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Direito Ambiental / Aula 3 - O Direito Ambiental e sua proteção constitucional.

Competência
Constitucional Ambiental

O Direito Ambiental e sua proteção constitucional


A Constituição da República Federativa do Brasil (CRFB), promulgada em 1988, elevou
o meio ambiente a status constitucional, criando capítulo próprio para o mesmo no artigo 225
(Capítulo VI – Do Meio Ambiente, dentro do Título VIII - Da Ordem Social).
A norma constitucional deixa claro que: “todos têm direito ao meio ambiente
ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de
vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as
presentes e futuras gerações”.
Desse modo, o bem ambiental é um direito de todos, bem de uso comum do povo e
dever do Poder Público e da coletividade defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras
gerações.
A Constituição Federal é a principal fonte formal do Direito Ambiental. A norma trata a
questão ambiental de forma abrangente, apresenta uma série de preceitos quanto à tutela
ambiental em seu texto ou de forma fragmentada ou em diversos capítulos, além, é claro, do
art. 225 e seus parágrafos.
Antes de continuar seus estudos, veja alguns exemplos de artigos da CRFB que tratam,
de alguma maneira, do bem ambiental.
Para possibilitar a ampla proteção, a Constituição Federal de 1988 previu diversas
regras, divisíveis em quatro grandes grupos, que são:

Regras Gerais
As Regras Gerais são aquelas previstas, de forma direta ou indireta, em vários textos
da Constituição Federal.

Regras de Competência
As Regras de Competência são divididas em legislativas e administrativas; a primeira
diz respeito ao poder de legislar dos Entes Federativos, e a segunda atribui ao Poder Público, a
prática de atos administrativos em prol da preservação e proteção ambiental.

Regras Específicas
São Regras Específicas as previstas no capítulo do Meio Ambiente, isto é, no artigo 225
e seus parágrafos da Constituição Federal.

Regras de Garantia
As Regras de Garantia são as tutelas processuais ambientais, como a ação popular, a
ação civil pública, entre outras.

Neste momento, faremos uma análise detalhada do artigo 225, caput e seus
parágrafos da Constituição Federal.
CRFB, art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem
de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à
coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações.
Para Paulo de Bessa Antunes, a palavra todos, existente no caput do artigo 225, “tem o
sentido de qualquer indivíduo que se encontre em território nacional, independentemente de
sua condição jurídica perante o nosso ordenamento jurídico”. São todos os seres humanos,
não havendo a exigência da condição de cidadão. Por este entendimento, até o estrangeiro
não residente no país e aqueles que, por qualquer motivo, tenham suspensos seus direitos de
cidadania, ainda que parcialmente, se encaixam como destinatários da norma contida no caput
do artigo 225 da CRFB.
A Política Nacional do Meio Ambiente (PNMA), Lei n. 6.938, sancionada em 1981, em
seu artigo 2°, inciso I, consagra que o meio ambiente como um patrimônio público deve ser
necessariamente assegurado e protegido, tendo em vista o uso coletivo. Bom destacar que
esta norma consagra o conceito de meio ambiente natural, em seu artigo 3°, inciso I que
dispõe que meio ambiente é o conjunto de condições, leis, influências e interações de ordem
física, química e biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas.
Art. 225, §1º Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder Público:No
artigo 225, §1º e seus incisos, estão contidos os comandos, de natureza obrigatória, que deve
o Poder Público dispor para a defesa do meio ambiente.

O Poder Público para assegurar a proteção do meio ambiente deve:


I - PRESERVAR E RESTAURAR OS PROCESSOS ECOLÓGICOS ESSENCIAIS E PROVER O MANEJO
ECOLÓGICO DAS ESPÉCIES E ECOSSISTEMAS
Sobre o inciso I, §1º, art. 225 da CRFB: “preservar e restaurar os processos ecológicos
essenciais e prover o manejo ecológico das espécies e ecossistemas”, merece destaque
identificar os conceitos de preservação e restauração, uma vez que possuem significados
diversos. Para Aurélio Buarque de Holanda, preservar significa livrar de algum mal, manter
livre de perigo ou dano, conservar. Restaurar é recuperar, reparar, compor.
Romeu Thomé enfoca que compreende-se por “preservação o conjunto de métodos,
procedimentos e políticas que visem a proteção, a longo prazo, das espécies, habitats e
ecossistemas, além da manutenção dos processos ecológicos, prevenindo a simplificação dos
sistemas naturais.” Restauração, destaca o autor, “significa a restituição de um ecossistema ou
de uma população silvestre degradada o mais próximo possível da sua condição original”.

