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DOSMUNICÍPIOS
PORTUGUESES
2004
JoãoCarvalho
MariaJoséFernandes
PedroCamões
SusanaJorge
patrocínios:
Tribunal de Contas
Anuário Financeiro dos Municípios Portugueses 2004
NoâmbitodoprojectoPOCI/CPO/58391/2004intitulado
AEficiêncianoUsodosRecursosPúblicos
eaQualidadedaDecisãoMunicipalPortuguesa
Financiadopor:
FCT–FUNDAÇÃOPARAACIÊNCIAEATECNOLOGIA
MINISTÉRIODACIÊNCIA,INOVAÇÃOEENSINOSUPERIOR
patrocínios:
Tribunal de Contas
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Anuário Financeiro dos Municípios Portugueses 2004
Anuário Financeiro dos Municípios Portugueses 2004
AGRADECIMENTOS
•PresidenteseresponsáveisfinanceirosdasCâmarasMunicipaisqueen-
viaramascontasparaa“CentraldeContasdaUniversidadedoMinho”
•PresidentedoTribunaldeContas,ConselheiroGuilhermedeOliveiraMar-
tins
•Presidente da Direcção da Câmara dos Técnicos Oficiais de Contas
(CTOC),AntónioDominguesdeAzevedo
•AntónioCostaeSilva(TribunaldeContas)
•CláudiaCosta(colaboradoradoNEAPP)
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Anuário Financeiro dos Municípios Portugueses 2004
FICHATÉCNICA
Autores:JoãoCarvalho;MariaJoséFernandes;PedroCamões;SusanaJorge
Edição:CâmaradosTécnicosOficiaisdeContas
Coordenadordaedição:RobertoFerreira
EdiçãoGráficaePaginação:pré&press
Periodicidade:Anual
Impressão:Sogapal,S.A.–DepósitoLegal:228599/05 Tribunal de Contas
Anuário Financeiro dos Municípios Portugueses 2004
ÍNDICE
Introdução 9
1.OsMunicípiosPortugueses 17
1.1Caracterizaçãogeral 17
1.2Organizaçãomunicipal 21
1.3Prestaçãoderesponsabilidades(accountability) 25
1 .4AContabilidadeAutárquicaeoPOCAL 27
2.Conformidadeefiabilidadedascontasdosmunicípios 33
2.1CaracterizaçãodaAmostraeMetodologia 33
2.2ImplementaçãoeConformidadedasContascomoPOCAL 38
3.Comparabilidadeeutilidadedainformaçãofinanceiradosmunicípios 45
3.1Indicadoresorçamentais,económico-financeirosepatrimoniais 45
3.1.1Enquadramentoemetodologia 45
3.1.2Apresentaçãoeanálisedosresultados 48
3.1.3Reflexõeserecomendações 54
3.2ActasdasCâmaraseAssembleiasMunicipais 56
3.3InformaçãodoPOCALnasauditoriasdoTribunaldeContas 61
4.Análisedasituaçãoorçamentaldosmunicípios 65
4.1.Independênciafinanceira 65
4.2.Estruturadasreceitas 71
4.3.EstruturadasDespesas 75
4.4.Outrasinformações 80
4.5.Saldosnaópticaorçamental 82
5.Análisedasituaçãoeconómicaepatrimonialdosmunicípios 87
5.1CumprimentodoPOCAL 88
5.2Balançopatrimonial 90
5.3Resultadoseconómicos 108
5.4Anexosàsdemonstraçõesfinanceiras 115
6.Conclusõeserecomendações 117
AnexoI–Glossáriodetermoscontabilísticos 125
AnexoII–Bibliografia 137
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Anuário Financeiro dos Municípios Portugueses 2004
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Anuário Financeiro dos Municípios Portugueses 2004
INTRODUÇÃO
Numcontexto,anívelinternacional,depreocupaçãogeneralizadacomocon-
trolodosdéficesorçamentaisedoendividamentopúblico,osgovernostêm
impostonovosmodelosdegestãoquepermitamumamaiseficiente,eficaz
eeconómicautilizaçãodosrecursospúblicos.
No que se refere às características qualitativas da informação, diferentes
organismosinternacionaisreferemqueasentidadespúblicasdevemcomu-
nicarinformaçãofinanceirarelevante,demaneiraquemelhorfaciliteasua
utilização,devendoassim:
• Aumentaraexactidãoeatransparênciadainformação;
• Disponibilizarinformaçãoemtempooportunoaumentando,destemodo,a
suautilidade;
• Apresentarinformaçãodeformaquesejacomparávelentrediferentespe-
ríodosdetempoediferentesentidades.
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Anuário Financeiro dos Municípios Portugueses 2004
• Prestação de contas (determinar se as receitas foram suficientes para
pagarasdespesasdoano;demonstraraadequaçãodoorçamentoàsres-
triçõeslegaisoucontratuaisexistentes;conhecerosserviços,oscustose
asrealizaçõesalcançadas);
• Avaliaçãodosresultados(informarsobreasorigenseasaplicaçõesde
fundos; conhecer como foram financiadas as actividades e como foram
resolvidasasnecessidadesdetesouraria;saberseasituaçãofinanceira
melhorououpiorounoexercício);
Quantoaosutilizadoresdainformaçãoobtida,oGASBidentificaquatrogrupos
deutilizadores(ConceptsStatementnº1–ObjectivesofFinancialReports):
• Cidadãos(contribuintes,eleitores,receptoresdeserviçosecidadãoemgeral);
• Investidoresoucredores(instituiçõescredoraseinvestidores).
• Órgãosdegestão(gestoresinternos,comoporexemplo,órgãoexecutivo
deummunicípioouJuntadeFreguesia).
• Corposlegislativosedecontrolo(órgãomáximodecontrolodasentidades
públicas,órgãosdoGovernoerepresentantesdirectosdoscidadãos,como
porexemploosmembrosdaAssembleiaMunicipaloudeFreguesia);
Oobjectivodeproporcionarumaimagemverdadeiraeapropriadadarealida-
deeconómicaefinanceiradasentidadesimplicaquetalinformaçãoreúna
umconjuntodecaracterísticasfundamentais,acimareferidas.Deumafor-
mamaisdesenvolvida:
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Anuário Financeiro dos Municípios Portugueses 2004
b)Relevância–Ainformaçãodeveserútilparaatomadadedecisõespor
partedosutilizadores,ouseja,podeinfluenciar decisões (económicas,
sociais,políticas,…)dosqueautilizam,ajudando-osaavaliaraconteci-
mentospassados,presentesefuturos,bemcomoconfirmar,avaliarou
corrigiravaliaçõesfuturas.Poroutrolado,ainformaçãoématerialmente
relevantequandoasuaomissãoouapresentaçãoerróneainfluenciaas
decisõesdosutilizadores.
c)Fiabilidade–Ainformaçãoéfiávelquandoestálivredeerros,podendo
osutilizadoresconfiarnela.Deverepresentarfielmenteastransacções,
bemcomoarealidadeeconómica,financeiraepatrimonial,serimparcial
ecompleta(dentrodoslimitesdaimportânciarelativaedocustodasua
obtenção).
d)Comparabilidade–Ainformaçãofinanceiradevesercomparávelnotem-
poenoespaço.Assim,devepermitircomparardemonstraçõesfinancei-
rasdemunicípiosdiferentescomidênticascaracterísticase,dentrodo
mesmomunicípio,relativamenteaexercícioseconómicosdiferentes.
e)Oportunidade–Ainformaçãodeveserapresentadanomomentooportu-
noparanãoperderrelevância.
EmPortugal,váriastêmsidoasiniciativasdesenvolvidascomvistaàcon-
cretizaçãodosobjectivosdemaisrelevância e consequente utilidade da
informação,nomeadamenteasrelacionadascomareformadossistemas
deinformaçãocontabilístico-financeirapúblicaque,desde1990,têmsido
alvodegrandesmudanças,acompanhandoatendênciadeváriospaíses
queestãoaimplementarnovossistemascontabilísticosnosorganismos
públicos.
AníveldaAdministraçãoLocal,oPOCAL(PlanoOficialdeContabilidade
dasAutarquiasLocais),aprovadoem1999,representouummarcohis-
tóriconacontabilidadedasautarquiaslocais,permitindoquediferentes
utilizadorestenhamacessoainformaçãocontabilísticanumaperspecti-
vanãosóorçamentaledecaixa,mastambémeconómica,financeirae
patrimonial.Seestainformaçãoforfiáveleobtidaemtempooportuno,
poderá constituir um importante instrumento de suporte à tomada de
decisão.
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Anuário Financeiro dos Municípios Portugueses 2004
DaactualreformadaContabilidadePúblicae,nocasoemanálise,doPO-
CAL,pretende-se“…acriaçãodecondiçõesparaaintegraçãoconsistente
da contabilidade orçamental, patrimonial e de custos… que constitua um
instrumentofundamentaldeapoioàgestãodasautarquiaslocais.”Desta
forma,garante-sequeainformaçãoreuniráascondiçõesnecessáriaspara
os fins e utilizadores a que genericamente se destina: prestação de res-
ponsabilidades(accountability)eapoioàtomadadedecisãoporpartede
utilizadores internos (órgãos deliberativo e executivo) e externos (Tribunal
deContas,InstitutoNacionaldeEstatística,AssembleiadaRepública,cida-
dãos,financiadores,entreoutros).
• Criaruma«centraldecontas»dosmunicípios(localizadanoNEAPP–Nú-
cleo de Estudos em Administração e Políticas Públicas – da Escola de
EconomiaeGestãodaUniversidadedoMinho);
• VerificarograudeimplementaçãodoPOCALnosmunicípioseasuaevolu-
ção,nomeadamenteatravésdaconformidadecomosrequisitosexigidos
pelonovosistemaparaaprestaçãodecontas;
• Verificarseexistefiabilidadenainformaçãoorçamental(cumprimentoda
legalidadeedoorçamento),financeira,económicaepatrimonial(imagem
verdadeiraeapropriada)reflectidanascontasdosmunicípios;
• Construir uma base de dados com informação sobre os municípios por-
tugueses nos termos do POCAL, a ser actualizada periodicamente, que
servirá de suporte, não só à investigação em finanças e contabilidade
autárquica,mastambémaodesenvolvimentodeoutrosestudossobrea
gestãofinanceiradosmunicípios;
• Com base na agregação de todos os valores dos municípios, apresen-
tarumaestruturadeumBalanço,DemonstraçãodeResultados,mapas
financeiros e alguns rácios que permitam caracterizar a situação orça-
mental, económica, financeira e patrimonial “média” de um município
português;
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Anuário Financeiro dos Municípios Portugueses 2004
• Elaborarestudosacadémicos1etécnicossobrearealidadecontabilístico-
financeira autárquica, incluindo a elaboração deste “Anuário Financeiros
dos Municípios” onde são analisados e comentados os documentos de
PrestaçõesdeContasdosmunicípioseainformaçãopatrimonial,econó-
mica,financeiraeorçamental,agregadaparaatotalidadedosmunicípiose
porgrandesgrupos,atendendoàdimensão(pequenos,médiosegrandes
municípios)medidaemnúmerodehabitantes.
Noâmbitodesteprojecto,em15deJunhode2005foieditadoeapresen-
tado publicamente o 1º Anuário Financeiro dos Municípios Portugueses,
seanalisaramascontasde175municípios,relativosa2003,recolhendo
informaçãosobreocumprimentodoPOCALesobreoconteúdodascontas
(estruturaorçamental,económica,financeiraepatrimonial).
Nestapublicaçãoconcluiu-sequeoPOCALestavaaseraplicadonagrande
maioriadosmunicípios,apesardasgrandesalteraçõesqueomesmoimpli-
counaestruturaorganizativaenanecessidadedeformaçãocomplementar
dopessoal.Contudo,verificou-seque,porumlado,osdocumentosfinais
estavamaserelaboradoscomapreocupaçãoquaseestritadeapenasse
cumpriralei,independentementedafiabilidadedainformaçãorelatadae,
por outro lado, o sistema de Contabilidade de Custos, salvo raras excep-
ções,nãoseencontravaimplementado.
1
Foramelaboradososseguintesestudos:
•CARVALHOJ.B.(2006)«FiscalizacióndelTribunaldeCuentasportuguésalosmunicipios.Resul-
tadosyrecomendaciones»,VISimposiumdeFiscalización,auditoriaycontroldelagestióndelos
fondospúblicos,Mérida,Abril.
•CAMÕES,P.(2006):«ATransparênciaeaUtilidadedasContasPúblicasemPortugal:Ocasodas
AutarquiasLocais»,VIIICongressoProlatino,ViladaFeira,7e8deAbril.
•JORGE,S.,CARVALHO,J.B.,FERNANDES,M.J.(2006)«FromcashtoaccrualsinPortugueseLo-
calGovernmentaccounting:whathastrulychanged»,submetidoaInternationalJournalofPublic
SectorManagement.
•CARVALHO,J.B.,JORGE,S.,FERNANDES,M.J.(2005)«ContributodoPOCALparaoaumentoda
transparêncianascontasdosMunicípiosPortugueses»,3.ºCongressoNacionaldaAdministração
Pública,InstitutoNacionaldeAdministração,Lisboa,Novembro.
•CARVALHO,J.B.,FERNANDES,M.J.,JORGE,S.,GUZMÁN,C.A.(2005)«Elusodelosindicadoresde
gestiónenlamemoriadelascuentasdelosMunicipiosPortugueses»,XIIICongresodelaAsociación
EspañoladeContabilidadyAdministración,Oviedo,Setembro.
•CARVALHO,J.B.,JORGE,S.,FERNANDES,M.J.(2005)«GovernmentalAccountinginPortugal:why
accrualbasisisaproblem»,aceiteparapublicaçãonoJournalofPublicBudgeting,Accountingand
FinancialManagement.
•JORGE,S.,CARVALHO,J.B,FERNANDES,M.J.(2005)«CompliancewiththeNewSystemofLocal
GovernmentAccountinginPortugal»,aceiteparaolivroAccountingreforminthePublicSector:
mimicry,fadornecessity?,Poitiers,France.
•JORGE,S.,CARVALHO,J.B.,FERNANDES,M.J.,CAMÕES,P.(2005)«ConformityandDiversityof
AccountingandFinancialReportinginPortugueseLocalGovernment»,aceiteparapublicaçãono
CanadianJournalofAdministrativeSciences.
•CARVALHO,J.B.,FERNANDES,M.J.,JORGE,S.(2004)«LocalGovernmentaccountinginPortugal:
howthenewsystemcanleadtomisinterpretation?»,aceiteparapublicaçãonarevistaPublicMoney
andManagement.
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Anuário Financeiro dos Municípios Portugueses 2004
Este2ºAnuárioFinanceirodosMunicípiosPortuguesesrefere-seàscontasde
2004e,emrelaçãoao1ºAnuário,paraalémdoaumentodonúmerodemuni-
cípiosanalisados(analisam-setodososmunicípiosportuguesesdoContinente
(278),6dosAçores(deumtotalde19)e5daMadeira(deumtotalde11),são
aprofundadosaspectosdagestãoorçamental,financeiraepatrimonial,comen-
tadososconteúdosdasActas(querdaCâmara,querdaAssembleiaMunicipal)
queaprovamascontas,bemcomooconteúdodoRelatóriodeGestão,com
especialênfaseparaosindicadoresqueaquisãoapresentados.
AnalisadososobjectivosdefinidosnoPOCALeosdocumentosdeprestação
decontasquesãoexigidosatodasasentidadescontabilísticas(incluindo
asqueintegramodesignadoregimesimplificado),verifica-sequeestesvão
deencontroaosobjectivosdefinidosanívelinternacionalparaasentidades
públicas.Noentanto,éoportunoquestionar:
1.Existefiabilidadenainformaçãoobtidadosdiferentesmunicípios?
4.Qualasituaçãofinanceira,económicaepatrimonialdosmunicípiospor-
tugueses?
Pretende-secomestetrabalhoresponderaestasquestõesbaseando-nos,
como referido, em informação recolhida das contas dos municípios portu-
gueses. Em casos pontuais e devidamente assinalados, foi ainda utiliza-
dainformaçãodeestudosefectuadosemdissertaçõesdeMestradosoba
orientaçãodosautoresdesteAnuário.
Assim,comeste2ºAnuáriovisa-seemparticular:
• AferiraevoluçãodograudeimplementaçãodoPOCAL,nomeadamentea
conformidadecomosrequisitosexigidospelonovosistemaparaapres-
taçãodecontase,comisto,comprovaramelhoria(ounão)dafiabilidade
dainformação;
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Anuário Financeiro dos Municípios Portugueses 2004
• Distribuindoosmunicípiospor“pequenos”,“médios”e“grandes”,apresen-
tarumaestruturaagregadadeumBalanço,DemonstraçãodeResultados,
mapasfinanceirosealgunsrácios,quepermitamcaracterizarasituação
orçamental, económica, financeira e patrimonial “média” dos municípios
portugueses;
• AnalisarautilidadedainformaçãonaaprovaçãodascontaspelasCâmaras
eAssembleiasMunicipais;
• Analisarautilidadedainformaçãoporpartedeumdosprincipaisutilizado-
resexternos–oTribunaldeContas.
• NoCapítulo1faz-seumaapresentaçãodosmunicípiosportugueses,co-
meçandoporumacaracterizaçãogeral(aspectosrelacionadoscomaloca-
lizaçãogeográfica,dimensão,serviçosdescentralizados,eestruturados
fundosdoOE),seguindo-seumadiscussãosobreaactualorganizaçãomu-
nicipal(nomeadamentenovascompetênciasinseridasnonovomodelode
gestãomunicipal);posteriormenteanalisa-seaproblemáticadaprestação
deresponsabilidadesnasautarquias,terminando-secomumaintrodução
àcontabilidadeautárquica,particularmenteaoPOCAL.
• NoCapítulo3estuda-seacomparabilidadeeutilidade(internaeexterna)
dainformaçãofinanceiramunicipal,começandoporabordarostiposedi-
versidadedeindicadoresapresentadospelosmunicípiosnoseuRelatório
deGestão,deondesesugereumconjuntodeindicadoresquedeveriam
serutilizados.Depois,comvistaaabordarautilidadeinterna,analisa-seo
tipodeinformaçãocontidanasActasdasreuniõesdeaprovaçãodecontas
(CâmaraseAssembleiasMunicipais).Paraefeitosdeanálisedautilidade
externa,apresentam-setambémosresultadosdeumoutroestudosobre
autilidadedainformaçãoparaoTribunaldeContas.
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Anuário Financeiro dos Municípios Portugueses 2004
• OCapítulo4apresentaosresultadosdaanálisedasituaçãoorçamental
efinanceiradosmunicípios,baseadaessencialmentenosdocumentosde
prestaçãodecontasrelacionadoscomaexecuçãoorçamentaleainforma-
çãorelatadaembasedecaixa.
• OCapítulo5apresentaaanálisedasituaçãoeconómicaepatrimonial,ba-
seadaessencialmentenosdocumentosdestanaturezaeeminformação
relatadaembasedeacréscimo,nomeadamentenoBalançoenaDemons-
traçãodeResultados.
• Finalmente,noCapítulo6sãotecidasalgumasconsideraçõesfinais,par-
ticularmentediscutindopossíveisrazõesjustificativasdosresultadosob-
tidos, limitações do actual sistema de contabilidade autárquica, sendo
tambémapresentadasalgumasrecomendações.
Importa ainda referir que, em anexo, é fornecido um glossário de alguns
termoscontabilísticosutilizadosnesteAnuário(queseencontramsublinha-
dos),bemcomoumalistadebibliografia.
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Anuário Financeiro dos Municípios Portugueses 2004
1.OSMUNICÍPIOSPORTUGUESES
1.1Caracterizaçãogeral
A definição de Município aparece pela primeira vez no artº 38º da Lei nº
77/79, de 25 de Outubro (Lei sobre atribuições das Autarquias Locais),
como“apessoacolectivaterritorial,dotadadeórgãosrepresentativos,que
visaaprossecuçãodeinteressesprópriosdapopulaçãonarespectivacir-
cunscrição”.
Poroutrolado,oprincípiodaautonomiadopoderlocalestásanciona-
donoart.º6.ºdaConstituiçãodaRepúblicaPortuguesa(CRP),desen-
volvendo-se as coordenadas em que aquele se materializa, no Título
VII da Parte III, respeitante à organização do poder político e sob a
epígrafe “Poder Local”. Assim, referem os art.º 235.º e 236.º que “a
organização democrática do Estado compreende a existência de au-
tarquiaslocais(...),pessoascolectivasterritoriaisdotadasdeórgãos
representativos,quevisamaprossecuçãodeinteressesprópriosdas
populaçõesrespectivas”,especificandoque“nocontinente,asautar-
quias locais são as freguesias, os municípios e as regiões adminis-
trativas”, enquanto “as regiões autónomas compreendem freguesias
emunicípios”2 .
AnovaLeidasFinançasLocais(projectoquenadatadepublicaçãodeste
Anuárioseencontraemdiscussãopública)refere(artigo3.º)que:
1–Osmunicípioseasfreguesiastêmpatrimónioefinançaspróprios,cuja
gestãocompeteaosrespectivosórgãos.
2–Aautonomiafinanceiradosmunicípiosedasfreguesiasassenta,desig-
nadamentenosseguintespoderesdosseusórgãos:
a)Elaborar,aprovaremodificarasopçõesdoplano,orçamentoseoutros
documentosprevisionais;
b)Elaborareaprovarosdocumentosdeprestaçãodecontas;
2
Considerandoqueasregiõesadministrativasaindanãoforamcriadas,podemosdizerque,nocon-
tinente,asautarquiassãoconstituídasdamesmaformaquenasRegiõesAutónomasdosAçorese
Madeira,istoé,compreendemasfreguesiaseosmunicípios.
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Anuário Financeiro dos Municípios Portugueses 2004
c)Exercerospoderestributáriosquelegalmentelhesestejamcometidos;
d)Arrecadaredispordereceitasqueporleilhesforemdestinadas;
e)Ordenareprocessarasdespesaslegalmenteautorizadas;
f)Geriroseuprópriopatrimónio,bemcomoaquelequelhesfoiafecto.
ActualmenteexistememPortugal308municípios,quepodemsercategori-
zadosemtrêsdimensões:
• 178pequenos(municípioscompopulaçãomenorouiguala20000habi-
tantes)
• 106médios(municípioscompopulaçãomaiorque20000habitantese
menorouiguala100000habitantes)
• 24grandes(municípioscompopulaçãomaiorque100000habitantes).
Considerandoestasdimensõesearegiãoondeseinserem,osmunicípios
portuguesesdistribuem-sedaseguinteforma:
Gráfico1.1.1
Osmunicípiosportuguesespordimensãoeregião
90 85
80
68
70 66
N.º de Municípios
59
60 53
50 45
40 33
30 29
30 26 25
19
20 14 15
12 11
9 7
10 2 3 1 4
0 0
0
Norte Centro Vale do Tejo Sul Madeira Açores
País Pequenas Médias Grandes
Regiões
Daanálisedográficosupraverifica-seaindaqueénosulenasilhasque
predominamosmunicípiosdepequenadimensão.Defacto,64%(7em11)
dosmunicípiosdaRegiãoAutónomadaMadeirae79%(15em19)dosmu-
nicípiosdaRegiãoAutónomadosAçoressãopequenos,assimcomo76%
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Anuário Financeiro dos Municípios Portugueses 2004
(45em59)dosmunicípiosdaregiãosuldePortugalContinental.Emcontra-
partida,nasregiõesdeValedoTejoeNorte,sãopequenosapenas38%(25
em66)e49%(33em68)dosmunicípiosrespectivamente.
Poroutrolado,noquerespeitaàdensidadepopulacionaleagrupandoos
municípios por distrito, o quadro seguinte mostra que são os distritos do
litoraledonortedoPaís,ondetambémestáconcentradagrandeparteda
populaçãoportuguesa,quecontinuamaapresentarumamaiselevadaden-
sidadepopulacional.
Quadro1.1.1–CaracterizaçãodosDistritosPortugueses2004
Área N.ºde População Densidade
Distrito Km² municípios Residente hab/km²
Aveiro 2808 19 727041 258,92
Beja 10225 14 156153 15,27
Braga 2673 14 851337 318,49
Bragança 6608 12 145486 22,02
CasteloBranco 6675 11 203314 30,46
Coimbra 3947 17 437642 110,88
Évora 7393 14 171130 23,15
Faro 4960 16 411468 82,96
Guarda 5518 14 176086 31,91
Leiria 3515 16 472895 134,54
Lisboa 2761 16 2203503 798,08
Portalegre 6065 15 121653 20,06
Porto 2395 18 1805015 753,66
Santarém 6747 21 463676 68,72
Setúbal 5064 13 829007 163,71
VianadoCastelo 2255 10 251937 111,72
VilaReal 4328 14 221218 51,11
Viseu 5007 24 395202 78,93
Total(PortugalContinental) 88944 278 10043763 112,92
Regiões
Açores 2333 19 241206 103,39
Madeira 797 11 244286 306,51
Total 92074 308 10529255 114,36
ConsiderandoapenasosmunicípiosalvodoestudodesteAnuário,ouseja,
289divididosem163pequenos,102médiose24grandes,oquadrose-
guinteapresentainformaçãosobreonúmerodeServiçosMunicipalizadose
EmpresasMunicipaisem2004.
19
Anuário Financeiro dos Municípios Portugueses 2004
Quadro1.1.2–QuantidadedeServiçosMunicipalizadoseEmpresasMunicipais
ServiçosMunicipalizados EmpresasMunicipais
Municípios
163 147 6 0 0 10 120 31 2 0 0 10 163
Pequenos
Municípios
102 71 23 0 0 8 56 26 6 3 1 10 102
Médios
Municípios
24 14 8 1 0 1 5 7 5 0 5 2 24
Grandes
Totalde
municípios
comServiços
86
Municipalizados 38
eEmpresas
Municipais
Osvaloresmostramque86municípiostêmserviçosdescentralizadosem
EmpresasMunicipais,enquantoque38possuemunidadesautónomasde
ServiçosMunicipalizados.Destasentidades,amaioriatemapenasumaem-
presamunicipaleumaunidadedeServiçosMunicipalizados.
Poroutrolado,hámuitosmunicípiosquenãopossuemServiçosMunicipali-
zadosnemEmpresasMunicipais,sendonasuamaioriadepequenadimen-
são.Verifica-seaindaque,relativamenteaalguns(seminformação–s.i.),há
lacunasnaprestaçãodecontas,jáquenãoapresentaminformaçãosobre
osServiçosMunicipalizadoseasEmpresasMunicipais.
SecontarmosaindacomaparticipaçãodosmunicípiosemAssociaçõesde
Municípios, Comunidades Urbanas, Fundações, entre outras entidades de
direitopúblicoouprivado,verificamosqueestamosperante308potenciais
“grupos autárquicos”, em que o município é a designada “entidade-mãe”.
Destemodo,actualmente,ascontasdeummunicípiorepresentamapenas
uma parte do seu património cuja estrutura financeira, económica e or-
çamentalmuitodependedograudedescentralizaçãodealgumasatribui-
ções,designadamenteatravésdaquantidadedeServiçosMunicipalizados
eEmpresasMunicipais.
No Anuário de 2003 referimos, como aspecto negativo do POCAL, o facto
denãoserobrigatórioaapresentaçãodecontasconsolidadas.Édelouvar,
parabemdautilidadedeinformaçãocontabilística,queoprojectodeLeidas
FinançasLocaisdêum1.ºpassoaoobrigaràconsolidaçãodecontasosmu-
nicípiosquedetenhamserviçosmunicipalizadosouatotalidadedocapitalde
empresasmunicipais,conformeartigo45.º,n.º1:
20
Anuário Financeiro dos Municípios Portugueses 2004
ConsolidaçãodeContas
“1.Sem prejuízo dos documentos de prestação de contas previstos na
lei, as contas dos municípios que detenham serviços municipaliza-
dosouatotalidadedocapitaldeempresasmunicipaisdevemincluir
ascontasconsolidadas,apresentadnoaconsolidaçãodobalançoe
dademonstraçãoderesultadoscomrespectivosanexosexplicativos
incluindonomeadamenteossaldoseflixosfinanceirosentreasenti-
dadesalvodeconsolidaçãoemapadeendividamentoconsolidadode
médioelongoprazo.”
1.2Organizaçãomunicipal
AsautarquiaslocaissãoumaemanaçãodoPoderLocaleconstituemumadas
formasdedescentralizaçãoterritorial,caracterizando-sepor(Gonçalves,2006):
b)Atravésdedeterminaçãolegal,seremdotadasdeatribuiçõesmúltiplase
própriasquelhesãocometidasemexclusivo;
c)Seremdotadasdeórgãospróprios,directamenteeleitosporsufrágiodos
cidadãos,possuindo,comotal,representatividadeelegitimidadedemo-
crática;
e)EstaremsujeitasàtutelaadministrativadoEstado,istoé,oEstadoman-
témumpoderdecontroloadministrativoquelhepermitefiscalizaralega-
lidadedaactuaçãodasautarquiaslocais.
Oprincípioconstitucionaldaautonomiadasautarquiasedadescentraliza-
çãodaAdministraçãoPúblicaimpôsquefossedadadevidarelevânciaaos
aspectos relativos à definição das atribuições das autarquias locais e à
competênciadosrespectivosórgãos.
EmPortugalpodemosverificarquesãováriasasleisqueactualmenteregu-
lamasautarquiaslocaisdestacando-seasseguintes:
21
Anuário Financeiro dos Municípios Portugueses 2004
• Leinº42/98–LeidasFinançasLocaisprevendo-seaentradaemvigorem
1deJaneirode2007umaNovaLeidasFinançasLocais;
• Lei nº 58/98, de 18 de Agosto – Lei-Quadro das Empresas Municipais,
IntermunicipaiseRegionais;
• Leinº159/99,de14deSetembro–QuadrodeTransferênciadeAtribui-
çõeseCompetênciasparaasAutarquiasLocais;
• Lei169/99,de14deSetembro,republicadapelaLeinº5-A/2002de11
de Janeiro – Quadro de Competências e Regime de Funcionamento dos
ÓrgãosdasAutarquiasLocais;
• Leinº10/2003,de23deMaio–estabeleceoRegimedeCriação,oQua-
drodeAtribuiçõeseCompetênciasdasÁreasMetropolitanaseoFunciona-
mentodosseusÓrgãos;
• Leinº11/2003,de13deMaio–estabeleceoregimedecriação,oQua-
drodeAtribuiçõeseCompetênciasdasComunidadesIntermunicipaisde
DireitoPúblicooFuncionamentodosseusÓrgãos.
ALein.º159/99,de14deSetembro,actualmenteemvigor,estabelece
o quadro de transferências e competências para as autarquias locais,
constituindoodiplomadeexcelênciaparaoenquadramentodoprocesso
dedescentralização.Estaleiestipulanoartº4ºqueoconjuntodeatri-
buiçõesecompetênciasestabelecidoseráprogressivamentetransferido
para os municípios nos quatro anos subsequentes à sua entrada em
vigor.Assim,estaleitemcomoprincípiosgeraisadescentralizaçãode
competências mediante a transferência de atribuições e competências
para as autarquias locais, tendo por finalidade assegurar o reforço da
coesãonacionaleasolidariedadeinter-regional,bemcomopromovera
eficiênciaeaeficáciadagestãopública,assegurandoodireitodosadmi-
nistrados.Poroutrolado,adescentralizaçãoadministrativaasseguraa
concretizaçãodoprincípiodasubsidiariedade,devendoasatribuiçõese
competênciasserexercidaspeloníveldaadministraçãoquemelhoresti-
vercolocadoparaasconseguircomracionalidade,eficáciaeproximidade
aoscidadãos.
