiciário, assim como o que ficar preso além
do tempo fixado na sentença;
LXXVI – são gratuitos para os reconhecidamente pobres, na forma da lei:
a) o registro civil de nascimento;
b) a certidão de óbito;

Gratuidade das Certidões de Nascimento e de óbito


•• De acordo com a Lei 6.015/73, todas as pessoas têm direito a 1ª certidão gratuita
e os reconhecidamente pobres têm direito a todas as certidões de nascimento e
óbito gratuitas.

LXXVII – são gratuitas as ações de "habeas-corpus" e "habeas-data", e, na forma da lei, os atos


necessários ao exercício da cidadania.
LXXVIII a todos, no âmbito judicial e administrativo, são assegurados a razoável duração do
processo e os meios que garantam a celeridade de sua tramitação. (Incluído pela Emenda
Constitucional nº 45, de 2004)

Principio da Eficiência, Celeridade Processual


•• Processos judiciais e administrativos

§ 1º As normas definidoras dos direitos e garantias fundamentais têm aplicação imediata.

Formas de eficácia da norma Constitucional


1. Eficácia jurídica – toda norma constitucional possui
2. Eficácia Social – nem toda norma constitucional possui
•• Plena – norma auto-aplicável com aplicabilidade direta, imediata, integral

www.acasadoconcurseiro.com.br 29
•• Contida (redutível ou restringível) – norma auto-aplicável com aplicabilidade dire-
ta, imediata, não-integral
•• Limitada – norma não auto-aplicável, com aplicabilidade indireta, mediata, redu-
zida
De princípio institutivo ou organizativo
De princípio programático

§ 2º Os direitos e garantias expressos nesta Constituição não excluem outros decorrentes do


regime e dos princípios por ela adotados, ou dos tratados internacionais em que a República
Federativa do Brasil seja parte.

O rol de direitos e garantias fundamentais é meramente exemplificativo.

§ 3º Os tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos que forem aprovados, em


cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos respectivos
membros, serão equivalentes às emendas constitucionais. (Incluído pela Emenda Constitucional
nº 45, de 2004) (Decreto Legislativo com força de Emenda Constitucional)

Tratados Internacionais com força de emenda Constitucional:


•• Direitos humanos
•• 2 casas
•• 2 turnos
•• 3/5 dos membros

§ 4º O Brasil se submete à jurisdição de Tribunal Penal Internacional a cuja criação tenha mani-
festado adesão. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)

30 www.acasadoconcurseiro.com.br
Direito Constitucional

DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS: DOS DIREITOS SOCIAIS

Introdução

Nesta aula vamos dar uma olhada nos direitos sociais, espécie de direito fundamental de 2ª ge-
ração, que tem como característica a interferência estatal na sociedade através de prestações
financeiras. Daremos ênfase ao texto constitucional, doutrina e a jurisprudência que certamen-
te serão trabalhadas em sua prova.
Estudaremos nessa aula alguns institutos jurídicos aplicáveis aos direitos sociais como os Prin-
cípios da Reserva do Possível e do Mínimo Existencial bem como o da Proibição do Retrocesso.

CAPÍTULO II
DOS DIREITOS SOCIAIS
Art. 6º São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o transporte,
o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos
desamparados, na forma desta Constituição.
Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua
condição social:

Rol exemplificativo

I – relação de emprego protegida contra despedida arbitrária ou sem justa causa, nos termos
de lei complementar, que preverá indenização compensatória, dentre outros direitos;
II – seguro-desemprego, em caso de desemprego involuntário;
III – fundo de garantia do tempo de serviço;
IV – salário mínimo , fixado em lei, nacionalmente unificado, capaz de atender a suas
necessidades vitais básicas e às de sua família com moradia, alimentação, educação, saúde,
lazer, vestuário, higiene, transporte e previdência social, com reajustes periódicos que lhe
preservem o poder aquisitivo, sendo vedada sua vinculação para qualquer fim;

www.acasadoconcurseiro.com.br 31
Súmula Vinculante STF nº 16: “Os artigos 7º, IV, e 39, § 3º (redação da EC 19/98), da
Constituição, referem-se ao total da remuneração percebida pelo servidor público”.
Súmula Vinculante STF nº 6: “Não viola a Constituição o estabelecimento de remune-
ração inferior ao salário mínimo para as praças prestadoras de serviço militar inicial.”

V – piso salarial proporcional à extensão e à complexidade do trabalho;


VI – irredutibilidade do salário, salvo o disposto em convenção ou acordo coletivo;
VII – garantia de salário, nunca inferior ao mínimo, para os que percebem remuneração variável;
VIII – décimo terceiro salário com base na remuneração integral ou no valor da aposentadoria;
IX – remuneração do trabalho noturno superior à do diurno;
X – proteção do salário na forma da lei, constituindo crime sua retenção dolosa;
XI – participação nos lucros, ou resultados, desvinculada da remuneração, e, excepcionalmente,
participação na gestão da empresa, conforme definido em lei;
XII – salário-família pago em razão do dependente do trabalhador de baixa renda nos termos
da lei;
XIII – duração do trabalho normal não superior a oito horas diárias e quarenta e quatro
semanais, facultada a compensação de horários e a redução da jornada, mediante acordo ou
convenção coletiva de trabalho;
XIV – jornada de seis horas para o trabalho realizado em turnos ininterruptos de revezamento,
salvo negociação coletiva;
XV – repouso semanal remunerado, preferencialmente aos domingos;
XVI – remuneração do serviço extraordinário superior, no mínimo, em cinqüenta por cento à do
normal;
XVII – gozo de férias anuais remuneradas com, pelo menos, um terço a mais do que o salário
normal;
XVIII – licença à gestante, sem prejuízo do emprego e do salário, com a duração de cento e
vinte dias;
XIX – licença-paternidade, nos termos fixados em lei;
XX – proteção do mercado de trabalho da mulher, mediante incentivos específicos, nos termos
da lei;
XXI – aviso prévio proporcional ao tempo de serviço, sendo no mínimo de trinta dias, nos
termos da lei;

32 www.acasadoconcurseiro.com.br
Direito Constitucional

XXII – redução dos riscos inerentes ao trabalho, por meio de normas de saúde, higiene e
segurança;
XXIII – adicional de remuneração para as atividades penosas, insalubres ou perigosas, na forma
da lei;
XXIV – aposentadoria;
XXV – assistência gratuita aos filhos e dependentes desde o nascimento até 5 (cinco) anos de
idade em creches e pré-escolas; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 53, de 2006)
XXVI – reconhecimento das convenções e acordos coletivos de trabalho;

Com a reforma trabalhista, as convenções e acordos coletivos de trabalho poderão


prevalecer sobre a legislação, ainda que prejudiquem os trabalhadores.

XXVII – proteção em face da automação, na forma da lei;


XXVIII – seguro contra acidentes de trabalho, a cargo do empregador, sem excluir a indenização
a que este está obrigado, quando incorrer em dolo ou culpa;
XXIX – ação, quanto aos créditos resultantes das relações de trabalho, com prazo prescricional
de cinco anos para os trabalhadores urbanos e rurais, até o limite de dois anos após a extinção
do contrato de trabalho; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 28, de 25/05/2000)
a) e b) (Revogadas pela Emenda Constitucional nº 28, de 25/05/2000)
XXX – proibição de diferença de salários, de exercício de funções e de critério de admissão por
motivo de sexo, idade, cor ou estado civil;
XXXI – proibição de qualquer discriminação no tocante a salário e critérios de admissão do
trabalhador portador de deficiência;
XXXII – proibição de distinção entre trabalho manual, técnico e intelectual ou entre os
profissionais respectivos;
XXXIII – proibição de trabalho noturno, perigoso ou insalubre a menores de dezoito e de
qualquer trabalho a menores de dezesseis anos, salvo na condição de aprendiz, a partir de
quatorze anos; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998)
XXXIV – igualdade de direitos entre o trabalhador com vínculo empregatício permanente e o
trabalhador avulso.
Parágrafo único. São assegurados à categoria dos trabalhadores domésticos os direitos
previstos nos incisos IV, VI, VII, VIII, X, XIII, XV, XVI, XVII, XVIII, XIX, XXI, XXII, XXIV, XXVI, XXX,
XXXI e XXXIII e, atendidas as condições estabelecidas em lei e observada a simplificação do
cumprimento das obrigações tributárias, principais e acessórias, decorrentes da relação de
trabalho e suas peculiaridades, os previstos nos incisos I, II, III, IX, XII, XXV e XXVIII, bem como a
sua integração à previdência social.(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 72, de 2013)

www.acasadoconcurseiro.com.br 33
Direitos Sociais dos Trabalhadores
Tanto os trabalhadores domésticos quanto os servidores públicos não tiveram ga-
rantidos todos os direitos sociais previstos no artigo 7º. Os trabalhadores domésticos
possuem apenas os previstos no parágrafo único do artigo acima, os quais estão di-
vididos em dois grupos: os que são autoaplicáveis e os que possuem aplicabilidade
reduzida.
São autoaplicáveis:
IV – salário mínimo, fixado em lei, nacionalmente unificado, capaz de atender a suas
necessidades vitais básicas e às de sua família com moradia, alimentação, educação,
saúde, lazer, vestuário, higiene, transporte e previdência social, com reajustes periódi-
cos que lhe preservem o poder aquisitivo, sendo vedada sua vinculação para qualquer
fim;
VI – irredutibilidade do salário, salvo o disposto em convenção ou acordo coletivo;
VII – garantia de salário, nunca inferior ao mínimo, para os que percebem remunera-
ção variável;
VIII – décimo terceiro salário com base na remuneração integral ou no valor da apo-
sentadoria;
X – proteção do salário na forma da lei, constituindo crime sua retenção dolosa;
XIII – duração do trabalho normal não superior a oito horas diárias e quarenta e qua-
tro semanais, facultada a compensação de horários e a redução da jornada, mediante
acordo ou convenção coletiva de trabalho
XV – repouso semanal remunerado, preferencialmente aos domingos;
XVI – remuneração do serviço extraordinário superior, no mínimo, em cinqüenta por
cento à do normal;
XVII – gozo de férias anuais remuneradas com, pelo menos, um terço a mais do que o
salário normal;
XVIII – licença à gestante, sem prejuízo do emprego e do salário, com a duração de
cento e vinte dias;
XIX – licença-paternidade, nos termos fixados em lei;
XXI – aviso prévio proporcional ao tempo de serviço, sendo no mínimo de trinta dias,
nos termos da lei;