II - PRESERVAR A DIVERSIDADE E A INTEGRIDADE DO PATRIMÔNIO GENÉTICO DO PAÍS E


FISCALIZAR AS ENTIDADES DEDICADAS À PESQUISA E MANIPULAÇÃO DE MATERIAL GENÉTICO
O inciso II, do §1º do artigo 225 da CRFB é regulamentado, entre outros, pela Lei
9.985/2000, que dispõe sobre o Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza
(SNUC), pela Lei 11.105/2005, que disciplina a Política Nacional de Biossegurança e a Lei n.
13.123/2015, dispõe sobre o acesso ao patrimônio genético, sobre a proteção e o acesso ao
conhecimento tradicional associado e sobre a repartição de benefícios para conservação e uso
sustentável da biodiversidade.

III - DEFINIR, EM TODAS AS UNIDADES DA FEDERAÇÃO, ESPAÇOS TERRITORIAIS E SEUS


COMPONENTES A SEREM ESPECIALMENTE PROTEGIDOS, SENDO A ALTERAÇÃO E A SUPRESSÃO
PERMITIDAS SOMENTE ATRAVÉS DE LEI, VEDADA QUALQUER UTILIZAÇÃO QUE COMPROMETA
A INTEGRIDADE DOS ATRIBUTOS QUE JUSTIFIQUEM SUA PROTEÇÃO
“Definir, em todas as unidades da Federação, espaços territoriais e seus componentes
a serem especialmente protegidos, sendo a alteração e a supressão permitidas somente
através de lei, vedada qualquer utilização que comprometa a integridade dos atributos que
justifiquem sua proteção”, é a redação do texto legal contido no inciso III, do §1º. Este
dispositivo é regulamentado pela Lei 9.985/2000, Sistema Nacional de Unidades de
Conservação da Natureza (SNUC).
As unidades de conservação estão definidas no art. 2º, I, da Lei n. 9.985, que esclarece
que unidade de conservação é o “espaço territorial e seus recursos ambientais, incluindo as
águas jurisdicionais, com características naturais relevantes, legalmente instituído pelo Poder
Público, com objetivos de conservação e limites definidos, sob regime especial de
administração, ao qual se aplicam garantias adequadas de proteção”.
Sobre o inciso III do artigo 225, §1º, destaca Thomé que, “uma vez instituída uma área
ambientalmente protegida (como uma unidade de conservação da natureza), seja por decreto
do Executivo ou por lei formal, a redução dos seus limites (alteração) ou a sua supressão total
somente serão permitidas através de lei específica. O Constituinte é de dificultar o
procedimento legal de alteração ou supressão de uma área ambientalmente protegida, e de
facilitar a criação das mesmas, em respeito ao preceito constitucional de proteção do meio
ambiente ecologicamente equilibrado”.

IV - EXIGIR, NA FORMA DA LEI, PARA INSTALAÇÃO DE OBRA OU ATIVIDADE POTENCIALMENTE


CAUSADORA DE SIGNIFICATIVA DEGRADAÇÃO DO MEIO AMBIENTE, ESTUDO PRÉVIO DE
IMPACTO AMBIENTAL, A QUE SE DARÁ PUBLICIDADE
O artigo 225, §1º, inciso IV, proclama que é exigido, na forma da lei, para instalação de
obra ou atividade potencialmente causadora de significativa degradação do meio ambiente,
estudo prévio de impacto ambiental, a que se dará publicidade. A norma faz menção direta ao
procedimento administrativo, licenciamento ambiental, consagrado como instrumento de
gestão ambiental, instituído pela Política Nacional do Meio Ambiente, Lei 6.938/81, artigo 9°,
inciso IV.
Dispõe a redação do artigo 9°, inciso IV, da PNMA: São instrumentos da Política
Nacional do Meio Ambiente: [...] IV - o licenciamento e a revisão de atividades efetiva ou
potencialmente poluidoras;

V - CONTROLAR A PRODUÇÃO, A COMERCIALIZAÇÃO E O EMPREGO DE TÉCNICAS, MÉTODOS E


SUBSTÂNCIAS QUE COMPORTEM RISCO PARA A VIDA, A QUALIDADE DE VIDA E O MEIO
AMBIENTE
O inciso V do artigo 225, §1° da Carta Cidadã dispõe: “controlar a produção, a
comercialização e o emprego de técnicas, métodos e substâncias que comportem risco para a
vida, a qualidade de vida e o meio ambiente”, trata o caso do controle e da produção de
substancias que importem em risco, como os transgênicos e os agrotóxicos.
Esclarece Romeu Thomé que “desta forma o constituinte estabeleceu os fundamentos
para a gestão dos riscos em matéria ambiental”. E continua a analisar que “trata-se de
aplicação do princípio do controle do poluidor pelo Poder Público ou princípio do limite”.