Aorganização,querpolíticaquerrelativaàestruturaçãodosserviços
dosmunicípios,estálegalmentedefinida.Osdiplomasemvigorsobre
estas matérias são o Decreto-Lei n.º 169/99, de 18 de Setembro
(republicado pela Lei n.º5-A/2002, de 11 de Janeiro) – que estabe-
lece o regime jurídico de funcionamento dos órgãos dos municípios
22
Anuário Financeiro dos Municípios Portugueses 2004
edasfreguesias,bemcomooquadrodecompetênciasdosmesmos
(actualizadopelaconcretizaçãodasatribuiçõesestipuladasnaLeinº
159/99, de 14 de Setembro) – e o Decreto-Lei nº116/84, de 6 de
Abril. Também a Carta Europeia da Autonomia Local (ratificada pela
ResoluçãoaAssembleiadaRepúblicanº28/90,de23deOutubro)no
seuartº5ºreferequeasautarquiaslocaisdevempoderdefinirases-
truturasadministrativasinternasdequeentendamdotar-se,tendoem
vistaadaptá-lasàssuasnecessidadesespecíficas,afimdepermitir
umagestãoeficaz.
OQuadro1.2.1apresentaaevoluçãodasatribuiçõesdosmunicípiosdefini-
daemtrêsdiplomaspublicadosatéàdata.
Quadro1.2.1–EvoluçãodasAtribuiçõesdosMunicípios
Decreto-Leinº79/77, Decreto-Leinº100/84, Lein.º159/99,
de25deOutubro de29deMarço de14deSetembro
•equipamentoruraleurbano
•administraçãodebensprópriose •energia
sobsuajurisdição •transportesecomunicações;
•desenvolvimentoabastecimento •educação
público •património,culturaeciência
•administraçãode
•saluridadepúblicaeaosaneamento •temposlivresedesporto
bensprópriosdasua
básico •saúde;acçãosocial
jurisdição
•saúde •habitação
•abastecimentopúblico
•educaçãoeensino •protecçãocivil
•culturaeassistência
•cultura,temposlivresedesporto •ambienteesaneamentobásico
•salubridadepública
•defesaeprotecçãodomeio •defesadoconsumidor
ambienteedaqualidadedevidado •promoçãododesenvolvimento
respectivoagregadopopulacional •ordenamentodoterritórioeurbanismo
•protecçãocivil •políciamunicipal
•cooperaçãoexterna
Para além disto, a mesma Lei reafirma os princípios da descentralização
administrativaedaautonomiadopoderlocal.6
3
Cf.art.o5.odaLein.o159/99,de14/09.
4
Cf.arto.4.o(Lei159/99).
5
N.o2doart.o3.o(Lei159/99).
6
Cf.art.o1.odaLein.o159/99,de14/09.
23
Anuário Financeiro dos Municípios Portugueses 2004
Assim,tem-seassistidoàcriaçãodeentidadesperiféricasemmuitasautar-
quias(e.g.cooperativas,fundações,empresasmunicipais,entreoutras),a
fimdedescentralizaremosseusserviçosdandocumprimentoaosobjectivos
demaioreficácianasuaprestação.Nestecontexto,competeàAssembleia
Municipalacompanhar,combaseeminformaçãoútildaCâmara,facultada
emtempooportuno,aactividadedestaeosrespectivosresultados,nasvá-
riasentidadesemqueomunicípiodetenhaalgumaparticipaçãonorespecti-
vocapitalsocialouequiparado(artigo53ºnº1alínead)daLei5-A/2002).
Poroutrolado,dadoquecompeteàsautarquiaslocais,dotadasdepessoal,
patrimónioefinançaspróprios,agestãodasáreasmunicipais,atravésdos
respectivos órgãos representativos, é-lhes assegurada a necessária auto-
nomia. Como explicam Gomes Canotilho e Vital Moreira (1984;p.86), “as
autarquiaslocaissãoformasdeadministraçãoautónomaterritorialdoEsta-
do,dotadasdeórgãospróprios,deatribuiçõesespecíficascorrespondentes
a interesses próprios, e não meras formas de administração indirecta ou
imediatadoEstado”.
Dispõeoart.º237.ºdaCRP,comaepígrafe“descentralizaçãoadministrati-
va”,queas“atribuiçõeseaorganizaçãodasautarquiaslocais,bemcomoa
competênciadosseusórgãos,serãoreguladosporlei,deharmoniacomo
princípiodadescentralizaçãoadministrativa”,impondooarticuladoseguinte
queasautarquiaspossuam“patrimónioefinançaspróprios”e“receitaspró-
prias”,podendodisporde“poderestributários”,sendo-lheaindaconferido,
porforçadoart.º241.º,“poderregulamentarpróprio”.
Contudo, a autonomia do poder local não pode ser encarada como uma
exclusãodaacçãooufinsvisadospeloEstado,querporqueosfinsapros-
seguirpelasautarquiasestãodefinidosnalei,querporqueosrecursosque
mobilizamtêmdeseraplicadosparaatingiressesfins,istoé,semafectaro
princípioconstitucionaldaautonomialocal,háqueestabelecermecanismos
decontroloefiscalização.
Estanecessidadedeimporlimitesàautonomialocal,visandoatenuaros
seusinconvenienteseharmonizarassuasactividadescomosinteresses
globaisdoEstadoedacolectividadenacional,égenericamentereconhe-
cidaeaprópriaCRPaprevênoseuart.º242.º.OEstadomantémsobre
estaspessoascolectivasdescentralizadasumpoderdetutelaquecor-
respondeauma“verificaçãodocumprimentodaleiporpartedosórgãos
autárquicos”.
Note-se, todavia, que, apesar da autonomia financeira de que gozam, as
autarquias encontram-se, do ponto de vista financeiro, fortemente depen-
24
Anuário Financeiro dos Municípios Portugueses 2004
dentesdastransferênciasdaAdministraçãoCentral(ver4.1,pág.##).Por
outrolado,conformeLeidasFinançasLocais,osmunicípioseasfreguesias
estãosugeitasàsnormasconsagradasnaLeideEnquadramentoOrçamen-
taleaosprincípioseregrasdeestabilidadeorçamental.
1.3Prestaçãoderesponsabilidades(accountability)
Assim, à responsabilidade dos órgãos executivos por uma boa gestão de
dinheirospúblicos(redistribuiçãoderendimentoseriqueza,comvistaauma
melhorjustiçasocial)eporinformaremsobreaformacomoutilizamosre-
cursospúblicosdisponibilizados,podemosdesignarde“accountability”.
OórgãoexecutivodeumMunicípiotementãode“prestarcontas”emmo-
mentosdiversoseadiferentesdestinatários.Defacto,umaCâmaraMuni-
cipal“prestacontas”:
• Aoseleitoressobreocumprimentodoscompromissosassumidosprevia-
mentenosprogramaseleitorais;
• Aoórgãodeliberativo,ouseja,àAssembleiaMunicipal,àqualapresenta
verdadeiramenteascontasparaqueestaasaprecieemsessãoordiná-
riaadecorrernomêsdeAbrildoanoseguinteàqueleaquerespeitam.
Normalmente as contas apresentadas correspondem aos documentos a
entregaraoTribunaldeContas;
• AoTribunaldeContas,oqual,atravésdaResolução4/2001,de18de
Agosto,definiuosdocumentosdeprestaçãodecontasquelhedevem
serenviadosanualmente.Paraalémdisto,“semprequeosresultados
dasacçõesdeverificaçãodoTribunaldeContas,sejaatravésdosdo-
cumentosdeprestaçãodecontas(verificaçãointerna)sejaatravésde
auditorias (verificação externa), indiciem factos constitutivos de res-
ponsabilidades financeiras, desenvolve-se o respectivo processo de
julgamento das respectivas responsabilidades, podendo, conforme os
25
Anuário Financeiro dos Municípios Portugueses 2004
casos,darorigemàresponsabilidadefinanceirareintegratória7(…)ouà
responsabilidadesancionatória 8(…)”(Carvalho, Fernandes e Teixeira,
2006,p.42).
•AsMinistériosdasFinançasedaAdministraçãoPúblicaeaoMinistroque
tutelaasautarquiaslocais,que,deacordocomanovaLeidasFinanças
Locaisdevemremeterosseusorçamentos,contastrimestraisbemcomo
asuacontaanualdepoisdeaprovada.
Quanto ao papel do sistema contabilístico na prestação de responsabili-
dades, pretende-se que forneça informação oportuna e fiável, de modo a
permitir:
• Executarocontrolofinanceiro;
• Verificaralegalidade;e
• Analisaraeficácia,aeficiênciaeaeconomiadasdecisões.
NonovosistemaportuguêsdeContabilidadePúblicatalpapelfoiexpressa-
mentereconhecido.Defacto,naprópriaintroduçãodoDecreto-leinº232/97,
de3deSetembro,queaprovaoPOCP,éestabelecidoqueaContabilidade
Públicadeverápermitir:
“a)Ocontrolofinanceiropelasdiferentesentidadesenvolvidaseadisponibili-
zaçãodeinformaçãoaosdiferentesagentesinteressadosporformaarefor-
çaratransparêncianaAdministraçãoPública,concretamenteefectuandoo
acompanhamentodaexecuçãoorçamentalnumaperspectivadecaixaede
compromissos(nomeadamentecomefeitosemanossubsequentes);
b)A obtenção expedita dos elementos indispensáveis do ponto de vista
docálculodasgrandezasrelevantesnaópticadacontabilidadenacional.
EstassãoparticularmenteimportantesnumaalturaemqueoPaísseen-
contracomprometidoàobtençãodedeterminadosobjectivosemtermos
derigororçamentalqueterãodesernecessariamenteaferidosemfunção
dainformaçãoproduzidanaópticadascontasnacionais;
7
Implicaareposiçãodasimportânciasabrangidaspelainfracção,incluindojurosdemora.Estares-
ponsabilidadesóocorreseaacçãoforpraticadacomculpa.
8
Implicaaaplicaçãodemultasquetêmcomolimitemínimometadedovencimentolíquidomensale
comolimitemáximometadedovencimentoanualdosresponsáveis.
26
Anuário Financeiro dos Municípios Portugueses 2004
Noquerespeitaàcontabilidadeautárquica,tambémaintroduçãodoDecre-
to-lei54-A/99,de22deFevereiro,queaprovouoPOCAL,estabelecequeo
novosistemacontabilísticodevepermitir,entreoutros:
• Ocontrolofinanceiroeadisponibilizaçãodeinformaçãoparaosórgãosautár-
quicos,nomeadamenteparaoacompanhamentodaexecuçãoorçamental;
• Estabelecerregrasquegarantamocumprimentodosprincípiosorçamen-
taiseacompatibilidadecomregrasprevisionais,bemcomoocumprimen-
todosprincípiosestabelecidosnoPOCP;
• Teremcontaprincípiosdautilizaçãomaisracionaldosrecursosedame-
lhorgestãodetesouraria;
• Aobtençãodeelementosindispensáveisaocálculodosagregadosrelevan-
tesdacontabilidadenacional;
1.4AContabilidadeAutárquicaeoPOCAL
AreformadaContabilidadeAutárquicatemtrazidoinovaçõesconsideráveis,
dasquaismerecemdestaqueasseguintes:
1)AdefiniçãodosobjectivosdaContabilidadeAutárquicaedoPOCAL–Plano
OficialdeContabilidadedasAutarquiasLocais,publicadonodia22deFe-
vereirode1999,atravésdoDecreto-Leinº54-A/999,nomeadamente“ain-
tegraçãoconsistentedacontabilidadeorçamental,patrimonialedecustos
numacontabilidadepúblicamoderna,queconstituauminstrumentofunda-
mentaldeapoioàgestãodasautarquiaslocais”,deformaapossibilitar:
9
Jáforamfeitasalgumasalteraçõesaestediploma,atravésdosseguintes:
–Lein.o162/99,de14deSetembro(alteraçãodosartigos5.o,9.o,10.o,11.oe12.odoDecreto-Lei
n.o54-A/99,de22deFevereiro);
–Decreto-Lein.o315/2000,de2deDezembro(alteraçãoaosartigos10.oe12.odoDecreto-Lei
n.o54-A/99,de22deFevereiro);e
–Decreto-Lein.o84-A/2002,de5deAbril(AlteraçãodoPOCAL,ponton.o3.3.–RegrasPrevisionais.
27
Anuário Financeiro dos Municípios Portugueses 2004
• Maiorcontrolofinanceiro;
• Disponibilizaçãodeinformaçãotempestivaerelevanteparaosórgãosda
administraçãoautárquica;
• Obtenção,deformacélere,doselementosindispensáveisparaocálculo
dosagregadosrelevantesdacontabilidadenacional;
• Disponibilizaçãodeinformação,preparadaadoptandoosprincípioscontabilísti-
cosdefinidosnoPOCP,sobreasituaçãopatrimonialdecadaautarquialocal.
2)Aobrigatoriedadedeseremimplementados3subsistemascontabilísticos:
− CONTABILIDADEORÇAMENTAL,quesebaseianoprincípiodecaixa–asreceitase
despesassãoregistadasnomomentoemqueseverificaorespectivorecebi-
mentoepagamento).Tem,todavia,subjacenteumabasedecaixamodificada
(“modifiedcashbasis”),umavezqueseregistamtambémoscompromissos
easliquidações,ouseja,sãoregistadasastransacçõesquandoumadeter-
minadaentidadesecomprometecomopagamentodasdespesas,bemcomo
osdireitosaliquidar.OsprincipaismapasdestesubsistemarespeitamàExe-
cuçãoOrçamental(despesaereceita)eaosFluxosdeCaixa;
− CONTABILIDADE DECUSTOSonde,apartirdeváriosmapascujosdiversosmo-
delossãodefinidosnoPOCAL,éobtidainformaçãodocustoporfunções,
porbenseporserviços.
3)Aapresentaçãodeinformaçãonumaperspectivapatrimonial,queimplica
anecessidadedeinventariartodososbensmóveis,imóveiseveículos,
28
Anuário Financeiro dos Municípios Portugueses 2004
independentementedoseudomínio(públicoouprivado)edeosactua-
lizar anualmente, através do cálculo da depreciação (amortizações). O
POCALdefineoscritériosdevalorimetriaeaComissãodeNormalização
ContabilísticadaAdministraçãoPública(CNCAP)recomendaautilização
doCIBE(CadastroeInventáriodosBensdoEstado).
4)AobrigatoriedadedaaprovaçãodeumSistemadeControloInternoadequa-
doàsactividadesdaautarquia,devendooórgãoexecutivoasseguraroseu
funcionamento,acompanhamentoeavaliaçãopermanente.Estesistemade
controlointernoéelaboradonumaópticadeautocontrolo,eestáprevistono
número2.9.1doPOCAL,ondesedeterminaqueomesmocompreende:
• Oplanodeorganização;
• Aspolíticas,métodoseprocedimentosdecontrolo;
• Todososoutrosmétodoseprocedimentosdefinidospelosresponsáveis
autárquicos(NormadeControloInterno),quecontribuampara:
• Assegurarodesenvolvimentodasactividadesdeformaordenadaeeficiente;
• Salvaguardadosactivos;
• Prevençãoedetecçãodesituaçõesdeilegalidade,fraudeeerro;
• Exactidãoeintegridadedosregistoscontabilísticos;
• Preparaçãooportunadeinformaçãofinanceirafiável.
Quadro1.4.1–Documentosprevisionaisedeprestaçãodecontas
Documentosprevisionais Documentoshistóricos
Balanço
Mapasde
informação DemonstraçãodeResultados(DR)
patrimonial
AnexosaoBalançoeDR
Controloorçamentaldadespesa
Controloorçamentaldareceita
Mapasde Orçamento
informação MapadeFluxosdeCaixa
orçamental
Anexosaosmapasorçamentais
PPI–PlanoPlurianualdeInvestimentos ExecuçãoanualdoPPI
Actas Actadeaprovaçãodascontas10
Relatórios RelatóriodeGestão
10
EstaéumaexigênciadoTribunaldeContas,atravésdaResoluçãono4/2001.
29
Anuário Financeiro dos Municípios Portugueses 2004
Asmudançasaoníveldasautarquiasestãonoâmbitodeumprocessomais
alargadodereformadagestãofinanceiraecontabilidadepúblicasadecorrer
emPortugal,quetemacontecidoconsiderandooenquadramentolegalapre-
sentadonoQuadro1.4.2,ondeseassinalamanegritoosdiplomasque,de
umaformadirectaouindirecta,seaplicamàsautarquiaslocais.
Quadro1.4.2–Enquadramentolegalda(reformada)gestãofinanceiraecontabilidadepública
Ano Legislação Designação
1990 Leinº8/90,de20deFevereiro LeideBasesdaContabilidadePública
Decreto-Lei nº155/92, de 28 de
1992 RegimedaAdministraçãoFinanceiradoEstado
Julho
Decreto-Leinº232/97,de3deSe-
1997 PlanoOficialdeContabilidadePública–POCP
tembro
OrientaçãoNº1/98daCNCAP AdopçãodoPOCPedefiniçãodeentidadespiloto
Leinº42/98,de6deAgosto LeidasFinançasLocais
Despacho 4.839 – 2ª Série, Diário
SATAPOCAL–ServiçodeApoioTécnicoàAplicaçãodo
da República, de 7 de Março de
POCAL
1999
1999
Plano Oficial de Contabilidade das Autarquias Locais
Decreto-Lei nº 54-A/99, de 22 de
–POCALeasalteraçõesqueselheseguiram(vernota
Fevereiro
derodapé9)
Portarianº671/2000,de17deAbril CadastroeInventáriodosBensdoEstado(CIBE)
Adopçãogeneralizadapelosserviçoseorganismosobrigados
OrientaçãoNº2/2000daCNCAP aaplicaroPOCPeplanossectoriais,dasnormasdeinventa-
riaçãoaprovadaspelaPortarian.º671/2000,de17deAbril.
2000
Portaria nº 794/2000, de 20 de PlanoOficialdeContabilidadeparaoSectordaEduca-
Setembro ção(POC–Educação)
Portaria nº 898/2000, de 28 de Plano Oficial de Contabilidade do Ministério da Saúde
Setembro (POC-MS)
Aviso nº 7.466/2001, de 30 de Norma interpretativa Nº 1/2001 da CNCAP (período
Maio complementar)
NormainterpretativaNº2/2001daCNCAP(movimen-
Aviso nº 7.467/2001, de 30 de
taçãocontabilísticadaconta25-DevedoreseCredores
Maio
2001 pelaExecuçãodoOrçamento)
Instruções para a organização e documentação das
Resolução nº 4/2001, de 18 de
contasdasautarquiaslocaiseentidadesequiparadas,
Agosto,doTribunaldeContas
sujeitasPOCAL
Leinº91/2001,de20deAgosto LeidoEnquadramentoOrçamental
Decreto-Leinº26/2002,de14de Novoclassificadoreconómicodasreceitasedasdes-
Fevereiro pesaspúblicas
2002
Decreto-Lei 12/2002 de 25 de Ja- PlanoOficialdeContabilidadedasInstituiçõesdoSiste-
neiro madeSolidariedadeeSegurançaSocial(POC-ISSSS)
Instruçõesparaaorganizaçãoedocumentaçãodascon-
Resoluçãonº1/2004,de18deJa-
2004 tasdasentidadesdoPOCP,POC-Educação,POC-MSe
neiro,doTribunaldeContas
POC-ISSSS
Circular (Série A) N.º1.314 da Di- OIVAcomooperaçãonãoorçamental(operaçãodete-
2005
recçãoGeraldoOrçamento souraria)
30
Anuário Financeiro dos Municípios Portugueses 2004
OnovosistemacontabilísticopreconizadopeloPOCALapresentaasseguin-
tescaracterísticas,querepresentamumamaisvaliaemrelaçãoaosistema
contabilísticoanterior:
•Numaperspectivaorçamental,registaaexecuçãodoorçamentoedeter-
minaosresultadosorçamentais(déficeouexcedente)atravésdoregisto
digráfico,criandocontasespecíficasparacadafasedeexecuçãodades-
pesaedareceitaedefinindoosmapasdeprestaçãodecontas,osdocu-
mentoseoslivrosdesuporte;
•Numaperspectivafinanceira,possibilitaocontroloeoacompanhamento
individualizadodasituaçãoorçamentalefinanceira,nomeadamentecom
acriaçãodecontasparaasdiferentesfasesdaexecuçãodadespesa
edareceita,conjuntamentecomutilizaçãoobrigatóriadoclassificador
económico,permitindoaindaaobtençãodebalancetespordevedorese
porcredores;
•Numaperspectivapatrimonial,tornapossívelprepararobalançopatrimo-
nialdasentidades,reconhecendoacomposiçãoevalordoseupatrimó-
nio,bemcomoasuaevoluçãoefacilitandoainventariação,actualização
econtrolodosactivosfixosimobilizados;
•Possibilitaadeterminaçãodosresultadoseconómicosemtermosanalí-
ticos,evidenciandooscustose,emalgunscasos,osproveitoseresulta-
dos,paracadafunção,bem,serviçoouactividade(perspectivaeconómica
edecustos);
•Aoserusadaabasedeacréscimo(nossubsistemaspatrimonialedecus-
tos)emconjuntocomabasedecaixaedecompromissos(nosubsiste-
maorçamental),permitereconhecernãoapenasobrigaçõesconstituídas,
direitos, pagamentos e recebimentos, mas também activos e passivos,
calculandocustos,proveitoseresultadoseconómicos;
•Utilizaadigrafiaemtodoosistema(emborasendoopçãoparaaContabilidade
deCustos),implicandoregistosdedébitos,créditosesaldosnascontasdo
Plano,melhorandoaprecisão,rigorecontrolodainformaçãocontabilística;
31
Anuário Financeiro dos Municípios Portugueses 2004
•Ostrêssubsistemascontabilísticosintegrados(contabilidadeorçamental,
contabilidadepatrimonialecontabilidadedecustos)tornampossívelcon-
trolarsimultaneamenteaexecuçãodoorçamentoeagestãoeconómicae
patrimonial,estaparticularmenteapoiadapelorecursoCIBEparavalorare
reconheceractivosfixosoperacionaisebensdedomíniopúblico.
Emresumo,oPOCALcombinadiferentesperspectivasparaalcançarosse-
guintesobjectivosgerais:
•Fornecerainformaçãonecessáriaparaasautarquiasprepararemascon-
tasanuaiseoutrosdocumentosaapresentaraosdiferentesutilizadores,
nomeadamenteàAssembleiaMunicipaleaoTribunaldeContas;
•FornecerainformaçãonecessáriaparacalcularosagregadosdaConta-
bilidade Nacional respeitantes à Administração Pública, particularmente
sobreaAdministraçãoLocal;
•Oferecerainformaçãoeconómicaefinanceirarequeridaparatomardeci-
sõesdenaturezaquerpolítica,querdegestão;
•Melhoraratransparêncianagestãodosrecursosfinanceirosedopatrimó-
nioqueaautarquiaadministraoucontrola.
Daanáliseefectuadaàscontasdosmunicípiosportuguesesde2004,con-
clui-sequeoPOCALencontra-sejácomaplicaçãogeneralizadaatodosos
municípiosdoPaís.
32
Anuário Financeiro dos Municípios Portugueses 2004
2.CONFORMIDADEEFIABILIDADEDASCONTASDOSMUNICÍPIOS
ConformereferimosnaIntrodução,afiabilidadeéumacaracterísticadain-
formaçãocontabilísticaqueimplica,entreoutrascoisas,queestarepresen-
tefielmenteastransacções,bemcomoarealidadeeconómica,financeirae
patrimonialdaentidade.
Assimsendo,afiabilidadedainformaçãoénecessariamentedeterminada
pelaobediênciaadeterminadosrequisitos,designadamentepeloseguimen-
todecertosprincípioseaconformidadecomregraseprocedimentosesta-
belecidosnosenquadramentosnormativos.
ÉnestesentidoqueseentendeagrandepertinênciadeanalisarnesteAnu-
árioaconformidadedascontasdosmunicípiosportuguesescomosrequi-
sitos do novo sistema de prestação de contas preconizado pelo POCAL,
dadoquedeladependeaavaliaçãodafiabilidadeeconsequenteutilidade
dainformaçãoporeleveiculada.
2.1CaracterizaçãodaAmostraeMetodologia
Aanálisequesesegueébaseadanosdocumentosdeprestaçãodecontasde
2004detodososmunicípiosdePortugalContinental(278),6dosAçores(deum
totalde19)e5daMadeira(deumtotalde11),oqueperfaz289municípiosana-
lisados11,representandocercade94%dototaldapopulação/universo(308).
Analisaram-seosseguintesgruposdemunicípios,deacordocomadimensão:
• 163municípiospequenosdeumtotalde178
• 102municípiosmédiosdeumtotalde106
• 24municípiosgrandesdeumtotalde24
Umavezquetodasasentidadesnapopulação/universotiveramamesmapro-
babilidade de serem seleccionadas para análise, a amostra é probabilística.
Assim, desde que seja representativa do universo, poder-se-ão, a partir dos
11
EstaéaamostraqueserátambémutilizadanosCapítulos4e5desteAnuário,respeitantesàaná-
lisedasituaçãoorçamental,económicaepatrimonialdosmunicípiosportuguesesem2004,salvo
emsituaçõesqueemqueseapresentamvaloresabsolutos.Nessecaso,referem-seapenasaos
municípiosdocontinentenatotalidade(278).
33
Anuário Financeiro dos Municípios Portugueses 2004
resultadosdaamostra,inferirconclusõesparatodoouniversodosmunicípios
portugueses.Nesteestudo,considerandoadistribuiçãodosmunicípiosanali-
sados,mostradanoGráfico2.1.1,podeconcluir-sequearepresentatividade
daamostranouniversoéelevada,peloqueasconclusõesparaaamostrasão
quasecoincidentescomasqueseriamobtidasparaatotalidadedouniverso.
Gráfico2.1.1
RepresentatividadedaAmostranaPopulação
178
180 163
160
140
120 106 102
100
80
60
40 24 24
20
0
Pequenas Médias Grandes
População Amostra
Dimensão
Comotemsidoreferido,oPOCALdefineosrequisitosmínimosparaainfor-
mação a ser relatada pelos municípios, com vista, quer à satisfação dos
potenciaisutilizadores,queraosobjectivosgeraisdefinidosparaonovosis-
temadecontabilidadeautárquica,quepodemsersumariadoscomo:
•Demonstraracorrectasituaçãoorçamental;
•Evidenciaraimagemverdadeiraeapropriadadasituaçãofinanceiraepa-
trimonialedosresultadoseconómicos;e
•Apoiaratomadadedecisãoegestão.
34
Anuário Financeiro dos Municípios Portugueses 2004
Quadro2.1.1–Informaçãoepráticasdonovosistemadecontabilidadeautárquica
Categorias Parâmetros
− Execuçãodadespesa
1.Informação Orçamental e Plano
− Execuçãodareceita
Plurianual de Investimento (Base
− PPI
deCaixa)
− AnexosàExecuçãoOrçamental12
− Bensdedomíniopúblico>a20%doactivolíquido
− Imobilizadocorpóreo
− Amortizaçõesdoexercício
− Proveitosdiferidos
2.InformaçãoEconómicaePatrimo-
− Acréscimosdecustos
nial(BasedeAcréscimo)
− Provisõesparacobrançasduvidosas
− Dívidasareceberacurtoprazo
− Existências
− AnexosaoBalançoeDemonstraçãodeResultados13
− IndicadoresOrçamentais
− IndicadoresEconómicose/ouPatrimoniais
− GraudeexecuçãodoOrçamento
3.RelatóriodeGestão
− GraudeEndividamento
− Análisedaevoluçãodasituaçãoorçamental
− Análisedaevoluçãodasituaçãoeconómicaefinanceira
4.ContabilidadedeCustos14 ImplementaçãodoSistemadeContabilidadedeCustos
RelativamenteaoAnuáriode2003,procedeu-seaalteraçõesnascategorias
eemalgunsparâmetrosnosentidodereflectirummaiorgraudeexigência
emtermosdecumprimentocomonovosistemacontabilístico.Esteaumen-
todeexigênciaentendeu-secomoadequado,dadoqueosmunicípiostêm
vindoamelhoraraaplicaçãodoPOCAL.
12
Foram analisados os anexos respeitantes a transferências e subsídios obtidos e concedidos e
situaçãodosempréstimos.
13
Foramconsideradososseguintesanexos:8.2.1–IndicaçãoejustificaçãodasdisposiçõesdoPO-
CALqueforamderrogadas;8.2.3–Critériosvalorimétricosutilizados;8.2.7–Movimentosocorridos
nasrubricasdoactivoimobilizadoenasrespectivasamortizaçõeseprovisões;8.2.8–Desagrega-
çãodosmovimentosocorridosnoimobilizado,amortizaçõeseprovisões;8.2.31–Demonstração
deResultadosFinanceiros;e8.2.32–DemonstraçãodeResultadosExtraordinários.
14
Ainformaçãoparaaanálisedesteitemfoirecolhidade:Costa,Teresa(2005)AUtilidadedaConta-
bilidadedeCustasnasAutarquias:ocasodafixaçãodastarifasepreçosmunicipais,Dissertação
deMestradoemContabilidadeeAuditoria,EscoladeEconomiaeGestão,UniversidadedoMinho.
OtrabalhoemcausaapresentouumestudorelativoàsituaçãodaContabilidadedeCustosdeuma
amostrademunicípiosportuguesesem2004.
35
Anuário Financeiro dos Municípios Portugueses 2004
20pontos,representandoocumprimentodos20parâmetros.Foiassumido
quetodosositenstêmamesmaimportância,peloquetêmomesmopeso
noíndice.Logo15 :
∑
m
Índice = p
i
i=1
Onde:p=1seoparâmetrosécumprido;p=0seoparâmetronãoécumpri-
do;m≤20.
Consequentementecadamunicípioiráterumíndicedeconformidadetotalde
20pontosnomáximo,aomesmotempoquepoderáter4índicesdeconformi-
dadeparcialrelacionadoscom:InformaçãoOrçamentalePlanoPlurianualdeIn-
vestimento(máximode4);InformaçãoEconómicaePatrimonial(máximode9);
RelatóriodeGestão(máximode6);eContabilidadedeCustos(máximode1).
Daquipoder-se-áobteroíndiceglobaldeconformidadetotalparatodaa
amostra,correspondendoàmédiaponderadadosíndicesdeconformidade
totalparacadamunicípio.Estefoicomplementadoporumíndiceglobalde
conformidadeparcialmostrando,paratodaaamostra,quaisaspráticase
informaçãoemrelaçãoàsquaisexistemaiorgraudeconformidade.
Para além disto, a fim de se calcular um índice global de informação, os
parâmetrosdoQuadro2.1.1foramentãoreagrupadosconsiderandoosob-
jectivos gerais para o novo sistema contabilístico e de relato financeiro e
orçamental,acimamencionados.Aintençãofoiaferironíveldeinteressede
cadamunicípioemrelaçãoàquelesobjectivos,permitindoanalisarquetipo
deinformaçãotendeaserfavorecidaeassimverificarodiferencialentreos
objectivoseainformaçãorealmenterelatada.
15
Parametodologiaidêntica,emboranumestudosobreaharmonizaçãointernacionalemContabilida-
dePública,ver,entreoutros:
−PinaMartínez,V.,Torres,L.(1995)«ComparativeStudyoftheGovernmentalFinancialReportsin
sixCountries»,VthCIGARConference,Paris,Maio.