34 www.acasadoconcurseiro.com.br
Direito Constitucional

XXII – redução dos riscos inerentes ao trabalho, por meio de normas de saúde, higiene
e segurança;
XXIV – aposentadoria;
XXVI – reconhecimento das convenções e acordos coletivos de trabalho;
XXX – proibição de diferença de salários, de exercício de funções e de critério de admis-
são por motivo de sexo, idade, cor ou estado civil;
XXXI – proibição de qualquer discriminação no tocante a salário e critérios de admis-
são do trabalhador portador de deficiência;
XXXIII – proibição de trabalho noturno, perigoso ou insalubre a menores de dezoito e
de qualquer trabalho a menores de dezesseis anos, salvo na condição de aprendiz, a
partir de quatorze anos;
Possuem aplicação reduzida:
I – relação de emprego protegida contra despedida arbitrária ou sem justa causa, nos
termos de lei complementar, que preverá indenização compensatória, dentre outros
direitos;
II – seguro-desemprego, em caso de desemprego involuntário;
III – fundo de garantia do tempo de serviço;
IX – remuneração do trabalho noturno superior à do diurno;
XII – salário-família pago em razão do dependente do trabalhador de baixa renda nos
termos da lei;
XXV – assistência gratuita aos filhos e dependentes desde o nascimento até 5 (cinco)
anos de idade em creches e pré-escolas;
XXVIII – seguro contra acidentes de trabalho, a cargo do empregador, sem excluir a
indenização a que este está obrigado, quando incorrer em dolo ou culpa.
Segundo o artigo 39, § 3º da CF, aplicam-se aos servidores ocupantes de cargo públi-
co o disposto no art. 7º, IV, VII, VIII, IX, XII, XIII, XV, XVI, XVII, XVIII, XIX, XX, XXII e XXX,
podendo a lei estabelecer requisitos diferenciados de admissão quando a natureza
do cargo o exigir, os quais são:
IV – salário mínimo , fixado em lei, nacionalmente unificado, capaz de atender a suas
necessidades vitais básicas e às de sua família com moradia, alimentação, educação,
saúde, lazer, vestuário, higiene, transporte e previdência social, com reajustes periódi-
cos que lhe preservem o poder aquisitivo, sendo vedada sua vinculação para qualquer
fim;
VII – garantia de salário, nunca inferior ao mínimo, para os que percebem remunera-
ção variável;

www.acasadoconcurseiro.com.br 35
VIII – décimo terceiro salário com base na remuneração integral ou no valor da apo-
sentadoria;
IX – remuneração do trabalho noturno superior à do diurno;
XII – salário-família pago em razão do dependente do trabalhador de baixa renda nos
termos da lei;
XIII – duração do trabalho normal não superior a oito horas diárias e quarenta e qua-
tro semanais, facultada a compensação de horários e a redução da jornada, mediante
acordo ou convenção coletiva de trabalho;
XV – repouso semanal remunerado, preferencialmente aos domingos;
XVI – remuneração do serviço extraordinário superior, no mínimo, em cinquenta por
cento à do normal;
XVII – gozo de férias anuais remuneradas com, pelo menos, um terço a mais do que o
salário normal;
XVIII – licença à gestante, sem prejuízo do emprego e do salário, com a duração de
cento e vinte dias;
XIX – licença-paternidade, nos termos fixados em lei;
XX – proteção do mercado de trabalho da mulher, mediante incentivos específicos, nos
termos da lei;
XXII – redução dos riscos inerentes ao trabalho, por meio de normas de saúde, higiene
e segurança;
XXX – proibição de diferença de salários, de exercício de funções e de critério de admis-
são por motivo de sexo, idade, cor ou estado civil;

Art. 8º É livre a associação profissional ou sindical, observado o seguinte:


I – a lei não poderá exigir autorização do Estado para a fundação de sindicato, ressalvado o
registro no órgão competente, vedadas ao Poder Público a interferência e a intervenção na
organização sindical;

Princípio da Liberdade de Associação Sindical

II – é vedada a criação de mais de uma organização sindical, em qualquer grau, representativa


de categoria profissional ou econômica, na mesma base territorial, que será definida pelos
trabalhadores ou empregadores interessados, não podendo ser inferior à área de um Município;

36 www.acasadoconcurseiro.com.br
Direito Constitucional

Princípio da Unicidade Sindical

III – ao sindicato cabe a defesa dos direitos e interesses coletivos ou individuais da categoria,
inclusive em questões judiciais ou administrativas;
IV – a assembléia geral fixará a contribuição que, em se tratando de categoria profissional,
será descontada em folha, para custeio do sistema confederativo da representação sindical
respectiva, independentemente da contribuição prevista em lei;

A contribuição Confederativa e a Contribuição Sindical


Existem duas contribuições apresentadas neste inciso: Contribuição Confederativa e
Contribuição Sindical. A contribuição confederativa prevista no inciso constitucional é
fixada pela assembleia geral, paga diretamente para o sindicato e é utilizada para cus-
tear as suas atividades de representação sindical. Ela é uma contribuição de natureza
facultativa haja vista a filiação sindical ser facultativa. Significa dizer que só está obri-
gado a contribuir com ela quem for filiado ao sindicato.
A Contribuição Sindical, prevista na Consolidação das Leis trabalhistas (Dec. Lei
5.452/43), se autorizada, deve ser paga pelos trabalhadores, empregadores e profis-
sionais liberais, independentemente da filiação sindical, desde que participem de uma
determinada categoria econômica ou profissional. Antes da reforma trabalhista, o pa-
gamento dessa contribuição era obrigatório mas a partir de agora, só será pago por
quem autorizar o seu desconto tornando-se também uma contribuição facultativa.

V – ninguém será obrigado a filiar-se ou a manter-se filiado a sindicato;


VI – é obrigatória a participação dos sindicatos nas negociações coletivas de trabalho;
VII – o aposentado filiado tem direito a votar e ser votado nas organizações sindicais;
VIII – é vedada a dispensa do empregado sindicalizado a partir do registro da candidatura a
cargo de direção ou representação sindical e, se eleito, ainda que suplente, até um ano após o
final do mandato, salvo se cometer falta grave nos termos da lei.
Parágrafo único. As disposições deste artigo aplicam-se à organização de sindicatos rurais e de
colônias de pescadores, atendidas as condições que a lei estabelecer.
Art. 9º É assegurado o direito de greve, competindo aos trabalhadores decidir sobre a oportunidade
de exercê-lo e sobre os interesses que devam por meio dele defender.
§ 1º A lei definirá os serviços ou atividades essenciais e disporá sobre o atendimento das
necessidades inadiáveis da comunidade.
§ 2º Os abusos cometidos sujeitam os responsáveis às penas da lei.

www.acasadoconcurseiro.com.br 37
Art. 10. É assegurada a participação dos trabalhadores e empregadores nos colegiados dos órgãos
públicos em que seus interesses profissionais ou previdenciários sejam objeto de discussão e
deliberação.
Art. 11. Nas empresas de mais de duzentos empregados, é assegurada a eleição de um representante
destes com a finalidade exclusiva de promover-lhes o entendimento direto com os empregadores.

Mais de 200 empregados significa 201!

38 www.acasadoconcurseiro.com.br
Direito Constitucional

Professora Alessandra Vieira

www.acasadoconcurseiro.com.br
Direito Constitucional

www.acasadoconcurseiro.com.br 41
42 www.acasadoconcurseiro.com.br
Direito Constitucional

www.acasadoconcurseiro.com.br 43
44 www.acasadoconcurseiro.com.br
Direito Constitucional

www.acasadoconcurseiro.com.br 45
46 www.acasadoconcurseiro.com.br
Direito Constitucional

www.acasadoconcurseiro.com.br 47
48 www.acasadoconcurseiro.com.br
Direito Constitucional

www.acasadoconcurseiro.com.br 49
50 www.acasadoconcurseiro.com.br
Direito Constitucional

www.acasadoconcurseiro.com.br 51
52 www.acasadoconcurseiro.com.br
Direito Constitucional

www.acasadoconcurseiro.com.br 53
54 www.acasadoconcurseiro.com.br
Direito Constitucional

Art. 16. A lei que alterar o processo eleitoral entrará em vigor na data de sua publicação, não se aplicando à
eleição que ocorra até um ano da data de sua vigência.

Entrará em vigor na data


de sua publicação.

www.acasadoconcurseiro.com.br 55
56 www.acasadoconcurseiro.com.br
Direito Constitucional

www.acasadoconcurseiro.com.br 57
58 www.acasadoconcurseiro.com.br
Direito Constitucional

www.acasadoconcurseiro.com.br 59
60 www.acasadoconcurseiro.com.br
Direito Constitucional

www.acasadoconcurseiro.com.br 61
Direito Constitucional

Professor Giuliano Tamagno

www.acasadoconcurseiro.com.br
Direito Constitucional

DA ORGANIZAÇÃO POLÍTICO-ADMINISTRATIVA (ART. 18 e 19)

CONCEITOS INICIAIS

FORMA DE GOVERNO: Entende-se por forma de governo (ou sistema político) o conjunto de
instituições políticas por meio das quais um Estado se organiza a fim de exercer o seu poder
sobre a sociedade.
Tais instituições têm por objetivo regular a disputa pelo poder político e o seu respectivo exer-
cício, inclusive o relacionamento entre aqueles que o detêm (a autoridade) e os demais mem-
bros da sociedade (os administrados).
A forma de governo adotada por um Estado não deve ser confundida com a forma de Estado
nem com seu sistema de governo.
Se a forma de governo for caracterizada pela eletividade e pela temporariedade dos mandatos
do Chefe do Executivo, teremos a República; caso estejamos diante de um governo caracteriza-
do por sua hereditariedade e vitaliciedade, teremos a Monarquia.