VI - PROMOVER A EDUCAÇÃO AMBIENTAL EM TODOS OS NÍVEIS DE ENSINO E A


CONSCIENTIZAÇÃO PÚBLICA PARA A PRESERVAÇÃO DO MEIO AMBIENTE
O inciso VI, do §1º do artigo 225 da Constituição Federal é regulamentado pela Política
Nacional de Educação Ambiental, Lei nº 9.795/99, que determinou ser atribuição do Poder
Público promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino e a conscientização
pública para a preservação do meio ambiente, assim como proteger a fauna e a flora, vedadas,
na forma da lei, as práticas que coloquem em risco sua função ecológica, provoquem a
extinção de espécies ou submetam os animais à crueldade, inciso VII do artigo 225, §1°.

VII - PROTEGER A FAUNA E A FLORA, VEDADAS, NA FORMA DA LEI, AS PRÁTICAS QUE


COLOQUEM EM RISCO SUA FUNÇÃO ECOLÓGICA, PROVOQUEM A EXTINÇÃO DE ESPÉCIES OU
SUBMETAM OS ANIMAIS A CRUELDADE
Este inciso do §1º do artigo 225 da Constituição Federal disciplina que incumbe ao
Poder Público proteger a fauna e a flora, vedadas, na forma da lei, as práticas que coloquem
em risco sua função ecológica, provoquem a extinção de espécies ou submetam os animais a
crueldade.
Destaca Romeu Thomé que “ao se referir à relevante função ecológica da fauna e da
flora, a Carta Magna reportou-se ao papel desempenhado pelos animais e plantas no
ecossistema, possibilitando seu perfeito funcionamento”.
Há um grande número de leis que regulamentam o texto deste inciso:
- Lei n. 12.651/2012, novo Código Florestal;
- Lei n. Lei 9.985/2000, Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza (SNUC);
- Lei n. 9.605/1998 conhecida como Lei de Crimes Ambientais.

Art. 225, §2º Aquele que explorar recursos minerais fica obrigado a recuperar o meio
ambiente degradado, de acordo com solução técnica exigida pelo órgão público competente,
na forma da lei.
O §2º do artigo 225 da Constituição Federal destaca que aquele que explorar recursos
minerais fica obrigado a recuperar o meio ambiente degradado, de acordo com solução
técnica exigida pelo órgão público competente, na forma da lei.
Essa norma deixa cristalina a presença dos princípios ambientais do poluidor-pagador
e da responsabilidade para aquele que explorar recursos minerais sendo este obrigado a
recuperar o bem ambiental que veio a degradar fruto da atividade extrativista.

Art. 225, §3º As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente


sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e administrativas,
independentemente da obrigação de reparar os danos causados.
O §3º do artigo 225 da CRFB, deixa claro a responsabilidade por aquele que causar
dano ao meio ambiente. Esta responsabilidade pode ser tanto na esfera administrativa, quanto
na criminal, sem esquecer da responsabilidade civil de reparar os danos causados.
A PNMA, em seu artigo 14, §1º, já consagrava a responsabilidade do agente que causa
dano ambiental, dispõe a norma que: “sem obstar a aplicação das penalidades previstas neste
artigo, é o poluidor obrigado, independentemente da existência de culpa, a indenizar ou
reparar os danos causados ao meio ambiente e a terceiros, afetados por sua atividade”.