−Torres,L.,PinaMartínez,V.(2003)«LocalGovernmentfinancialreportingintheUSAandSpain:a
ComparativeStudy»,SpanishJournalofFinanceandAccounting,N.115,Abril,pp.153-183.
Estesautorestambémdiscutiramoutrasmetodologias,dentrodocontextoempresarial,quepondera-
vamcadaitemdeformadiferente,evidenciandoproblemasdesubjectividadeassociadaaoestabeleci-
mentodaimportânciaparacadaitem,considerandodiferentesutilizadoreseobjectivosdainformação
relatada.
36
Anuário Financeiro dos Municípios Portugueses 2004
(Continuaçãodapáginaanterior)
Quadro2.1.2–ObjectivosdaInformaçãodoNovoSistemadeContabilidadeAutárquica
Objectivos Parâmetros
− Execuçãodadespesa
− Execuçãodareceita
− PPI
1.CorrectaSituaçãoOrçamental
− AnexosàExecuçãoOrçamental
− IndicadoresOrçamentais
− GraudeexecuçãodoOrçamento
− Bensdedomíniopúblico>a20%doactivolíquido
− Imobilizadocorpóreo
− Amortizaçõesdoexercício
− Proveitosdiferidos
− Acréscimosdecustos
2.Imagem Verdadeira e Apropriada − Provisõesparacobrançasduvidosas
daSituaçãoFinanceiraePatrimo- − Dívidaareceberacurtoprazo
nial e dos Resultados Económi- − Existências
cos − AnexosaoBalançoeDemonstraçãodeResultados
− AnexosàExecuçãoOrçamental
− IndicadoresEconómicose/ouPatrimoniais
− Análisedaevoluçãodasituaçãoeconómicaefinanceira
− GraudeEndividamento
− ContabilidadedeCustos
− IndicadoresOrçamentais
− IndicadoresEconómicose/ouPatrimoniais
− GraudeexecuçãodoOrçamento
3.ApoioàGestãoeDecisão − GraudeEndividamento
− Análisedaevoluçãodasituaçãoorçamental
− Análisedaevoluçãodasituaçãoeconómicaefinanceira
− ContabilidadedeCustos
Oíndicedeinformaçãoparacadaobjectivoécalculadonosmesmoster-
mosqueoíndicedeconformidadedefinidoacima,masparaopropósito
desta análise é particularmente importante a conformidade relativa por
municípioeporobjectivo.Considerandoquatrointervalos(quartis)mede-
seentãoqueobjectivoéparticularmenteprivilegiadopelamaioriadosen-
tidades.
37
Anuário Financeiro dos Municípios Portugueses 2004
2.2ImplementaçãoeConformidadedasContascomoPOCAL
Oníveldeconformidadecomosistemadecontabilidadeautárquicaéentão
aferido analisando a conformidade com as categorias de práticas e infor-
maçãoquesãorequeridasaosmunicípios.Tendoemcontaascategoriase
parâmetrosapresentadosnoQuadro2.1.1,osGráfico2.2.1eQuadro2.2.1
sintetizamaconformidadedetodososmunicípiosnaamostracomomáxi-
modos20parâmetrosconsiderados.
Gráfico2.2.1–ConformidadeTotal
50 46 47
42
40
40
33
Frequências
30 27
20 19
13
10
10 7
0 0 0 0 0 1 1 2 1 0 0
0 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20
N.º de Parâmetros
Aanálisedográficoanterioremconjuntocomoquadroseguintepermite-nos
retirarimportantesconclusõesemrelaçãoa2004:
− Amaioriadasentidadescumprecomumnúmerodeparâmetrosquevaria
entre9e18;
− Onúmerodeparâmetrosmaisfrequente(moda)é13,correspondendoa
46municípiosquecumpremcom13dosrequisitosanalisados;
− O ÍNDICE GLOBAL DE CONFORMIDADE TOTAL (média ponderada) significa que, em
média,todososmunicípiosanalisadossatisfazem13dos20parâmetros
considerados;
− Onúmeromáximodeparâmetroscumpridosé18,atingidopor7municípios;
− Porconseguinte,épossívelaferirqueonívelmédiodeconformidadecomosis-
temadecontabilidadeautárquica,daamostraeconsequentementedetodos
osmunicípiosnoPaís,édecercade67%.Emnossoentender,estapercenta-
gemcorrespondeaonívelmédiodeimplementaçãodoPOCALem2004.
38
Anuário Financeiro dos Municípios Portugueses 2004
Quadro2.2.1–ConformidadeTotal
Frequências
NºdeParâmetros Anuário2003 Anuário2004
(de175municípios) (de289municípios)
0 0 0
1 0 0
2 0 0
3 1 0
4 0 0
5 1 1
6 1 1
7 3 2
8 4 1
9 12 12
10 16 14
11 23 33
12 30 45
13 32 46
14 26 40
15 21 41
16 5 27
17 0 19
18 0 7
19 0 0
20 0 0
ÍndiceGlobaldeConformidade
12,13 13,28
(MédiaPonderada)
% 60,7% 66,6%
Moda 13 13
Comparativamenteàsituaçãode2003,verifica-seque:
− Olequedevariaçãodonúmerodeparâmetroscumpridopelamaioriadasenti-
dadessobe2parâmetros(deentre8e16,passouparadeentre9e18);
− Amodaquecorrespondiaa18%(32em175)passouacorrespondera
16%dosmunicípiosanalisados(46em289);
− Há um aumento da conformidade total de 6 pontos percentuais, o que é
significativodadoque,conformereferido,aumentou-seoníveldeexigência
dosparâmetrosrelativamenteaosquaistalconformidadefoianalisada(por
exemplo,enquantoqueem2003exigia-sequeosmunicípiosapenastives-
semBensdeDomínioPúbliconoBalanço,em2004exige-sequeomontan-
tedetaiselementosseja,pelomenos,20%doActivoTotalLíquido).
Alémdisto,tambéméinteressanteanalisaraconformidadedepráticase
informaçãorealizadasportodososmunicípiosdaamostra,considerandoas
39
Anuário Financeiro dos Municípios Portugueses 2004
categoriasdeparâmetros,i.e.,oquedesignámosdeconformidadeparcial,
permitindoassimavaliaremrelaçãoaqualdascategoriasexistemaiorcon-
formidade.
Quadro2.2.2–ConformidadeParcial
NºdeParâmetrosporCategoria Frequências
InformaçãoOrçamentalePPI
0 2
1 1
2 47
3 67
4 172
MédiaPonderada 3,4(85,12%)
InformaçãoEconómicaePatrimonial
0 1
1 0
2 0
3 4
4 13
5 23
6 53
7 74
8 89
9 32
MédiaPonderada 6,97(77,47%)
RelatóriodeGestão
0 5
1 33
2 78
3 76
4 65
5 30
6 2
MédiaPonderada 2,90(48,39%)
ContabilidadedeCustos
0 278
1 11
MédiaPonderada 0,04(3,81%)
Note-seaindaque,noquerespeitaaoRelatóriodeGestão,osmunicípios
analisadosjácumprem,emmédia,com2,9em6parâmetros.Estaconfor-
40
Anuário Financeiro dos Municípios Portugueses 2004
midadeparcialmédiadecercade48%ébastantesignificativa,evidenciando
aimportânciaqueosmunicípiosjáatribuemaestedocumentonoconjunto
daPrestaçãodeContas.
Gráfico2.2.2
ConformidadeParcial
100%
90% 86,07%
77,51%
80%
70%
60%
48,39%
50%
%
40%
30%
20%
10% 3,81%
0%
Informação Informação Relatório Contabilidade
Económica Orçamental de de
e Patrimonial e PPI Gestão Custos
Umsegundoaspectoquevoltouaseranalisadoéoíndicedeinformação,
aferindoseaspráticaseinformaçãorealmentefacilitadaspelosmunicípios
na implementação do POCAL permitem, em 2004, alcançar os objectivos
gerais inicialmente estabelecidos, nomeadamente: demonstrar a correcta
situaçãoorçamental;evidenciaraimagemverdadeiraeapropriadadasitua-
çãofinanceiraepatrimonialedosresultadoseconómicos;eapoiaragestão
edecisão.OQuadro2.2.3sumariaosresultadoscombasenainformação
reagrupadaconformeoQuadro2.1.2.
Quadro2.2.3–ÍndicedeInformaçãoporObjectivos
Situação Situação ApoioàGestão
Intervalos Orçamental Económico-Financeira eàDecisão
(%de
Parâmetros) Nºde Nºde Nºde
% % %
Municípios Municípios Municípios
<=25% 1 0,3% 3 1,0% 38 13,1%
>25%<=50% 31 10,7% 65 22,5% 154 53,3%
>50%<=75% 65 22,5% 163 56,4% 95 32,9%
>75% 192 66,4% 58 20,1% 2 0,7%
Total 289 100% 289 100% 289 100%
AanálisedestequadroconjugadacomoGráfico2.2.3permiteconcluirquea
maioriadasentidadesapresentamaiorpercentagemdeconformidadecom
41
Anuário Financeiro dos Municípios Portugueses 2004
osparâmetrosconsideradosparaoobjectivoDemonstraraCorrectaSitua-
çãoOrçamental.Emparticular,89%dosmunicípiosdaamostrasatisfazem
maisdemetadedositensconsideradosdentrodaqueleobjectivo,enquanto
66%cumpremcommaisde75%.
NoquerespeitaaoobjectivoEvidenciaraImagemVerdadeiraeApropriada
daSituaçãoFinanceiraePatrimonialedosResultadosEconómicos,háuma
maiorconcentraçãodemunicípiosnosintervalosmedianos:79%cumprem
comumapercentagemdeparâmetrosquevariaentre25%e75%.
EmrelaçãoaopropósitodeApoiaraGestãoeDecisão,cercade2/3dos
municípioscumpremapenascommetadeoumenosdemetadedosrequi-
sitos,sendoqueamaioriacumpreentre25%e50%.Todavia,ofactode
osrestantesjácumpriremcomumapercentagemdeparâmetrosaté75%,
mostraaimportânciajáreconhecida,napráticademuitosmunicípios,para
esteobjectivodaPrestaçãodeContas.
Nãoobstante,dadoque,paraoobjectivoDemonstraraCorrectaSituaçãoOr-
çamentalamaioriadosmunicípiossesituanoquartilmáximo,paraoobjectivo
EvidenciaraImagemVerdadeiraeApropriadadaSituaçãoFinanceiraePatrimo-
nialedosResultadosEconómicosamaioriasitua-senoterceiroquartil,epara
oobjectivoApoiaraGestãoeDecisãoamaioriasitua-seapenasnosegundo
quartil(versombreadosnoQuadro2.2.3),continuaclara,comoem2003,a
preferênciaporprestarinformaçãodecarácterorçamentaledecaixa.
Gráfico2.2.3
ÍndicedeInformação
0,7%
Intervalos de conformidade
>75% 66,4%
20,1%
32,9%
>50% e < 50% 22,5%
56,4%
53,3%
>25% e < 50% 10,7%
22,5%
13,1%
< 25% 0,3%
1,0%
0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70%
%
Apoio à Gestão e Decisão Situação Orçamental Situação Económico-Financeira
Aindaassim,comparativamentea2003,conformemostraoQuadro2.2.4,
podemosdizerqueaspráticasdosmunicípiosnoquerespeitaàprestação
42
Anuário Financeiro dos Municípios Portugueses 2004
deinformaçãoquevádeencontroaospropósitosinicialmenteestabelecidos
paraoPOCAL,melhoraramsubstancialmente(peseemboraadiferençanos
parâmetrosconsideradosparaatingircadaobjectivoque,comoreferido,fo-
ram,para2004,maisexigentes).Defacto,particularmentenoquerespeita
aos objectivos Evidenciar a Imagem Verdadeira e Apropriada da Situação
Financeira e Patrimonial e dos Resultados Económicos e Apoiar a Gestão
eDecisão,nota-seumasubidadaspercentagensdosquartismaisbaixos
paraosmaisaltos.
Quadro2.2.4–ÍndicedeInformaçãoporObjectivos–análisecomparativa
Situação Situação
Intervalos ApoioàGestãoeàDecisão
Orçamental Económico-Financeira
(%de
Parâmetros) % % % % % %
2003 2004 2003 2004 2003 2004
<=25% 0,0% 0,3% 3,0% 1,0% 91,0% 13,1%
Emresumo,daanáliseanteriorpoderãosersintetizadasasseguintescon-
clusões:
− DaanálisedoníveldeconformidadecomoPOCALemgeral,considerando
diferentescategoriasdepráticaseinformaçãoqueonovosistemadecon-
tabilidadeautárquicarequer,obteve-seumnívelmédiodeimplementação
de67%,correspondendoaoseuníveldeimplementaçãoglobalnopaís.
O nível médio de implementação apresentado no Anuário de 2003 era
de61%.Ocrescimentode6pontospercentuaisparece-nossignificativo,
sobretudoconsiderandoqueaumentámosoníveldeexigênciadosparâ-
metrosconsideradosparatalconformidade;
− Denotarqueoníveldeconformidadeaindamuitoreduzidonoquesere-
fereàspráticaseinformaçãorequeridaparaaContabilidadedeCustos,
conclusão que se baseou não nos documentos de Prestações de Con-
43
Anuário Financeiro dos Municípios Portugueses 2004
tasdosmunicípios,mas,comoinicialmenterealçado,noestudodeCosta
(2005);
− Noquerespeitaàspráticaseinformaçãofacilitadasparaatingirosobjecti-
vosgeraisdonovosistema,emrelaçãoa2003continuaaexistirumapre-
ferênciaclarapelamaioriadosmunicípiosparacumpriremcomparâme-
trosrelacionadoscomaDemonstraçãodaCorrectaSituaçãoOrçamental
(ainformaçãoorçamentalcontinuaaserprioritária);osegundoobjectivo
aserfavorecidoéEvidenciaraImagemVerdadeiraeApropriadadaSitua-
çãoFinanceiraePatrimonialedosResultadosEconómicoseopreteridoé
ApoioàGestãoeàDecisão.Nãoobstante,relativamenteaosobjectivos
menospreferidos,nota-seumaevoluçãofavorávelde2003para2004,já
quemaismunicípiostendemacumprircommaisparâmetrosdeinforma-
çãoincluídanestascategorias.
44
Anuário Financeiro dos Municípios Portugueses 2004
3.COMPARABILIDADEEUTILIDADEDAINFORMAÇÃOFINANCEIRA
DOSMUNICÍPIOS
EmboranãoexplícitosnoPOCAL,admite-sequeainformaçãofornecidapelo
actualsistemadeContabilidadeAutárquicasedestinaaváriosutilizadores,
externoseinternos.Enquantoquenosinternosseinseremessencialmente
gestores autárquicos e o órgão executivo, nos externos estão entidades
tãodiversasquevãodesdeaAdministraçãoCentraleoTribunaldeContas
(principal entidade de auditoria externa), até aos cidadãos (contribuintes,
eleitores,receptoresdeserviços,etc.),passandopelosinvestidores,forne-
cedoreseoutroscredores(nomeadamenteabanca).
Paraalémdisto,asprincipaisnecessidadesassociadasàquelespotenciais
utilizadoresdainformaçãocontidanascontasdosmunicípios,prendem-se
comfinsdecontroloeapoioàtomadadedecisões.
Nestesentido,estecapítulocomeçaporanalisarostiposediversidadesdeindi-
cadoresapresentadospelosmunicípiosnoseuRelatóriodeGestão.Osobjectivos
sãoaveriguaraquetipodeinformaçãosintetizandoasituaçãofinanceiradosmuni-
cípiososgestoresinternosatribuemimportância(i.e.,consideramútil),bemcomo
verificaratéquepontotalinformaçãopermitecomparaçõesentremunicípios.
O capítulo segue, por um lado, explorando a utilidade interna da informação
financeiramunicipal,particularmenteanalisandootipodeinformaçãodiscutida
nasreuniõesdeaprovaçãodecontase,consequentemente,contidanasres-
pectivasActas(CâmaraseAssembleiasMunicipais).Poroutrolado,afimde
averiguarautilidadeexternaporaquelequeéumdosprincipaisutilizadoresda
informaçãofinanceiraautárquicaparaefeitosdecontrolo,apresentam-seainda
osresultadosdeumoutroestudosobreosconteúdosdosrelatóriosdasaudi-
toriasdoTribunaldeContasaumconjuntodeautarquiasportuguesas.
3.1Indicadoresorçamentais,económico-financeirosepatrimoniais
3.1.1Enquadramentoemetodologia
Umdosdocumentosdeprestaçãodecontasmaisimportantesaapresentar
pelosmunicípioséoRelatóriodeGestão.Estedeveserpreparadonosmoldes
definidosnoponto13doPOCALedevecontemplarosseguintesaspectos:
− Asituaçãoeconómicarelativaaoexercício,analisandoemespecialaevo-
luçãodagestãodosdiferentessectoresdeactividadedaautarquialocal,
45
Anuário Financeiro dos Municípios Portugueses 2004
designadamentenoquerespeitaaoinvestimento,condiçõesdefunciona-
mento,custoseproveitos,quandoaplicável;
− Uma síntese da situação financeira da autarquia, considerando os indi-
cadoresdegestãofinanceiraapropriadosàanálisedebalançosedede-
monstraçõesderesultados;
− Evoluçãodasdívidasdecurto,médioelongoprazos,deterceiroseater-
ceiros, nos três últimos anos, individualizando, naquele último caso, as
dívidasainstituiçõesdecréditodasoutrasdívidasaterceiros;
− Propostafundamentadadaaplicaçãodoresultadolíquidodoexercício;
− Osfactosrelevantesocorridosapósotermodoexercício.
Comefeito,oRelatóriodeGestãodeveincluiracomparabilidadeentreos
objectivos traçados pelo município, os meios e os métodos utilizados na
execuçãodassuasactividades,eosresultadosobtidos.
Estesreferenciaisservirãoessencialmenteàfunçãodesupervisãodeges-
tão,permitindoaverificação,oacompanhamentoeainformaçãodetodos
osactosdedecisãotomadosaolongodaactividadedaautarquia,comvista
àexecuçãodoOrçamentoedasGrandesOpçõesdoPlano.
Em resumo, o Relatório de Gestão deve proporcionar uma visão clara da
situaçãoorçamental,financeira,patrimonialeeconómicarelativaaoexercí-
cio,espelhandoaeficiêncianautilizaçãodosmeiosafectosàprossecução
dasactividadesdesenvolvidaspelomunicípioeaeficácianarealizaçãodos
objectivos.
No âmbito dos objectivos definidos para este 2º Anuário, e face à impor-
tânciaqueentendemosqueoRelatóriodeGestãodeveternoconjuntoda
PrestaçãodeContas,entendemosserpertinenteanalisarosRelatóriosde
46
Anuário Financeiro dos Municípios Portugueses 2004
Gestãodosmunicípiosportugueses,tendoporfimresponderàsseguintes
questões:
ü OsmunicípioscumpremcomodefinidonoPOCALrelativamenteàapre-
sentaçãodeumasíntesesobreasituaçãofinanceira?
ü Quetipodeindicadoresdegestãosãoapresentadospelosmunicípios
portugueses?
ü Atravésdosindicadoresapresentadosépossívelfazercomparaçãoentre
ascontasdosdiferentesmunicípios?
Assim,dosaspectosacontemplarnoRelatóriodeGestão,referidosacima,
concentrar-nos-emosnoprimeiro.
Ametodologiautilizadafoiaanálisedeconteúdos(Weber,1990;Krippen-
ford,2004).Estatécnicaéumametodologiapadrão,utilizadaemciências
sociais,relativaàcomunicaçãodeconteúdosepodeseraplicadadeforma
qualitativa ou quantitativa. Quantitativamente começa por contar as pala-
vras,espaços,tempos,etc.Qualitativamenteenvolvetodootipodeanálise
ondeosconteúdosdecomunicação(discurso,textoescrito,entrevistas…)
sãoescalonadoseclassificadostendoemconsideraçãoosconteúdosde
comunicação,disponíveiscomotextos,equesejampossíveisdeserlidos.
Osconteúdosdecomunicaçãosãoconsideradoscomoinputsecontados
parafrequênciasdepalavras.Dalistadefrequênciaspodesergeneralizada
umalistadecategorias,permitindoocontrolodadistribuiçãodecategorias
portodootexto.
Nocontextodestetrabalho,analisámososconteúdosdoRelatóriodeGes-
tãodosmunicípioscontandoonúmeroeidentificandootipodeindicadores
de gestão apresentados. O indicadores identificados foram posteriormen-
teclassificadosnascategoriasdeindicadoresorçamentaiseindicadores
económicose/oupatrimoniais.Alémdisto,comvistaaanalisarquantose
16
NãoforamanalisadososRelatóriosdeGestãodosmunicípiosdasilhasdosAçores(19municípios)
eMadeira(11municípios)
47
Anuário Financeiro dos Municípios Portugueses 2004
quaisserepetemportodososmunicípios,contámos,paracadacategoria
deindicadores,onúmerodevezesquecadaindicadoreraapresentadope-
losmunicípiosdaamostra.
3.1.2Apresentaçãoeanálisedosresultados
Quantidadeetipodeindicadoresapresentados
NoGráfico3.1.2.1apresenta-seonúmerodemunicípiosqueelaboramindi-
cadoresdegestãodefinindo-secincointervalos:
− Nãoapresentamqualquertipodeindicador
− Apresentamde1a10indicadores
− Apresentamde11a20indicadores
− Apresentamde21a30indicadores
− Apresentammaisde30indicadores
Gráfico3.1.2.1
QuantidadedeIndicadoresnoRelatóriodeGestãodosMunicípios
100
86
80
N.º de Municípios
67
59
60
40 35
31
20
Comoseverifica,existeumnúmerosignificativodemunicípios(86em278,
i.e.31%)quenãoapresentanenhumindicadornoRelatóriodeGestão,nem
orçamental,nemeconómicoe/oupatrimonial.Dosmunicípiosqueapresen-
tamindicadores,omaiorgrupositua-senointervalode11a20indicado-
res.Poroutrolado,encontrámos31municípiosqueapresentamindicadores
no Relatório de Gestão em número superior a 30 indicadores. O número
48
Anuário Financeiro dos Municípios Portugueses 2004
máximodeindicadoresapresentadoséde74everifica-seemapenasum
município.Amédiageraldeindicadoreséde12,5(numtotalde3.491de
indicadoresquantificadosem278municípios).
Relativamenteaotipodeindicadoresquesãoapresentados,conformeQua-
dro3.1.2.1,verificamosquesãoapresentadosumtotalde464indicadores
diferentese,deentreestes,72%sãoindicadoresdecarácterorçamentale
28%sãoindicadoreseconómicose/oupatrimoniais.
Quadro3.1.2.1–Tipodeindicadores
Indicadores Númerodeindicadores
Orçamentais 333
Económicose/oupatrimoniais 131
Totaldeindicadores 464
Destesresultadospodemosconcluirque,apesardanovaContabilidade
Autárquica ter como aspecto inovador a obrigatoriedade da elaboração
e apresentação de informação de carácter patrimonial e económico, o
factoéqueosmunicípioscontinuamadarmaisrelevânciaàapresenta-
çãodeinformaçãodecarácterorçamental.Estaevidênciavemconfirmar
os resultados de outros trabalhos apresentados no âmbito deste pro-
jecto(Carvalho,JorgeeFernandes,2004;Jorge,CarvalhoeFernandes,
2005).
Por outro lado, verificou-se que 35 dos 333 indicadores orçamentais têm
tambémcaráctersocial,dadoquesãoindicadoresquecombinamvalores
relativosàexecuçãoorçamentalcominformaçãodecaráctersocial,entre
outra,apopulaçãoresidentenomunicípio,onúmerodetrabalhadoresmuni-
cipais,aáreageográficaeonúmerodeeleitores.
Verificámosaindaqueexistemindicadoresque,apesardeseremdesigna-
dos de forma diferente pelos municípios, fornecem a mesma informação.
Estadiversidadeterminológicademonstra,nonossoentender,algumacon-
fusãoconceptualnestedomínio.
IndicadoresOrçamentais
49
Anuário Financeiro dos Municípios Portugueses 2004
Assim,dadoonúmeroelevadodeindicadores(333),foramdefinidosquatro
intervalos:
− Indicadoresrepetidosemmaisde50%(139)dosmunicípios
− Indicadoresrepetidosentre25%(69)a50%(139)dosmunicípios
− Indicadoresrepetidosentre10%(27)a25%(69)dosmunicípios
− Indicadoresrepetidosemmenosde10%dosmunicípios
Quadro3.1.2.2–Númerodeindicadoresorçamentaisqueserepetem
Intervalosdemunicípios Númerodeindicadores
Emmaisde50%dosmunicípios 0
Emmaisde25%emenosde50%dosmunicípios 2
Emmaisde10%emenosde25%dosmunicípios 24
Emmenosde10%dosmunicípios 307
Totaldeindicadores 333
Existemapenasdoisindicadoresorçamentais,queseapresentamnoQua-
dro 3.1.2.3, que se repetem por mais de 25% e menos de 50% dos mu-
nicípios.Maisconcretamentesãoapresentadosporcercade70dos278
municípios.
Quadro3.1.2.3–Indicadoresqueserepetememmaisde25%
emenosde50%dosmunicípios
TipodeIndicador Nºdemunicípios
DespesascomPessoal/Despesastotais 71
DespesascomPessoal/Despesascorrentes 75
Quandoanalisamososindicadoresqueserepetememmaisde27emenos
de 70 municípios verificamos que existem 24 indicadores neste intervalo.
Noentanto,conformeoQuadro3.1.2.4,verifica-seumagrandedispersão,
dadoqueonúmerodemunicípiosqueapresentamomesmoindicadorvaria
numintervaloentre29e68eomesmonúmerodemunicípiosapenasse
repetetrêsvezespara7indicadoresdiferentes:2indicadoresem50eem
48municípiose3em38municípios.
50
Anuário Financeiro dos Municípios Portugueses 2004
Quadro3.1.2.4–Indicadoresqueserepetememmaisde10%
emenosde25%dosmunicípios
TipodeIndicador NºdeMunicípios
DespesasdePessoal/ReceitasCorrentes 68
ReceitasCorrentes/ReceitasTotais 64
ReceitasTotais/DespesasTotais 63
Investimentos/DespesasTotais 60
DespesasCorrentes/DespesasTotais 58
ReceitasPróprias/ReceitasTotais 54
DespesasCorrentes/ReceitasCorrentes 53
ImpostosDirectos/ReceitasCorrentes 52
ReceitasCorrentes/DespesasCorrentes 50
Investimentos/DespesasdeCapital 50
DespesasdeCapital/DespesasTotais 46
DespesasdeCapital/ReceitasdeCapital 45
17
FundosMunicipais /ReceitasTotais 43
ImpostosDirectos/ReceitasTotais 42
Passivosfinanceiros/ReceitasTotais 42
TransferênciasCorrentes/ReceitasCorrentes 41
TransferênciasdeCapital/ReceitasdeCapital 38
Dívidas/DespesasTotais 38
Investimentos/População 38
ReceitasdeCapital/DespesasdeCapital 37
ReceitasdeCapital/DespesasTotais 36
ReceitasdeCapital/ReceitasTotais 33
Passivosfinanceiros/ReceitasdeCapital 31
Aquisiçãodebenseserviços/DespesasCorrentes 29
Por último, no intervalo que se repete apenas de 1 a 27 municípios, en-
contramos307indicadores,concentradoscomoapresentamosnoQuadro
3.1.2.5. Assim, existem 130 indicadores orçamentais diferentes que não
se repetem, dado que são apenas apresentados apenas num município,
enquantoquehá43indicadoresqueserepetemapenasduasvezese16
queserepetem5vezes(i.e.,emcincomunicípios).
Quadro3.1.2.5–Indicadoresqueserepetememmenosde10%dosmunicípios
Númeroderepetições(municípios)
1 2 3 4 5 6até27
Númerodeindicadores 130 43 30 20 16 68 307
17
Estesfundossãotransferências(correntesedecapital)doOrçamentodoEstado.
51
Anuário Financeiro dos Municípios Portugueses 2004
Emresumo,apesardeexistiremmuitosmunicípiosqueparecemdarim-
portânciaaindicadoresqueapresentaminformaçãorelativaaDespesas
com Pessoal, como assinalamos no Quadro 3.1.2.3, continua a existir
umagrandediversidadedepráticasrelacionadasamaioriaindicadores
orçamentais.
IndicadoresEconómicose/ouPatrimoniais
Comoreferimos(Quadro3.1.2.1),existem131indicadoresdeinformação
económicae/oupatrimonial,ouseja,informaçãoobtidadosubsistemade
ContabilidadePatrimonial.DosubsistemadeContabilidadedeCustosnãoé
apresentadoqualquerindicador,justificadopelofactodeestesubsistema,
apesardeobrigatório,continuaraterumníveldeimplementaçãoreduzido,
comodemonstradoporCarvalho,JorgeeFernandes(2004)enesteAnuário.
Poroutrolado,osresponsáveispelosmunicípiosestãoaindapoucosensibi-
lizadosparaagestãodeperformance,nãoincentivandoassimaelaboração
deinformaçãonesteâmbito.
Talcomofizemoscomosindicadoresorçamentaisagrupamosestesindica-
doresem4intervalos:
− Indicadoresrepetidospormaisde50%dosmunicípios
− Indicadoresrepetidosentre25%a50%dosmunicípios
− Indicadoresrepetidosentre10%e25%dosmunicípios
− Indicadoresrepetidospormenosde10%dosmunicípios
Quadro3.1.2.6–Númerodeindicadoreseconómicose/oupatrimoniaisqueserepetem
Intervalosdemunicípios Númerodeindicadores
Emmaisde50%dosmunicípios 0
Emmaisde25%emenosde50%dosmunicípios 3
Emmaisde10%emenosde25%dosmunicípios 4
Emmenosde10%dosmunicípios 124
Totaldeindicadores 131
Édedestacarquenãoexistemindicadoresqueseenquadremnoprimeiro
intervalo,ouseja,nãoexistequalquerindicadorqueserepeteemmaisde
139(maisde50%dosmunicípiosanalisados).Todavia,existem3indicado-
res,apresentadosnoQuadro3.1.2.7,queserepetemnumintervalode70a
139(25%a50%)dosmunicípiosanalisados.
52
Anuário Financeiro dos Municípios Portugueses 2004
Quadro3.1.2.7–Indicadoresqueserepetememmaisde25%
emenosde50%dosmunicípios
TipodeIndicador Nºdemunicípios
ActivoCirculante/ExigívelaCurtoprazo 116
Fundos/Próprios/Activolíquido 78
FundosPróprios/PassivoTotal 76
Noterceirointervalo,existem4indicadoresqueserepetem,ouseja,confor-
meapresentadonoQuadro3.1.2.8,existeumconjuntodemunicípios(mais
de27emenosde70)queoptaramporapresentarestesindicadoresnos
seusRelatóriosdeGestão.
Quadro3.1.2.8–Indicadoresqueserepetememmaisde10%
emenosde25%dosmunicípios
TipodeIndicador Nºdemunicípios
(ActivoCirculante–Stocks)/ExigívelaCurtoPrazo 67
(Bancos+Caixa)/PassivoCirculante 61
PassivoTotal/Activoliquido 40
CapitaisPermanentes/ImobilizadoLíquido 29
Porúltimo,numintervalodeindicadoresqueserepetemapenasde1a27
municípios,encontramos124indicadoresdispersosconformeevidenciado
noQuadro3.1.2.9.