Memorizar: relação entre governo e governados

Tendo em mente a dificuldade em classificar as formas de governo, essas são tradicionalmente


categorizadas em:
•• Monarquia;
•• República;
•• Anarquia;
SISTEMA DE GOVERNO: A forma com que se dá a relação entre o Poder Legislativo e o Poder
Executivo no exercício das funções governamentais consubstancia outro importante aspecto da
organização estatal. A depender do modo como se estabelece esse relacionamento, se há uma
maior independência ou maior colaboração entre eles, teremos dois sistemas (ou regimes) de
governo: o sistema presidencialista e o sistema parlamentarista". O Brasil adota o regime pre-
sidencialista.

Memorizar: relação entre Executivo e Legislativo.

www.acasadoconcurseiro.com.br 65
FORMAS DE ESTADO: A forma de Estado é maneira pela qual o Estado organiza sua população e
seu território e estrutura o seu poder relativamente a outros de igual espécie, que a ele ficarão
coordenados ou subordinados.
A posição recíproca em que se encontram os elementos do Estado (povo, território e poder po-
lítico) caracteriza a forma de Estado (Unitário, Federado ou Confederado).
De acordo com a classificação doutrinária, existem três formas de Estado, quais sejam o Estado
Federal, o Estado Unitário e o Estado Confederado, o Brasil adotou a forma de Estado Fede-
rado, e, por essa razão, iremos aprofundar os nossos estudos nesta modalidade, traçando um
paralelo com as outras formas.

Estado Unitário

O Estado Unitário é relativamente descentralizado: ao invés de Estados, há províncias, que, por


sua vez, não possuem autonomia constitucional.
A pedra fundamental desse tipo de Estado é prescrita pela Constituição do Estado Unitário
como um todo e só pode ser modificada por meio de uma modificação nessa Constituição.
As unidades possuem apenas competência para a legislação provincial, dentro do que a Consti-
tuição do Estado unitário prescrever.
A legislação em matérias da constituição é totalmente centralizada, ao passo que, no Estado fede-
ral, ela é centralizada apenas de modo incompleto, ou seja, até certo ponto, ela é descentralizada.
Mas será que podemos afirmar que não existe qualquer tipo de descentralização no Estado? Essa
conclusão, embora possa parecer lógica, é, sem dúvida, equivocada. Isso porque, apesar de o Es-
tado Unitário não possuir uma distribuição geográfica do poder político, haverá descentralização,
pois seria inviável, em sociedades altamente complexas, termos um Estado no qual não existisse
qualquer descentralização. A necessidade de desburocratização e democratização (aproximação
pólo central e população) é responsável pela descentralização, que será intitulada de descentra-
lização administrativa, ou seja, o polo central vai criar regiões ou departamentos ou Distritos ou
Municípios ou outra forma de descentralização. Essas vão se colocar e se afirmar como braços da
administração dotados personalidade jurídica própria e irão desenvolver a aproximação entre o
polo central e a sociedade com os objetivos já citados de desburocratização e democratização.
Como exemplo de Estados Unitários, temos Uruguai, Espanha e o Brasil até 1891.

ESTADO FEDERADO E CONFEDERADO


Origem:
O Federalismo tem origem na revolução e independência dos Estados Unidos. Os líderes colo-
niais norte-americanos deram início a confronto armado contra a Inglaterra, em 1776, porque
estavam descontentes com as políticas adotadas pelo Parlamento Inglês entre as décadas de
1760 e 1770 e também porque não admitiam mais que o Parlamento Inglês possuísse autorida-
de para determinar e executar às suas colônias tudo que desejasse.

66 www.acasadoconcurseiro.com.br
Direito Constitucional

Para recusar o poder exercido pela Inglaterra sobre as colônias norte-americanas, os colonos
passaram a questionar a origem da soberania. Na concepção dos ingleses, a soberania perten-
cia ao Estado Inglês e as únicas limitações a ela seriam determinadas por critérios do próprio
soberano. Em contrapartida, os colonos defendiam que a soberania possuía origem na popula-
ção e seria exercida pelo Estado nos limites do poder que lhe foi delegado.
A partir desse embate, foi declarada a independência das Colônias Americanas, em 1776. Elas
passaram a enfrentar o desafio de elaborar um novo regime constitucional para dar lugar ao
espaço antes preenchido pela Lei Britânica.
Em 1777, foi Estabelecido O Pacto Confederativo, que criava um Estado Confederado, uma
unidade frágil entre os Estados autônomos norte-americanos para fazer frente à Europa.
Em 1787, enfraquecidos pela forma de estado adotada, pois a liberdade trazia sérias consequ-
ências, doze delegados dos Estados Norte Americanos reuniram-se na Convenção de Filadélfia
para repensar o arranjo confederativo.
Percebam o tamanho do problema!!
Haviam treze estados independentes, autônomos e livres, que, em tese, pelo pacto confede-
rativo, precisavam se unir para fazer frente a Europa. Contudo, na hora de enviar soldados,
mantimentos, verbas, etc., para a Confederação, os estados simplesmente não mandavam, sob
o argumento de que eram livres e independentes e não precisavam mandar se não quisessem,
ou seja, a confederação tinha fracassado pela ausência de poder centralizador capaz de manter
uma unidade entre os Estados.
Assim, dessa reunião na Filadélfia, com duas formas de Estado fracassadas na mão, os doze dele-
gados abriram mão de suas liberdades e deram origem ao primeiro Estado Federado (detentor de
soberania e composto por diversas entidades territoriais autônomas dotadas de governo próprio).
Ou seja, a Constituição Federativa Americana nasceu de Estado que eram livres e se torna-
ram únicos – movimento que pode cair na prova com a denominação “centrípeta” de fora para
dentro.) PERCEBAM QUE ESTAVA FALANDO DOS ESTADOS UNIDOS!!! No Brasil, tínhamos um
Estado Unitário e esse bloco se difundiu e criou estados autônomos, ou seja, foi o contrário dos
EUA, por isso, a nomenclatura é “centrífuga”.

Principais Diferenças

FEDERAÇÃO CONFEDERAÇÃO
Estados Autônomos Estados Soberanos
Constituição Federal Tratado internacional
Vedado direito de secessão Autorizado direito de secessão

www.acasadoconcurseiro.com.br 67
Geralmente a confederação é governada por uma Assembleia dos Estados Confederados, que
têm direitos e deveres idênticos. A confederação tem personalidade jurídica, mas a sua capa-
cidade internacional é limitada. Do ponto de vista histórico, a Confederação costuma ser uma
fase de um processo que leva à Federação, como nos casos dos Estados Unidos e da Suíça.

CARACTERÍSTICAS COMUNS A TODA FEDERAÇÃO


Descentralização Política: na Constituição Federal, existem núcleos de poderes políticos, refe-
rendando autonomia para os seus entes.
Constituição Rígida como base Jurídica: visa garantir a distribuição de competências entre os
entes autônomos, levando a uma estabilidade institucional.
Inexistência do Direito de Secessão: não é autorizado o direito de retirada. Uma vez que o ente
adere ao pacto federativo, não pode mais sair, sob pena de INTERVENÇÃO. Essa característica
dá luz ao princípio da indissolubilidade do vínculo federativo – lembrando que a forma federati-
va é um dos limites materiais ao poder de emenda.
Soberania do Estado Federal: ao ingressar na Federação, os Estados perdem a soberania, pas-
sando a ser autônomos. A soberania é uma característica do todo, do país, do Estado Federal
– República Federativa do Brasil.
Auto-organização dos Estados membros: mediante de suas constituições estaduais (art. 25
CF/88)
Órgão representativo dos Estados membros: A representação dá-se por meio do Senado Fede-
ral – Art. 46 CF.
Guardião da Constituição: toda federação tem um protetor/tradutor da Constituição. No Bra-
sil, é o Supremo Tribunal Federal (STF).

Entes Federados

A Constituição Federal (CF) prevê a existência de quatro entes federativos, que são a União, os
Estados, o Distrito Federal e os Municípios, todos eles autônomos e com auto-organização, au-
togoverno, auto-administração.
É importante ressaltar que autonomia não se confunde com soberania. O termo soberania
que a Constituição adota em seu art. 1º, I, como um fundamento da República Federativa do
Brasil irá se manifestar apenas na pessoa da República Federativa do Brasil, entendida como
um grande bloco, no qual está a união de todos os entes internos, representando todo o povo
brasileiro, que é o verdadeiro titular da soberania.
O ente federativo "União" não possui soberania, apenas autonomia, tal como os Estados, O
Distrito Federal e os Municípios. A República Federativa do Brasil é a única soberana e que se
manifesta internacionalmente como pessoa jurídica de direito internacional. Assim, embora a
União (e somente a União) possa representar o Brasil externamente, lá fora ninguém sabe que
não está "tratando com a União, mas sim com a República Federativa do Brasil. Somente esta
(República Federativa do Brasil) é que é pessoa jurídica de direito público externo.

68 www.acasadoconcurseiro.com.br
Direito Constitucional

VEDAÇÕES CONSTITUCIONAIS
O art. 19 contém vedações gerais dirigidas à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Muni-
cípios. visam o equilíbrio federativo. A vedação de criar distinções entre brasileiros coliga-se com
o princípio da igualdade. A paridade federativa encontra apoio na vedação de criar preferência
entre os Estados.