Art. 225, §4º A Floresta Amazônica brasileira, a Mata Atlântica, a Serra do Mar, o
Pantanal Mato-Grossense e a Zona Costeira são patrimônio nacional, e sua utilização far-se-á,
na forma da lei, dentro de condições que assegurem a preservação do meio ambiente,
inclusive quanto ao uso dos recursos naturais.
Quanto ao §4° do texto legal, merece destaque observar que a Floresta Amazônica
brasileira, a Mata Atlântica, a Serra do Mar, o Pantanal Mato-Grossense e a Zona Costeira são
considerados patrimônios nacionais, não se confundindo com propriedade pública. Essas áreas
não são bens da União, destaca José Afonso da Silva que: “declara a Constituição que os
complexos ecossistemas referidos no art. 225, §4°, são patrimônio nacional. Isso não significa
transferir para a União o domínio sobre as áreas particulares, estaduais e municipais situadas
nas regiões mencionadas”.
Estando a Mata Atlântica, a Serra do Mar, o Pantanal Mato-Grossense e a Zona
Costeira em terras particulares, nada obsta a sua utilização por estes dos recursos naturais
existentes nessas áreas, desde que observadas as prescrições legais e respeitadas as condições
necessárias à preservação ambiental.
A Lei n. 13.123/2015 que disciplina sobre o acesso ao patrimônio genético, a proteção
e o acesso ao conhecimento tradicional associado e a repartição de benefícios para
conservação e uso sustentável da biodiversidade, também surgiu com o fim de regulamentar o
§4°do artigo 225 da Carta Magna.

Art. 225, §5º São indisponíveis as terras devolutas ou arrecadadas pelos Estados, por
ações discriminatórias, necessárias à proteção dos ecossistemas naturais.
Neste parágrafo, importante destacar o conceito de terras devolutas. Terras devolutas
podem ser conceituadas como: “sendo todas as terras existentes no território brasileiro, que
não se incorporaram legitimamente ao domínio particular, bem como as já incorporadas ao
patrimônio público, porém não afetadas a qualquer uso público”. (Di Pietro, 2010).
Elas integram a categoria de bens públicos dominicais pois não há destinação pública.
Escreve Thomé que “há uma importante exceção constitucional às regras
tradicionalmente adotadas para as terras devolutas, prevista no artigo 225, §5º da CRFB/1988.

Art. 225, §6º As usinas que operem com reator nuclear deverão ter sua localização
definida em lei federal, sem o que não poderão ser instaladas.
Esse parágrafo do artigo 225 da Constituição Federal trata das usinas nucleares. Como
se verá a seguir, a competência para legislar sobre as atividades nucleares é privativa da União,
artigo 22, inciso XXXVI da CRFB. Da mesma forma, os recursos minerais são bens da União,
conforme determina o artigo 20, inciso IX do texto legal.

Competência Constitucional Ambiental


A Constituição da República Federativa do Brasil, sancionada em 1988, reparte as
competências entre todos os entes da federação brasileira, isto é, entre a União, Estados,
Distrito Federal e Municípios, segundo destaca o artigo 18, caput da Constituição Federal.
A principal característica da Federação é a autonomia das unidades federadas, que
caracteriza-se pela capacidade das unidades federativas de se auto-organizar, observando os
princípios do pacto federal.
A doutrina divide a competência dos entes públicos em: Competência Administrativa
ou material e Competência Legislativa.

Competência Administrativa ou material


A Competência Administrativa atribui ao Poder Público a prática de atos
administrativos e de atividades ambientais. Romeu Thomé destaca que esta competência:
“cuida da atuação concreta do ente, através do exercício do poder de polícia.”
A competência administrativa ou material se divide em: Competência administrativa
(ou material) exclusiva; e Competência administrativa (ou material) comum.
Competência Legislativa. A Competência legislativa é atribuída aos entes federativos o ato de
legislar. A Competência Legislativa é dividida em:

1 - COMPETÊNCIA LEGISLATIVA PRIVATIVA


A Competência Legislativa Privativa está prevista no artigo 22 da Constituição Federal.
Esta competência legislativa privativa é inerente à União, que é quem tem o poder de legislar
sobre as matérias específica do artigo 22 da CRFB.
Esta competência tem a possibilidade de delegação, conforme dispõe o parágrafo
único do citado artigo que narra que “lei complementar poderá autorizar os Estados a legislar
sobre questões específicas das matérias relacionadas neste artigo”.
No que tange ao bem ambiental, este está discriminado nos incisos IV, X, XII, XIV, XVIII
e XXVI, do artigo 22.
Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre:
[...]
IV - águas, energia, informática, telecomunicações e radiodifusão;
X - regime dos portos, navegação lacustre, fluvial, marítima, aérea e aeroespacial;
XII - jazidas, minas, outros recursos minerais e metalurgia;
XIV - populações indígenas;
XV - emigração e imigração, entrada, extradição e expulsão de estrangeiros;
XVIII - sistema estatístico, sistema cartográfico e de geologia nacionais;
XXVI - atividades nucleares de qualquer natureza;
Parágrafo único. Lei complementar poderá autorizar os Estados a legislar sobre questões
específicas das matérias relacionadas neste artigo.