Quadro3.1.2.9–Indicadoresqueserepetememmenosde10%dosmunicípios
Númeroderepetições(municípios)
1 2 3 4 5 6a27
Númerodeindicadores 49 20 12 5 6 32 124
Podemos concluir que, apesar do indicador de Liquidez Geral (Activo
Circulante/Exigível a Curto Prazo) ser apresentado em quase metade
dosmunicípios(116em278–Quadro3.1.2.7),continuaaexistiruma
grande diversidade de outros indicadores económicos e /ou patrimo-
niaisapresentados.
Defacto,dos131indicadoresdiferentes,49nãoserepetem,oqueindicia
oquejáconstamosrelativamenteaosindicadoresorçamentais,istoé,que
cada município apresenta o seu próprio conjunto de indicadores diferente
dosrestantesmunicípios.
53
Anuário Financeiro dos Municípios Portugueses 2004
3.1.3Reflexõeserecomendações
Apósestaanálise,asquestõesinicialmentecolocadasmerecem-nosasse-
guintesreflexões:
2.Relativamenteàsegundaquestão–“Quetipodeindicadoresdegestão
sãoapresentadospelosmunicípios?”,verificamosqueexisteumagrande
quantidadedeindicadores,numtotalde464,sendoqueamaioriasão
indicadores do tipo orçamental (333), contra 131 dos tipo económico
e/oupatrimonial.Estasituaçãodemonstraqueosresponsáveisdosmu-
nicípios,apesardaintroduçãodaContabilidadeFinanceiraePatrimonial,
continuamadarmaisimportânciaàinformaçãoobtidanaContabilidade
Orçamental.Istopoderáserjustificado,porumlado,pelofactodomodelo
anteriorconsiderarapenasinformaçãoorçamental,estandoosresponsá-
veismaisfamiliarizadoscomestetipodeinformaçãoe,poroutrolado,
porqueosdocumentosprevisionaisobrigatórioscontemplamapenasin-
formaçãodecarácterorçamental.
3.Porúltimo,sobreaquestão–“Comosindicadoresapresentadosépossí-
velfazerumacomparaçãoentreascontasdosdiferentesmunicípios?”,a
conclusãoaquechegamoséquenãoépossívelefectuarcomparações,
dadooelevadonúmerodeindicadoresexistenteeasuavariedadenos
diferentesmunicípios,oquevaideencontroasconclusõesapresentadas
porJorge,Carvalho,FernandeseCamões(2005)sobreadiversidadedas
práticascontabilísticasnosmunicípiosportugueses.
4.Finalmente,emfacedosresultados,consideramosque,paraocumpri-
mentodosobjectivosdareformadaContabilidadeAutárquica,sobretudo
noaspectodacomparaçãodainformaçãoentremunicípios,éfundamen-
talqueasentidadesresponsáveisdefinamumconjuntodeindicadores
obrigatóriosdeseremapresentadospelosmunicípios.
Continuandoareflexãodoponto4,sugerimosaquiumconjuntodeindica-
doresdegestão(Carvalhoeoutros,2006)quepoderãosustentarpartedas
análisesapresentadasnoRelatóriodeGestão,devendoreportar-seauma
análisecomparativadosúltimos5anos.Note-seque,nãosãoapresenta-
54
Anuário Financeiro dos Municípios Portugueses 2004
dos indicadores obtidos da Contabilidade de Custos, os quais apesar da
suaimportânciaparamediraeficiência,eficáciaeeconomia,aindanãosão
aplicáveisàgrandemaioriadosmunicípiosdadonãoteremestesistemade
Contabilidadedevidamenteimplementado..
IndicadoresOrçamentais:
•ReceitaTotal/DespesaTotal
•(ReceitaTotal-PassivoFinanceiro)/(DespesaTotal–Amortizações)
•ReceitasCorrentesExecutadas/ReceitasCorrentesOrçadas
•ReceitaTotalCorrentedoanon/ReceitaTotalcorrentedoanon-1
•ImpostoseTaxas/ReceitasCorrentes
•ImpostoseTaxasdoanon/ImpostoseTaxasdoanon-1
•TransferênciasCorrentes/ReceitasCorrentes
•ReceitasCorrentes/ReceitasTotais
•DespesasCorrentesExecutadas/DespesasCorrentesOrçadas
•DespesascomPessoal/DespesasCorrentes
•TransferênciasCorrentesEfectuadas/DespesasCorrentes
•DespesadeCapitalExecutadas/DespesasdeCapitalOrçadas
•DespesasdeCapital/DespesasTotais
•JurosPagos/ReceitaCorrente
•DespesasCorrentesdoanon/DespesasCorrentesdoanon-1
•ServiçodaDívida/ReceitaCorrente
•Dívidas/ReceitaCorrente
•AmortizaçõesdeEmpréstimos/EmpréstimosUtilizados
•EmpréstimosUtilizadosdoanon/Investimentosdoanon
•Investimentodoanon/Investimentodoanon-1
IndicadoresEconómicosPatrimoniais:
•ImobilizadoLíquidodoanon/Imobilizadolíquidodoanon-1
•AmortizaçõesAcumuladas/ActivoBruto
•Disponibilidadesdoanon/Disponibilidadesdoanon-1
•Proveitosdiferidosdoanon/Proveitosdiferidosdoanon-1
•Dívidasapagaracurtoprazodoanon/Dívidasapagaracurtoprazodoanon-1
•Dívidasamédioelongoprazodoanon/Dívidasamédioelongoprazo
doanon-1
•Dívidasapagar/ActivoLíquido
•Dívidasareceberdoanon/Dívidasareceberdoanon-1
•Ajustamentos/Dívidasareceber
•ResultadoLíquido/FundosPróprios
•Proveitostotaisdoanon/Proveitostotaisdoanon-1
•VendasePrestaçãodeServiçosdoanon/VendasePrestaçãodeservi-
çosdoanon-1
55
Anuário Financeiro dos Municípios Portugueses 2004
•Transferênciasrecebidasdoanon/Transferênciasrecebidasdoanon-1
•Proveitostotais/Custostotais
•Custostotaisdoanon/Custostotaisanon-1
•FornecimentoseServiçosExternosdoanon/FornecimentoseServiços
Externosdoanon-1
•CustoscomoPessoal/CustosTotais
•CustosFinanceirosdoanon/CustosFinanceirosdoanon-1
3.2ActasdasCâmaraseAssembleiasMunicipais
DeacordocomaleiqueestabeleceoQuadrodeCompetênciaseRegimede
FuncionamentodosÓrgãosdasAutarquiasLocais18ecomoPOCAL,oacto
deprestaçãodecontasdecorreemdoismomentosdistintos,considerando
os dois níveis de decisão associados aos respectivos órgãos municipais.
Assim,numprimeiromomento,ascontasanuaissãoapresentadasediscu-
tidaspeloórgãoexecutivo(CâmaraMunicipal).
Posteriormente, em sede do órgão deliberativo, as contas são apresenta-
das,discutidasevotadasemreuniãoadecorreraté30deAbrildoanoapós
aqueleaquerespeitam.Independentementedosresultadosdavotação,as
contassãoremetidasaoTribunaldeContasaté15deMaio.
Dasreuniõesdediscussãodascontasresultamregistosoficiaisexpressos
nasrespectivasActasque,decertaforma,mostramaimportânciaqueos
utilizadoresinternos,concretamentemembrosdaCâmaraeAssembleiaMu-
nicipais,atribuemacertostiposdeinformaçãodentrodosdocumentosde
prestaçãodecontas,evidenciandoasuautilidade.
Esta secção tem por objectivo analisar a utilidade interna da informação
financeira municipal apresentada em sede de prestação de contas, anali-
sandoparticularmenteosconteúdosdasreferidasActas.
Comoreferimos,nesteAnuáriogenericamenteanalisamosascontasde289
municípios portugueses, através do envio dos documentos por parte dos
municípiosoupelaconsultadosmesmosnoTribunaldaContas.Noentanto,
considerandoasactascompletas,apenasestavamdisponíveis134Actas
dereuniõesdeCâmara(CM)e59ActasdereuniõesdeAssembleia(AM).
18
Lei169/99,de14deSetembro,republicadapelaLeino5-A/2002de11deJaneiro.
56
Anuário Financeiro dos Municípios Portugueses 2004
Destaanáliseforampoisexcluídososmunicípiosdaamostraqueapresen-
tavamapenasparteouumextractodasrespectivasactas,dadoquenão
tinhaminformaçãosuficienteparaaanáliserequerida.
Ametodologiafoiamesmautilizadaparaaanálisedosindicadoresdentro
doRelatóriodeGestão,ouseja,análisedeconteúdos(Weber,1990;Kri-
ppenford,2004),járeferidanasecção3.1.
OsGráficos3.2.1e3.2.2mostramarepartiçãodasactasapresentadas,
quer das reuniões de Câmara quer das da Assembleia, de acordo com a
dimensãodosmunicípios.
Gráfico3.2.1–ActasdasCâmarasMunicipais
6%
34%
60%
Gráfico3.2.2–ActasdasAssembleiasMunicipais
5%
36%
59%
Pode constatar-se que a distribuição é semelhante para os dois tipos de
Actas, ou seja, cerca de 60% dos municípios que disponibilizaram ambas
as Actas são pequenos, 35% são de média dimensão e apenas 5% são
grandes.Desalientarqueapercentagemdemunicípiosqueapresentamas
57
Anuário Financeiro dos Municípios Portugueses 2004
ActasnodossierdasContasépróximadadistribuiçãogeraldosmunicípios
pordimensão(58%pequenos,34,4%médiose7,8%grandes).
Quantoaosaspectosdiscutidos,entendemosagrupá-losemdoisconjuntos
principais:umrelativoàinformaçãoorçamentalembasedecaixaeoutro
relativoàinformaçãoeconómicaepatrimonialembasedeacréscimo.Den-
tro de cada um dos agrupamentos foi dada especial relevo aos aspectos
referidosnoquadroabaixo.
Quadro3.2.1–Tópicosanalisadosdentrodasactas
Actas
Graudeexecuçãodadespesa(GEOD)
Grausdeexecuçãodareceita(GEOR)
GraudeexecuçãodoPlanoPlurianualdeInvestimentos(GEPPI)
Informação Orçamental em Base Execuçãofuncionaldadespesa(EF)
deCaixa Modificaçõesorçamentais(MO)
Graudeendividamento(GE)
Compromissosassumidosenãopagos(CANP)
Outros
Balanço(BAL)
Passivo(PASS)
BensdeDomínioPúblico(Act-BDP)
AcréscimoseDiferimentos(AD)
Informação económica e Patrimo-
EstruturadeCustos(EC)
nialembasedeAcréscimo
EstruturadeProveitos(EP)
ResultadoLíquido(RL)
PropostadedestinodoResultadoLíquido(PDR)
Outros
OsGráficos3.2.3e3.2.4mostramosaspectosrelacionadoscomainfor-
maçãoorçamentalembasedecaixa,quernasreuniõesdasCâmarasquer
nasdasAssembleiasMunicipais.Emtermosglobaisverifica-sequeosas-
pectosmaisdiscutidossãoosmesmosporambososórgãos.
Emparticular,emmaisde50%dosmunicípiossãodiscutidososgrausde
execuçãodadespesaedareceita.Emcontrapontoencontram-seasques-
tõesrelacionadascomasModificaçõesOrçamentaisqueemnenhumdos
órgãossãoobjectodediscussão.
Emterceirolugarnosaspectosmaisdiscutidosencontram-se,emambosos
órgãos,asquestõesrelativasàexecuçãodoPlanoPlurianualdeInvestimen-
tos.Noquerespeitaaostópicosque,dealgumaforma,serelacionamcomo
endividamentodasentidades,omaisimportanteéograudeEndividamento
(24,63%nasCâmarase27,12%nasAssembleias)–médioelongoprazo,
nomeadamenteempréstimosbancários–seguindo-seosEncargosFinancei-
58
Anuário Financeiro dos Municípios Portugueses 2004
ros,sendoqueosCompromissosAssumidoseNãoPagos(queserelacio-
namessencialmentecomdívidadecurtoprazo)sãoosmenosdiscutidos,
nãoosendo,detodo,discutidosnasreuniõesdasAssembleias.
Gráfico3.2.3
InformaçãoOrçamentalemBasedeCaixa(CM)
60% 55,22% 54,48%
50%
% de Municípios
40%
30% 26,87%
24,63%
20%
14,18%
10%
3,73% 2,24%
0,00%
0%
GEOD GEOR GEPPI EF MO CANP GE Outras
Tópicos discutidos
Gráfico3.2.4
InformaçãoOrçamentalemBasedeCaixa(AM)
60% 54,24% 55,93%
50%
% de Municípios
40%
20%
13,56%
10%
1.69%
0,00% 0,00%
0%
GEOD GEOR GEPPI EF MO CANP GE Outras
Tópicos discutidos
DentrodacategoriaOutros,osaspectosmaisdiscutidosprendem-secomo
MapadeFluxosdeCaixaeOperaçõesdeTesouraria.
Noquerespeitaàanálisedainformaçãoeconómicaepatrimonialembase
deacréscimo,osGráficos3.2.5e3.2.6mostram,emtermosglobais,per-
centagensmuitomenoresdemunicípiosadiscutiremestesaspectosdoque
asapresentadasparaainformaçãoorçamental.Talfactoevidenciaquenas
reuniões,querdoórgãoexecutivoquerdeliberativo,continuaaserdadamais
importânciaaosassuntosrelacionadoscomasquestõesorçamentaise,por
59
Anuário Financeiro dos Municípios Portugueses 2004
Aindaassim,relativamenteàsquestõeseconómicasepatrimoniais,osas-
pectosmaisdiscutidosemsededeambososórgãosrespeitamaoResulta-
doLíquidoeàsuaPropostadeAplicação,oquenãoconstituisurpresa,dado
orequisitolegalparadiscussãosobreesteassunto.Seguem-seaEstrutura
deCustoseEstruturadeProveitos,sendoqueemterceirolugarestãoos
aspectosrelacionadoscomosBensdeDomínioPúblicoeoPassivo.
DentrodosOutrosaspectosdiscutidosnasreuniõesdasCâmarasMunici-
pais,mereceespecialdestaqueoassuntodanecessidadedecertificação
legaldecontas,referidojáemalgumasdasactasanalisadas.
Gráfico3.2.5–InformaçãoEconómicaePatrimonialemBasedeAcréscimo(CM)
30 27,61%
25
20,90%
% de Municípios
20
15
10
5,97% 5,97% 6,72% 6,72%
5
0,75% 0,75% 1,49%
0
Bal. Pass. Act.-BDP AD EC EP RL PDR Outros
Tópicos discutidos
Gráfico3.2.6–InformaçãoEconómicaePatrimonialemBasedeAcréscimo(AM)
16
13,56%
14
12
% de Municípios
10,17%
10
8
6
4 3,39% 3,39% 3,39%
1,69% 1,69%
2
0,00% 0,00%
0
Bal. Pass. Act.-BDP AD EC EP RL PDR Outros
Tópicos discutidos
60
Anuário Financeiro dos Municípios Portugueses 2004
Emtermosgerais,todososaspectosrelacionadoscominformaçãoeconómi-
caepatrimonialsãomaisdiscutidosnasreuniõesdasCâmarasdoquenas
dasAssembleiasMunicipais,comexcepçãodosAcréscimoseDiferimentos.
Em nosso entender, este aspecto indicia, por parte das Assembleias, um
interesseespecialporquestõesrelacionadascomastransferênciasdeca-
pitalconsignadasemarticulaçãocomaexecuçãodoPlanoPlurianualdeIn-
vestimentos,oquepareceserreforçadopelofactodapercentagemdemuni-
cípiosquediscuteoGraudeExecuçãodoPlanoPlurianualdeInvestimentos
sermaiornasAssembleiasMunicipais,conformeGráficos3.2.3e3.2.4.
De notar ainda que, a percentagem de municípios que discutem a dívida
enquanto informação em base de acréscimo, isto é Passivo, é, em geral,
menordoqueapercentagemdosqueadiscutemenquantoinformaçãoem
basedecaixa,nomeadamenteatravésdoGraudeEndividamento.Comefei-
to,oPassivoédiscutidoem1,7%dasreuniõesdasAssembleiase6%das
reuniõesdasCâmaras,enquantoqueoGraudeEndividamentoédiscutido
em27%dasreuniõesdasAssembleiase25%dasreuniõesdasCâmaras.
OaspectomenosdiscutidoéoBalanço,quenãoémesmoobjectodedis-
cussãoemnenhumareuniãodasAssembleias.
Numaanálisecombinadacomadimensãodosmunicípios,nãoseverificamdi-
ferençassignificativasnotipodeinformaçãomaisemenosdiscutida(queror-
çamental,quereconómicaepatrimonial),tantonoqueconcerneàsActasdas
reuniõesdeCâmaras,comoàsActasdasreuniõesdeAssembleiasMunicipais.
3.3InformaçãodoPOCALnasauditoriasdoTribunaldeContas
61
Anuário Financeiro dos Municípios Portugueses 2004
Aautoradefiniucomoobjectivodotrabalho:“analisar,deformaintegrada,o
controlointernoeexternonasAutarquiasLocais,designadamentecomoins-
trumentodeapoionoâmbitodagestãoautárquicaenumaperspectivade
avaliaçãoeapreciaçãodagestãofinanceiraepatrimonialdestasentidades
eanalisar,emparticular,asconsequênciasdoPOCALemsededeevolução
deauditoriasexternas.”
Aanálisetevecomopontodepartidaosobjectivosinerentesàsauditorias
doTC,definidosnoseumanualdeprocedimentos.Asaber:
a)Aavaliaçãodossistemasdecontroloimplantadosnaorganização–exa-
me do controlo interno e eficácia e consistência dos procedimentos e
registos;
b)Averificaçãodocumprimentodalegalidadedosprocedimentosadministrati-
vosedosregistoscontabilísticosnasáreasseleccionadasparaaauditoria;
c)Averificaçãodaaplicaçãodasregrascontabilísticasnaelaboraçãodos
documentosdeprestaçãodecontas;
d)Aanálisederelaçõescomoutrasentidades(emalgumasdassituações),
designadamente:Concessões,ServiçosMunicipalizados,EmpresasMu-
nicipais,SociedadesDesportivas,etc.
Aautorarealça,contudo,que,apesardasnovasregrasintroduzidaspeloPO-
CALnosistemacontabilístico-financeiroautárquico,nãoseverificaramgran-
desmudançasrelativamenteaosobjectivosinerentesàsauditoriasdoTC.
Assuasprincipaisconclusõesrelevantesparaapresenteanáliseforamas
seguintes:
19
Aamostrafoiconstituídapor18relatóriosdeauditoriasexternas–17municípiose1associação
demunicípios,efectuadaspeloTribunaldeContasedistribuídasigualmenteanteseapósimple-
mentaçãodoPOCAL.
62
Anuário Financeiro dos Municípios Portugueses 2004
papelqueesteassumenoPOCAL,nota-seumsignificativolequedeirre-
gularidadesnestaárea.Asprincipaisrelacionam-se,todavia,comafalta
deaprovaçãodaNormadeControloInternoe/ouaviolaçãodealgunsdos
procedimentosnelaestabelecidos.
•Anívelorçamental,encaradonumaperspectivadeexecuçãodereceitae
despesa,constata-sequeonúmerodeirregularidadesdetectadasapós
POCALdiminuiu.Contudo,verifica-seoaparecimentodeumconjuntode
irregularidadesatéaquiarredadasdasauditorias,correlacionadasdirec-
tamentecomoestabelecimento,noPOCAL,deregrasprevisionaisparaa
elaboraçãodoOrçamento.
•Identificaram-sediversasirregularidadesnasáreasdagestãodeFundos
deManeioeTransferências/Subsídios.Nestasúltimas,designadamente
irregularidadesrelacionadascomadefiniçãodecritériosdeatribuiçãoe
cadastrodasentidadessubsidiadas.
•Registaram-setambémirregularidadescorrelacionadascomparticipações
financeiras,queimplicamqueobalançodessesmunicípiosnãoexpresse
fidedignamentearealidadefinanceiradosmesmos.
•Anãoobservaçãodoprincípiodaprudênciaedaespecializaçãosãoirregu-
laridadestambémfrequentes,paraalémdanãoobservaçãodoprincípio
deauditoriarespeitanteaoregistometódicodosfactos.
Em resumo, verifica-se que, para além da análise dos aspectos orçamen-
tais,quecontinuamamerecerumagrandeatençãoporpartedasaudito-
rias,houveumalargamentodoseuâmbito,passandoaabrangertambém,
emboradeumaformaainda“tímida”,aapreciaçãodavertentepatrimonial,
contemplando as análises económica e financeira e a implementação do
POCALnassuasdiferentesperspectivas.
63
Anuário Financeiro dos Municípios Portugueses 2004
64
Anuário Financeiro dos Municípios Portugueses 2004
4–ANÁLISEDASITUAÇÃOORÇAMENTALDOSMUNICÍPIOS
Nestasecçãoiremosapresentarasituaçãoorçamentaldosmunicípios,no-
meadamenteoníveldeindependênciafinanceira,aestruturadasreceitas,
dasdespesas,ograudeexecuçãodoorçamento,oendividamentoeserão
aindacomentadosdiferentesequilíbriosfinanceiros.
Osmunicípiosanalisadostotalizamos289,ouseja94%dapopulação(308
municípios).Noentanto,quandoapresentarmosvaloresabsolutosapenas
consideraremos os 278 municípios de Portugal continental, dado termos
informaçãototalsobreosmesmos.
4.1.Independênciafinanceira
Depoisdesedistinguir“autonomiafinanceira”de“independênciaorçamen-
tal”ede“independênciafinanceira”,seráanalisadoograudeindependên-
cia financeira dos municípios, relativamente aos tipos de receitas. Assim,
estuda-seecomenta-seopesodasreceitaspróprias,dastransferênciase
dosempréstimosnomontanteasreceitastotais.
Autonomiafinanceira
Aautonomiafinanceiradasautarquiaslocaisestácontempladanoart.º237.
º da Constituição da República Portuguesa, também consagrada na Carta
EuropeiadaAutonomiaLocal,(art.º5.º)ecomplementadaporlegislaçãoor-
dinária(nomeadamenteaLeidasFinançasLocais).Terautonomiafinanceira
significapatrimónioefinançasprópriose,aindaofactodasdespesaspre-
vistasnoseuorçamentoseremdecididasexclusivamentepelosseusórgãos
competentes(independênciaorçamental).
SousaFranco,(1981;p.340-341),consideraqueaindependênciaorçamen-
taltemasseguintescaracterísticas:
2-Existênciadeprocessosprópriosdeelaboraçãoeaprovaçãodoorçamen-
todaentidadedotadadeindependênciaorçamental(...);
3-Existênciadeumaadministraçãofinanceiraprópriaedeformaspróprias
eautónomasdeexecuçãoecontrolodapercepçãodasreceitaserealização
dasdespesas(...);
65
Anuário Financeiro dos Municípios Portugueses 2004
4-ExistênciadeumregimejurídicodiversododoEstado,designadamente
notocanteàsnormasdeexecuçãoecontrolodacontabilidade(...)eàexis-
tênciadeformasderesponsabilizaçãopróprias”.
ALein.º42/98(LeidasFinançasLocais),de6deAgostoestabelecenoarti-
go2ºe3ºosmecanismosbasilaresdaautonomiafinanceiradasautarquias
locais,osquaisassentamem20 :
•Elaboração,aprovaçãoemodificaçãodasopçõesdoplano,orçamentose
outrosdocumentosprevisionais;
•Gestãodoseuprópriopatrimónio;
•Arrecadação e disponibilidade das receitas que por lei lhe forem desti-
nadas, bem como, competência para ordenar e processar as despesas
legalmenteautorizadas;
•Consagraçãodosprincípiosorçamentaisdaanualidade,unidade,equilíbrio,
universalidade,especificação,nãoconsignaçãoenãocompensação;
•Elaboraçãopeloórgãoexecutivoeaprovaçãopeloórgãodeliberativodos
documentosdeprestaçãodecontas.
Independênciafinanceira
Paraarealizaçãodasdespesasprevistasnoorçamento,asautarquiaspos-
suemtrêsgrandesgruposderecursosfinanceiros:
a)recursosfinanceirospróprios(quedesignaremospor“receitaspróprias”);
b)empréstimos;
c)transferênciasrecebidas.
a)Osrecursosfinanceirospróprios(receitaspróprias)dosmunicípios21são
resultantesdasuaactividadeespecíficaeprovêmdeimpostoslocais,taxas,
tarifasepreçosdaprestaçãodeserviços,rendimentosdebensprópriose
produtodasuaalienaçãoedaconstituiçãodedireitossobreeles,doações,
20
Similaresaoartigo3.º-Princípiodaautonomiafinanceiradosmunicípiosefreguesias,doprojecto
deLeidasFinançasLocaisactualmenteemdiscussão.
21
Asreceitasdasfreguesiasestãoenumeradasnoart.o21.o,daLein.o42/98.
66
Anuário Financeiro dos Municípios Portugueses 2004
herançasoulegadosquelhessejamdestinados,bemcomooutrosrendi-
mentosqueporleioucontratolhesdevampertencer.
Noâmbitodosimpostoslocaisincluem-se,designadamente,oimpostomu-
nicipalsobreimóveis22,oimpostomunicipalsobreveículoseoprodutoda
cobrançadaderrama.
Astaxas,tarifasepreços,situaçãoenquadradaactualmentepeloart.º4.º
daLeidasFinançasLocais,sãoresultantesdaactividadeespecíficadaau-
tarquiaesãootipodereceitaemrelaçãoàqualasautarquiastêmmaior
liberdade,umavezquesãoestabelecidasporelaspróprias.Asuadetermi-
naçãopodeassentaremcritériosderacionalidadeeconómica,inerentesao
princípiopagador-utilizador.OPOCALreferequeastarifasepreçosdevem
serfundamentadosatravésContabilidadedeCustos.23
b)Osempréstimos,sãonormalmente“empréstimosbancáriosdemédioelongo
prazos”emborapossamtambémincluirolançamentodeempréstimosobrigacio-
nistasequaisqueroutrosempréstimospermitidosporlei(porexemplo,emprésti-
mosparasaneamentofinanceiromunicipal,oscontratosdereequilíbriofinancei-
ro,empréstimosdemédioelongoprazodoINH(InstitutoNacionaldeHabitação),
empréstimosdelongoprazoPER-ProgramaEspecialdeRealojamento).
• OFGM–FundoGeralMunicipalquemantémascaracterísticasdepartilhade
rendimento.,representa20,5%dasreceitasdoIVA,IRCeIRS,cobradopelo
Estadonopenúltimoanoeédistribuídoemfunçãodirectadosindicadores
municipais,(art.º12.º),sendo35%combasenapopulação(incluindonúmero
médiodedormidasemhotéiseparquesdecampismo),30%emfunçãoda
área(ponderadaporumfactorrelativoàamplitudealtimétrica),5%combase
22
ODecreto–Lein.o287/2003,de12/11,aprovaoCódigodoImpostoMunicipalsobreImóveis(que
vem substituir a contribuição autárquica) e o Código do Imposto Municipal sobre Transmissões
OnerosasdeImóveis(vemsubstituirasisa),eentrouemvigorem01/01/2004.
23
AnovaLeidasFinançasLocais(emdiscussãopública),referequeospreçosedemaisinstrumentos
deremuneraçãoafixarpelosmunicípiosnãodevemserinferioresaoscustosdirectaouindirecta-
mentesuportados.
24
ComaredacçãoquelhefoiconferidapelasLeisn.o87-B/98,de31deDezembro,3-B/2000,de4
deAbril,15/2001,de5deJunho,94/2001,de20deAgosto,107-B/2003,de31deDezembro,
LeiOrgânican.o2/2002,de28deAgosto,entreoutras.
AnovaLeidasFinançasLocaisvaialteraromontantedestastransferências,reduzindo-aspara
25%damédiadasreceitasprovenientesdosimpostossobreoIRS,oIRCeoIVA.Noentanto,será
acrescentadoumFundoSocialMunicipale,comomaiornovidade,umaparticipaçãonoIRSdos
sujeitospassivosdedomicíliofiscal.
67
Anuário Financeiro dos Municípios Portugueses 2004
napopulaçãoresidentecommenosde15anos,15%narazãodirectadonú-
merodefreguesias,10%emfunçãodomontantedoIRScobradoaresidentes
naáreadomunicípio,e5%igualmenteportodososmunicípios;
• OFCM–FundodeCoesãoMunicipal–quetemobjectivosequalizadores,
ouseja,visaoreforçodacoesãomunicipal,fomentandoacorrecçãodas
assimetriasafavordosmunicípiosmenosdesenvolvidos.Representa5,5%
dasreceitasdoIVA,IRCeIRS,cobradopeloEstadonopenúltimoano,édis-
tribuídocombasenosindicadoresdecarênciafiscal(ICF),calculadocomo
diferençaentreacapitaçãomédianacionaldosimpostosmunicipais-contri-
buiçãoautárquica,sisa,derramaeveículos-eacapitaçãodessesimpostos
em cada município, ponderada pela população de cada município25) e de
desigualdadedeoportunidades(IDO),calculadocomoadiferençaentreo
índicededesenvolvimentosocial(IDS)nacionaleomunicipal,paraosmuni-
cípiosemqueestadiferençaépositiva,istoé,inferioràmédia26).
• OFBM–FundodeBaseMunicipal27–representa4,5%dasreceitasdoIVA,
IRCeIRS,cobradopeloEstadonopenúltimoano,evisaasseguraraos
municípiososmeiosfinanceirosconsideradosindispensáveisaorespecti-
vofuncionamento,sendodistribuídoigualmenteportodos;
Nográfico4.1.1éapresentadoopesodecadaumdosfundosparaosmu-
nicípiosnototaldastransferênciasdoEstado.
Gráfico4.1.1–EstruturadosFundosMunicipais
15%
19%
66%
25
Os municípios com uma capitação municipal de impostos inferior à capitação média nacional é
atribuída uma verba, calculda na razão directa do resultado da seguinte fórmula: Habm x (CNIM
–CIMm),emqueHabméapopulaçãoresidentenomunicípio;CNIMéacapitaçãomédianacional
dascolectasdosimpostosmunicipais;CIMméacapitaçãomunicipaldaquelesimpostos
26
Representaadiferençadeoportunidadespositivaparaoscidadãosdecadamunicípio,decorrente
dadesigualdadedeacessoacondiçõesnecessáriasparapoderemterumavidamaislonga,com
melhoresníveisdesaúde,conforto,desaneamentobásicoedeadequaçãodeconhecimento(no3
doartigo13odaLei42/98).
27
AditadopelaLein.o94/2001,de20deAgosto.
68
Anuário Financeiro dos Municípios Portugueses 2004
Cabe referir que os municípios podem ainda ter como receitas, outros
fundos,designadamenteatravésdeacessoaosFundosdaUniãoEuro-
peia,(cujopagamentodascomparticipaçõeséfeitaporreembolsodas
despesas efectuadas), e a Cooperação técnica e financeira (que inclui
Investimentosintermunicipais,contratosprogramaeacordosdecolabo-
ração).
Ograudeindependênciafinanceiradasautarquiasdependedapossibili-
dadedearrecadaremreceitasprópriasnummontantequelhespermita
pagarumapartesignificativadasdespesas.Entendemosqueummunicí-
piotemindependênciafinanceiraseasreceitasprópriassãopelomenos
50%dasreceitastotais.
Gráfico4.1.2
EstruturaFinanceira
80%
71%
70% 67%
60%
49% 47%
50% 45% 46%
40%
30% 27%
23%
20%
10% 6% 6% 7% 6%
0%
Total Pequenas Médias Grandes
Receitas próprias Transferências Passivos financeiros
(01, 02, 04, 05, 07, 08, 09, 11, 13)/receitas totais (06,10)/receitas totais (12)/receitas totais
Naanálisedascontasdosmunicípios,eexpressanográfico4.1.2veri-
fica-sequeaindependênciafinanceiraémaiornosgrandesmunicípios
(emmédiaumaindependênciafinanceirade67%),situaçãoperfeitamen-
te compreensível considerando a sua capacidade para arrecadarem re-
ceitas, nomeadamente, as provenientes de imposto sobre imóveis e a
derrama.