BASE LEGAL

Da Organização do Estado de Viabilidade Municipal, apresentados e


publicados na forma da lei. (Redação dada
pela Emenda Constitucional nº 15, de 1996)
Art. 19. É vedado à União, aos Estados, ao Dis-
CAPÍTULO I trito Federal e aos Municípios:
DA ORGANIZAÇÃO
I – estabelecer cultos religiosos ou igrejas,
POLÍTICO-ADMINISTRATIVA subvencioná-los, embaraçar-lhes o funcio-
Art. 18. A organização político-administrativa namento ou manter com eles ou seus re-
da República Federativa do Brasil compreende presentantes relações de dependência ou
a União, os Estados, o Distrito Federal e os Mu- aliança, ressalvada, na forma da lei, a cola-
nicípios, todos autônomos, nos termos desta boração de interesse público;
Constituição. II – recusar fé aos documentos públicos;
§ 1º Brasília é a Capital Federal. III – criar distinções entre brasileiros ou pre-
§ 2º Os Territórios Federais integram a ferências entre si.
União, e sua criação, transformação em Es-
tado ou reintegração ao Estado de origem
serão reguladas em lei complementar.
§ 3º Os Estados podem incorporar-se en-
tre si, subdividir-se ou desmembrar-se para
se anexarem a outros, ou formarem novos
Estados ou Territórios Federais, mediante
aprovação da população diretamente in-
teressada, através de plebiscito, e do Con-
gresso Nacional, por lei complementar.
§ 4º A criação, a incorporação, a fusão e o
desmembramento de Municípios, far-se-ão
por lei estadual, dentro do período deter-
minado por Lei Complementar Federal, e
dependerão de consulta prévia, mediante
plebiscito, às populações dos Municípios
envolvidos, após divulgação dos Estudos

www.acasadoconcurseiro.com.br 69
DA UNIÃO

União é o ente que se relaciona INTERNAMENTE, é uma pessoa jurídica de direito público
interno (CC art. 41,I), formada pela reunião das partes componentes.
Iniciamos o nosso estudo da União apresentando os bens da União, que estão indicados no Art.
20 da CF, onde, dentre outros, estão incluídos os recursos minerais, inclusive os do subsolo, e os
potenciais de energia hidráulica (art. 20, VIII a X CF). Após inúmeras demandas, decidiu-se que é
assegurada a participação dos Estados, Distrito Federal, Municípios e órgãos da Administração
Direta da União no produto dessa exploração ou compensação financeira.

BENS DA UNIÃO

A Constituição da República, por sua vez, arrola os bens da União no art.20.


Contudo, tal rol não é exaustivo, mas exemplificativo, pois o inciso I do citado dispositivo consti-
tucional generaliza e ressalva a possibilidade de novos bens serem atribuídos à União.
Embora o artigo seja autoexplicativo, alguns conceitos merecem destaque:
“Terras devolutas”:
Terras devolutas são aquelas que não se encontram afetadas a uma utilização pública e que
se afastam do patrimônio das pessoas jurídicas de direito público, sem se incorporarem, por
qualquer título, ao patrimônio de particulares.
Tratam-se de áreas originariamente pertencentes à Coroa Portuguesa, que as doou, em parte,
aos particulares, mas que não foram transferidas sob qualquer forma às pessoas privadas.
Com a declaração da independência do Brasil, tais terras foram legalmente caracterizadas como
bens públicos, inviabilizando aos particulares provarem sua propriedade por meio dos títulos
hábeis.
“Lagos, rios e quaisquer correntes de água em terrenos de seu domínio ou que banhem mais
de um Estado, sirvam de limites com outros países, ou se estendam a território estrangeiro
ou dele provenham, bem como os terrenos marginais e as praias fluviais”:

A redação extremamente ampla do texto constitucional quanto à dominialidade das águas


acaba por dificultar a gestão dos recursos hídricos no nosso país.
Ocorre que, na prática, considerando-se da nascente até o mar, praticamente todos os rios e
correntes d’água brasileiras ou banham mais de um Estado, ou servem de limites com outros
países ou se estendem a território estrangeiro ou dele provêm.
Além disso, a redação do art. 26, inciso I, da Constituição Federal também é extremamente
ampla quanto ao domínio estadual das águas, impondo como pertencente à União apenas as
“águas em depósito decorrentes de obras da União”.

70 www.acasadoconcurseiro.com.br
Direito Constitucional

“Ilhas fluviais e lacustres nas zonas limítrofes com outros países; as praias marítimas; as ilhas
oceânicas e as costeiras, excluídas, destas, as áreas referidas no art.26, II”:
O art. 10, § 3º , da Lei nº 7.661/88 conceitua praia como sendo a área coberta e descoberta
periodicamente pelas águas, acrescida da faixa subsequente de material detrítico, tal como
areias, cascalhos, seixos e pedregulhos até o limite onde se inicie a vegetação natural, ou, em
sua ausência, onde comece outro ecossistema.
O caput do dispositivo supracitado, combinado com o art. 225 da Constituição Federal, classifica
as praias marítimas como bens de uso comum do povo e, por fazerem parte da zona costeira,
também são consideradas patrimônio nacional. Igualmente, cumpre ressaltar que as praias
marítimas sempre estão situadas em terrenos de marinha e, por consequência, pertencem à
União, conforme disposto no art. 20, inciso VII, da Constituição Federal.
Já as ilhas costeiras resultam do relevo continental ou da plataforma submarina e as ilhas
oceânicas encontram-se afastadas da costa e nada têm a ver com o relevo continental ou com
a plataforma submarina.
Como se não bastasse, ao utilizar o termo “terceiros”, o legislador constitucional ainda deixou clara
a possibilidade de apropriação das ilhas oceânicas ou costeiras por pessoas de direito privado,
advertindo-se, entretanto, que tal apropriação privada não inclui o mar e as praias que as contornam,
pois estes são bens públicos de uso comum do povo, nos termos do próprio Código Civil.
“Recursos naturais da plataforma continental e da zona econômica exclusiva”:
O art. 11 da Lei Federal nº 8.617, de 4 de janeiro de 1993, conceitua a plataforma continental
como o leito e o subsolo das áreas submarinas, que se estendem além do seu mar territorial,
em toda a extensão do prolongamento natural de seu território terrestre, até o bordo exterior
da margem continental, ou até uma distância de duzentas milhas marítimas das linhas de base,
a partir das quais se mede a largura do mar territorial, nos casos em que o bordo exterior da
margem continental não atinja essa distância.
“Do mar territorial”:
O mar territorial brasileiro compreende uma faixa de doze milhas marítimas de largura, medidas
a partir da linha de baixa-mar do litoral continental e insular brasileiro, como indicada nas
cartas náuticas de grande escala, reconhecidas oficialmente no Brasil (art. 1º da Lei Federal nº
8.617, de 04 de janeiro de 1993), sendo que a soberania do Brasil estende-se ao leito, subsolo
e espaço aéreo subjacente ao mar territorial.
Trata-se de bem de uso comum do povo sob o domínio da União e também abrange as
chamadas águas interiores salgadas das reentrâncias do litoral como baías e enseadas.

www.acasadoconcurseiro.com.br 71
COMPETÊNCIAS

Repartição de competências é a técnica que a Constituição utiliza para partilhar entre os entes
federados as diferentes atividades do Estado Federal.
Tal repartição é o ponto nuclear do Estado Federado, visto que a autonomia dos entes
federativos pressupõe a existência de competências que lhes são atribuídas como próprias
diretamente pela CF.

Técnica – Repartição Horizontal


É a técnica na qual há uma distribuição estanque (fechada) de competência entre os entes,
ou seja, cada ente terá suas competências definidas de forma enumerada e específica, não as
dividindo com nenhum outro ente.
A origem da repartição horizontal está situada na Constituição de 1787 dos Estados Unidos..
Nos EUA, existem competências enumeradas para a União e remanescentes para os Estados.
Atualmente ela é adotada em nosso ordenamento constitucional de 1988. Sem dúvida, segui-
mos a lógica norte-americana na Constituição de 1988, porém acrescentamos os Municípios
como entes federativos. Assim sendo, as competências são enumeradas para a União e tam-
bém para os Municípios e as remanescentes são direcionadas para os Estados-membros (esses
continuam com competências remanescentes seguindo a tradição norte-americana). Temos
uma repartição mista, pois também é adotada a técnica vertical, como veremos.

Técnica – Repartição Vertical


É aquela técnica na qual dois ou mais entes vão atuar conjuntamente ou concorrentemente
para uma mesma matéria. A repartição vertical surge na Constituição Alemã de Weimar de
1919. No Brasil, aparece pela primeira vez na Constituição de 1934. Atualmente, ela também
existe na Constituição de 1988.
Existe uma subordinação entre os entes federativos quanto às matérias situadas em seu campo
de atuação. Essa relação de subordinação é fruto das competências nas quais os entes federados
possuem competências para atuar acerca das mesmas matérias. Trata-se da competência
concorrente estabelecida no art. 24 da CF. Essas competências descritas no referido art. 24 da
CR/88 devem ser classificadas como competências concorrentes.
Nesses termos, existem limites previamente definidos para o exercício das competências
concorrentes acima citadas. Assim sendo, a União edita normas gerais e os Estados e o Distrito
Federal deverão suplementar essas normas gerais para atender aos seus interesses regionais.
No entanto, pode ser que a União não edite as normas gerais. Nesse caso, os Estados e o
Distrito Federal poderão exercer competência legislativa plena. Essa está alocada no art. 24
§3º da CR/88 nos seguintes termos: "Inexistindo lei federal sobre normas gerais, os Estados
exercerão a competência legislativa plena, para atender a suas peculiaridades". Nesse sentido,
a doutrina chama o exercício dessa competência de suplementar supletiva.