2. COMPETÊNCIA LEGISLATIVA EXCLUSIVA


A Competência Legislativa Exclusiva diz respeito aos Estados e aos Municípios e é
aquela reservada unicamente a uma entidade, sem a possibilidade de delegação. Está prevista
no art. 25, §§2º e 3° além, no que concerne ao estudo de nossa disciplina, o art. 30, inciso I da
Constituição Federal.
CRFB, art. 25. Os Estados organizam-se e regem-se pelas Constituições e leis que
adotarem, observados os princípios desta Constituição. [...]
§ 2º Cabe aos Estados explorar diretamente, ou mediante concessão, os serviços locais de gás
canalizado, na forma da lei, vedada a edição de medida provisória para a sua regulamentação.
§ 3º Os Estados poderão, mediante lei complementar, instituir regiões metropolitanas,
aglomerações urbanas e microrregiões, constituídas por agrupamentos de municípios
limítrofes, para integrar a organização, o planejamento e a execução de funções públicas de
interesse comum.

CRFB, art. 30. Compete aos Municípios: I - legislar sobre assuntos de interesse local;

3 - COMPETÊNCIA LEGISLATIVA RESIDUAL


A Competência Legislativa Residual também é denominada de competência legislativa
remanescente ou ainda reservada. Trata-se de competência residual dos Estados, conforme
prevista no artigo 25, §1° CRFB.
Romeu Thomé escreve que “a Constituição determina que são reservadas aos Estados
as competências legislativas que não sejam vedadas pelo texto constitucional, podendo assim,
os Estados legislar sobre as matérias que não lhes estiverem implícita ou explicitamente.”
CRFB, artigo 25. Os Estados organizam-se e regem-se pelas Constituições e leis que
adotarem, observados os princípios desta Constituição. §1º - São reservadas aos Estados as
competências que não lhes sejam vedadas por esta Constituição.

4 - COMPETÊNCIA LEGISLATIVA CONCORRENTE


A Competência Legislativa Concorrente permite que a União, Estados e Distrito Federal
legislem sobre a mesma matéria. Possui como característica a atribuição de uma mesma
matéria a mais de um ente federativo. Tem seu fundamento no art. 24 da Constituição Federal.
No que diz respeito ao meio ambiente, os incisos I, II, III, IV, V, VI, VII e VII do artigo 24
disciplina a questão.
Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente sobre:
I - direito tributário, financeiro, penitenciário, econômico e urbanístico;
II - orçamento;
III - juntas comerciais;
IV - custas dos serviços forenses;
V - produção e consumo;
VI - florestas, caça, pesca, fauna, conservação da natureza, defesa do solo e dos recursos
naturais, proteção do meio ambiente e controle da poluição;
VII - proteção ao patrimônio histórico, cultural, artístico, turístico e paisagístico;
VIII - responsabilidade por dano ao meio ambiente, ao consumidor, a bens e direitos de valor
artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico;

A competência da União limitar-se-á a estabelecer normas gerais (art. 24, §1° da


CRFB/1988), que deverá ser observada por todos.
Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente sobre:
§1º No âmbito da legislação concorrente, a competência da União limitar-se-á a estabelecer
normas gerais.

5 - COMPETÊNCIA LEGISLATIVA SUPLEMENTAR


Na legislação concorrente, a União limita-se a estabelecer normas gerais e os Estados,
as normas específicas. No entanto, em caso de inércia legislativa da União, os Estados poderão
suplementa-la.
Sobre os Estados, o artigo 24, §2° CRFB estabelece que a competência da União para
legislar sobre normas gerais não exclui a competência suplementar dos Estados.
CRFB, artigo 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente
sobre: [...] § 2º - A competência da União para legislar sobre normas gerais não exclui a
competência suplementar dos Estados.

No que tange aos municípios, a redação do artigo 30, inciso II da Constituição Federal
destaca que compete aos municípios suplementar a legislação federal e a estadual no que
couber.
CRFB, artigo 30. Compete aos Municípios: [...] II - suplementar a legislação federal e a estadual
no que couber.