•Aindependênciafinanceiradosmunicípiosvaidemuitoelevada(86%)a
muitoreduzida(6%);
69
Anuário Financeiro dos Municípios Portugueses 2004
•Enquantoqueosgrandesmunicípiostêmumaindependênciafinanceira
mínimade41%eumaindependênciafinanceiramáximade86%,essa
dependêncianosmunicípiospequenosdescepara6%e65%,respecti-
vamente;
•Apenas56municípiostêmumaindependênciafinanceirasuperiora50%
sendoque21dos24municípiosdegrandedimensãopossuemestainde-
pendênciafinanceira,ouseja,maisde50%dassuasreceitascobradas
têm como origem os impostos, taxas, rendimentos e vendas de bens e
serviçosarrecadaspelosmunicípios;
•Aindaésignificativoonúmerodemunicípios(99)comgrande(superiora
80%)dependênciadastransferênciasdoEstadoedeempréstimosbancá-
rios.Nenhumdosgrandesmunicípiosseencontranestasituação(94dos
99municípiossãodepequenadimensão);
•Quantoàdependênciadosmunicípiosemrelaçãoàstransferênciasdo
Estado,verifica-sequeestasesituaentreos13%eos92%sendoque
os pequenos municípios têm um grau de dependência médio de 71%
enquanto que nos grandes municípios as transferências do Estado re-
presentam uma média de 27% da receitas totais e nos municípios de
médiadimensão47%dassuasreceitassãoprovenientesdoOrçamento
doEstado;
•Asreceitasprovenientesdeaumentodeempréstimosbancários(Passi-
vosFinanceiros)representamumamédianacionalde6%emrelaçãoàs
receitastotaissendoomínimode0%eomáximo68%(casoexcepcional
deummunicípio).Nãopareceexistirqualquerrelaçãodirectaentreesta
receitaeadimensãodosmunicípios;
•Apenas33municípiosnãorecorreramaempréstimosbancáriosnoanode
2004,nasuamaioriapequenosmunicípios.
•Outrosindicadoresfinanceirospoderãoserutilizadosparamedirainde-
pendênciafinanceirasobreterceiros.Porexemplo,anovaLeidasFinanças
Locais(emdiscussãopública)referequeosmunicípiosseencontramem
desequilíbriofinanceiroconjunturalsemprequeseverifiquedeexistência
dedívidasafornecedoresdemontantesupeiora50%dasreceitastotais
doanoanterior.Aplicandoesteindicadoràsituaçãodosmunicípiosem
2004,constata-seque3municípios(2demédiadimensãoe1degrande
dimensão)encontram-senestasituação.
70
Anuário Financeiro dos Municípios Portugueses 2004
Quadro4.1.1–IndependênciaFinanceira
Total Pequenos Médios Grandes
Receitaspróprias(01,02,04,05,07,08,09,11,13)/receitastotais:
Transferências(06,10)/receitaspróprias
Passivosfinanceiros(12)/receitaspróprias:
%Médiadetodososmunicípios 6% 6% 7% 6%
%Mínima 0% 0% 0% 0%
Nota: Não se considerou para o somatório das receitas totais os saldos iniciais de disponibilidades
(porque são receitas de anos anteriores) e as reposições abatidas a pagamentos (que têm um valor
insignificante).
4.2.Estruturadasreceitas
Receitascorrentesereceitasdecapital
Aestruturadasreceitasestádefinidanoclassificadoreconómicodasrecei-
tas(Decreto-Leinº26/2002,de14deFevereiro),divide-seemreceitascor-
rentes,receitasdecapitaleoutrasreceitas,sendoconstituídapordiversos
capítulos,conformequadro4.1.2.
71
Anuário Financeiro dos Municípios Portugueses 2004
Quadro4.1.2–Estruturadasreceitas
RECEITASCORRENTES RECEITASDECAPITAL OUTRASRECEITAS
01–Impostosdirectos 09–Vendadebensdeinves- 15–Reposiçõesnãoabatidas
02–Impostosindirectos timento nospagamentos
04–Taxas,multaseoutras 10–Transferênciasdecapital 16–Saldodagerênciaanterior
penalidades 11–ActivosFinanceiros 17–Operaçõesextra-orça-
05–Rendimentosdeproprie- 12–PassivosFinanceiros mentais
dade 13–Outrasreceitasdecapital
06–Transferênciascorrentes
07–Vendadebenseserviços
correntes
08–Outrasreceitascorrentes
Oquadroseguinteapresentaaestruturadasreceitasdosmunicípiosportu-
gueses,paraos289municípios,sendodesalientarosseguintesaspectos:
• AstransferênciasrecebidasdoEstado(correntesedecapital)são,anível
geral,aprincipalfontedereceita,emboranosgrandesmunicípiososIm-
postosetaxasrepresentammaisde50%dasreceitastotais;
• Érelevanteadiferençadopesodealgumasreceitasquandoseanalisam
municípiosdepequena,médiaegrandedimensão,nomeadamentenoque
serefereaopesodosImpostoseTaxas(10,9%paraospequenosmunicí-
pios,30,5%paraosmunicípiosdemédiadimensãoe50,5%paraosgran-
desmunicípios)eastransferências(69,2%paraospequenosmunicípios,
46,3% para os municípios de média dimensão e apenas 27,4% para os
municípiosdegrandedimensão).
Quadro4.2.1–Estruturadasreceitascobradas
Pequenos Médios Grandes Total
Nºdemunicípiosexistentes 178 106 24 308
Nºdemunicípiosanalisados 163 102 24 289
72
Anuário Financeiro dos Municípios Portugueses 2004
Comosepodeverificarpelaanálisedográfico4.2.1,comparandoototaldas
receitascorrentesereceitasdecapital,verifica-sequeasreceitascorrentes
representamcercade2/3dasreceitastotais.
Gráfico4.2.1–EstruturadasReceitas
32%
68%
Receitasliquidadasereceitascobradas
Naópticadareceitaorçamental,existem3grandesfactosquesãoobjecto
deregistocontabilísticoemmomentosdiferentes:
• Orçamentocorrigido(aprovaçãodoorçamentoinicialdareceitaemodifica-
çõesaoorçamentoinicial);
• Liquidação(momentododireitoacobrarouareceber);
• Cobrançadasreceitas
Relativamenteaograudeexecuçãodareceitaeàsliquidaçõesporcobrar,
édesalientaroseguinte:
• OOrçamentodasreceitasdototaldosmunicípiosdePortugalcontinentalfoi
de10.241.835.845€.Noentanto,apenasseliquidaram6.583.810.250
Euros,ecobraram6.482.349.030€ouseja,apenascercade60%dopre-
visto.Esta“nãocobrança”implicou,comoveremos,queaexecuçãodades-
pesafoitambémreduzidaequeaumentaramoscompromissosporpagar;
• Oquadroseguinteapresentaototaldasreceitasliquidadasecobradaspelos
diferentescapítulosdoclassificadoreconómico.Podeobservar-sequenãoé
relevanteovalordasreceitasporcobraremrelaçãoàsreceitasliquidadas
(apenas4,93%%anívelgeral,sendo2,14%nosmunicípiosdepequenadi-
73
Anuário Financeiro dos Municípios Portugueses 2004
mensão,2,76%nosmunicípiosdemédiadimensão,8,63%nosmunicípios
degrandedimensão).Contudo,nanossaopinião,talpodenãosignificarefi-
ciêncianascobrançasporpartedosmunicípios.Defacto,apesardoPOCAL
distinguirclaramenteosmomentosdeliquidaçãoecobrança,averdadeéque
algunsmunicípios(21pequenosmunicípios,5médiase2grandes),apenas
registam a liquidação no momento da cobrança e em muitos algumas das
receitasapenassãocontabilizadasnomomentodacobrança.
Quadro4.2.2.–Liquidaçõesecobranças(totaldosmunicípiosdePortugalcontinental)
Receitas Liquidações Cobranças
01–Impostosdirectos 1.838.035.601€ 1.831.550.388€
02–Impostosindirectos 174.483.836€ 160.939.663€
04–Taxas,multaseoutraspenalidades 234.085.183€ 205.765.378€
05–Rendimentosdepropriedade 121.668.362€ 119.670.524€
06–Transferênciascorrentes 1.408.432.982€ 1.403.269.789€
07–Vendadebenseserviços 585.804.215€ 561.841.981€
08–Outrasreceitascorrentes 61.501.070€ 54.160.564€
09–Vendadebensdeinvestimento 176.942.999€ 166.353.543€
10–Transferênciasdecapital 1.444.779.744€ 1.458.786.681€
11–ActivosFinanceiros 6.474.246€ 7.736.153€
12–PassivosFinanceiros 404.012.434€ 392.694.618€
13–OutrasReceitasdecapital 33.586.529€ 31.289.981€
15–Reposiçõesnãoabatidasnospagamentos 8.085.525€ 8.001.537€
16–SaldodaGerênciaanterior 80.275.257€ 80.275.257€
Total 6.583.810.250€ 6.482.349.030€
• Oquadroseguinteresumeovalordas3componentesdareceitareferidas
anteriormente(orçamentada,liquidadaecobrada)relativasatodososmu-
nicípiosdePortugalcontinental.Podeverificar-sequeasreceitascobradas
porhabitanteforamde645Euros.
Quadro4.2.3
OrçamentoeexecuçãodasreceitasdetodososmunicípiosdePortugalcontinental
Porhabitante
RECEITAS Total(emEuros) (10.043.763
habitantes)
Receitasprevistas(A) 10.241.835.845€
Receitasliquidadas(B) 6.583.810.250€ 64,3%*
Receitasporcobrarnoiníciodoano(C) 242.480.963€
Receitascobradas(D) 6.482.349.030€ 645€
Receitasporcobrar(B+C-D) 343.942.183€ 5.04%**
Graudeexecuçãodareceita(D-C)/A 59,26%
*B/A
**Receitasporcobrar/(B+C)
74
Anuário Financeiro dos Municípios Portugueses 2004
Noquadro4.2.4éapresentadaaestruturadasreceitascobradasem2004
em todos os municípios de Portugal Continental. Comparando o peso de
cadareceitacomoquadro4.2.1queincluimunicípiosdosAçoreseMadei-
ra,verifica-sequeasdiferençassãoirrelevantes.
Quadro4.2.4–Estruturadasreceitascobradasem2004(municípiosdePortugalcontinental)
Porhabitante
RECEITAS Total(emEuros) (10.043.763
habitantes)
Porhabitante
RECEITAS Total(emEuros) (10.043.763
habitantes)
Receitascorrentescobradas 4.337.198.287€ 66,9% 432€
4.3.EstruturadasDespesas
Despesascorrentesedespesasdecapital
75
Anuário Financeiro dos Municípios Portugueses 2004
Quadro4.3.1–Estruturadasdespesas
DESPESASCORRENTES DESPESASDECAPITAL OUTRASDESPESAS
01–Despesascomopessoal 07–Aquisiçãodebensdecapital 12–Operaçõesextra-orçamentais
02–Aquisiçõesdebenseserviços 08–Transferênciasdecapital
03–Juroseoutrosencargos 09–ActivosFinanceiros
04–Transferênciascorrentes 10–PassivosFinanceiros
05–Subsídios 11–Outrasreceitasdecapital
06–Outrasdespesascorrentes
Oquadro4.3.2apresentaaestruturadasdespesasdosmunicípiosportu-
gueses,sendodesalientarosseguintesaspectos:
• Asaquisiçõesdebensdeinvestimentosão,anívelgeral,aprincipaldes-
pesa,sendomaisrelevantenospequenosmunicípios;
• Nãoérelevanteadiferençadopesodasdiferentescomponentesdedes-
pesaquandoseanalisammunicípiosdepequena,médiaegrandedimen-
são,comexcepçãodastransferênciasconcedidasquenosmunicípiosde
grande dimensão representam 17,7% das despesas totais, contra 9,2%
dosmunicípiosdepequenadimensão;
• Ospassivosfinanceirosnaópticadadespesa(amortizaçãodeemprésti-
mos)representamemmédia4,5%dasdespesastotais.Dadoqueospas-
sivos financeiros na óptica da receita (novos empréstimos) representam
cercade6%dasreceitastotaistalpoderásignificarqueosnovosemprés-
timosforamsuperioresàsamortizaçõesdeempréstimos.
Quadro4.3.2–Estruturadasdespesaspagas
Pequenos Médios Grandes Total
Nºdemunicípiosexistentes 178 106 24 308
Nºdemunicípiosanalisados 163 102 24 289
76
Anuário Financeiro dos Municípios Portugueses 2004
Numaanálisecomparativadototaldasdespesascorrentesedespesasde
capital,verifica-sequeasdespesascorrentesrepresentamcercade60%
dasdespesastotaissendoquenosmunicípiosdegrandedimensãoopeso
dasdespesascorrentesemrelaçãoàsdespesastotaisémaior.
Gráfico4.3.1–EstruturadasDespesas
70%
60,67%
57,06% 58,08%
60% 55,38%
Despesascomprometidasedespesaspagas
Naópticadadespesaorçamentalexistem4grandesfactosquesãoobjecto
deregistocontabilísticoemmomentosdiferentes:
• Orçamentocorrigido(aprovaçãodoorçamentoinicialdadespesaemodifi-
caçõesaoorçamentoinicial);
• Compromissosdoexercício
• Pagamentos
• Compromissosdeexercíciosfuturos
Relativamente ao grau de execução da despesa e aos compromissos por
pagar,édesalientaroseguinte:
• OOrçamentodasdespesasnototaldosmunicípiosdePortugalcontinental
em2004foide10.229.659.128€,tendosidopago6.051.802.989€ou
seja,apenas59%doorçamentoprevisto;
• Oquadroseguinteapresentaototaldasdespesascomprometidasapagar
noexercícioeasefectivamentepagas(incluindopagamentosdecompromis-
77
Anuário Financeiro dos Municípios Portugueses 2004
sosdeexercíciosanteriores).Podeverificar-sequeérelevante(oumesmo
preocupante)ovalordoscompromissosporpagaremrelaçãoaoscompro-
missosassumidosnoexercício(26,7%),sendomaiselevadoesteráciore-
lativamenteàstransferênciasdecapitalenaaquisiçãodebensdecapital.
Quadro4.3.3–CompromissosePagamentos(totaldosmunicípiosdePortugalContinental)
Compromissosa Pagamentos
Despesas pagarnoexercício doexercício
01–Despesascompessoal 1.788.769.876€ 1.755.685.876€
• Os compromissos por pagar que aparecem nos mapas de execução orça-
mentalnãoreflectemovalorrealdasdívidasapagarpelosmunicípios.De
facto, por um lado podem alguns compromissos assumidos não se terem
efectivadoemobrigação(facturadefornecedor)e,poroutrolado,faltamainda
oscompromissosassumidosnoexercíciomasapagaremexercíciosfuturos
eoscompromissosassumidosemanosanterioresequecontinuamemdí-
vida, que não estão reflectidos nos mapas orçamentais, dado os mesmos
apresentaremapenasainformaçãorelativaaoano.Destemodo,ovalortotal
emdívidaencontra-senoBalanço,noPassivo,cujaanáliseéefectuadano
capítulo5.
• Oquadroseguinteapresentaototaldasdespesasprevistas,comprometi-
dasepagasnoexercíciodetodososmunicípiosdePortugalcontinental.
Pode verificar-se que os municípios gastaram 822 euros por habitante
mastendoapenaspagocercade603eurosporhabitante.Oscompro-
missos a pagar em exercícios futuros assumidos no presente exercício
situam-senos377eurosporhabitante.
78
Anuário Financeiro dos Municípios Portugueses 2004
Quadro4.3.4
OrçamentoeexecuçãodasdespesasdetodososmunicípiosdePortugalContinental
Por
DESPESAS Total(emEuros) habitante
Totaldecompromissosapagaremexercíciosfuturos(não
3.788.363.416€ 377€
incluídoscompromissosassumidosemanosanteriores)
Graudeexecuçãodadespesa 59,2%
Noquadro4.3.5éapresentadaaestruturadasdespesaspagasem2004
emtodososmunicípiosdePortugalContinental.Comparandoestaestrutura
comaapresentadanoquadro4.3.2queincluiosmunicípiosdosAçorese
Madeira,verifica-sequeasdiferençassãoirrelevantes.
Quadro4.3.5–Estruturadasdespesaspagas(PortugalContinental)
Por
DESPESAS Total(emEuros) habitante
Despesascompessoal 1.755.685.876€ 29,0% 175€
79
Anuário Financeiro dos Municípios Portugueses 2004
4.4.Outrasinformações
Conformegráfico4.3.2,asreceitascobradasforamsuperioresàsdespe-
saspagassignificando,destemodo,umaumentodedisponibilidades.
Gráfico4.3.2–EstruturadeReceitaseDespesas
7.000.000.000
6.000.000.000
5.000.000.000
4.000.000.000
3.000.000.000
2.000.000.000
1.000.000.000
0
Receitas Despesas
Correntes Capital
Pelaanálisedográfico4.3.3,podemosobservarqueasdisponibilidadesem
2004(novalorde430.546.041€)tiveramumaumentomuitosignificativo
emrelaçãoa2003(queeradeapenas80.275.257€).
Gráfico4.3.3
SaldodeDisponibilidades
500.000.000
450.000.000
400.000.000
350.000.000
300.000.000
250.000.000
200.000.000
150.000.000
100.000.000
50.000.000
0
Saldo Inicial Saldo Final
Noquadroseguintesãoapresentadosalgunsindicadoresrelativosadespe-
sasereceitas,evidenciando-seosvaloresmédios,máximosemínimospara
atotalidadedaamostra,tendotambémemconsideraçãoadimensãodos
municípios(pequenos,médiosegrandes).
80
Anuário Financeiro dos Municípios Portugueses 2004
Quadro4.3.6–IndicadoresdaDespesaedaReceita
Intervalos Total Pequenos Médios Grandes
Municípiosexistentes 308 178 106 24
Osvaloresobservadossuscitam-nosalgunscomentários:
• Os valores médios do grau de execução dos orçamentos da despesa e
receita (que, de acordo com o POCAL, são calculados relativamente às
dotações/previsõescorrigidas)ficaram-seporcercade63%dototalorça-
mentadoem2004,sendoqueosmunicípiosmaioresapresentammédias
degrausdeexecuçãoligeiramentesuperioresàmédiaglobal;
• Asreceitasporcobrarfaceàsliquidadasforamemmédiadeapenas5%,
sendoqueosmunicípiosmenoresapresentammédiasdegrausdecobran-
çadareceitaliquidadaligeiramentesuperioresàmédiaglobal.Talpoderá
significarqueestesmunicípiosaindautilizamabasedecaixanoquesere-
fereàsreceitasoueventualmentetêmumamelhorgestãodecobranças;
• Opesomédiodasdespesasdeinvestimentonasdespesastotaisfoide30%
(em2003tinhasidode40%),sendomaiornosmunicípiospequenos(36%);
• AsDespesascomPessoalforam,emmédia,29%paraatotalidadedos
municípiosnãosendorelevanteadimensãodosmunicípios.Será,noen-
tanto,desalientar,queomaiorvalordesteráciosesituanos50%.
81
Anuário Financeiro dos Municípios Portugueses 2004
4.5Saldosnaópticaorçamental
Noqueserefereàanálisedoequilíbriofinanceiro,sãodiversososdesignados
“equilíbrios”(oudesequilíbrios),algunsdeles(independênciafinanceira)jáforam
tratadosnasecção4.1.Nestasecçãovamosanalisaralgunssaldosnaópticaorça-
mental(saldocorrente,saldoorçamental,saldoglobalesaldoprimário).Poroutro
lado,osindicadoresquecruzaminformaçãoorçamentalcominformaçãopatrimo-
nialsãoapresentadosnoponto5.2-BalançoPatrimonial(análisedopassivo).
a)Saldocorrente
Osaldocorrentecalcula-sepeladiferençaentreasreceitascorrenteseas
despesascorrentes.
Nabasedecaixa,(istoé,efectuando-seadiferençaentreasreceitascor-
rentescobradaseasdespesascorrentespagas)ecomosepodeobservar
noquadro4.5.1.,osaldoéglobalmentepositivo.Analisadoosaldocorrente
pormunicípio,constata-seque249municípiostêmsaldocorrentepositivo.
Nabasedecompromissos,(istoé,efectuando-seadiferençaentreasre-
ceitascorrenteliquidadaseoscompromissoscorrentesassumidos)ecomo
sepodeobservarnoquadro4.5.2.,verifica-sequeosaldoétambémglobal-
mentepositivo.Analisadoosaldocorrentepormunicípio,constata-seque
182municípiostêmsaldocorrentepositivo
b)Saldoorçamental
Osaldoorçamentalcalcula-sepeladiferençaentreasreceitastotaiseas
despesastotais.
Nabasedecaixa,istoé,efectuando-seadiferençaentreasreceitastotais
cobradas(nãoincluímosossaldosdetesourariadagerênciaanterior)eas
despesastotaispagas,ecomosepodeobservarnoquadro4.5.1.,osaldo
orçamental em base de caixa é globalmente positivo. Analisado o saldo
orçamentalpormunicípio,constata-seque222municípiostêmsaldoorça-
mentalpositivotendoaumentado,destemodo,asdisponibilidades.
Nabasedecompromissos,istoé,efectuando-seadiferençaentreasrecei-
tastotaisliquidadaseoscompromissostotaisassumidos,ecomosepode
observarnoquadro4.5.2.,osaldoorçamentalnabasedocompromissoé
globalmentenegativo.Analisadoosaldocorrentepormunicípio,constata-
sequeapenas29municípiostêmsaldoorçamentalpositivo.
82
Anuário Financeiro dos Municípios Portugueses 2004
Estadiferençasignificativaentreosaldoorçamentalnabasedecaixa(po-
sitivo)eosaldoorçamentalnabasedoscompromissos(negativo)significa
queéelevadoovalordoscompromissosporpagar.Noentanto,nanossa
opinião,osaldoorçamentalnegativonabasedoscompromissosestásobre-
avaliadoumavezque,comoreferimos,nãoseencontramregistadostodos
osdireitosadquiridosoqueaumentariamasreceitasliquidadase,conse-
quentemente,aumentariapositivamenteosaldoorçamental.
c)Saldoglobalouefectivo
Osaldoglobalouefectivoécalculadopeladiferençaentreasreceitasto-
taiseasdespesastotais,masexcluindo,quernoladodareceitaquerno
ladodadespesa,osActivosFinanceiroseosPassivosFinanceiros.Trata-
sedeumindicadormaisexigenteumavezquesepretendequeasreceitas
“operacionais”sejamsuperioresàsdespesas“operacionais”.Mesmoas-
sim,nabasedecaixa,istoé,efectuando-seadiferençaentreasreceitas
cobradas(nãoincluindoossaldosdetesourariadagerênciaanterior,os
recebimentosdenovosempréstimoseavendadeinvestimentosfinancei-
ros)easdespesaspagas(nãoincluindoasamortizaçõesdeempréstimos
eaaquisiçãodeinvestimentosfinanceiros),ecomosepodeobservarno
quadro4.5.1.,osaldoglobalouefectivoembasedecaixaéglobalmente
positivo.
Na base de compromissos, isto é, efectuando-se a diferença entre as re-
ceitastotaisliquidadas(nãoincluindoossaldosdetesourariadagerência
anterior,osrecebimentosdenovosempréstimoseavendadeinvestimentos
financeiros) e as despesas assumidas (não incluindo as amortizações de
empréstimoseaaquisiçãodeinvestimentosfinanceiros),ecomosepode
observarnoquadro4.5.2.,osaldoglobalouefectivoembasedecompro-
missoséglobalmentenegativo.
d)Saldoprimário
Porúltimo,osaldoprimáriocalcula-sepeladiferençaentreasreceitastotais
easdespesastotais,masexcluindo,quernoladodareceitaquernolado
dadespesa,nãosóosActivosFinanceiroseosPassivosFinanceirosmas
tambémosencargosfinanceiros.Trata-sedeumindicadorumpoucomais
exigentequeoanterior,umavezquesepretendequeasreceitas“opera-
cionais” sejam superiores às despesas “operacionais” e “encargos finan-
ceiros”.Mesmoassim,nabasedecaixa,istoé,efectuando-seadiferença
entreasreceitascobradas(nãoincluindoossaldosdetesourariadage-
rênciaanterior,osrecebimentosdenovosempréstimoseavendadeinves-
83
Anuário Financeiro dos Municípios Portugueses 2004
timentosfinanceiros)easdespesaspagas(nãoincluindoasamortizações
deempréstimos,aaquisiçãodeinvestimentosfinanceiroseosencargos
financeiros),ecomosepodeobservarnoquadro4.5.1.,osaldoprimário
embasedecaixaéglobalmentepositivo.Analisadoosaldoprimáriopor
município,constata-seque134municípiostêmsaldoprimáriopositivo,com
predomínio para os pequenos e médios municípios uma vez que apenas
8dos24municípiosdegrandedimensãotêmesteindicadorpositivo.De
salientarqueototaldosencargosfinanceirosem2004ultrapassouos98
milhõesdeeurostendomaisde40%destesencargosocorridosemgrandes
municípios.
Nabasedecompromissos,istoé,efectuando-seadiferençaentreasreceitas
totaisliquidadas(nãoincluindoossaldosdetesourariadagerênciaanterior,os
recebimentosdenovosempréstimoseavendadeinvestimentosfinanceiros)
easdespesasassumidas(nãoincluindoasamortizaçõesdeempréstimos,
aaquisiçãodeinvestimentosfinanceiroseosencargosfinanceiros),ecomo
sepodeobservarnoquadro4.5.2.,osaldoprimárioembasedecompromis-
soséglobalmentenegativo,emqueapenas19municípios(15depequena
dimensãoe4demédiadimensãotêmesteindicadorpositivo).
84
Anuário Financeiro dos Municípios Portugueses 2004
Quadro4.5.1–Saldosembasedecaixa
emmilhõesdeEuros
Basedecaixa
(recebimentos/pagamentos)
85
Anuário Financeiro dos Municípios Portugueses 2004
Quadro4.5.2:Saldosembasedecompromissos
emmilhõesdeEuros
Basedecompromissos
(receitasliquidas/compromissosassumidos)
receitastotais(não
(a)+(d) 6.672,71 1.494,04 2.605,85 2.572,82
incluidosaldoinicial)
(b)+(e) despesastotais 8.506,23 1.935,78 3.389,70 3.180,75
activosfinanceiros
(h) 6,47 3,42 0,88 2,17
(receitas)
activosfinanceiros
(i) 87,36 6,40 20,90 60,05
(despesas)
passivosfinanceiros
(j) 416,17 84,99 178,04 153,14
(receitas)
passivosfinanceiros
(k) 285,40 57,82 106,53 121,05
(despesas))
(l) receitas-AF-PF 6.250,07 1.405,63 2.426,93 2.417,50
86
Anuário Financeiro dos Municípios Portugueses 2004
5–ANÁLISEDASITUAÇÃOECONÓMICA
EPATRIMONIALDOSMUNICÍPIOS
Nestecapítuloiremosapresentarasituaçãoeconómicaepatrimonialdos
municípiosem2004.
No anuário financeiro de 2003 foram analisados os documentos de pres-
tação de contas de 175 municípios e, destes, foram seleccionados para
efeitosdeanálisedaestruturapatrimonialeeconómica,apenas101,dado
que os restantes (74) não apresentavam um Balanço com os requisitos
queconsideramosessenciaisparaquesepudesseconsiderarqueoPOCAL
estivesseimplementado,eassim,representasseaimagemverdadeirada
situaçãopatrimonialeeconómicadomunicípio.Efectivamente:
• nãoincluíramosBensdeDomínioPúblico(49municípios);
• nãoreflectiramasamortizaçõesdeimobilizado(26municípios);
• nãoreconheciamnoBalançoosproveitosdiferidos(37municípios).
Relativamenteaoanode2004,eumavezqueaamostraébastantesupe-
rior(289dos308municípios,sendoqueos19municípiosnãoanalisados
sãounicamentedasilhasdosAçoreseMadeira),nãoefectuadaqualquer
comparaçãocomoanode2003.
Ocaítuloencontra-seorganizadoem4secçõesprincipais,iniciando-secom
aanálisedocumprimentoporpartedosmunicípioscomoPOCAL,desegui-
daanalisa-seaestruturadoBalançobemcomodosResultadosEconómi-
costerminandocomumabrevereferênciaaosAnexosàsDemonstrações
Financeiras.
Nestasecção,pretende-se,emlinhasgerais,responderàsseguintesques-
tões:
•QualaestruturadosActivosdosMunicípios?
•Essaestruturadiferequandoseanalisamosmunicípiospordimensão?
•QualaestruturadosPassivosdosMunicípios?
•Asdívidastêmaumentado?
87
Anuário Financeiro dos Municípios Portugueses 2004
•Qualopesodasdívidasemrelaçãoàsreceitas?
•Existemmunicípiosemsituaçãodedesequilíbriofinanceiroestrutural.
•Osmunicípiossãoeconomicamenterentáveis?
5.1–CumprimentodoPOCAL
Noquadro5.1.éapresentadainformaçãoresumidasobreocumprimentoou
nãodoPOCAL,noqueserefereaosistemadecontabilidadepatrimonial.