72 www.acasadoconcurseiro.com.br
Direito Constitucional

Então existem dois tipos de competência suplementar. Portanto, ela é um gênero que apresenta
duas espécies: a suplementar-complementar e a suplementar-supletiva. Isto é:
Se a União edita normas gerais (exercendo o interesse nacional), os Estados e o DF irão suple-
mentar de forma complementar essas normas da União para atender às suas peculiaridades
regionais. Porém, se a União não edita as normas gerais (como já explicitado), os Estados e o
DF irão exercer competência legislativa plena intitulada competência suplementar supletiva.
Obviamente devemos registrar que eles irão editar toda a normatividade, pois não há como
editarem só a complementação. Não há como complementar o que não existe!
A legislação do Estado ou DF então irá ter validade apenas no âmbito do Estado ou no âmbito
do DF.
Ainda temos que acrescentar que, se existir, por parte dos Estados e do DF, o exercício da com-
petência suplementar supletiva e posteriormente a União vier a editar normas gerais (que
eram até então inexistentes!), essas irão suspender as normas estaduais ou distritais no que
lhes forem contrárias. Esse, aliás, é o teor do art. 24, § 4º da CR/88 que preleciona que a super-
veniência de Lei Federal sobre normas gerais suspende a eficácia da Lei Estadual, no que lhe for
contrário.
Por que se trata de suspensão e não de revogação? Como salientado na omissão de normas
gerais da União, os Estados-membros exercem competência legislativa plena. Ou seja, eles edi-
tam toda a normatividade (normas gerais e suplementares) visto que não tem como eles ape-
nas suplementarem na medida em que não há como suplementar o que não existe! No entan-
to, a União pode resolver editar as normas gerais (inexistentes). Com isso, essas suspendem
as normas estaduais que lhes forem contrárias. Porém, pode acontecer o seguinte: a União
posteriormente poderá editar outras normas gerais que, obviamente, irão revogar as primeiras
normas gerais por ela (União) editadas.
Nesse contexto, pode ocorrer de as novas normas gerais editadas pela União não mais contra-
riarem as normas editadas pelos Estados ou DF que estavam suspensas, então, temos que: se a
segunda norma geral editada pela União não contrariar aquelas normas editadas pelos Estados
ou DF (que estavam suspensas!), elas vão voltar a vigorar.
A CF enumera os poderes da União (art. 21 e 22), dos Estados (Art. 25 §1º) e dos Municípios (art.
30), combinando possibilidades de delegação. A competência material pode ser exclusiva (art. 21)
e comum (art. 23). A competência legislativa pode ser privativa (art. 22) e concorrente (art. 24).
No tocante às competências, podemos elaborar o seguinte quadro esquemático:

Art. 21 CF Art. 22 CF Art. 23 CF Art. 24 CF


Competência concor-
Competência Exclusiva
rente da União Estados
da União. Competência Privativa e DF União cria norma
Matéria da União. Competência Comum
geral e o Estado suple-
da União, Estados, DF
Administrativa Matéria legislativa. menta.
e Municípios.
Indelegável. Delegável aos estados Estados detém compe-
Matéria Administrativa
Atos de gestão por lei complementar. tência legisla tiva plena
em caso de ausência
Iniciam por verbos.
de norma da União.

www.acasadoconcurseiro.com.br 73
BASE LEGAL

CAPÍTULO II XI – as terras tradicionalmente ocupadas


pelos índios.
DA UNIÃO
§ 1º É assegurada, nos termos da lei, aos
Art. 20. São bens da União: Estados, ao Distrito Federal e aos Municí-
I – os que atualmente lhe pertencem e os pios, bem como a órgãos da administração
que lhe vierem a ser atribuídos; direta da União, participação no resultado
da exploração de petróleo ou gás natural,
II – as terras devolutas indispensáveis à de recursos hídricos para fins de geração
defesa das fronteiras, das fortificações e de energia elétrica e de outros recursos mi-
construções militares, das vias federais de nerais no respectivo território, plataforma
comunicação e à preservação ambiental, continental, mar territorial ou zona econô-
definidas em lei; mica exclusiva, ou compensação financeira
por essa exploração.
III – os lagos, rios e quaisquer correntes de
água em terrenos de seu domínio, ou que § 2º A faixa de até cento e cinqüenta qui-
banhem mais de um Estado, sirvam de li- lômetros de largura, ao longo das fronteiras
mites com outros países, ou se estendam a terrestres, designada como faixa de frontei-
território estrangeiro ou dele provenham, ra, é considerada fundamental para defesa
bem como os terrenos marginais e as praias do território nacional, e sua ocupação e uti-
fluviais; lização serão reguladas em lei.
IV – as ilhas fluviais e lacustres nas zonas Art. 21. Compete à União:
limítrofes com outros países; as praias ma-
rítimas; as ilhas oceânicas e as costeiras, ex- I – manter relações com Estados estrangei-
cluídas, destas, as que contenham a sede de ros e participar de organizações internacio-
Municípios, exceto aquelas áreas afetadas nais;
ao serviço público e a unidade ambiental fe- II – declarar a guerra e celebrar a paz;
deral, e as referidas no art. 26, II;
III – assegurar a defesa nacional;
V – os recursos naturais da plataforma con-
tinental e da zona econômica exclusiva; IV – permitir, nos casos previstos em lei
complementar, que forças estrangeiras
VI – o mar territorial; transitem pelo território nacional ou nele
VII – os terrenos de marinha e seus acres- permaneçam temporariamente;
cidos; V – decretar o estado de sítio, o estado de
VIII – os potenciais de energia hidráulica; defesa e a intervenção federal;

IX – os recursos minerais, inclusive os do VI – autorizar e fiscalizar a produção e o co-


subsolo; mércio de material bélico;

X – as cavidades naturais subterrâneas e os VII – emitir moeda;


sítios arqueológicos e pré-históricos;

74 www.acasadoconcurseiro.com.br
Direito Constitucional

VIII – administrar as reservas cambiais do tência financeira ao Distrito Federal para a


País e fiscalizar as operações de natureza fi- execução de serviços públicos, por meio de
nanceira, especialmente as de crédito, câm- fundo próprio;
bio e capitalização, bem como as de seguros
e de previdência privada; XV – organizar e manter os serviços oficiais
de estatística, geografia, geologia e carto-
IX – elaborar e executar planos nacionais e grafia de âmbito nacional;
regionais de ordenação do território e de
desenvolvimento econômico e social; XVI – exercer a classificação, para efeito in-
dicativo, de diversões públicas e de progra-
X – manter o serviço postal e o correio aé- mas de rádio e televisão;
reo nacional;
XVII – conceder anistia;
XI – explorar, diretamente ou mediante au-
torização, concessão ou permissão, os servi- XVIII – planejar e promover a defesa perma-
ços de telecomunicações, nos termos da lei, nente contra as calamidades públicas, espe-
que disporá sobre a organização dos servi- cialmente as secas e as inundações;
ços, a criação de um órgão regulador e ou- XIX – instituir sistema nacional de gerencia-
tros aspectos institucionais; mento de recursos hídricos e definir crité-
XII – explorar, diretamente ou mediante au- rios de outorga de direitos de seu uso;
torização, concessão ou permissão: XX – instituir diretrizes para o desenvolvi-
a) os serviços de radiodifusão sonora, e de mento urbano, inclusive habitação, sanea-
sons e imagens; mento básico e transportes urbanos;

b) os serviços e instalações de energia elé- XXI – estabelecer princípios e diretrizes para


trica e o aproveitamento energético dos o sistema nacional de viação;
cursos de água, em articulação com os Es- XXII – executar os serviços de polícia maríti-
tados onde se situam os potenciais hidroe- ma, aeroportuária e de fronteiras;
nergéticos;
XXIII – explorar os serviços e instalações
c) a navegação aérea, aeroespacial e a infra- nucleares de qualquer natureza e exercer
-estrutura aeroportuária; monopólio estatal sobre a pesquisa, a la-
d) os serviços de transporte ferroviário e vra, o enriquecimento e reprocessamento,
aquaviário entre portos brasileiros e fron- a industrialização e o comércio de minérios
teiras nacionais, ou que transponham os li- nucleares e seus derivados, atendidos os se-
mites de Estado ou Território; guintes princípios e condições:

e) os serviços de transporte rodoviário inte- a) toda atividade nuclear em território na-


restadual e internacional de passageiros; cional somente será admitida para fins pa-
cíficos e mediante aprovação do Congresso
f) os portos marítimos, fluviais e lacustres; Nacional;
XIII – organizar e manter o Poder Judiciá- b) sob regime de permissão, são autoriza-
rio, o Ministério Público do Distrito Federal das a comercialização e a utilização de ra-
e dos Territórios e a Defensoria Pública dos dioisótopos para a pesquisa e usos médicos,
Territórios; agrícolas e industriais;
XIV – organizar e manter a polícia civil, a po- c) sob regime de permissão, são autorizadas
lícia militar e o corpo de bombeiros militar a produção, comercialização e utilização de
do Distrito Federal, bem como prestar assis-