6 - COMPETÊNCIA LEGISLATIVA SUPLETIVA


Como destaca Thomé (2016), “a competência legislativa supletiva decorre da inércia
da União em editar a lei federal sobre normas gerais, adquirindo então os Estados e o Distrito
Federal competência plena para a edição de normas gerais e de normas específicas sobre os
assuntos relacionados no artigo 24 da Constituição Federal (art. 24, §3°)”. Continua o autor a
afirmar que “a superveniência de lei federal sobre normas gerais suspende a eficácia de lei
estadual (ou distrital), no que lhe for contrário (art. 24, §4° da CRFB/1988)”.
Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente sobre:
[...]
§1º No âmbito da legislação concorrente, a competência da União limitar-se-á a estabelecer
normas gerais.
§2º A competência da União para legislar sobre normas gerais não exclui a competência
suplementar dos Estados.
§3º Inexistindo lei federal sobre normas gerais, os Estados exercerão a competência legislativa
plena, para atender a suas peculiaridades.
§4º A superveniência de lei federal sobre normas gerais suspende a eficácia da lei estadual, no
que lhe for contrário.

Aluno: BRUNA CRISTINA PINTO SILVA Matrícula: 201307052444


Disciplina: CCJ0012 - DIREITO AMBIENTAL  Período Acad.: 2017.1 (G) / EX

Prezado (a) Aluno(a),

Você fará agora seu EXERCÍCIO DE FIXAÇÃO! Lembre-se que este exercício é opcional, mas não valerá
ponto para sua avaliação. O mesmo será composto de questões de múltipla escolha (3).

Após a finalização do exercício, você terá acesso ao gabarito. Aproveite para se familiarizar com este modelo
de questões que será usado na sua AV e AVS.

1. O Direito Ambiental busca a fruição verdadeiramente coletiva e democrática


do ambiente, em cumprimento do direito à igualdade básica entre todos os
seres humanos e à proibição de discriminação de qualquer natureza. É neste
contexto que a expressão constitucional ¿todos têm direito ao meio
ambiente ecologicamente equilibrado¿ precisa converter-se em realidade
palpável. Tomando o texto como referência, analise as afirmativas abaixo
quanto ao Direito Ambiental:

I. O Direito Ambiental visa tutelar a sadia qualidade de vida do homem, em


suas gerações presentes e futuras, o que realiza através da defesa e
preservação do meio ambiente, como elemento indissociável da saúde e do
bem-estar do povo.

II. Através do princípio do desenvolvimento sustentável, o Direito Ambiental


busca realizar uma harmonização entre o desenvolvimento econômico e a
preservação do meio ambiente.

 III. A Constituição Federal prevê a aplicação da teoria da inversão do ônus


da prova, a fim de facilitar a comprovação do grau de culpa necessária para
responsabilizar os poluidores a indenizar ou reparar os danos causados ao
meio ambiente ou a terceiros, afetados por sua atividade.

IV. A defesa e a preservação do meio ambiente, para as presentes e futuras


gerações, não são deveres apenas do Poder Público, mas também da
coletividade, o que justifica a necessidade de conscientização pública e
promoção da educação ambiental.

Com base nas proposições acima é CORRETO o que se afirma em:

I,II e III

  I, II e IV

  I e II

II,III,IV

I,IV

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2. Segundo a Constituição brasileira, o meio ambiente é:

Patrimônio da Humanidade.

Bem de domínio dos Estados.

Patrimônio nacional.

Bem de domínio da União.

  Bem de uso comum do povo.

 Gabarito Comentado  Gabarito Comentado

3. Marque a alternativa Correta em razão da Competência dos Municípios, de


acordo com a previsão constitucional.

O município pode legislar em questões que extrapolem os interesses locais


Promover, no que couber, o adequado ordenamento territorial, mediante
  planejamento e controle do uso, do parcelamento e da ocupação do solo urbano
Promover a proteção do patrimônio histórico-cultural local, sem necessariamente
observar a legislação e a ação fiscalizadora federal e estadual.
Suplementar a legislação estadual diante do interesse regional

Legislar sobre assuntos de interesse da região

 Gabarito Comentado  Gabarito Comentado

4. São condutas que incumbe ao Poder Público para assegurar a efetividade do


direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado conforme previsão do
Art. 225 da CF