Quadro5.1.Informaçãopatrimonialeeconómica
Pequenos Médios Grandes Total
NºdemunicípiosquenãoapresentamoBalanço 1 0 0 1
Nºdemunicípiosquenãoregistaramamortizações
19 6 2 27
doexercício
NºdemunicípiosquetêmnoActivoBensdedomí-
nioPúblicomasnãotêmvaloresdeamortizações 17 4 1 22
dessesbens
NºdemunicípiosquetêmnoActivoBensdedomí-
7 3 0 10
nioPúblicomasapenasimobilizadoemcurso
NºdemunicípiosquetêmnoActivoBensdedomínio
63 28 2 93
Públicomasnãotêmqualquervaloremterrenos
NºdemunicípiosquetêmnoActivoBensdedomí-
nioPúblicomasnãotêmqualquervaloremPatrimó- 105 47 9 161
niohistóricoartísticoecultural
NºdemunicípioscujoActivonãotemBensdeDo-
2 3 2 7
mínioPúblico
NºdemunicípiosemqueosBensdeDomínioPúbli-
34 20 10 64
cosãoinferioresa20%dototaldoActivo
Nºdemunicípiosquenãoregistaramproveitosdi-
32 10 3 46
feridos(Passivo)
Nºdemunicípiosquenãotêmvaloresareceberde
46 11 2 59
clientes,contribuinteseutentes
Nºdemunicípiosquenãotêmvaloresdeexistências
75 31 4 110
dematérias,mercadoriaseprodutos
Nºdemunicípiosquenãotêmvaloresdeprovisõesde
127 68 13 208
depreciaçãodeexistênciasedecobrançasduvidosas
Nºdemunicípiosquenãoapresentamacréscimos
71 25 8 104
decustos(Passivo)
88
Anuário Financeiro dos Municípios Portugueses 2004
Dainformaçãoapresentadanoquadro5.1,podesalientar-seoseguinte:
• NãoérelevanteonúmerodemunicípiosquenãoincluemosBensdeDo-
mínioPúbliconoActivo(7municípios).Noentanto,talnãosignificaocum-
primento integral do POCAL. De facto, verifica-se que alguns municípios
têmnoactivoapenasBensdeDomínioPúblicoemcurso(10municípios)e,
poroutrolado,algunsmunicípiosnãotêmnaconta45-«BensdeDomínio
Público»valoresrelativosaterrenoserecursosnaturais(93)eapatrimónio
histórico,artísticoecultural(161),quandonaturalmentetodososmunicí-
piostêmnoseupatrimónioestetipodebensdedomíniopúblico;
• Emobediênciaaoprincípiodaespecializaçãodosexercícios,ossubsídios
outransferênciasrecebidasedestinadas(consignadas)àaquisiçãode
bensdeinvestimentodevemserregistadascomoproveitosdiferidose
nãototalmentecomoproveitodoexercício.Noentanto,verifica-seque46
municípiosnãoapresentamvalornestarubricadoPassivo.Estaausên-
ciadevalorsignifica,muitoprovavelmente,queaentidade,erradamente,
estaráaregistaressessubsídioscomoproveitodoexercíciooque,para
alémdoincumprimentodoPOCAL,estáainflacionarosresultadoseco-
nómicos;
• Tambémnocumprimentodosprincípioscontabilísticos,paraasdívidas
a receber de clientes, contribuintes e utentes, que se encontrem em
morahámaisde6meses,devesercriadaumaprovisão(actualmente
designadaporajustamentos)paracobrançaduvidosa(provisãode50%
seadívidaestáemmorahámaisde6meseseaté12meses;provisão
de100%seadívidaestáemmorahámaisde12meses).Noentanto,
verifica-sequesãomuitopoucososmunicípios(81)quenoBalançoapre-
sentamnacolunaAP(amortizaçõeseprovisões)osvaloresdarespectiva
redução(ajustamentos)referentedívidasdecobrançaduvidosa.Estasi-
tuaçãopodeserjustificadapelofactode,porumlado,seraindareduzida
a preocupação pelo apuramento do resultado económico e, por outro
lado, os valores das dívidas a receber de clientes ser reduzido, devido
aquemuitosmunicípiosaindaregistamaliquidação(direito)apenasno
momentodacobrança;
• Actualmenteasaquisiçõesdebensealgunsserviçosespecializadospor
partedosmunicípiossão,porregra,efectuadosporentidadesexternasou
porserviçosmunicipalizadosouporempresasmunicipais,oquereduzou
anulaaexistênciadestocks.Destemodo,nãoépossívelafirmarqueonú-
merodemunicípiosquenãoapresentamnoActivovaloresemExistências
(110municípios)correspondaaonãocumprimentodoPOCAL.
89
Anuário Financeiro dos Municípios Portugueses 2004
5.2–Balançopatrimonial
DoBalançodeummunicípiopodeserobtidadiversainformaçãopatrimonial,
económicaefinanceira,nomeadamente:
a)ElementosdoActivo,quesedividememcincograndesgrupos:
I.ImobilizadoouActivoFixo(InvestimentosFinanceiros,ImobilizadoCor-
póreo,ImobilizadoIncorpóreo,osBensdeDomínioPúblicoeoPatrimó-
nioHistórico,ArtísticoeCultural);
II.Existênciasdebens(materiais,mercadoriasouprodutos)destinados
aoconsumoouàvenda;
III.Dívidasareceberdeclientes,contribuintes,utentes,Estadoououtros
devedores;
IV.DisponibilidadesemInstituiçõesFinanceirasouemCaixa;
V.Custosdiferidos(istoé,despesasjáassumidasmasquenaópticado
acréscimodevemserimputadastotalouaparcialmenteaexercícios
futuros)eosacréscimosdeproveitos(referentesaproveitosquede-
vemserconsideradosnoexercíciomasemrelaçãoaosquais,atéao
fechodecontasaindanãoexistedocumentocomprovativoquefunda-
menteasualiquidaçãoecobrança).
b)ElementosdoPassivo(oufundosalheios)quesãodivididosemtrêsgran-
desgrupos:
I.Dívidaapagar(afornecedores,àbanca,aoEstado,…)ousejaodesig-
nadoPassivoexigível.
II.Provisõesparariscoseencargos,evidenciandoresponsabilidadescuja
ocorrênciaéquasecerta,sendonoentantoincertoomontanteemo-
mentodeexigibilidade;
III.Proveitosdiferidos(istoé,valoresrecebidos,nomeadamentetrans-
ferênciasesubsídiosdecapitaldestinadosainvestimentosespecí-
ficos)equedeacordocomoPOCAL são uma receita do exercício
cujoproveitodeveserdiferidoduranteoperíododevidaútildobem
a financiar. Devem ainda estar no passivo, acréscimos de custos,
referentes a custos em relação aos quais, até ao fecho das con-
90
Anuário Financeiro dos Municípios Portugueses 2004
tas,nãoexistedocumentocomprovativodocredorfundamentandoa
suaexigibilidade.Tambémserefereaencargoscomfériasapagar
emexercíciosseguintes,mascujocustodeveserjáconsideradono
exercíciocorrente.
c)Acomposiçãodosfundospróprios(tambémdesignadoporCapitalPróprio
ouPatrimónioLíquido)estáestruturadaemdoisgrandesgrupos:
I.FundoPatrimonialInicial(istoé,adiferençaentreoActivoeoPassivo
nomomentodaelaboraçãodoprimeiroBalanço);
II.Fundosprópriosadquiridos(emgeralprovenientesdosResultadosLí-
quidosdosdiferentesexercíciosedesubsídiosdestinadosainvesti-
mentosembensnãosujeitosadesvalorização,ousejaquenãosão
objectodeamortizaçõesanuais).
• Oimobilizadorepresenta51%doActivototalvalorqueaindapodeaumentar
dadoquenemtodooimobilizadoseencontraavaliadoecontabilizado;
• As dívidas a receber dos municípios são de 520.401.211 valor que,
tal como referimos, pode estar subdimensionado uma vez que nem
todos municípios registam as liquidações (direitos) no momento da
cobrança;
• Asdisponibilidadestotaisdosmunicípioscorrespondiama544milhõesde
Euros.Tendoemlinhadecontaque,quandoanalisamosainformaçãoor-
çamental,apuramososaldodedisponibilidadesnovalorde430milhões
de Euros, a diferença poderá corresponder a receitas extra-orçamentais
(operaçõesdetesouraria),taiscomogarantiasecauçõesouIVAliquidado
aentregaraoEstado;
• Nosomatóriototaldosmunicípios,oresultadoeconómicoépositivoem
694milhõesdeEuros;
• AsdívidastotaisdosmunicípiosdePortugalcontinentalsãosuperioresa
5.500milhõesdeEurossendopróximode4.000milhõesdeEuroscorres-
pondentesadívidasàbanca;
91
Anuário Financeiro dos Municípios Portugueses 2004
Quadro5.2.1–EstruturadoBalançodosMunicípiosdePortugalContinental
Activo Fundospróprios
Bensdedomíniopúblico 10.092.121.605€ FundoPatrimonial 17.235.826.179€
Imobilizadoincorpóreo 32.225.526€ Reservas 229.871.398€
Imobilizadocorpóreo 10.344.371.364€ Doações 305.558.543€
InvestimentosFinanceiros 762.925.193€ ResultadosTransitados 661.336.572€
ImobilizadoemCurso 4.049.945.527€ ResultadosLíquidos 694.953.414€
Existências 118.768.986€ Passivo
Dívidas a médio e longo
DívidasaReceber 520.401.211€ 3.714.740.219€
prazo–banca
Dívidas a médio e longo
TítulosNegociáveis 34.514.416€ 241.135.757€
prazo–outros
DepósitoseCaixa 544.500.470€ Dívidasacurtoprazo 1.516.714.386€
Acréscimosediferimentos 5.317€ Acréscimosediferimentos 2.292.808.378€
TotaldosFundosPróprios
TotaldoActivo 25.091.916.854€ 25.096.454.634€
ePassivo
Nota:existeumadiferençaentreoActivoeototaldoPassivo+Fundospróprios,quesedeveaofactodedois
municípiosapresentaremesteerrocontabilístico,istoéoBalançonãoestáequilibrado.
Oquadro5.2.2resumealgunsdadosrelativosàcomposiçãodoBalançodos
diferentesmunicípios.Destequadro,conjugadocomainformaçãoconstante
nosgráficosde5.2.1a5.2.4queapresentamaestruturamédiadoBalanço
dosmunicípios,globalepordimensão(pequenas,médiasegrandes),sa-
lientarmososeguinte:
• NemtodasascomponentesprincipaisdoActivoseencontramnoBalan-
çodecadamunicípio.Assim,existemmunicípiosquenãoapresentamna
estruturadoActivodívidasareceber,existências,custosdiferidoseacrés-
cimosdeproveitos;
• Sãopoucososmunicípiosqueapresentam,noPassivo,«Provisõespara
Riscoseencargos»;
• Ésignificativoonúmerodemunicípios(89)cujasdívidasapagarsãosu-
perioresa40%doActivo;
92
Anuário Financeiro dos Municípios Portugueses 2004
aumentarpara50,2%doActivo,e,nosmunicípiosdegrandedimensão
oseupesoatingir64,6%doActivototal.
Quadro5.2.2–DadossobreaestruturadoBalanço
Pequenos Médios Grandes Total
NºdemunicípiosquenoBalançonãotemdívidas
3 0 1 4
areceber
Nº de municípios que no Balanço não tem Exis-
75 31 4 110
tências
Nº de municípios que apresentam custos diferi-
95 73 18 186
dosnoActivo
Nºdemunicípiosqueapresentamacréscimosde
63 47 13 123
proveitosnoActivo
Nºdemunicípiosqueapresentamprovisõespara
4 5 3 12
riscoseencargos
Nºdemunicípiosemqueasdívidasapagar/Acti-
69 54 18 141
voésuperiora20%
Nºdemunicípiosemqueasdívidasapagar/Acti-
28 16 5 49
voésuperiora40%
Nº de municípios com fundo patrimonial (conta
4 4 1 9
51)negativo
Nº de municípios que apresentam resultados lí-
123 89 22 234
quidospositivos
Nºdemunicípiosqueapresentamsubsídiosem
20 15 5 40
fundospróprios
Nº de municípios que apresentam reservas de
1 5 3 9
reavaliação
Gráfico5.2.1–EstruturadoBalanço-Global
120%
100%
100%
80% 68,34%
60%
40%
22,25%
20% 9,41%
0%
Activo Passivo Passivo - Acréscimo Fundos
Exigível de Custos Próprios
e Proveitos Diferidos
93
Anuário Financeiro dos Municípios Portugueses 2004
Gráfico5.2.2–EstruturadoBalanço-PequenaDimensão
120%
100%
100%
73,41%
80%
60%
40%
16,74%
20% 9,86%
0%
Activo Passivo Passivo - Acréscimo Fundos
Exigível de Custos Próprios
e Proveitos Diferidos
Gráfico5.2.3–EstruturadoBalanço-MédiaDimensão
120%
100%
100%
80%
67,19%
60%
40%
21,97%
20% 10,84%
0%
Activo Passivo Passivo - Acréscimo Fundos
Exigível de Custos Próprios
e Proveitos Diferidos
Gráfico5.2.4–EstruturadoBalanço-GrandeDimensão
120%
100%
100%
80%
66,55%
60%
40%
25,49%
20%
7,96%
0%
Activo Passivo Passivo - Acréscimo Fundos
Exigível de Custos Próprios
e Proveitos Diferidos
94
Anuário Financeiro dos Municípios Portugueses 2004
Activo:
Nosgráficos5.2.5a5.2.8apresenta-seaestruturaecomposiçãomé-
dia do Activo dos Municípios em 2004, dos quais podem tecer-se os
seguintescomentáriosgerais.
• OImobilizadocorpóreoeosBensdedomíniopúblicorepresentamcer-
ca de 95% do activo total. Não é relevante a diferença de estrutura
quandoanalisamosmunicípiosdepequena,médiaegrandedimensão,
salvonoqueserefereaopesodoimobilizadocorpóreoebensdedo-
míniopúblico.
Gráfico5.2.5–EstruturadoActivo-Global
60%
54,27%
50%
40,29%
40%
30%
20%
10%
0,48% 2,19% 2,29% 0,49%
0%
BDP Imobilizado Existências Dívidas Disponibilidades Acréscimos
a Receber e Títulos e
Negociáveis Diferimentos
Gráfico5.2.6–EstruturadoActivo-PequenaDimensão
60% 55,10%
50%
41,61%
40%
30%
20%
10%
0,33% 0,53% 2,25%
0,18%
0%
BDP Imobilizado Existências Dívidas Disponibilidades Acréscimos
a Receber e Títulos e
Negociáveis Diferimentos
95
Anuário Financeiro dos Municípios Portugueses 2004
Gráfico5.2.7–EstruturadoActivo-MédiaDimensão
60%
50,17%
50% 44,45%
40%
30%
20%
10%
1,73% 2,76% 0,58%
0,31%
0%
BDP Imobilizado Existências Dívidas Disponibilidades Acréscimos
a Receber e Títulos e
Negociáveis Diferimentos
Gráfico5.2.8–EstruturadoActivo-GrandeDimensão
70% 64,60%
60%
50%
40%
27,72%
30%
20%
10% 3,50%
0,70% 1,91% 0,57%
0%
BDP Imobilizado Existências Dívidas Disponibilidades Acréscimos
a Receber e Títulos e
Negociáveis Diferimentos
• AcomposiçãodosBensdeDomínioPúblicoencontra-seassinaladanos
gráficos5.2.9a5.2.12ondeseverificaqueaprincipalcomponentedos
Bens de Domínio Público são as “outras construções” (71%). Uma vez
que7municípiosaindanãoapresentamqualquervalordeBensdeDo-
mínioPúblicoeváriosnãoapresentamvaloresemcomponentesdesta
conta,pode-seconcluirqueosBensdeDomínioPúblico(queactualmen-
terepresentam40,29%dototaldoActivo)nãoseencontramtotalmente
avaliados e contabilizados. Deste modo, à medida que se aumente a
avaliaçãoeregistocontabilísticodestesbens,aumentaráoseupesono
balançoe,consequentemente,acomponentedecustosdeamortizações
do exercício. Nota-se ainda uma subavaliação do Património Histórico
ArtísticoeCultural(PHAC);
96
Anuário Financeiro dos Municípios Portugueses 2004
Gráfico5.2.9–EstruturadosBensdeDomínioPúblico-Global
80%
71,24%
70%
60%
50%
40%
30%
20% 15,41%
10% 6,31% 4,35%
1,93% 0,66% 0,11%
0%
Terrenos Edifícios Outras PHAC Outros Em curso Adiantamentos
Construções
Gráfico5.2.10–EstruturadosBensdeDomínioPúblico-PequenaDimensão
90%
80% 76,21%
70%
60%
50%
40%
30%
20% 13,63%
10% 3,91% 3,95% 0,23% 2,07% 0,00%
0%
Terrenos Edifícios Outras PHAC Outros Em curso Adiantamentos
Construções
Gráfico5.2.11–EstruturadosBensdeDomínioPúblico-MédiaDimensão
80% 74,11%
70%
60%
50%
40%
30%
20% 14,85%
7,03%
10%
1,63% 1,26% 0,96% 0,16%
0%
Terrenos Edifícios Outras PHAC Outros Em curso Adiantamentos
Construções
97
Anuário Financeiro dos Municípios Portugueses 2004
Gráfico5.2.12–EstruturadosBensdeDomínioPúblico-GrandeDimensão
70%
62,30%
60%
50%
40%
30%
18,01%
20%
11,13%
7,87%
10%
0,22% 0,32% 0,15%
0%
Terrenos Edifícios Outras PHAC Outros Em curso Adiantamentos
Construções
• Oimobilizadocorpóreorepresentacercade55%doActivototaleinclui,
conformePOCAL,osbensduradourosconcluídos,nãodestinadosavenda
enãoconsideradosbensdedomíniopúblico.Noquadro5.2.3éapresenta-
daeestruturadoimobilizadocorpóreosendodesalientarqueosEdifícios
sãoacomponentecommaiorpesonoImobilizadoCorpóreo.Numaanálise
destacomponentepordimensão,verifica-sequenãosãosignificativosos
desviosemrelaçãoàmédiaglobal.
Quadro5.2.3–EstruturadoImobilizadocorpóreo
Pequenos Médios Grandes Global
Terrenos 22,39% 22,29% 29,37% 25,84%
• OsInvestimentosFinanceirosrepresentamapenas3%doActivototale
incluemparticipaçõesemcapitaldeoutrasentidades,aquisiçõesdeobri-
gaçõesetítulosdeparticipação,einvestimentosemimóveis.
98
Anuário Financeiro dos Municípios Portugueses 2004
Quadro5.2.4–EstruturadosInvestimentosfinanceiros
Investimentosfinanceiros Pequenos Médios Grandes Global %
Partesdecapital 38.331.602€ 232.965.195€ 321.530.080€ 592.826.877€ 76,6%
Atravésdoquadro5.2.4.edográfico5.2.13podeverificar-sequeaconta
“partesdecapital”éacomponentecommaiorpesonosinvestimentosfi-
nanceiros(superiora76%).Numaanálisedaestruturadosinvestimentosfi-
nanceirospordimensão,verifica-sequenosmunicípiosdegrandedimensão
estacomponenterepresentacercade82%dosInvestimentosFinanceiros.
Desalientaraindaovalorem“InvestimentosemImóveis”que,deacordo
comoPOCAL,devemserconsideradoscomoInvestimentosFinanceirosse
osmesmosnãosedestinaremàactividadeaentidade(porexemplo,imó-
veisqueseencontremarrendados).
SerelacionarmososvaloresapresentadosnoBalanço,comosvaloresapre-
sentadosnomapadasreceitas(ActivosFinanceiros,ousejaalienaçãode
Investimentosfinanceiros)enomapadedespesas(ActivosFinanceiros,ou
sejaaquisiçãodeInvestimentosFinanceiros)conclui-sequeem2004verifi-
cou-seumaumentodeInvestimentosFinanceirosemmaisde70milhões
deeuros.
Gráfico5.2.13–EstruturadosInvestimentosFinanceiros-Global
90%
80% 76,63%
70%
60%
50%
40%
30%
18,47%
20%
10% 2,59% 0,41% 1,11% 0,79%
0%
Partes Obrigações e Investimentos Outras Imobilizações Adiamentos por
de Capital Títulos de em Imóveis aplicações em curso conta de
participações financeiras Investimentos
Financeiros
99
Anuário Financeiro dos Municípios Portugueses 2004
Gráfico5.2.14–EstruturadosInvestimentosFinanceiros-PequenaDimensão
70%
57,96%
60%
50%
38,16%
40%
30%
20%
10%
2,71% 0,11% 0,95% 0,10%
0%
Partes Obrigações e Investimentos Outras Imobilizações Adiamentos por
de Capital Títulos de em Imóveis aplicações em curso conta de
participações financeiras Investimentos
Financeiros
Gráfico5.2.15–EstruturadosInvestimentosFinanceiros-MédiaDimensão
90% 82,96%
80%
70%
60%
50%
40%
30%
20% 12,66%
10% 3,02% 1,09% 0,26% 0,00%
0%
Partes Obrigações e Investimentos Outras Imobilizações Adiamentos por
de Capital Títulos de em Imóveis aplicações em curso conta de
participações financeiras Investimentos
Financeiros
Gráfico5.2.16–EstruturadosInvestimentosFinanceiros-GrandeDimensão
90% 81,94%
80%
70%
60%
50%
40%
30%
20% 12,52%
10% 2,24% 0,01% 1,76% 1,52%
0%
Partes Obrigações e Investimentos Outras Imobilizações Adiamentos por
de Capital Títulos de em Imóveis aplicações em curso conta de
participações financeiras Investimentos
Financeiros
100
Anuário Financeiro dos Municípios Portugueses 2004
• Asexistênciasrepresentamumvalormuitopoucosignificativonaestrutura
médiadoBalançodosmunicípios(entre0%e9,8%,numamédiade0,48%do
Activo).Dereferiraindaque,apesarde188municípiosapresentaremvalores
emexistências,émuitoreduzidoonúmerodemunicípiosquecriaramprovi-
sõesparadepreciaçãodeexistências(ou,numalinguagemmaisrecente,efec-
tuaram“ajustamentosaoActivo”).Estasituaçãopodeterduasjustificações:
I)ovalordemercadodosbensexistentesésuperioraovalordeaquisiçãoou
produção;II)Aentidadenãosepreocupacomacriaçãodeprovisões(ouajus-
tamentos)possivelmentepelareduzidaimportânciadessesajustamentosna
estruturadoscustos(emobediênciaaoprincípiodaimportânciarelativa).
Paraaobtençãodeinformaçãodovalordasexistênciasproduzidaspelaprópria
entidadeseráfundamentalaimplementaçãodosistemadecontabilidadede
custoseopreenchimentodaFichaI11-Existências,situaçãoqueactualmente
severificaemmuitopoucosmunicípios,comoreferimosanteriormente.
• Asdívidasareceberrepresentamapenas2,2%dototaldoActivo,sendono
caso dos municípios de pequena dimensão de apenas 0,5%. No entanto,
comoreferimos,estacomponentedoActivoencontra-seemmuitomunicípios,
subvalorizada,situaçãoquesedeveaofactodemuitosmunicípiosaindareco-
nheceremalgumasreceitasapenasnomomentodacobrança(basedecaixa)
justificadaessencialmentepordoismotivos:atéàaplicaçãodoPOCALabase
decaixaeraapráticautilizada;algunsdosimpostosdirectossãoliquidadose
cobradospelasRepartiçõesdeFinançasdificultandoaosmunicípiosaobten-
çãodeinformaçãodasimportânciasliquidadasnãocobradas.
• AsdisponibilidadessãoacomponentedoActivocommenorsubjectividade
representandoovalordossaldosemcaixaeinstituiçõesfinanceiras.As
disponibilidades,deacordocomaanáliseàscontasdasautarquias,situ-
am-seentre0,03%e30,93%dototaldoActivo,numamédianacionalde
2,15%doActivo.Ainterpretaçãodovalordasdisponibilidadesnummunicí-
piodeveráserefectuadacomcuidadodadoqueovalordasmesmasinclui,
para além das “verdadeiras” disponibilidades “reais”, outras designada-
menteasoperaçõesdetesouraria(cauçõesembancosdefornecedores
ouclientes;impostosretidosaentregaraoEstado;etc.)querepresentam
cobrançasparaterceiros,nãoconstituindo,destemodo,disponibilidades
da entidade. Por outro lado, algumas das “verdadeiras” disponibilidades
podem estar consignadas a projectos específicos. Deste modo, parece-
nosqueseriamaisútilumdesdobramentodasdisponibilidadesem:
• Disponibilidadesgerais;
• DisponibilidadesdeOperaçõesdeTesouraria;
• Disponibilidadesconsignadas.
101
Anuário Financeiro dos Municípios Portugueses 2004
Doexposto,édetodaautilidadequealeituradovalordasdisponibilidades
sejaefectuadaemsimultâneocomainformaçãoobtidadoMapadeFluxos
deCaixa,oqueseparaasdisponibilidadesemorçamentaisereferentesa
OperaçõesdeTesouraria.
Talcomoreferimosem4.3(vergráfico4.3.3)osaldodedisponibilidadesem
2004erade430milhõesdeeuros,tendo-severificadoumaumentosignifi-
cativoemrelaçãoa2003.
• Os custos diferidos, de acordo com o POCAL, compreendem as obriga-
çõesconstituídas,mascujoreconhecimentocomocustodeveserdiferido
paraexercíciosseguintes.Sãonormalmenteconsideradosnestaconta,as
rendaspagasjáreferentesaoanoeconómicoseguinte,despesasdecon-
servação plurianual, seguros que envolvem meses relativos a exercícios
económicosdiferentes,etc.Desalientarque186municípiosanalisados
incluemcustosdiferidosnoseuactivo.
Passivo:
•Comoreferimos,oPassivo,aoincluir“AcréscimosdeCustos”,“Proveitos
Diferidos”e“Provisõesparariscoseencargos”podelevaraanálisesfinan-
ceiraserradas.Defacto,comoverificaremos,opassivoexigível,ouseja,
asdívidasporpagar,representam70%tototaldodesignado“Passivo”.
102
Anuário Financeiro dos Municípios Portugueses 2004
Gráfico5.2.17–EstruturadoPassivo-Global
45%
39,66%
40% 37,07%
35%
30%
23,20%
25%
20%
15%
10%
5%
0,07%
0%
Provisões para riscos Passivo ML Passivo Acréscimos de Custos
e encargos Prazo Curto Prazo e Proveitos Diferidos
Gráfico5.2.18–EstruturadoPassivo-PequenaDimensão
50% 46,96%
45%
40%
35% 33,05%
30%
25%
19,77%
20%
15%
10%
5% 0,22%
0%
Provisões para riscos Passivo ML Passivo Acréscimos de Custos
e encargos Prazo Curto Prazo e Proveitos Diferidos
Gráfico5.2.19–EstruturadoPassivo-MédiaDimensão
50% 46,96%
45%
40%
35% 33,05%
30%
25%
19,77%
20%
15%
10%
5% 0,22%
0%
Provisões para riscos Passivo ML Passivo Acréscimos de Custos
e encargos Prazo Curto Prazo e Proveitos Diferidos
103
Anuário Financeiro dos Municípios Portugueses 2004
Gráfico5.2.20–EstruturadoPassivo-GrandeDimensão
60% 56,86%
50%
40%
30%
23,80%
17,14%
20%
10%
2,21%
0%
Provisões para riscos Passivo ML Passivo Acréscimos de Custos
e encargos Prazo Curto Prazo e Proveitos Diferidos
• Ototaldasdívidasaterceirosrepresentainformaçãorelevanteparaanáli-
sedasituaçãofinanceiradosmunicípios,sendoobtidoemduasperspec-
tivas: atendendo ao prazo da exigibilidade e às entidades credoras. No
Balanço,sãoseparadasasdívidasa“curtoprazo”(dívidasapagaraum
ano)edívidasa“médioelongoprazo”(dívidasapagaramaisdeumano)
e,dentrodestas,éaindaobtidainformaçãoportipodecredor(fornecedor,
credor de empréstimos bancários, Estado, etc.). Da análise das contas
dosmunicípiosverifica-sequeasdívidasparacomterceirosrepresentam
entre0,72%e4vezessuperioraototaldoActivonumamédiade22%do
valortotaldoActivo,agregandotodososmunicípios.
AsdívidastotaisdosmunicípiosdePortugalcontinentalsãosuperioresa
5.500milhõesdeEurossendopróximode4.000milhõesdeEurosocor-
respondenteadívidasàbanca;
Quadro5.2.4–Dívidasapagar/Activo
DívidasaPagar/Activo Pequenos Médios Grandes Global
Mínimo 0,72% 3,45% 5,36% 0,72%
Máximo 425,84% 155,51% 101,66% 425,84%
Média 16,65% 21,82% 24,79% 21,91%
Nota:Ofactodeemalgunsmunicípios(poucosesobretudodepequenadimensão)opesodasdívidas
sermuitosuperioraoActivototalpoderáresultardoImobilizadonãoseencontrartotalmenteava-
liado.Casocontrário,seriammunicípios“tecnicamentefalidos”.
•AnovaLeidasFinançasLocais(emdiscussãopública)referequeomon-
tantedoendividamentolíquidototaldecadamunicípio,em31deDezem-
brodecadaano,nãopodeexcederem125%domontantedasreceitas
provenientesdosimpostosmunicipais,dasparticipaçõesdomunicípiono
104
Anuário Financeiro dos Municípios Portugueses 2004
FundodeEquilíbrioFinanceiro,daparcelafixadeparticipaçãonoIRSeda
participação nos resultados das entidades do sector empresarial local,
relativosaoanoanterior.Refereaindaqueomontantedeendividamento
líquido municipal é equivalente à diferença entre a soma dos passivos,
qualquerquesejaasuaforma,incluindonomeadamenteosempréstimos
contraídos,oscontratosdelocaçãofinanceiraeasdívidasafornecedores,
easomadosactivosfinanceiros,nomeadamenteosaldodedisponibilida-
deseasaplicaçõesdetesourairadecurtoprazo.
SeestaLeifosseaplicadaàscontasde2004,verificava-seque32muni-
cípios(23depequenadimensão,7demédiadimensãoe2degrandedi-
mensão)têmesteindicadorcomumvalorsuperiora1,25,embora,numa
médiaglobalesteindicadorsitua-seem17%.
TambémanovaLeidasFinançasLocaisvaiexigirqueasdívidasdemédio
e longo prazo não devem ser superiores a 10% das receitas totais. Se
esta exigência fosse aplicada às contas de 2004, verificava-se que 12
municípios(3depequenadimensão,6demédiadimensãoe3degrande
dimensão)nãocumpririamcomesteindicador.
• Asprovisõesparariscoseencargosrepresentamprevisõesderesponsa-
bilidadesedevemserobjectoderegistocontabilísticoquando,simultanea-
mente,severificaremasseguintescondições:aentidadetemumaobriga-
çãopresentecomoresultadodeumacontecimentopassado;forprovável
aexigênciadeliquidarumaobrigação,emborapossanãosesaberova-
lorcerto;puderserfeitaumaestimativafiáveldovalordaobrigação.Por
exemplo, normalmente consideram-se provisões para riscos e encargos,
responsabilidades potenciais referentes a processos judiciais em curso
(obrigaçãopresentequeprovavelmenteexigeumpagamentofuturo).
DesalientarquedaanáliseaosBalançosdosmunicípiosdaamostra,ape-
nas12municípiosapresentamvaloresnestacontadoPassivo.
105
Anuário Financeiro dos Municípios Portugueses 2004
aestruturadoBalançoeaDemonstraçãodeResultados.Doquadroante-
riormenteapresentadopodemosverificarque46municípiosnãoapresen-
tamvaloresnestacontaoquesignificaráque,porumlado,oBalançonão
representa em alguns municípios a situação patrimonial correcta e, por
outro lado, a Demonstração de Resultados desses municípios provavel-
menteapresentaproveitosinflacionados.Dereferiraindaqueestaconta
representa uma média de 29% do total do Passivo (37% nos pequenos
municípios,33%nosmunicípiosdemédiadimensãoe24%nosmunicípios
degrandedimensão).
• Quantoaosacréscimosdecustosenoqueserefereparticularmenteaos
encargoscom fériasdoanoseguinte,o POCAL obriga ao registo em 31
deDezembrodocustofériasesubsídiodefériasapagarnoanoseguinte
(sendoumcustodoanoNmasdespesa do ano N+I). De salientar que
apenas194dosmunicípiosapresentamvaloresnacontasignificandoque
95municipiosnãocumpremcomoestabelecido.
Fundospróprios:
Osfundospróprioscalculam-sepeladiferençaentreoActivoeoPassivo,
ouseja,deviamrepresentaropatrimóniolíquidodomunicípio(emboranão
sejatotalmentecorrectaestaafirmaçãoumavezque,comoexplicamos,
no Passivo incluem-se proveitos diferidos que também não são fundos
alheios).Osfundosprópriossãoconstituídospor4grandesgrupos:Fundo
Patrimonial inicial ou património inicial; Fundo patrimonial adquirido pro-
veniente dos resultados dos diferentes exercícios; Subsídios de capital
recebidos e doações; Reavaliações de imobilizado. Os Fundos Próprios
representamnosdiversosmunicípiosentrevaloressignificativamentene-
gativose99%doActivototal.Amédiaglobaléde68%oquesignificaque
a autonomia financeira dos municípios (Fundos próprios em relação ao
ActivoTotal)éelevada.