www.acasadoconcurseiro.com.br 75
radioisótopos de meia-vida igual ou inferior XVI – organização do sistema nacional de
a duas horas; emprego e condições para o exercício de
profissões;
d) a responsabilidade civil por danos nucle-
ares independe da existência de culpa; XVII – organização judiciária, do Ministério
Público do Distrito Federal e dos Territórios
XXIV – organizar, manter e executar a inspe- e da Defensoria Pública dos Territórios, bem
ção do trabalho; como organização administrativa destes;
XXV – estabelecer as áreas e as condições XVIII – sistema estatístico, sistema cartográ-
para o exercício da atividade de garimpa- fico e de geologia nacionais;
gem, em forma associativa.
XIX – sistemas de poupança, captação e ga-
Art. 22. Compete privativamente à União legis- rantia da poupança popular;
lar sobre:
XX – sistemas de consórcios e sorteios;
I – direito civil, comercial, penal, processu-
al, eleitoral, agrário, marítimo, aeronáutico, XXI – normas gerais de organização, efeti-
espacial e do trabalho; vos, material bélico, garantias, convocação
e mobilização das polícias militares e corpos
II – desapropriação; de bombeiros militares;
III – requisições civis e militares, em caso de XXII – competência da polícia federal e das
iminente perigo e em tempo de guerra; polícias rodoviária e ferroviária federais;
IV – águas, energia, informática, telecomu- XXIII – seguridade social;
nicações e radiodifusão;
XXIV – diretrizes e bases da educação nacio-
V – serviço postal; nal;
VI – sistema monetário e de medidas, títu- XXV – registros públicos;
los e garantias dos metais;
XXVI – atividades nucleares de qualquer na-
VII – política de crédito, câmbio, seguros e tureza;
transferência de valores;
XXVII – normas gerais de licitação e contra-
VIII – comércio exterior e interestadual; tação, em todas as modalidades, para as ad-
IX – diretrizes da política nacional de trans- ministrações públicas diretas, autárquicas e
portes; fundacionais da União, Estados, Distrito Fe-
deral e Municípios, obedecido o disposto no
X – regime dos portos, navegação lacustre, art. 37, XXI, e para as empresas públicas e
fluvial, marítima, aérea e aeroespacial; sociedades de economia mista, nos termos
do art. 173, § 1º, III;
XI – trânsito e transporte;
XXVIII – defesa territorial, defesa aeroespa-
XII – jazidas, minas, outros recursos mine-
cial, defesa marítima, defesa civil e mobili-
rais e metalurgia;
zação nacional;
XIII – nacionalidade, cidadania e naturaliza-
XXIX – propaganda comercial.
ção;
Parágrafo único. Lei complementar poderá
XIV – populações indígenas;
autorizar os Estados a legislar sobre ques-
XV – emigração e imigração, entrada, extra- tões específicas das matérias relacionadas
dição e expulsão de estrangeiros; neste artigo.

76 www.acasadoconcurseiro.com.br
Direito Constitucional

Art. 23. É competência comum da União, dos desenvolvimento e do bem-estar em âmbi-


Estados, do Distrito Federal e dos Municípios: to nacional.
I – zelar pela guarda da Constituição, das Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Dis-
leis e das instituições democráticas e con- trito Federal legislar concorrentemente sobre:
servar o patrimônio público;
I – direito tributário, financeiro, penitenciá-
II – cuidar da saúde e assistência pública, da rio, econômico e urbanístico;
proteção e garantia das pessoas portadoras
de deficiência; II – orçamento;

III – proteger os documentos, as obras e ou- III – juntas comerciais;


tros bens de valor histórico, artístico e cul- IV – custas dos serviços forenses;
tural, os monumentos, as paisagens natu-
rais notáveis e os sítios arqueológicos; V – produção e consumo;

IV – impedir a evasão, a destruição e a des- VI – florestas, caça, pesca, fauna, conserva-


caracterização de obras de arte e de outros ção da natureza, defesa do solo e dos recur-
bens de valor histórico, artístico ou cultural; sos naturais, proteção do meio ambiente e
controle da poluição;
V – proporcionar os meios de acesso à cul-
tura, à educação, à ciência, à tecnologia, à VII – proteção ao patrimônio histórico, cul-
pesquisa e à inovação; tural, artístico, turístico e paisagístico;

VI – proteger o meio ambiente e combater VIII – responsabilidade por dano ao meio


a poluição em qualquer de suas formas; ambiente, ao consumidor, a bens e direitos
de valor artístico, estético, histórico, turísti-
VII – preservar as florestas, a fauna e a flora; co e paisagístico;
VIII – fomentar a produção agropecuária e IX – educação, cultura, ensino, desporto, ci-
organizar o abastecimento alimentar; ência, tecnologia, pesquisa, desenvolvimen-
IX – promover programas de construção de to e inovação;
moradias e a melhoria das condições habi- X – criação, funcionamento e processo do
tacionais e de saneamento básico; juizado de pequenas causas;
X – combater as causas da pobreza e os fa- XI – procedimentos em matéria processual;
tores de marginalização, promovendo a in-
tegração social dos setores desfavorecidos; XII – previdência social, proteção e defesa
da saúde;
XI – registrar, acompanhar e fiscalizar as
concessões de direitos de pesquisa e explo- XIII – assistência jurídica e Defensoria públi-
ração de recursos hídricos e minerais em ca;
seus territórios;
XIV – proteção e integração social das pes-
XII – estabelecer e implantar política de soas portadoras de deficiência;
educação para a segurança do trânsito.
XV – proteção à infância e à juventude;
Parágrafo único. Leis complementares fi-
XVI – organização, garantias, direitos e de-
xarão normas para a cooperação entre a
veres das polícias civis.
União e os Estados, o Distrito Federal e os
Municípios, tendo em vista o equilíbrio do

www.acasadoconcurseiro.com.br 77
§ 1º No âmbito da legislação concorrente, a
competência da União limitar-se-á a estabe-
lecer normas gerais.
§ 2º A competência da União para legislar
sobre normas gerais não exclui a competên-
cia suplementar dos Estados.
§ 3º Inexistindo lei federal sobre normas
gerais, os Estados exercerão a competência
legislativa plena, para atender a suas pecu-
liaridades.
§ 4º A superveniência de lei federal sobre
normas gerais suspende a eficácia da lei es-
tadual, no que lhe for contrário.

78 www.acasadoconcurseiro.com.br
Direito Constitucional

DOS ESTADOS FEDERADOS

Estados Membros

Os Estados Federados têm autonomia político-administrativa frente aos demais entes federati-
vos, regendo-se por suas próprias constituições, ressalvando-se o que estiver vedado na Cons-
tituição Federal. Os Estados não podem se contrapor àquilo reservado à competência de outro
ente, sob pena de intervenção.
Os Estados Membros, nos termos do Art. 25, organizam-se e regem-se por sua própria consti-
tuição, observados os princípios da Constituição Federal.
Sobre os bens do Estado, dispõe o Art. 26 quais pertencem aos Estados, que, por óbvio, são
aqueles que não pertencem à União.
É importante frisar que os Estados detém algumas competências que lhes são exclusivas, tais
como explorar serviço de gás canalizado, instituir regiões metropolitanas, aglomerações urba-
nas e microrregiões.
Ademais, devemos ressaltar a importância dos Estados na divisão de competências, exercendo
esse a chamada competência RESIDUAL, ou seja, “São reservadas aos Estados as competências
que não lhes sejam vedadas por esta Constituição”.
No tocante ao Poder Legislativo Estadual – Assembleia Legislativa, a Constituição Federal regula
a quantidade de integrantes da Assembleia Legislativa, Para auxiliar nos estudos, elaboramos o
seguinte quadro:

O Art. 28 da CF dispões, sobre o Poder Executivo Estadual – governador, vice-governador,


secretários de Estado. Traz regras para eleição de governador e de vice-governador de estado:
para mandato de quatro anos, realizar-se-á no primeiro domingo de outubro, em primeiro
turno, e no último domingo de outubro, em segundo turno, se houver, do ano anterior ao do
término do mandato de seus antecessores.

www.acasadoconcurseiro.com.br 79
BASE LEGAL

CAPÍTULO III tação do Estado na Câmara dos Deputados e,


atingido o número de trinta e seis, será acresci-
DOS ESTADOS FEDERADOS
do de tantos quantos forem os Deputados Fede-
Art. 25. Os Estados organizam-se e regem-se rais acima de doze.
pelas Constituições e leis que adotarem, obser- § 1º Será de quatro anos o mandato dos
vados os princípios desta Constituição. Deputados Estaduais, aplicando- sê-lhes
§ 1º São reservadas aos Estados as com- as regras desta Constituição sobre siste-
petências que não lhes sejam vedadas por ma eleitoral, inviolabilidade, imunidades,
esta Constituição. remuneração, perda de mandato, licença,
impedimentos e incorporação às Forças Ar-
§ 2º Cabe aos Estados explorar diretamen- madas.
te, ou mediante concessão, os serviços lo-
cais de gás canalizado, na forma da lei, ve- § 2º O subsídio dos Deputados Estaduais
dada a edição de medida provisória para a será fixado por lei de iniciativa da Assem-
sua regulamentação. bléia Legislativa, na razão de, no máximo,
setenta e cinco por cento daquele estabele-
§ 3º Os Estados poderão, mediante lei com- cido, em espécie, para os Deputados Fede-
plementar, instituir regiões metropolitanas, rais, observado o que dispõem os arts. 39,
aglomerações urbanas e microrregiões, § 4º, 57, § 7º, 150, II, 153, III, e 153, § 2º, I.
constituídas por agrupamentos de municí-
pios limítrofes, para integrar a organização, § 3º Compete às Assembléias Legislativas
o planejamento e a execução de funções dispor sobre seu regimento interno, polícia
públicas de interesse comum. e serviços administrativos de sua secretaria,
e prover os respectivos cargos.
Art. 26. Incluem-se entre os bens dos Estados:
§ 4º A lei disporá sobre a iniciativa popular
I – as águas superficiais ou subterrâneas, no processo legislativo estadual.
fluentes, emergentes e em depósito, ressal-
vadas, neste caso, na forma da lei, as decor- Art. 28. A eleição do Governador e do Vice-Go-
rentes de obras da União; vernador de Estado, para mandato de quatro
anos, realizar-se-á no primeiro domingo de ou-
II – as áreas, nas ilhas oceânicas e costeiras, tubro, em primeiro turno, e no último domingo
que estiverem no seu domínio, excluídas de outubro, em segundo turno, se houver, do
aquelas sob domínio da União, Municípios ano anterior ao do término do mandato de seus
ou terceiros; antecessores, e a posse ocorrerá em primei-
ro de janeiro do ano subseqüente, observado,
III – as ilhas fluviais e lacustres não perten-
quanto ao mais, o disposto no art. 77.
centes à União;
§ 1º Perderá o mandato o Governador que
IV – as terras devolutas não compreendidas
assumir outro cargo ou função na adminis-
entre as da União.
tração pública direta ou indireta, ressalvada
Art. 27. O número de Deputados à Assembléia a posse em virtude de concurso público e
Legislativa corresponderá ao triplo da represen- observado o disposto no art. 38, I, IV e V.