Preservar e restaurar as unidades de conservaçãoe prover o manejo ecológico das


espécies e ecossistemas.
Promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino e a conscientização
  pública para a preservação do meio ambiente.
Controlar apenas a produção e o emprego de técnicas,métodos e substâncias que
comportem risco para a vida, a qualidade de vida e o meio ambiente.
Definir, em todas as unidades da Federação, espaços territoriais e seus componentes
a serem especialmente protegidos, sendo a alteração e a supressão permitidas
somente através de licenças administrativas, vedada qualquer utilização que
comprometa a integridade dos atributos que justifiquem sua proteção.
Exigir, na forma de autoizações administrativas, para instalação de obra ou atividade
potencialmente causadora de significativa degradação do meio ambiente, estudo
prévio de impacto ambiental, a que se dará publicidade.

5. A competênica material, também conhecida como executiva ou


administrativa atribui ao Poder Público a prática de atos administrativos e de
atividades ambientais com base no Poder de Polícia. Que ente público possui
competênica material (ou executiva ou administrativa) exclusiva?

Os municípios.

  A União.

Os Estados.

O Distrito Federal.

Os territórios.

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6. A instalação de usina nuclear depende de definição de sua localização


através de:

  Lei federal.

Licença ambiental.

Lei estadual.

Autorização do Ministério de Minas e Energia.

Decreto Presidencial.

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7. Segundo o art. 225 da Constituição Federal, 'todos têm direito ao meio


ambiente equilibrado, ...

bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao


  Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes
e futuras gerações'.
para o desenvolvimento urbano, inclusive habitação, saneamento básico urbanos e
para promover a defesa permanente contra as calamidades públicas, especialmente
as secas e as inundações'.
destinado a assegurar o exercício dos direitos sociais e individuais, a liberdade, a
segurança, o bem-estar, o desenvolvimento, a igualdade e a justiça como valores
supremos de uma sociedade fraterna, pluralista e sem preconceitos, fundada na
harmonia social'.
compreende um conjunto integrado de ações de iniciativa dos Poderes Públicos e da
sociedade, destinadas a assegurar os direitos relativos à universalidade da cobertura
e do atendimento'.
patrimônio cultural brasileiro os bens de natureza material e imaterial, tomados
individualmente ou em conjunto, portadores de referência à identidade, à ação, à
memória dos diferentes grupos formadores da sociedade brasileira'.

 Gabarito Comentado

8. A Constituição Brasileira estabelece que o meio ambiente ecologicamente


equilibrado é "bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de
vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e
preservá-lo para as presentes e futuras gerações" (art. 225, da CRFB).
Prevê também a Constituição o fundamento da "dignidade da pessoa
humana" (art. 1º, III, da CRFB) e que a "República Federativa do Brasil
rege-se nas suas relações internacionais pelo princípio da prevalência dos
direitos humanos" (Art. 4º, I, da CRFB). A Lei nº 6.938/1981 define o meio
ambiente como o "conjunto de condições, leis, influências e interações de
ordem física, química e biológica, que permite, abriga e rege a vida em
todas as suas formas" (art. 3º, I). Com base apenas em tais normas,
assinale a melhor proposição dentre as que seguem:

Os conceitos que regem os direitos fundamentais são independentes e suas normas


devem ser estudadas em separado, não correlacionadas com o Direito Ambiental. Tal
conclusão deve-se à proteção ao meio ambiente equilibrado ter normatividade própria
e disciplina autônoma, alcançando assim seu próprio status de ramo do direito.
O meio ambiente sadio é essencial para uma vida digna, de modo que o direito ao
  meio ambiente equilibrado é um direito humano fundamental, correlacionado com o
direito à vida e à saúde.
O vasto de campo de estudo do direito ambiental é extenso, mas não compreende o
conceito dos direitos humanos e fundamentais, cuja formulação é distinta e
independente.
Os direitos humanos fundamentais não dizem respeito ao Direito Ambiental, mas sim,
tão somente, à liberdade (direitos civis e políticos) à moradia e ao trabalho, não
estando correlacionados com o Direito Ambiental.
Os direitos fundamentais têm apoio nos conceitos jurídicos de dignidade, liberdade,
igualdade, irrenunciabilidade, a irrevogabilidade, a imprescritibilidade, a
inalienabilidade, a inviolabilidade, a universalidade, a interdependência e a
complementaridade, dispondo de características que os distinguem e apartam do
direito ambiental.

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