Quadro5.2.6:Fundospróprios/Activototal
FundosPróprios/Activo Pequenos Médios Grandes Global
Mínimo -117,91% -63,01% -1,57% -117,91%
•O
fundopatrimonialinicialrepresentaadiferençaentreoActivoeoPas-
sivonomomentodaelaboraçãodoprimeiroBalançodomunicípio.Ape-
nas9dosmunicípiosapresentamumfundopatrimonialinicialnegativo,
106
Anuário Financeiro dos Municípios Portugueses 2004
ousejaoseupassivoeramaiorqueoActivonomomentodaelaboração
do primeiro Balanço. No entanto, analisado o Balanço desses municí-
pios,verifica-sequeomesmosedeveànãoavaliaçãodegrandeparte
doImobilizado;
• OsresultadoslíquidosrepresentamadiferençaentreosProveitoseos
Custosdeumdeterminadoexercício.Noanode2004234municípios
apresentaramresultadoseconómicospositivos.Apercentagemeleva-
dademunicípioscomresultadoseconómicospositivoséumasituação
queconsideramoscomoesperadaenormal,dadasasconvençõesas-
sumidas pelo actual sistema contabilístico. Entendemos mesmo que,
em geral um município tenderá a apresentar resultados económicos
positivos motivado pelo facto de todos os impostos/taxas serem re-
gistadascomoproveitosdoexercício,quandodestasreceitassãogas-
tas em investimentos de capital (somente transformados em custos
quando forem objecto de registo da depreciação). Por outro lado, as
transferências do Estado (Fundo Geral Municipal, Fundo de Base Mu-
nicipal,FundodeCoesãoMunicipaleoutros)nãodestinadasainvesti-
mentosespecíficossãoconsideradascomoproveitosdoexercíciomas
partedasmesmassãoutilizadaseminvestimentosdecapital(somente
transformadosemcustosquandoforemobjectoderegistodadeprecia-
ção),devidoanecessidadedecumprircomoprincípioorçamentaldo
equilíbriomínimodoOrçamentoCorrente 28 .
Assituaçõesreferidas,porregrafavorecemomunicípionumaanálisepro-
veitos/custos,salvosenumdeterminadoexercícioasamortizaçõesforem
superioresaosinvestimentos.
Peloexposto,ainterpretaçãodoresultadolíquidonummunicípioémuito
subjectivaecarecedeumaanálisesimultâneadeoutrosindicadores.
• Os subsídios registados no Fundo Próprio, em geral, apenas contêm os
subsídiosdestinadosainvestimentosembensnãoamortizáveis.Daaná-
lisedascontasdos289municípios,verifica-sequeapenas40municípios
reconheceramsubsídiosnestaconta.
• Asreservasdereavaliaçãoresultamdeumaactualizaçãodovalorde
aquisiçãoerespectivasamortizaçõesacumuladasdosactivosimobili-
zados(comexcepçãodosInvestimentosFinanceiros),derivadaessen-
cialmente da desvalorização da moeda. O POCAL só permite reavalia-
28
“Asreceitascorrentesdevemserpelomenosiguaisàsdespesascorrentes”(POCAL,capítulo3.3.1).
107
Anuário Financeiro dos Municípios Portugueses 2004
çõesselegisladassuperiormente,oquecontraria,emparte,asactuais
tendênciasdaContabilidadeparasubstituiroprincípiodocustohistóri-
copeladesignadojustovalorouvalordemercado.Oimpedimentodos
municípios procederem a reavaliações de uma forma livre tem como
objectivo limitar eventuais sobreavaliações do Activo, obedecendo ao
princípiodaprudência.Noentanto,umavezqueoCIBE(CadastroeIn-
ventáriodosBensdoEstado)paraefeitosdeelaboraçãodo1ºinventá-
rioelaboradopelasregrasdaquelediplomapermitereavaliarbenscujo
valoractualésignificativamentesuperioraovalorhistórico,verifica-se
que9municípiostêmvalornestacontadosfundospróprios.
5.3–Resultadoseconómicos
Osresultadoseconómicosdeummunicípiorepresentamadiferençaentre
osProveitoseosCustosesãoapresentadosdeumaformaresumidana
Demonstração de Resultados por Natureza e na Demonstração de Resul-
tadosporFunções(estanãoobrigatórianonovosistemadecontabilidade
autárquicapreconizadopeloPOCAL).
OmodelodaDemonstraçãodeResultadosporNaturezaémuitosimilarao
utilizadonacontabilidadeempresarialdividindooscustos,osproveitoseos
resultadosemoperacionais,financeiros,correnteseextraordinários,admi-
tindoassimobalanceamentoentrecustoseproveitosdoexercícioparaas
váriascategorias.
Aestruturamédiadoscustos,proveitoseresultadosdosmunicípioséapre-
sentadanosGráficosde5.3.1a5.3.4.
Gráfico5.3.1–EstruturadaDemonstraçãodeResultados-Global
120%
100,00%
100%
88,14%
80%
60%
40%
20% 11,86%
0%
Custos Proveitos Resultados
108
Anuário Financeiro dos Municípios Portugueses 2004
Gráfico5.3.2–EstruturadaDemonstraçãodeResultados-PequenaDimensão
120%
100,00%
100%
88,14%
80%
60%
40%
20% 11,86%
0%
Custos Proveitos Resultados
Gráfico5.3.3–EstruturadaDemonstraçãodeResultados-MédiaDimensão
120%
100,00%
100%
86,80%
80%
60%
40%
20% 13,20%
0%
Custos Proveitos Resultados
Gráfico5.3.4–EstruturadaDemonstraçãodeResultados-GrandeDimensão
120%
100,00%
100% 89,47%
80%
60%
40%
20% 10,53%
0%
Custos Proveitos Resultados
AocompararasestruturasdasDemonstraçõesdeResultadosdosmunicí-
piosdepequena,médiaegrandedimensão,verifica-sequenosmunicípios
degrandedimensãooscustosrepresentam89,47%dosproveitos,ouseja,
109
Anuário Financeiro dos Municípios Portugueses 2004
sãoestesmunicípiosqueapresentammenoresresultadoseconómicos.No
ladoopostosituam-seosmunicípiosdemédiadimensão,umavezqueos
custos representam cerca de 86,8% e os resultados atingem 13,2% dos
proveitos.Estasituação,pelasrazõesjáexpostas,podenãosignificaruma
maioroumenoreficiêncianautilizaçãodosrecursosdadaafaltadesignifi-
cadoparaoResultadoLíquidodoExercícioenquantoindicadordeeficiência.
Defacto,enquantonãoforemutilizadosidênticoscritériosdevalorimetria
entremunicípios,enquantonãoforreconhecidonoActivotodooImobilizado
enasdemonstraçõesderesultadosasrespectivasamortizações,enquanto
nãoseverificarumatotalcorrelaçãoentreproveitosecustos29,ainterpre-
taçãodoresultadoeconómicodeummunicípioémuitosubjectiva,desig-
nificadocontroverso,comprometendoanálisescomparativasentrediversos
municípios.
Desalientartambémque,etalcomoreferimosaoanalisaroBalanço,as
receitasdecapitalprovenientesdeimpostosetaxas,aonãoseremdiferi-
daspordiferentesexercíciosdeacordocomosanosdevidaútildosbens
adquiridosporessafontedereceita30,tenderãoaconduziraobtençãode
resultadoseconómicospositivos.Poroutrolado,resultadosnegativospo-
demindicarumdesinvestimento,ouseja,muitoprovavelmenteasreceitas
correntes e transferências de capital (consignadas ou não) reconhecidas
comoproveitosdoexercícioforaminferioresàsdespesascorrentesmaisas
amortizaçõesdoImobilizado.Estefactoreforçaoqueatrásreferimossobre
adificuldadedeinterpretaçãodoResultadoLíquidoeajustificaçãoparaque
omesmo,emgeral,tendaaserpositivo.
Quadro5.3.1.Resultadospositivos/Activo
Pequenos Médios Grandes Global
Mínimo -96,53% -77,46% -56,47% -96,53%
Máximo 59,62% 62,18% 45,56% 62,18%
Média 11,86% 13,20% 10,53% 11,86%
29
Estacorrelaçãoémuitocontroversanumcontextodosmunicípiosemqueaincorrênciademais
custosnãoconduznecessariamenteamaisproveitosdadoestesseremessencialmentedenatu-
rezafiscal.
30
Obalanceamentoentreproveitosdereceitasdecapitalnãoconsignadascomoscustosdasamor-
tizaçõesdosbensfinanciadostorna-seumprocedimentomuitodifícil,depôremprática,conside-
randotambémoprincípioorçamentaldanãoconsignaçãodasreceitasqueimplicaqueestas,em
geral,nãoestejamafectasanenhumdestinoespecífico.
110
Anuário Financeiro dos Municípios Portugueses 2004
Noquadro5.3.2apresenta-seosvaloresglobais(agregados)dascompo-
nentesdoscustoseproveitosdetodososmunicípiosdePortugalcontinen-
tal,salientando-seoseguinte:
• Em 2004 foram registados como custos com pessoal a importância de
1.728.833.187sendoamaiorcomponentesdoscustos;
• Asvendaseprestaçãodeserviçosnãotêmumpesorelevanteoquese
deveemgrandeparteaofactodemuitosdosserviçosseencontraremsob
aresponsabilidadedeserviçosmunicipalizadosouempresasmunicipais
• Osimpostosetaxaseastransferênciasrecebidassãoasduasgrandes
componentesdosproveitos
• Numaanáliseagregada,osmunicípiosdePortugalcontinentalapresenta-
ramumresultadoeconómicopositivode 611.299.225ouseja,cercade
60eurosporhabitante.
Quadro5.3.2–Estruturadosproveitosecustos
(todososmunicípiosdePortugalcontinental)
Custos N Proveitos N
VendasdeMercadorias 40.921.358€
Custodasmercadoriasvendidas
100.958.523€ VendasdeProdutos 135.212.352€
edasmatériasconsumidas
VariaçãodaProdução 10.943.235€
Fornecimentos e serviços ex- PrestaçãodeServiços 351.656.233€
1.351.191.466€
ternos OutrasSituações 28.841.208€
ResultadoLiquidodoExercício 611.299.225€
RelativamenteàestruturaecomposiçãodaDemonstraçãodeResultadospor
Natureza,osgráficosseguintesresumemaestrutura,pordimensão,dos289
municípiosanalisados,sobreosquaistecemososseguintescomentários.
111
Anuário Financeiro dos Municípios Portugueses 2004
Proveitos:
ConformeapresentadonosGráficos5.3.5a5.3.8,osprincipaisproveitos
dosmunicípiossãoasTransferênciaseSubsídiosObtidos.Poroutrolado,
entreospequenos,osmédioseosgrandesmunicípiosverificam-sealgumas
diferençasnaestruturadosproveitos,sendodesalientarquequantomaior
adimensãodomunicípiomaioréopesodosImpostoseTaxasnaestru-
turadosproveitostotais.Nosmunicípiosdemaiordimensão,estarubrica
representa 57,62% dos proveitos totais. Por outro lado, quanto menor for
adimensãodomunicípio,maioréopesodasTransferênciaseSubsídios,
tendocomorepresentaçãomáxima70,91%daestruturadosproveitos,nos
municípiosdepequenadimensão.
Gráfico5.3.5–EstruturadeProveitos-Global
80%
70,91%
70%
60%
50%
40%
30%
20%
12,57%
9,34%
10% 4,09%
0,97% 2,13%
0%
Vend., Prest. Impostos Trabalhos Transferências Proveitos Proveitos
Ser., Var. Prod., e para a e Financeiros Extraordinários
Prov. Suplem. Taxas própria Subsídios
e Outros entidade obtidos
Gráfico5.3.6–EstruturadeProveitos-PequenaDimensão
80%
70,91%
70%
60%
50%
40%
30%
20% 12,57%
9,34%
10% 4,09%
0,97% 2,13%
0%
Vend., Prest. Impostos Trabalhos Transferências Proveitos Proveitos
Ser., Var. Prod., e para a e Financeiros Extraordinários
Prov. Suplem. Taxas própria Subsídios
e Outros entidade obtidos
112
Anuário Financeiro dos Municípios Portugueses 2004
Gráfico5.3.7–EstruturadeProveitos-MédiaDimensão
50%
44,48%
45%
40%
34,58%
35%
30%
25%
20%
13,55%
15%
10%
4,34%
5% 0,67% 2,38%
0%
Vend., Prest. Impostos Trabalhos Transferências Proveitos Proveitos
Ser., Var. Prod., e para a e Financeiros Extraordinários
Prov. Suplem. Taxas própria Subsídios
e Outros entidade obtidos
Gráfico5.3.8–EstruturadeProveitos-GrandeDimensão
70%
57,62%
60%
50%
40%
30% 24,16%
20%
8,36% 8,15%
10%
0,06% 1,65%
0%
Vend., Prest. Impostos Trabalhos Transferências Proveitos Proveitos
Ser., Var. Prod., e para a e Financeiros Extraordinários
Prov. Suplem. Taxas própria Subsídios
e Outros entidade obtidos
Custos:
ConformeevidenciadonosGráficosseguintes5.3.9a5.3.12,acomponentede
custosmaiselevadasnosmunicípiosrespeitaaCustoscomPessoal,sendoo
seupesonosmunicípiosdepequenaemédiadimensãode35,09%e33,48%
respectivamente.Nosdegrandedimensãoopesoérelativamentemaior,atin-
gindo os 35,24% do total dos custos. Quanto às outras rubricas dos custos,
verificam-sealgumasdiferençasentreospequenos,médiosegrandesmunicí-
piosrelativamenteàsamortizações,cujopesonototaldoscustostendeavariar
inversamentecomadimensãodomunicípio.Assim,quantomaiorforomunicípio
menoréopesodasamortizações.Efectivamente,asamortizaçõesrepresentam
19,96%daestruturadoscustosdosmunicípiosdepequenadimensão,14,57%
nosdemédiadimensãoe9,95%nodegrandedimensão.Estasituaçãoprova-
113
Anuário Financeiro dos Municípios Portugueses 2004
velmenteestájustificadapelofactodeoImobilizadoaindanãoseencontrarto-
talmenteinventariadoereconhecidonoActivotendoconsequênciasnaestrutura
doscustosdosmunicípios,maisconcretamentenasamortizações.
Gráfico5.3.9–EstruturadeCustos-Global
40%
34,54%
35%
30% 26,79%
25%
20%
13,93%
15%
9,31% 9,42%
10%
5% 2,13% 1,45% 2,11%
0,33%
0%
CMVMC FSE Custos Transferências Amortizações Provisões Outros custos Custos Custos
com o e e perdas Financeiros Extraordinários
Pessoal Subsídios operacionais
Gráfico5.3.10–EstruturadeCustos-PequenaDimensão
40%
35,09%
35%
30% 26,90%
25%
19,96%
20%
15%
10% 6,92% 6,77%
5% 2,07% 1,64%
0,26% 0,39%
0%
CMVMC FSE Custos Transferências Amortizações Provisões Outros custos Custos Custos
com o e e perdas Financeiros Extraordinários
Pessoal Subsídios operacionais
Gráfico5.3.11–EstruturadeCustos-MédiaDimensão
40%
35% 33,48%
30% 27,80%
25%
20%
14,57%
15%
10,77%
10% 8,17%
5% 2,52% 1,89%
0,51% 0,29%
0%
CMVMC FSE Custos Transferências Amortizações Provisões Outros custos Custos Custos
com o e e perdas Financeiros Extraordinários
Pessoal Subsídios operacionais
114
Anuário Financeiro dos Municípios Portugueses 2004
Gráfico5.3.12–EstruturadeCustos-GrandeDimensão
40%
35,24%
35%
30%
25,77%
25%
20%
15% 11,75%
9,95% 9,60%
10%
5% 1,78% 3,01% 2,58%
0,33%
0%
CMVMC FSE Custos Transferências Amortizações Provisões Outros custos Custos Custos
com o e e perdas Financeiros Extraordinários
Pessoal Subsídios operacionais
5.4–Anexosàsdemonstraçõesfinanceiras
OPOCAL,talcomooutrosplanoscontabilísticosapresentaumconjuntode
mapaseexplicaçõescomplementaresaoBalançoeDemonstraçãodeRe-
sultadospermitindoinformaçãomaispormenorizadadecomponentescons-
tantenosdoisgrandesmapas.
Destequadropodemosextrairasseguintesconclusões:
• Apesardeserumapeçaobrigatóriadosdocumentosdeprestaçãodecon-
tas,57municípiosaindanãoapresentaramestesanexo;
• Osanexosquemaissãoreferidosouquetêminformaçãosãoosrelati-
vosaos“critériosvalorimétricosutilizados”,aos“movimentosocorridosno
Imobilizado”eas“garantiasecauções”;
• Osanexosquesãomenosapresentadossãoosmapasrelacionadoscom
existênciasecomreavaliações;
115
Anuário Financeiro dos Municípios Portugueses 2004
Quadro5.4.1
NºdeanexosaoBalançoeDemonstraçãodeResultadosapresentadospelosmunicípios
nºmédiodeanexosquesãoapresentados 14 14 15 14
116
Anuário Financeiro dos Municípios Portugueses 2004
6-CONCLUSÕESERECOMENDAÇÕES
DaanálisedosRelatóriodeGestãoeContasde2004dosmunicípiosportu-
guesespodemosextrairasseguintesconclusões:
1)AactualreformadaContabilidadePública,incluindoaContabilidadeAu-
tárquica, tem como objectivo proporcionar informação que melhor se
adapteàsnecessidadesdosdiferentesutilizadores,devendoamesma
caracterizar-sepelafiabilidade,comparabilidade,relevânciaeoportunida-
de.Noentanto,apesardasreconhecidasvantagensdonovosistemade
ContabilidadeAutárquica,edojásignificativamenteelevadograumédio
deimplementaçãodoPOCALpelosmunicípiosportugueses,afiabilidade
e a comparabilidade da informação económica e patrimonial ainda não
sãodesejadas.Quantoàscaracterísticasderelevânciaeoportunidade,
verificamos que a informação elaborada pelo sistema de contabilidade
patrimonialepelosistemadecontabilidadedecustosaindaépoucoutili-
zadanoapoioàtomadadedecisõesenasauditoriasexternas.
2)Paraoanode2004,aanálisedoÍndicedeConformidadedaspráticaseinfor-
maçãocomosrequisitosexigidospeloPOCALpermitiu-nosverificarqueograu
médiodeimplementaçãoportodososmunicípiosportugueseséde67%.Se
comparamosestevalorcomograumédiodeterminadorelativamentea2003
(61%)verificamosquehouveumaumentodecercade6%oquenonosso
entenderébastantesatisfatórioevidenciandoqueosmunicípiostêmvindoa
investireamelhorarosseussistemasdeinformaçãocontabilísticosdeacordo
comodefinidonoPOCAL.Estaconclusãoéaindareforçadapelofactodena
determinaçãodocálculodoÍndiceConformidadede2004termosaumentado
noníveldeexigêncianaescolhadosparâmetrosecategoriasaanalisar.No
querespeitaàspráticaseinformaçãofacilitadasparaatingirosobjectivosge-
raisdonovosistema,emrelaçãoa2003continuaaexistirumapreferênciacla-
rapelamaioriadosmunicípiosparacumpriremcomparâmetrosrelacionados
comaDemonstraçãodaCorrectaSituaçãoOrçamental(ainformaçãoorçamen-
talcontinuaaserprioritária);osegundoobjectivoaserfavorecidoéEvidenciar
aImagemVerdadeiraeApropriadadaSituaçãoFinanceiraePatrimonialedos
ResultadosEconómicoseopreteridoéApoioàGestãoeàDecisão.Nãoobs-
tante,relativamenteaosobjectivosmenospreferidos,nota-seumaevolução
favorávelde2003para2004,jáquemaismunicípiostendemacumprircom
maisparâmetrosdeinformaçãoincluídanestasduasúltimascategorias.
3)ÉjásignificativaaimportânciaqueosMunicípiosatribuemaoRelatório
de Gestão enquanto documento de prestação de contas. Analisados 6
parâmetroscontidosnosRelatóriosdeGestãoverificou-sequeosmuni-
117
Anuário Financeiro dos Municípios Portugueses 2004
cípiosanalisadosjácumprem,emmédia,com2,9em6dosparâmetros,
representandocercade48%,sendobastantepositivo.
4)RelativamenteaosIndicadoresdeGestãoaapresentarnoRelatóriode
Gestão verificou-se que existe um número significativo de municípios
(31%)quenãoapresentanenhumindicadornoRelatóriodeGestão,nem
orçamentalnemeconómicoe/oupatrimonial,nãocumprindoassimcom
odefinidonoPOCAL.Poroutroladosãoapresentadosumtotalde464
indicadoresdiferentes,sendo333decarácterorçamentale131dotipo
económicoe/oupatrimonial.Estasituaçãodemonstraqueosresponsá-
veisdosmunicípios,apesardaintroduçãodaContabilidadePatrimonial,
continuamadarmaisimportânciaàinformaçãoobtidanaContabilidade
Orçamental.Istopoderáserjustificado,porumlado,pelofactodomodelo
anteriorconsiderarapenasinformaçãoorçamental,estandoosresponsá-
veismaisfamiliarizadoscomestetipodeinformaçãoe,poroutrolado,
porqueosdocumentosprevisionaisobrigatórioscontemplamapenasin-
formaçãodecarácterorçamental.
5)Naanálisedousodecertostiposdeinformaçãodentrodosdocumentos
deprestaçãodecontasdainformaçãoporpartedosutilizadoresinternos,
nomeadamenteórgãoexecutivoeórgãodeliberativo,verificou-sequeos
aspectosrelacionadoscomainformaçãoorçamentalembasedecaixa
são os mais discutidos, quer nas reuniões das Câmaras quer nas das
AssembleiasMunicipais.Efectivamente,emmaisde50%dosmunicípios
sãodiscutidososgrausdeexecuçãodadespesaedareceita.
No que respeita à análise da informação económica e patrimonial em
basedeacréscimo,sãomuitomenososmunicípiosadiscutiremestes
aspectosdoqueosrelativosàinformaçãoorçamental.
Estasevidênciasdemonstramque,quernoórgãoexecutivo,quernoór-
gãodeliberativo,continuaaserdadamaisimportânciaaosassuntosrela-
cionadoscomasquestõesorçamentais,demonstrandooaindareduzido
interessenainformaçãopatrimonial,induzindoqueosutilizadoresinter-
nos,nomeadamenteospolíticos,nãoestãoaindafamiliarizadoscoma
perspectiva (económica) de acréscimo enquanto principal inovação do
novosistemacontabilístico.
6)Relativamenteàutilidadedainformaçãoelaboradapelosmunicípiosna
perspectivadoTribunaldeContas,emsededeauditoria,verificou-seque,
paraalémdaanálisedosaspectosorçamentais,quecontinuamamere-
cerumagrandeatençãoporpartedasauditorias,houveumalargamento
do seu âmbito, passando a abranger também, embora de uma forma
ainda “tímida”, a apreciação da vertente patrimonial, contemplando as
118
Anuário Financeiro dos Municípios Portugueses 2004
análiseseconómicaefinanceiraeaimplementaçãodoPOCALnassuas
diferentesperspectivas.
7)Noqueconcerneàindependênciafinanceiradosmunicípiosverificou-se
que:
• Aindependênciafinanceiradosmunicípios(receitaspróprias/receitasto-
tais)variaentre86%(muitoelevada)e6%(muitoreduzida).Adimensão
domunicípioestádirectamenterelacionadacomograudeindependência.
Assim, enquanto que os grandes municípios têm uma independência fi-
nanceiramínimade41%eumaindependênciafinanceiramáximade86%,
essadependêncianosmunicípiospequenosdescepara6%e65%,res-
pectivamente;
• Asreceitasprovenientesdeaumentodeempréstimosbancários(Passivos
Financeiros)representamumamédianacionalde6%emrelaçãoàsrecei-
tastotaissendoomínimode0%eomáximo68%(casoexcepcionalde
ummunicípio);
8)SobreaestruturadaReceitaverificou-seque:
• OOrçamentodasreceitasdototaldosmunicípiosdePortugalcontinental
foide10.242milhõesdeeuros.Noentanto,apenasseliquidaram6.584
milhões de euros, e cobraram 6.482 milhões de euros ou seja, apenas
60%doprevisto;
• Érelevanteadiferençadopesodealgumasreceitasquandoseanalisam
municípiosdepequena,médiaegrandedimensão,nomeadamentenoque
serefereaopesodosImpostoseTaxas(10,9%paraospequenosmunicí-
pios,30,5%paraosmunicípiosdemédiadimensãoe50,5%paraosgran-
desmunicípios)eàstransferências(69,2%paraospequenosmunicípios,
119
Anuário Financeiro dos Municípios Portugueses 2004
46,3% para os municípios de média dimensão e apenas 27,4% para os
municípiosdegrandedimensão);
• Não é relevante o valor das receitas por cobrar em relação às receitas
liquidadas (apenas 4,93%% a nível geral, sendo 2,14% nos municípios
depequenadimensão,2,76%nosmunicípiosdemédiadimensão,8,63%
nosmunicípiosdegrandedimensão).Contudo,nanossaopinião,talnão
significaeficiêncianascobrançasporpartedosmunicípiosmas,nagrande
maioriadassituaçõesporque,apesardoPOCALdistinguirclaramenteos
momentosdeliquidaçãoecobrança,averdadeéquemuitosmunicípios
registamliquidaçõesapenasnomomentodacobrança;
• Asreceitascobradasporhabitantesituaram-seem645Euros.
9)Relativamenteàestruturadadespesaverificou-seque:
• Nãoérelevanteadiferençadopesodasváriascomponentesdedespesa
quando se analisam municípios de pequena, média e grande dimensão,
com excepção das transferências concedidas onde nos municípios de
grande dimensão representam 17,7% das despesas totais, contra 9,2%
dosmunicípiosdepequenadimensão;
• Ospassivosfinanceirosnaópticadadespesa(amortizaçãodeemprésti-
mos)representamemmédia4,5%dasdespesastotaisenquantoqueos
passivosfinanceirosnaópticadareceita(novosempréstimos)represen-
tamcercade6%dasreceitastotaisoquepoderásignificarqueaumentou
adívidarelativaaempréstimosbancários;
• OOrçamentodasdespesastotaisdosmunicípiosdePortugalcontinental
foide8.261milhõesdeeuros,tendosidopagos6.052milhõesdeeuros
ouseja,apenas62,6%doorçamentoprevisto;
• AsDespesascomPessoal,foram,emmédia,29%paraatotalidadedos
municípiosnãosendorelevanteadimensãodosmunicípios;
• Osmunicípiospagaramcercade603eurosporhabitante,masoscompromis-
sosapagaremexercíciosfuturossituam-senos377eurosporhabitante;
• Embasedecaixaosaldoorçamental,osaldocorrenteeosaldoprimário
sãoglobalmentepositivos.
•Embasedecompromissostendemasernegativos.
120
Anuário Financeiro dos Municípios Portugueses 2004
• As disponibilidades orçamentais em 2004 (no valor de 431 milhões de
euros)tiveramumaumentomuitosignificativoemrelaçãoa2003(queera
deapenas80milhõesdeeuros);
10)RelativamenteascomponentesdoBalançoverificou-seque:
• OImobilizadocorpóreoeosBensdedomíniopúblicorepresentamcercade
95%doactivototal,nãosendorelevanteadiferençadeestruturaquando
analisamosmunicípiosdepequena,médiaegrandedimensão;
• SeserelacionaremosvaloresapresentadosnoBalanço,comosvalores
apresentados no mapa das receitas (Activos Financeiros – alienação de
Investimentos financeiros) e no mapa de despesas (Activos Financeiros
–aquisiçãodeInvestimentosFinanceiros)verifica-sequeem2004houve
umaumentodeInvestimentosFinanceirosemmaisde70milhõesdeeu-
ros;
• As existências representam um valor muito pouco significativo na estru-
turamédiadoBalançodosmunicípios(entre0%e9,8%,numamédiade
4,6%);
• Asdívidasareceberrepresentamapenas2,2%dototaldoActivo(cerca
de 520 milhões de euros), sendo no caso dos municípios de pequena
dimensãodeapenas0,5%.Noentanto,estacomponentedoActivoencon-
tra-seemmuitomunicípios,subvalorizada,situaçãoquesedeveaofacto
demuitosmunicípiosreconheceremasreceitasapenasnomomentoda
cobrança(basedecaixa);
• As disponibilidades situam-se entre 0,03% e 30,93% do total do Activo,
numamédianacionalde2,15%doActivo(numtotalde545milhõesde
euros,incluindosaldosextra-orçamentais);
• Relativamenteaocumprimentodoprincípiodoacréscimo,186dosmunicí-
piosanalisadosincluemnoseuactivocustosdiferidose123acréscimos
de proveitos. Por outro lado, 243 municípios não apresentam proveitos
diferidosnopassivoeapenas194apresentamvaloresnacontadeacrés-
cimosdecustos;
• ComparandoaestruturadosPassivosdosmunicípiosdepequena,média
egrandedimensão,verifica-sequeopassivodeMédioeLongoPrazotem
um maior peso na estrutura total do Passivo nos municípios de grande
dimensão, atingindo cerca de 57% do Passivo total. Nos municípios de
121
Anuário Financeiro dos Municípios Portugueses 2004
pequenadimensãoopesodestarubricaéinferior,ouseja40%doPassivo
total.Noentanto,emqualquerdoscasos,éarubricacommaiorpesono
Passivo,representandoemmédia50%dovalortotaldoPassivo;
• As dívidas totais dos municípios de Portugal continental são superiores
a5.500milhõesdeeurossendopróximode4.000milhõesdeeuroso
correspondenteadívidasàbanca.
11)Relativamenteaosresultadoseconómicosverificou-seque:
• Oscustoscompessoaltotalizamaimportânciade1.729milhõesdeeuros
sendo esta a maior componente dos custos. O peso nos municípios de
pequenaemédiadimensãoéde35,09%e33,48%respectivamente.Nos
degrandedimensãoopesoérelativamentemaior,atingindoos35,24%
dototaldoscustos;
• Asvendaseprestaçãodeserviçosnãotêmumpesorelevanteoquese
deveemgrandeparteaofactodemuitosdosserviçosseencontraremsob
aresponsabilidadedeserviçosmunicipalizadosouempresasmunicipais;
• Os impostos e taxas e as transferências recebidas são as duas gran-
des componentes dos proveitos. No entanto, estas duas componentes
de proveitos têm comportamento diferentes em função da dimensão do
município.Assim,quantomaioradimensãodomunicípiomaioréopeso
dosImpostoseTaxasnaestruturadosproveitostotais.Nosmunicípiosde
maiordimensão,estarubricarepresenta57,62%dosproveitostotais.Por
outrolado,quantomenorforadimensãodomunicípio,maioréopesodas
TransferênciaseSubsídios,tendocomorepresentaçãomáxima70,91%da
estruturadosproveitos,nosmunicípiosdepequenadimensão.
Face ao exposto, apresentamos um conjunto de recomendações que, no
nossoentender,seimplementadaspermitiriamaumentarnãosóograude
implementaçãodoPOCALcomotambémautilidade,fiabilidade,comparabili-
dadeeoportunidadedainformaçãoproduzida.Estasrecomendaçõespouco
diferem das apresentadas no Anuário Financeiro de 2003, destinando-se
essencialmenteaquemtemopoderlegislativo:
122
Anuário Financeiro dos Municípios Portugueses 2004
4.DeformaamelhoraracomparabilidadedainformaçãoaCNCAP(Comis-
sãodeNormalizaçãoContabilísticaparaaAdministraçãoPública)deveria
emitirmaisnormasinterpretativasouorientaçõesrelativasaalgunsas-
pectosquecarecemdeesclarecimento,nomeadamente:
• Bens de domínio público (o que deve ser reconhecido, critérios de
valorimetria,…)
• Cedênciasdeimobilizado(queentidaderegista);
• Acréscimosdecustos(nomeadamenteencargoscomfériasesubsídio
deférias)
• Contabilidadedecustos.