80 www.acasadoconcurseiro.com.br
Direito Constitucional

§ 2º Os subsídios do Governador, do Vice-


-Governador e dos Secretários de Estado
serão fixados por lei de iniciativa da Assem-
bléia Legislativa, observado o que dispõem
os arts. 37, XI, 39, § 4º, 150, II, 153, III, e
153, § 2º, I.

www.acasadoconcurseiro.com.br 81
DOS MUNICÍPIOS (ART. 29 a 31)

Municípios

Os Municípios têm autonomia político-administrava em relação aos demais entes federados.


Cada um rege-se por sua lei orgânica, e não por uma constituição. Essa lei deverá observar o
disposto na Constituição Federal e Estadual (art. 29). Assim, a Lei Orgânica deve guardar rela-
ção de correspondência com o modelo federal acerca das proibições e incompatibilidades dos
vereadores – por esse motivo (separação dos poderes) que não se admite a cumulação de fun-
ções de vereador e secretário municipal.
Outro ponto interessante é que os Municípios têm Poder Executivo (Prefeito) e Legislativo (Ve-
readores), apenas, não possuindo Poder Judiciário.
No regime constitucional brasileiro, a autonomia municipal não é resultado de eventual dele-
gação do Estado-membro em que o Município se situa, mas da própria Constituição brasileira.
Os seguintes princípios asseguram a mínima autonomia municipal:
a) poder de auto-organização (elaboração de lei orgânica própria);
b) poder de autogoverno (eleição do prefeito, do vice-prefeito e dos vereadores);
c) poder normativo próprio ou autolegislação (elaboração de leis municipais dentro dos limi-
tes de atuação traçados pela Constituição da República);
d) poder de autoadministração (administração própria para criar, manter e prestar os serviços
de interesse local, bem como legislar sobre os tributos e suas rendas).
A autonomia política compreende os poderes de auto-organização, de autogoverno e normativo.
O primeiro corresponde à capacidade de elaborar sua própria lei orgânica, conforme autorização
do artigo 29 da Constituição brasileira. A lei orgânica municipal equivale à Constituição Municipal,
pois deverá ser “votada em dois turnos, com o interstício mínimo de dez dias, e aprovada por dois
terços dos membros da Câmara Municipal, que a promulgará, atendidos os princípios estabeleci-
dos nesta Constituição, na Constituição do respectivo Estado e os seguintes preceitos”.
O segundo, isto é, o autogoverno, corresponde à eleição do prefeito, do vice-prefeito e dos
vereadores, nos ditames do artigo 29 da Constituição brasileira. O governo local próprio exige
governantes próprios eleitos pelos cidadãos locais, fomentando a democracia representativa e
o contato mais direto com a população. A atual Constituição brasileira de 1988 extirpou total-
mente a nomeação de prefeito em qualquer municipalidade, fato que ocorreu frequentemente
no período da Ditadura Militar (1964-1985).
A eleição do prefeito, do vice-prefeito e dos vereadores ocorre simultaneamente em todo o
Brasil para o mandato de quatro anos, permitida a reeleição para os dois primeiros e eleição
ilimitada para os terceiros. Na eleição para prefeito e vice-prefeito (Poder Executivo Municipal),
prevalece o princípio majoritário e os dois concorrem numa mesma chapa.

82 www.acasadoconcurseiro.com.br
Direito Constitucional

Já a eleição para as Câmaras Municipais (Poder Legislativo Municipal) obedece ao sistema de


representação proporcional e partidária, sendo o número de vereadores proporcional à popu-
lação e devendo ser fixado pela lei orgânica de cada Município.
A terceira faceta da autonomia política municipal diz respeito ao poder normativo próprio ou
de autolegislação. No tocante à legislação “sobre assuntos de interesse local”, a competência do
Município caracteriza-se pela predominância do interesse, e não pela exclusividade, porque não
existe assunto municipal que não seja de interesse estadual ou nacional reflexo. Portanto, nas pa-
lavras de Hely Lopes Meirelles, “a diferença é de grau, e não de substância”. Meirelles cita, ainda,
como exemplos típicos, o trânsito, a saúde pública, os serviços públicos, o urbanismo, o poder de
polícia, a regulamentação estatutária de seus servidores, a educação e a recreação dos munícipe.
O Supremo Tribunal Federal (STF) também já se manifestou sobre a competência do Município
para legislar sobre assuntos de interesse local na Súmula de Jurisprudência Predominante nº
645: “É competente o Município para fixar o horário de funcionamento de estabelecimento
comercial”.

BASE LEGAL

CAPÍTULO IV IV – para a composição das Câmaras Muni-


cipais, será observado o limite máximo de:
DOS MUNICÍPIOS
a) 9 (nove) Vereadores, nos Municípios de
Art. 29. O Município reger-se-á por lei orgânica, até 15.000 (quinze mil) habitantes;
votada em dois turnos, com o interstício míni-
mo de dez dias, e aprovada por dois terços dos b) 11 (onze) Vereadores, nos Municípios de
membros da Câmara Municipal, que a promul- mais de 15.000 (quinze mil) habitantes e de
gará, atendidos os princípios estabelecidos nesta até 30.000 (trinta mil) habitantes;
Constituição, na Constituição do respectivo Esta-
do e os seguintes preceitos: c) 13 (treze) Vereadores, nos Municípios
com mais de 30.000 (trinta mil) habitantes
I – eleição do Prefeito, do Vice-Prefeito e e de até 50.000 (cinquenta mil) habitantes;
dos Vereadores, para mandato de quatro
anos, mediante pleito direto e simultâneo d) 15 (quinze) Vereadores, nos Municípios
realizado em todo o País; de mais de 50.000 (cinquenta mil) habitan-
tes e de até 80.000 (oitenta mil) habitantes;
II – eleição do Prefeito e do Vice-Prefeito
realizada no primeiro domingo de outubro e) 17 (dezessete) Vereadores, nos Municí-
do ano anterior ao término do mandato dos pios de mais de 80.000 (oitenta mil) habi-
que devam suceder, aplicadas as regras do tantes e de até 120.000 (cento e vinte mil)
art. 77, no caso de Municípios com mais de habitantes;
duzentos mil eleitores; f) 19 (dezenove) Vereadores, nos Municí-
III – posse do Prefeito e do Vice-Prefeito no pios de mais de 120.000 (cento e vinte mil)
dia 1º de janeiro do ano subseqüente ao da habitantes e de até 160.000 (cento sessenta
eleição; mil) habitantes;

www.acasadoconcurseiro.com.br 83
g) 21 (vinte e um) Vereadores, nos Municí- q) 41 (quarenta e um) Vereadores, nos
pios de mais de 160.000 (cento e sessenta Municípios de mais de 1.800.000 (um mi-
mil) habitantes e de até 300.000 (trezentos lhão e oitocentos mil) habitantes e de até
mil) habitantes; 2.400.000 (dois milhões e quatrocentos mil)
habitantes;
h) 23 (vinte e três) Vereadores, nos Muni-
cípios de mais de 300.000 (trezentos mil) r) 43 (quarenta e três) Vereadores, nos Mu-
habitantes e de até 450.000 (quatrocentos nicípios de mais de 2.400.000 (dois milhões
e cinquenta mil) habitantes; e quatrocentos mil) habitantes e de até
3.000.000 (três milhões) de habitantes;
i) 25 (vinte e cinco) Vereadores, nos Muni-
cípios de mais de 450.000 (quatrocentos e s) 45 (quarenta e cinco) Vereadores, nos
cinquenta mil) habitantes e de até 600.000 Municípios de mais de 3.000.000 (três mi-
(seiscentos mil) habitantes; lhões) de habitantes e de até 4.000.000
(quatro milhões) de habitantes;
j) 27 (vinte e sete) Vereadores, nos Muni- t) 47 (quarenta e sete) Vereadores, nos
cípios de mais de 600.000 (seiscentos mil) Municípios de mais de 4.000.000 (quatro
habitantes e de até 750.000 (setecentos milhões) de habitantes e de até 5.000.000
cinquenta mil) habitantes; (cinco milhões) de habitantes;
k) 29 (vinte e nove) Vereadores, nos Mu- u) 49 (quarenta e nove) Vereadores, nos
nicípios de mais de 750.000 (setecentos e Municípios de mais de 5.000.000 (cinco
cinquenta mil) habitantes e de até 900.000 milhões) de habitantes e de até 6.000.000
(novecentos mil) habitantes; (seis milhões) de habitantes;
l) 31 (trinta e um) Vereadores, nos Municí- v) 51 (cinquenta e um) Vereadores, nos Mu-
pios de mais de 900.000 (novecentos mil) nicípios de mais de 6.000.000 (seis milhões)
habitantes e de até 1.050.000 (um milhão e de habitantes e de até 7.000.000 (sete mi-
cinquenta mil) habitantes; lhões) de habitantes;
m) 33 (trinta e três) Vereadores, nos Municí- w) 53 (cinquenta e três) Vereadores, nos
pios de mais de 1.050.000 (um milhão e cin- Municípios de mais de 7.000.000 (sete mi-
quenta mil) habitantes e de até 1.200.000 lhões) de habitantes e de até 8.000.000
(um milhão e duzentos mil) habitantes; (oito milhões) de habitantes; e

n) 35 (trinta e cinco) Vereadores, nos Mu- x) 55 (cinquenta e cinco) Vereadores, nos


nicípios de mais de 1.200.000 (um milhão e Municípios de mais de 8.000.000 (oito mi-
duzentos mil) habitantes e de até 1.350.000 lhões) de habitantes;
(um milhão e trezentos e cinquenta mil) ha- V – subsídios do Prefeito, do Vice-Prefeito
bitantes; e dos Secretários Municipais fixados por lei
de iniciativa da Câmara Municipal, observa-
o) 37 (trinta e sete) Vereadores, nos Muni- do o que dispõem os arts. 37, XI, 39, § 4º,
cípios de 1.350.000 (um milhão e trezen- 150, II, 153, III, e 153, § 2º, I;
tos e cinquenta mil) habitantes e de até
1.500.000 (um milhão e quinhentos mil) ha- VI – o subsídio dos Vereadores será fixado
bitantes; pelas respectivas Câmaras Municipais em
cada legislatura para a subseqüente, ob-
p) 39 (trinta e nove) Vereadores, nos Mu- servado o que dispõe esta Constituição, ob-
nicípios de mais de 1.500.000 (um mi- servados os critérios estabelecidos na res-
lhão e quinhentos mil) habitantes e de até pectiva Lei Orgânica e os seguintes limites
1.800.000 (um milhão e oitocentos mil) ha- máximos:
bitantes;