123
Anuário Financeiro dos Municípios Portugueses 2004
todacomparabilidadeanívelinternacionaldainformaçãofornecidapela
ContabilidadeAutárquicaeumamaiorproximidadeentreasnormasdo
sectorpúblicocomosectorempresarial.
6.Deveriaserexigidoquealgunsdosmapasdeprestaçãodecontasfossem
publicadosemjornaisdetiragemnacionalporformaaqueainformação
sejadivulgadapormaisutilizadores,nomeadamentecidadãos,melhoran-
do,assim,atransparência.Tambémseriaútiloacessoàscontasatravés
doSITEdomunicípio.
7.Alguns mapas do subsistema de contabilidade de custos deveriam ser
inseridos nos documentos de prestação de contas, nomeadamente os
relativosaoscustosdecadabemouserviço.Estaobrigatoriedadecontri-
buiriaparaaumentaroníveldeimplementaçãodestesubsistemacontabi-
lístico,degrandeutilidademascomumbaixoníveldeimplementação.
8.Melhoraraquantidadedeinformaçãoeaordemdeapresentaçãododos-
sierqueconstituiaprestaçãodecontas,deformaafacilitarasualeitura
eacomparabilidadedainformaçãoentremunicípios;
9.EstudosrecentesconcluemqueexisteumnúmerosignificativodeTécni-
cosOficiaisdeContascomformaçãoadequadanaáreadacontabilidade
pública,adquirida,quernoscursosdegraduaçãoquefrequentaramquer
em formação complementar, como por exemplo, em formação eventual
daCTOC.Poroutrolado,dadoquepartedainformaçãocontabilísticaé
similaràcontabilidadedosectorempresarial,entendemosqueaobrigato-
riedadedeumtécnicooficialdecontasnasautarquias,queseresponsa-
bilizepelavalidaçãodaimagemverdadeiraeapropriadadascontaspúbli-
cas,aumentariaograudeimplementaçãodossistemasdecontabilidade
patrimonialecontabilidadedecustos.
124
Anuário Financeiro dos Municípios Portugueses 2004
ANEXOI–GLOSSÁRIODETERMOSCONTABILÍSTICOS
ACTIVO
Naadministraçãopública,osActivossãorecursosqueumaentidadeé
proprietária ou administra em consequência de acontecimentos passa-
doseapartirdosquaisseesperaquefluamparaaentidadebenefícios
económicosousociaisfuturosousejampatrimóniohistóricoartísticoe
cultural.
Oactivopodedividir-seem3gruposgerais:
•ActivoCirculante(Existências,DívidasarecebereDisponibilidades)
•Acréscimosediferimentos
Ver:Balanço
ACTIVOSFINANCEIROS
Despesascomaaquisiçãodeactivos,emempresaspúblicas,associações,
fundações,sociedadesdeeconomiamista,entreoutras,deacordocoma
legislação em vigor e cláusulas contratuais. O valor das aquisições deste
tipodeactivosnumexercícioeconómicoencontra-senosmapasorçamen-
tais(Despesa/ActivosFinanceiros)eovaloracumuladonoBalanço/Activo/
InvestimentosFinanceiros.
Quandoalienado,ovalorrecebidoéumareceita.
AMORTIZAÇÃOOUDEPRECIAÇÃODOIMOBILIZADO(amortizaçãoeconómica)
Parcelareferenteaovalordepreciadodoimobilizadosujeitoadesgasteou
depreciaçãoOvalordadepreciaçãodoexercíciodesigna-sepor“Amortiza-
çãodoExercício”.Ovaloracumuladodadepreciaçãodesigna-sepor“Amorti-
zaçãoAcumulada”.Ovalordaamortizaçãodoexercícioencontra-senomapa
“DemonstraçãodeResultados”eovalordaamortizaçãoacumuladano“Ba-
lanço/Activo”,nacolunaAA(ouAP).
125
Anuário Financeiro dos Municípios Portugueses 2004
AMORTIZAÇÃODEEMPRÉSTIMOS(amortizaçãofinanceira)
Despesarelativaàquantiadispendidaparaamortizaçãodeumadívidacon-
traídaanteriormente.Ovalordasamortizaçõesfinanceirasencontra-seno
mapa de execução orçamental (Despesa/Passivos Financeiros). Por outro
lado,estevalorimplicadiminuiçãodoPassivonoBalanço.
BALANÇO
OBalançoéomapacontabilísticoquerelataaposiçãofinanceiraepatri-
monialdeumaentidade,normalmentereportadoaofinaldoexercícioeco-
nómicoeapresenta,devidamenteagrupadoseclassificados,osactivos,os
passivoseosfundosprópriosdaautarquia.
Ver:Activo,Passivo,FundosPróprios
Balanço
Activo Fundosprópriosepassivo
Ab Aa Al(n) Al(n-1) AnoN AnoN-1
Fundospróprios
Fixo–imobilizado
Património
Fixo–bensdedomínio Reservaseresulta-
público dostransitados
Resultadolíquido
Circulante–
existências
Passivo
Circulante–dívidasa Dívidasapagar
receber –médio/longoprazo
Circulante– Dívidasapagar
disponibilidades –curtoprazo
Acréscimos Acréscimose
ediferimentos diferimentos
AB:ActivoBruto;AA:AmortizaçõeseAjustamentos;AL:ActivoLíquido
BASEDECAIXA
Diz-sequeumsistemacontabilísticoseencontraelaboradonabasedecai-
xaquandotemcomoobjectivoúnicoapresentarcontasnumaópticadecai-
xa,ouseja,tempreocupaçãopelaapresentaçãodasituaçãodetesouraria,
reconhecendo as transacções apenas quando recebidas ou pagas. Neste
sentido,nosistemacontabilísticosãoregistadasapenasentradasesaídas
defundos.OMapadeFluxosdeCaixaéodocumentodeprestaçãodecon-
tasmaisimportanteelaboradonabasedecaixa.Ostermosmaisutilizados
126
Anuário Financeiro dos Municípios Portugueses 2004
numsistemacontabilísticoelaboradonestabasesão,Recebimentos,Paga-
mentoseSaldodeTesouraria.
BASEDECAIXAMODIFICADA(BASEDECAIXAECOMPROMISSOS)
Diz-sequeumsistemacontabilísticoseencontraelaboradonabasedecai-
xa modificada quando tem como objectivo único apresentar contas numa
ópticadecaixa,registandoaindaasfasesanterioresdodireitoareceber
edoscompromissosapagar(situaçãofinanceira).Nestesentido,osiste-
macontabilísticoregistaoperaçõesdedireitoseentradasdefundosede
compromissosesaídasdefundos.OsMapasdeExecuçãoOrçamentalde
DespesaeReceitasãoexemplosdedocumentosdeprestaçãodecontas
elaboradosnumsistemaembasedecaixamodificada.Osprincipaistermos
utilizadosnumsistemacontabilísticoelaboradonestabasesão:Direitos(ou
Liquidações)eObrigações(ouCompromissos),Recebimentos,Pagamentos,
SaldodeTesouraria,CompromissosporPagareDireitosporCobrar.
BASEDEACRÉSCIMOOUDEESPECIALIZAÇÃODOSEXERCÍCIOS
Diz-se que um sistema contabilístico se encontra elaborado na base de
acréscimo quando permite apresentar contas numa óptica financeira, pa-
trimonialeeconómica.Nestesentido,ossubsistemascontabilísticoscujos
mapassãoelaboradosnestaóptica(ContabilidadeFinanceira,Patrimonial
eContabilidadedeCustos)registamoperaçõesfinanceiras(direitoseentra-
dasdefundoseresponsabilidadesesaídasdefundos)económicas(provei-
tos,custoseresultados)epatrimoniais(Activo,PassivoeFundoPróprio).O
Balanço,aDemonstraçãodeResultadoseosmapasdecustossãoexem-
plosdedocumentosdeprestaçãodecontaselaboradosnabasedoacrésci-
mooudaespecializaçãodosexercícios.Designa-seporbasedoacréscimo
oudaespecializaçãodosexercícios(Accrualbasis,eminglês)porqueuma
despesaapenaséregistadacomocustoouperdanomomentoemquehá
consumodosrecursosouemquediminuiopatrimóniodaentidade;porseu
turno,umareceitaapenaséregistadacomoproveitoouganhonoexercício
emqueépercebidoobenefícioeconómico,noexercícioemqueessere-
cursofoiutilizadocomocusto(permitindo,destemodo,umbalanceamento
entrecustoseproveitos)ounomomentoemqueaumentaopatrimónioda
entidade.
Exemplos:
ü Aaquisiçãodeumcomputadorserádespesanoexercícioeconómicodo
compromisso(compra),serápagamentonomomentodasaídadefundos
e será um custo diferido por vários exercícios à medida que o mesmo
perdevaloreconómico(ouseja,duranteoperíododeamortizações);
127
Anuário Financeiro dos Municípios Portugueses 2004
Conceitosutilizadosnestesistemacontabilístico:DireitoseObrigações;Re-
cebimentos;Pagamentos;SaldodeTesouraria;DívidasaPagar;Dívidasa
Receber,CustoseProveitos.
BENSDEDOMÍNIOPÚBLICO
Segundooart.202ºn.º1doCódigoCivil,umacoisaétudoaquiloquepode
serobjectoderelaçõesjurídicas.Porsuavez,on.º2domesmoartigorefere
queseconsideramforadocomérciotodasascoisasquenãopodemserob-
jectodedireitosprivados,taiscomoasqueseencontramnodomíniopúblico
easquesão,porsuanatureza,insusceptíveisdeapropriaçãoindividual.
EmPortugal,podemosdizerquedeterminadosbensdodomíniopúblicoo
sãodeacordocomasuapróprianatureza,quealeiselimitaareconhecer
comoumarealidadepreexistente(sãoexemplos,oespaçoaéreo,aságuas
marítimasterritoriais,osrios,oslagosepraias).Outrosbenssãoconside-
radospúblicosporvontadedaAdministração,porquejáexistiamouporque
foramadquiridosouconstruídosporumapessoacolectivadedireitopúblico
esódepoistornadosdominiais.Éoqueacontececomasauto-estradas,
linhas-férreas,aeroportos,entreoutros.
O art. 84.º da Constituição da República Portuguesa (CRP) refere no seu
n.º1quepertencemaodomíniopúblico:
a)“Aságuasterritoriaiscomosseusleitoseosfundosmarinhoscontíguos,
bemcomooslagos,lagoasecursosdeáguanavegáveisouflutuáveis,
comosrespectivosleitos;
b)Ascamadasaéreassuperioresaoterritórioacimadolimitereconhecido
aoproprietárioousuperficiário;
c)Osjazigosminerais,asnascentesdeáguasmineromedicinais,ascavidades
naturaisesubterrâneasexistentesnosubsolo,comexcepçãodasrochas,
terrascomunseoutrosmateriaishabitualmenteusadosnaconstrução;
d)Asestradas;
e)Aslinhas-férreasnacionais;
128
Anuário Financeiro dos Municípios Portugueses 2004
f)Outrosbenscomotalclassificadosporlei.”
AdefiniçãodepatrimóniodoEstadoédadapeloart.2ºdoDLn.º477/80,de
15deOutubro,ondeserefereque,paraefeitosdeinventáriodopatrimónio
doEstado,sedeveconsiderar“oconjuntodebensdoseudomíniopúblico
eprivado,edosdireitoseobrigaçõescomconteúdoeconómicodequeo
Estadoétitular,comopessoacolectivadedireitopúblico.”
Porsuavez,oart.4ºdoDLsupracitadoreferequaisosbensdedomínio
públicoquedevemfazerpartedoinventáriodoEstado,quesão:
“a)Aságuasterritoriaiscomosseusleitos,aságuasmarítimasinteriores
comosseusleitosemargenseaplataformacontinental;
b)Oslagos,lagoasecursosdeáguanavegáveisouflutuáveiscomosres-
pectivosleitosemargense,bemassim,osqueporleiforemreconhecidos
comoaproveitáveisparaproduçãodeenergiaeléctricaouparairrigação;
c)OsoutrosbensdodomíniopúblicohídricoreferidosnoDecreton.º5787-4I,
de10deMaiode1919,enoDecreto-Lein.º468/71,de5deNovembro;
d)AsvalasabertaspeloEstadoeasbarragensdeutilidadepública;
e)Osportosartificiaisedocas,osaeroportoseaeródromosdeinteressepúblico;
f)As camadas aéreas superiores aos terrenos e às águas do domínio
público,bemcomoassituadassobrequalquerimóveldodomíniopri-
vadoparaalémdoslimitesfixadosnaleiembenefíciodoproprietário
dosolo;
i)Asobraseinstalaçõesmilitares,bemcomoaszonasterritoriaisreserva-
dasparaadefesamilitar;
j)Osnaviosdaarmada,asaeronavesmilitareseoscarrosdecombate,bem
comooutroequipamentomilitardenaturezaedurabilidadeequivalentes;
129
Anuário Financeiro dos Municípios Portugueses 2004
l)Aslinhastelegráficasetelefónicas,oscabossubmarinoseasobras,ca-
nalizaçõeseredesdedistribuiçãopúblicadeenergiaeléctrica;
m)Ospalácios,monumentos,museus,bibliotecas,arquivoseteatrosnacionais,
bemcomoospaláciosescolhidospeloChefedoEstadoparaaSecretariada
Presidênciaeparaasuaresidênciaedaspessoasdasuafamília;
n)Os direitos públicos sobre imóveis privados classificados ou de uso e
fruiçãosobrequaisquerbensprivados;
o)Asservidõesadministrativaseasrestriçõesdeutilidadepúblicaaodireito
depropriedade;
p)QuaisqueroutrosbensdoEstadosujeitosporleiaoregimedodomíniopúblico.”
Emgeral,osbenssãoadministradospeloEstado,podendotambémsead-
ministradospeloMunicípioeFreguesiaepelasRegiõesAutónomas.
Odomíniopúblicodomunicípioedafreguesiagozadosmesmosatributos
dodomíniopúblicodoEstado,desdelogopelasuaidênticamatrizconsti-
tucional.Odomíniopúblicoautárquicopodeserdefinidocomo“oconjunto
das coisas públicas pertencentes às autarquias locais submetidas a um
regimejurídicoespecíficoquevisagarantirasuautilidadepública”(Almeida
eLopes,1998,p.6).
Carvalhoetal.(1999,p.346)definemBensdeDomínioPúblicocomoaque-
lesque“sãodestinadosaousopúblico,taiscomocaminhos,estradas,por-
tosepontesconstruídaspeloEstado,parquesejardins,etc.”.Porsuavez,
paraCaiadoePinto(2002)“osbensdedomíniopúblicosãobensdoEstado
aoserviçodoscidadãos,podendonoentanto,algunsapoiaraentidadepú-
blicanaprestaçãodeserviços”.
AinclusãodosbensdedomíniopúbliconoBalançodeumaentidadepública
temsubjacentesdoisconceitos:
b)Controlo–aentidadepúblicadeveráterpoderesecapacidadeparagerir
emanteressebem.
130
Anuário Financeiro dos Municípios Portugueses 2004
OPOCPprevêumanovacontadeImobilizado,aconta45,paraosdenomi-
nadosBensdeDomínioPúblico.
BENSDEDOMÍNIOPRIVADO
Odomínioprivadopodeserdefinidocomooconjuntodebensquenãoen-
contramintegradosnodomíniopúblico,ouseja:
a)Estão, em princípio, sujeitos ao regime de propriedade estatuído na lei
civil e, consequentemente, submetidos ao comércio jurídico correspon-
dente(acepçãoobjectiva);
b)Sãolivrementeadquiridosenãoobedecemausotipificado;
c)Sãoalienáveis,penhoráveis,prescrevíeiseexpropriáveis.
CNCAP–ComissãodeNormalizaçãoContabilísticadaAdministraçãoPública
AComissãodeNormalizaçãoContabilísticadaAdministraçãoPública(CN-
CAP)foicriada,noâmbitodoMinistériodasFinanças,peloartigo4ºdoDe-
creto-Leinº232/97,de3deSetembro,diplomaqueaprovouoPlanoOficial
deContabilidadePública(POCP).
ACNCAPtempormissãoasseguraranormalizaçãoeacompanharaaplicação
eaperfeiçoamentodoPOCPedosplanossectoriais,deumaformagradual,de
modoagarantiranecessáriasegurançaeeficácia.Ver:www.mf.dgo.cncap
CONTABILIDADEORÇAMENTAL
Éosubsistemacontabilísticoondeseregistamaaprovaçãoemodificações
doOrçamentoeasfasesdeexecuçãodomesmo.Osprincipaisdocumentos
extraídosdestesistemacontabilísticosãooMapadeControloOrçamental
daDespesa,oMapadeControloOrçamentaldaReceitaeoMapadeFluxos
deCaixa.
Osregistoscontabilísticosaquiefectuadosassentamnabasedecaixaena
basedecaixamodificada.
CONTABILIDADEPATRIMONIAL
Éosubsistemacontabilísticoondesecontabilizamtodasasoperaçõesque
alteram a estrutura patrimonial, económica e financeira de uma entidade,
131
Anuário Financeiro dos Municípios Portugueses 2004
Osregistoscontabilísticosaquiefectuadosassentamnabasedoacréscimo
ouespecializaçãodosexercícios.
CONTABILIDADEDECUSTOS
Éosubsistemacontabilísticoondeseapuramoscustos(oucustosepro-
veitos,designando-se,nestecaso,porContabilidadeAnalítica)porcadafun-
ção,actividadeecadabem.Osprincipaisdocumentosextraídosdestesub-
sistemacontabilísticosãoosmapasCC(ContabilidadedeCustos)definidos
noponto12doPOCAL.
Osregistosaquiefectuadosassentamnabasedoacréscimoouespeciali-
zaçãodosexercícios.
DIGRAFIA
Atécnicaderegistodigráficoresultadaaplicaçãododesignado“princí-
piodaspartidasdobradas”,queestabelecequeototaldosmovimentos
a débitonascontas deveigualarototal dos movimentos a crédito. As-
sim,quandoumsistemacontabilísticoregistaqualqueroperaçãoconta-
bilística debitando uma ou várias contas por contrapartida (crédito) de
outra(s),diz-sequeseutilizaométododeregistodigráficooudepartidas
dobradas.
AsprincipaisregrasdadigrafianaContabilidadePatrimonialouFinan-
ceirasão:
a)AscontasdoActivodebitam-sepelosaumentosecreditam-sepelasdi-
minuições;
b)AscontasdoPassivoeFundosPrópriosdebitam-sepelasdiminuiçõese
creditam-sepelosaumentos;
c)Ascontasdecustos(Classe6)debitam-sepelosaumentosecreditam-se
pelasdiminuiçõesOsaldodestascontasdeveserdevedorounulo;
d)Ascontasdeproveitos(Classe7)debitam-sepelasdiminuiçõesecredi-
tam-sepelosaumentos.Osaldodestascontasdevesercredorounulo;
132
Anuário Financeiro dos Municípios Portugueses 2004
e)Ascontasdeapuramentoderesultados(Classe8)debitam-sepeloscus-
tosecreditam-sepelosproveitos.Umsaldodevedorsignificaprejuízo;um
saldocredorsignificalucro.
AsprincipaisregrasdadigrafianaContabilidadeOrçamentalsão:
a)As contas de despesas (contas 02 e 04) creditam-se pelos aumentos
edebitam-sepelasdiminuições,peloqueterãosempresaldocredorou
nulo(idênticaàregradascontasdoPassivo);
b)Ascontasdereceitas(03)debitam-sepelosaumentosecreditam-sepe-
lasdiminuições,peloqueterãosempresaldodevedorounulo(idênticaà
regradascontasdoActivo);
c)Aconta251-Devedorespelaexecuçãodoorçamento,debita-seecredita-
se no momento da cobrança de receitas, encontrando-se, deste modo,
sempresaldada;
d)A conta 252-Credores pela execução do orçamento, credita-se pela au-
torizaçãodopagamentoedebita-senomomentodopagamentodeuma
obrigação.Oseusaldodeverásercredorounulo.
NãoestãodefinidasregrasdadigrafiaparaaContabilidadedeCustosepara
as“ContasdeOrdem”(09)daclasse0.
CUSTOSEPERDASVERSUSPROVEITOSEGANHOS
Umcustoéumconsumoenquantoqueumaperdarepresentaumadiminui-
çãodovalordeumrecurso(geralmentedecarácterextraordinário).
São custos e perdas de uma entidade todas as operações registadas na
Classe6:
61–Custodasmercadoriasvendidasematériasconsumidas(momentodo
consumoouvenda)
62–Fornecimentoseserviçosexternos(porregra,nomomentodaobrigação)
63–Transferênciasesubsídioscorrentesconcedidoseprestaçõessociais
(momentodaautorização)
64–CustoscomoPessoal(momentodaobrigação)
65–Outroscustoseperdasoperacionais(momentodaobrigação)
66–Amortizações(momentododesgaste,normalmenteregistadasunica-
menteem31deDezembro)eajustamentosdoexercício(momentoda
desvalorizaçãodasexistênciaseinvestimentosfinanceiros,bemcomo
133
Anuário Financeiro dos Municípios Portugueses 2004
da provável não cobrança de direitos já registados como proveitos;
normalmenteregistadasem31deDezembro)
67–Provisõesdoexercício(momentodoreconhecimentodepossíveis–não
certos–outroscustos;asprovisõessãonormalmenteregistadasou
actualizadasem31deDezembro);
68–Custoseperdasfinanceiros(anodereconhecimentocomocusto)
69–Custoseperdasextraordinários(anodereconhecimentocomocusto)
Umproveito(ourédito)éumaumentodovalordopatrimónioderivadoda
venda, prestação de serviços, cobrança de impostos e taxas e de outras
receitas.Umganhoéumavariaçãopatrimonialpositiva,geralmentedeca-
rácterextraordinário.
Sãoproveitoseganhosdeumaentidadetodasasoperaçõesregistadasna
Classe7:
71–Vendaseprestaçãodeserviços(momentodoreconhecimentododireito)
72–Impostosetaxas(momentodaliquidaçãooureconhecimentododireito)
73–Proveitossuplementares(momentodoreconhecimentododireito)
74–Transferênciasesubsídiosobtidos(momentodoreconhecimentododireito)
75–Trabalhosparaaprópriaentidade(momentodaconclusãodobemou
nofimdoexercício)
76–Outrosproveitosouganhosoperacionais(momentodoreconhecimento
dodireitoouem31deDezembro)
78–Proveitoseganhosfinanceiros(anodereconhecimentocomoproveito)
79–Proveitoseganhosextraordinários(anodereconhecimentocomoproveito)
DESPESASVERSUSRECEITAS
Umadespesaéumaaquisiçãodeumbemouserviçoemqueaúltimafase
doprocessoéopagamento.
NaAdministraçãoPúblicaasdespesasdividem-seemdoisgrandesgrupos:
despesasdecapitaledespesascorrentes.
Asdespesaspodemsãotransformadosemcustosquandoforemconsu-
midosoudesvalorizados.Porexemplo,quandoseadquireumcomputa-
dor,estamosperanteumadespesanomomentodasuaaquisiçãoeserá
custoduranteosanosemquesedesvaloriza(amortizações),combase
no princípio da especialização dos exercícios (o computador vai gerar
134
Anuário Financeiro dos Municípios Portugueses 2004
proveitosváriosexercícios,logoocustoserádiferidotambémporesses
exercícios).
Estamosperanteumareceitaquandoéreconhecidoodireitoocobrardeter-
minadaimportância.
As receitas são transformadas em proveitos no exercício económico que cau-
saramcustosoufoinecessáriooconsumoderecursosparaaobtençãodesse
proveito.Porexemplo,umatransferênciacorrenterecebidaserácustonesseexer-
cícioumavezquesedestinaàaquisiçãoepagamentodebenseserviços(cus-
tos)Umatransferênciadecapital,éumareceitanoexercícioquesereconheceo
direitoacobrar,masumproveitodiferidopelosexercíciosemqueaaquisiçãodo
bemfinanciadovaidesvalorizando(duranteosanosemqueseamortizaobem).
Ver:custoseperdasversusproveitoseganhos
EXERCÍCIOECONÓMICO
Períodocorrespondenteàexecuçãoorçamentária,financeiraepatrimonial.
EmPortugaloexercícioeconómicocoincidecomoanocivil.
FUNDOSPRÓPRIOS
ÉadiferençaentreoActivoeoPassivodoBalançonumadeterminadadata.
NasempresasprivadasestacomponentedoBalançodesigna-sepor“Capi-
talpróprio”ou“Situaçãolíquida”ou“capital,reservaseresultados”.
Ver:Activo,Passivo,Balanço
PASSIVO
NaNormaInternacionaldeContabilidadenº1,oconceitodePassivoédefi-
nidodaseguinteforma:“Passivos-obrigaçõespresentesdaentidadeprove-
nientesdeacontecimentospassados,cujaliquidaçãoseesperaqueresulte
numexfluxoderecursosdaentidadequeincorporambenefícioseconómicos
ouserviçopotencial.”
OPassivoéconstituídoporduasgrandescomponentes:
a)Ospassivosexigíveis,istoé,asobrigaçõespresentesdaentidadepro-
venientes de acontecimentos passados, cuja liquidação se espera que
resultenumfluxodesaídaderecursosfinanceirosdaentidade;
b)Osacréscimosdecustoseosproveitosdiferidosemobediênciaaoprincí-
piodaespecializaçãodosexercícios.Dadooelevadovalornestacompo-
135
Anuário Financeiro dos Municípios Portugueses 2004
nente(nomeadamenteProveitosdiferidos)nascontasdosMunicípios,o
totalPassivopodeserbastantesuperioràsdívidasapagar.
SATAPOCAL
OSub-grupodeApoioTécnicoàaplicaçãodoPOCAL–SATAPOCAL,foicriado
peloDespachon.º4839/99,de22deFevereiro,doSecretáriodeEstadoda
AdministraçãoLocaleOrdenamentodoTerritório,publicadonoD.R.n.º57,II
Série,de9deMarçoeaditadopeloDespachon.º19942/99,de28deSe-
tembro,publicadonoD.R.245,IISérie,de20deOutubro,comoobjectivo
desalvaguardarauniformidadeinterpretativadasquestõessuscitadaspe-
lasautarquiaslocais,propondonotastécnicasepropostasdemodificações
legislativas,emarticulaçãocomasorientaçõesdaComissãodeNormaliza-
çãoContabilísticadaAdministraçãoPública.
SISTEMADECONTROLOINTERNO
Anormanº6daIFAC(InternacionalFederationofAccountants)dispõeque“
OsistemadeControloInternoéoplanodeorganizaçãoetodosemétodos
eprocedimentosadoptadospelaAdministraçãodeumaentidadeparaauxi-
liaraatingiroobjectivodegestãoeassegurar,tantoquantoforpraticável,
ametódicaeeficientecondutadosseusnegócios,incluindoaaderênciaàs
políticasdaadministração,salvaguardadosactivos,aprevençãoedetecção
defraudeseerros,aprecisãoeplenitudedosregistoscontabilísticosea
atempadapreparaçãodeinformaçãofinanceirafidedigna”.
OPOCALapresentanoponto2.9osmétodoseprocedimentosdecontroloa
incluirnanormadecontrolointernoaaprovarporcadaórgãoexecutivo.
136
Anuário Financeiro dos Municípios Portugueses 2004
ANEXOII–BIBLIOGRAFIA
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AUTORES
✤JoãoBaptistadaCostaCarvalho(jcarvalho@eeg.uminho.pt)
ProfessorAssociadonaEscoladeEconomiaeGestãodaUniversidadedoMinho.Licenciado
emGestãodeEmpresaspelaUniversidadedoMinho.
DoutoradoemCiênciasEmpresariais,especializaçãoemContabilidade,
pelaUniversidadedeSaragoça,Espanha.
Co-autordosseguinteslivros:POCALComentado;POC-EducaçãoExplicado;
TemasdeContabilidadePública;CIBE–Comentado.
DirectordoMestradoemContabilidadeeAuditoriadaUniversidadedoMinho.
PresidentedaComissãoparaaContabilidadePúblicadaCâmaradosTécnicosOficiaisdeContas.
PresidentedaDirecçãodaADCES–AssociaçãodeDocentesdeContabilidadedoEnsinoSuperior.
Autordediversaspublicaçõesecomunicaçõesinternacionais.
Áreasdeinteresseparainvestigação:ContabilidadeemespecialreferênciaaContabilidadePública.
✤ MariaJoséFernandes(mjfernandes@ipca.pt)
LicenciadaemGestãodeEmpresaspelaUniversidadedoMinho.MestreemAdministração
PúblicatambémpelaUniversidadedoMinho.DoutoradaemCiênciasEmpresariaispela
UniversidadedeSantiagodeCompostela,Espanha(2004).ProfessoraAdjuntanaEscola
SuperiordeGestãodoInstitutoPolitécnicodoCávadoeAve,ondeleccionaasdisciplinas
deContabilidadePúblicaaoníveldoscursos
delicenciaturaepós-graduação.Autoradediversaspublicações,bemcomo
decomunicaçõesapresentadasemcongressosnacionaiseinternacionaissendo
asuaáreadeinvestigaçãoaContabilidadePública.
✤ PedroCamões(pedroc@eeg.uminho.pt)
LicenciadoemAdministraçãoPúblicapelaUniversidadedoMinho(1992).
MestreemAdministraçãoPúblicatambémpelaUniversidadedoMinho(1996).
DoutoradoemAdministraçãoPúblicapelaUniversidadedaCarolinadoSul,EUA(2004).
ÉProfessorAuxiliardaEscoladeEconomiaeGestãodaUniversidade
doMinho,ondeleccionadisciplinasdeFinançasPúblicaseFinançasLocaisaonívelde
licenciatura,eAdministraçãoOrçamentaleAdministraçãoAutárquicaaoníveldepós-
graduação.MembrodoNEAPP(NúcleodeEstudosemAdministraçãoePolíticasPúblicase
InvestigadorResponsáveldoProjectoPOCI/CPO/58391/2004FinanciadopelaFundaçãopara
aCiênciaeTecnologia,intituladoAEficiêncianoUsodosRecursosPúblicoseaQualidadeda
DecisãoMunicipalPortuguesa.
✤ SusanaMargaridaFaustinoJorge(susjor@fe.uc.pt)
LicenciadaemOrganizaçãoeGestãodeEmpresaspelaFaculdadedeEconomiada
UniversidadedeCoimbra(1994).MestreemGestãodeEmpresas,naespecialidadede
FinançasEmpresariais,pelaEscoladeEconomiaeGestãodaUniversidadedoMinho(1998).
DoutoradaemContabilidadeeFinanças,naespecialidadedeContabilidadedosGovernos
Locais,pelaBirminghamBusinessSchooldaUniversidadedeBirmingham,Inglaterra(2003).
ProfessoraAuxiliarnaFaculdadedeEconomiadaUniversidadedeCoimbra,ondelecciona
asdisciplinasdeContabilidadePública,ContabilidadedeGestãoeContabilidadeFinanceira.
Autoradediversaspublicaçõesecomunicaçõesinternacionais.
MembrodoComitéCientificodaredeinternacionaldeinvestigaçãoCIGAR–Comparative
InternationalGovernmentalAccountingResearch.
Áreasdeinteresseparainvestigação:ContabilidadePública,comespecialpreferência
porContabilidadeAutárquica.