84 www.acasadoconcurseiro.com.br
Direito Constitucional

a) em Municípios de até dez mil habitantes, XI – organização das funções legislativas e


o subsídio máximo dos Vereadores corres- fiscalizadoras da Câmara Municipal;
ponderá a vinte por cento do subsídio dos
Deputados Estaduais; XII – cooperação das associações represen-
tativas no planejamento municipal;
b) em Municípios de dez mil e um a cin-
qüenta mil habitantes, o subsídio máximo XIII – iniciativa popular de projetos de lei de
dos Vereadores corresponderá a trinta por interesse específico do Município, da cidade
cento do subsídio dos Deputados Estaduais; ou de bairros, através de manifestação de,
pelo menos, cinco por cento do eleitorado;
c) em Municípios de cinqüenta mil e um a
cem mil habitantes, o subsídio máximo dos XIV – perda do mandato do Prefeito, nos
Vereadores corresponderá a quarenta por termos do art. 28, parágrafo único.
cento do subsídio dos Deputados Estaduais; Art. 29-A. O total da despesa do Poder Legisla-
d) em Municípios de cem mil e um a trezen- tivo Municipal, incluídos os subsídios dos Vere-
tos mil habitantes, o subsídio máximo dos adores e excluídos os gastos com inativos, não
Vereadores corresponderá a cinqüenta por poderá ultrapassar os seguintes percentuais,
cento do subsídio dos Deputados Estaduais; relativos ao somatório da receita tributária e
das transferências previstas no § 5º do art. 153
e) em Municípios de trezentos mil e um a e nos arts. 158 e 159, efetivamente realizado no
quinhentos mil habitantes, o subsídio má- exercício anterior:
ximo dos Vereadores corresponderá a ses-
senta por cento do subsídio dos Deputados I – 7% (sete por cento) para Municípios com
Estaduais; população de até 100.000 (cem mil) habi-
tantes;
f) em Municípios de mais de quinhentos mil
habitantes, o subsídio máximo dos Verea- II – 6% (seis por cento) para Municípios
dores corresponderá a setenta e cinco por com população entre 100.000 (cem mil) e
cento do subsídio dos Deputados Estaduais; 300.000 (trezentos mil) habitantes;

VII – o total da despesa com a remuneração III – 5% (cinco por cento) para Municípios
dos Vereadores não poderá ultrapassar o com população entre 300.001 (trezentos
montante de cinco por cento da receita do mil e um) e 500.000 (quinhentos mil) habi-
Município; tantes;

VIII – inviolabilidade dos Vereadores por IV – 4,5% (quatro inteiros e cinco décimos
suas opiniões, palavras e votos no exercício por cento) para Municípios com popula-
do mandato e na circunscrição do Municí- ção entre 500.001 (quinhentos mil e um) e
pio; 3.000.000 (três milhões) de habitantes;

IX – proibições e incompatibilidades, no V – 4% (quatro por cento) para Municípios


exercício da vereança, similares, no que com população entre 3.000.001 (três mi-
couber, ao disposto nesta Constituição para lhões e um) e 8.000.000 (oito milhões) de
os membros do Congresso Nacional e na habitantes;
Constituição do respectivo Estado para os VI – 3,5% (três inteiros e cinco décimos por
membros da Assembléia Legislativa; cento) para Municípios com população aci-
X – julgamento do Prefeito perante o Tribu- ma de 8.000.001 (oito milhões e um) habi-
nal de Justiça; tantes.

www.acasadoconcurseiro.com.br 85
§ 1º A Câmara Municipal não gastará mais VIII – promover, no que couber, adequado
de setenta por cento de sua receita com fo- ordenamento territorial, mediante planeja-
lha de pagamento, incluído o gasto com o mento e controle do uso, do parcelamento e
subsídio de seus Vereadores. da ocupação do solo urbano;
§ 2º Constitui crime de responsabilidade do IX – promover a proteção do patrimônio his-
Prefeito Municipal: tórico-cultural local, observada a legislação
e a ação fiscalizadora federal e estadual.
I – efetuar repasse que supere os limites de-
finidos neste artigo; Art. 31. A fiscalização do Município será exerci-
da pelo Poder Legislativo Municipal, mediante
II – não enviar o repasse até o dia vinte de controle externo, e pelos sistemas de controle
cada mês; ou interno do Poder Executivo Municipal, na forma
III – enviá-lo a menor em relação à propor- da lei.
ção fixada na Lei Orçamentária. § 1º O controle externo da Câmara Munici-
§ 3º Constitui crime de responsabilidade do pal será exercido com o auxílio dos Tribunais
Presidente da Câmara Municipal o desres- de Contas dos Estados ou do Município ou
peito ao § 1º deste artigo. dos Conselhos ou Tribunais de Contas dos
Municípios, onde houver.
Art. 30. Compete aos Municípios:
§ 2º O parecer prévio, emitido pelo órgão
I – legislar sobre assuntos de interesse local; competente sobre as contas que o Prefeito
deve anualmente prestar, só deixará de pre-
II – suplementar a legislação federal e a es-
valecer por decisão de dois terços dos mem-
tadual no que couber;
bros da Câmara Municipal.
III – instituir e arrecadar os tributos de sua
§ 3º As contas dos Municípios ficarão, du-
competência, bem como aplicar suas ren-
rante sessenta dias, anualmente, à disposi-
das, sem prejuízo da obrigatoriedade de
ção de qualquer contribuinte, para exame e
prestar contas e publicar balancetes nos
apreciação, o qual poderá questionar-lhes a
prazos fixados em lei;
legitimidade, nos termos da lei.
IV – criar, organizar e suprimir distritos, ob-
§ 4º É vedada a criação de Tribunais, Conse-
servada a legislação estadual;
lhos ou órgãos de Contas Municipais.
V – organizar e prestar, diretamente ou sob
regime de concessão ou permissão, os ser-
viços públicos de interesse local, incluído o
de transporte coletivo, que tem caráter es-
sencial;
VI – manter, com a cooperação técnica e fi-
nanceira da União e do Estado, programas
de educação infantil e de ensino fundamen-
tal;
VII – prestar, com a cooperação técnica e fi-
nanceira da União e do Estado, serviços de
atendimento à saúde da população;

86 www.acasadoconcurseiro.com.br
Direito Constitucional

DO DISTRITO FEDERAL E DOS TERRITÓRIOS (ART. 32 e 33)

Distrito Federal e Territórios

Conceituada como uma unidade federativa atípica, o Distrito Federal (DF) é a sede do Governo
Federal. Possui autonomia idêntica aos outros entes federados. É organizado por Lei Orgânica.
Merecem destaque alguns pontos sobre o DF:
•• O DF é a capital da República.
•• É vedada sua divisão em Municípios.
•• Ao Distrito Federal são atribuídas as competências legislativas reservadas aos Estados e
Municípios, ou seja, tanto as competências concorrentes que aparecem no Art. 24 da CF
quanto aquelas de interesse local (art. 30, I CF) são atribuídas ao DF.
•• Tem o Poder Judiciário e o Ministério Público mantidos pela União.
•• A União legisla sobre organização judiciária, do Ministério Público do Distrito Federal.

BASE LEGAL

CAPÍTULO V § 2º A eleição do Governador e do Vice-Go-


vernador, observadas as regras do art. 77,
DO DISTRITO FEDERAL
e dos Deputados Distritais coincidirá com a
E DOS TERRITÓRIOS dos Governadores e Deputados Estaduais,
para mandato de igual duração.
Seção I
DO DISTRITO FEDERAL § 3º Aos Deputados Distritais e à Câmara
Legislativa aplica-se o disposto no art. 27.
Art. 32. O Distrito Federal, vedada sua divisão
§ 4º Lei federal disporá sobre a utilização,
em Municípios, reger- se-á por lei orgânica, vo-
pelo Governo do Distrito Federal, das polí-
tada em dois turnos com interstício mínimo de
cias civil e militar e do corpo de bombeiros
dez dias, e aprovada por dois terços da Câma-
militar.
ra Legislativa, que a promulgará, atendidos os
princípios estabelecidos nesta Constituição. Seção II
§ 1º Ao Distrito Federal são atribuídas as DOS TERRITÓRIOS
competências legislativas reservadas aos
Estados e Municípios. Art. 33. A lei disporá sobre a organização admi-
nistrativa e judiciária dos Territórios.

www.acasadoconcurseiro.com.br 87
§ 1º Os Territórios poderão ser divididos em
Municípios, aos quais se aplicará, no que
couber, o disposto no Capítulo IV deste Tí-
tulo.
§ 2º As contas do Governo do Território
serão submetidas ao Congresso Nacional,
com parecer prévio do Tribunal de Contas
da União.
§ 3º Nos Territórios Federais com mais de
cem mil habitantes, além do Governador
nomeado na forma desta Constituição, ha-
verá órgãos judiciários de primeira e se-
gunda instância, membros do Ministério
Público e defensores públicos federais; a
lei disporá sobre as eleições para a Câmara
Territorial e sua competência deliberativa.

88 www.acasadoconcurseiro.com.br

Você também pode gostar