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Como a puma da Flórida pode ser recuperada? Dado que se trata de uma
população extremamente pequena, a prioridade é aumentar seu tamanho através
da proteção e melhoria de habitats adicionais e da redução das ameaças existentes.
A construção de corredores sob as estradas reduz significativamente as mortes
causadas por atropelamentos. Uma vez que estas pumas apresentam tanto os
sinais genéticos quanto os sinais físicos da depressão por endocruzamento, ficou
claro que suas performances melhoraram onde houve a imigração de indivíduos de
outras populações. Considerando que não existem outras populações na Flórida, as
únicas fontes de indivíduos são de outras subespécies. A subespécie mais próxima é
a do Texas, a qual foi contígua com a população da Flórida e provavelmente tinham
um histórico de fluxo gênico antes do declínio.
Após estudos extensivos foi tomada a decisão de se introduzir seis a oito
fêmeas do Texas. A ocorrência de depressão por exocruzamento era improvável,
uma vez que não havia evidências sobre este tipo de problema tanto nos animais
híbridos da Flórida quanto em pumas híbridos de cativeiro. Embora o ideal teria
sido a realização de análises genéticas para a comparação das duas subespécies
anteriormente à tomada desta decisão, análises posteriores revelaram que todas as
populações de pumas da América do Norte são muito similares.
Oito indivíduos do Texas foram, portanto, introduzidos. Uma progênie de
trinta e dois sobreviventes exocruzados é conhecida (até junho de 2001), incluindo
alguns indivíduos de segunda geração e proles de híbridos retrocruzados. Os
híbridos F1 não apresentam caudas torcidas e nem pêlos eriçados, e parecem ser
mais robustos do que as pumas da Flórida autênticas.
Não
O status UBYÂOPNJDPF
ESU são conhecidos?
t"O°MJTFTDSPNPTTÂNJDBF
Sim moleculares para resolver
a taxonomia - comparar
com espécies relacionadas
Cruzar com plantas de outras Sim
A espécie é uma t%FUFSNJOBSBFTUSVUVSBEF
populações, se houver redução
planta autofertilizável? populações
do valor adaptativo
Não
Se a assexuada: Não
conserve clones A espécie é um diplóide
Se autofertilizada: ou poliplóide exogâmico?
conserve populações
Sim
Sim Sim
t.FEJSEJWFSTJEBEFHFO·UJDB
Avaliar risco de comparar com outras Um dos Ocorre
extinção (PVA) populações ou táxons seleção para
sexos é
t1SFEJ[FSQFSEBEB tamanho,
diversidade genética selecionado? adornos, etc?
t"VNFOUBSGMVYPH¹OJDPTF
fragmentada Sim Sim
Há alto risco?
Ne é Se mudou o
Sim A população mostra baixa Sim reduzido? fenótipo,
preserve uma
diversidade genética ou é proporção da
Aumentar tamanho, Não predita ser altamente população
reduzir ameaças, endogâmica? fora do
monitorar N, Ne cultivo
Sim
Se possível, realize
Monitorar a população cruzamentos exogâmicos,
Não Sim aumente o tamanho da
para depressão Há evidência de depressão
população e reduza
endogâmica, Ne, endogâmica?
estresses e ameaças
aumentar N
Nepal, após a caça ter sido banida e a reserva de caça real ter sido trans- Fig. 7.1 Fluxograma das questões
formada em Parque Nacional. Da mesma maneira, o elefante marinho consideradas no manejo genético
do norte expandiu sua população de 20-30 indivíduos para mais de de espécies ameaçadas na natureza.
150000 após a eliminação da caça e a criação de proteção legal. As po-
pulações do falcão-de-Maurício, da águia careca e do falcão peregrino
se recuperaram após o controle do uso do DDT e a realização de progra-
mas de reprodução assistida.
Após a implementação de medidas de proteção, que incluem o
uso de amas-secas e translocações, Petroica traversi, um passeriforme
das ilhas Chatham, Nova Zelândia, aumentou sua populaçao de cinco
para mais de 140 indivíduos. A população de uma outra ave, Gallirallus
sylvestris, da ilha Lord Howe, Austrália, que chegou a apenas 20-30 indi-
víduos, se recuperou após a erradicação de sua ameaça principal, que
130 O MANEJO GENÉTICO DE ESPÉCIES AMEAÇADAS EM AMBIENTE NATURAL
Número de machos
Adultos
150
Introdução de
Número
0 0 0
81 85 89 93 97 63 73 93 93
Ano Ano
Xi’an
Montanhas
Qinling
Montanhas
Minshan
Habitat do panda
Montanhas
Qionglai
Chengdu
Fig. 7.3 Fragmentação dos habitats do panda gigante na China (Lu et al. 2001).
0,1
0,6
Lewa Downs N = 13
K = 20
0,2
0 50 100 150 200
Probabilidade de persistência
0,1
Nakuru N = 18
K = 71
0,6
sem depressão endogâmica
com depressão endogâmica
com depressão endogâmica + imigrantes
0,2
0 50 100 150 200
Anos
136 O MANEJO GENÉTICO DE ESPÉCIES AMEAÇADAS EM AMBIENTE NATURAL
Queensland
Sul da
Austrália
New South
Wales
KI Victoria
PI FI
CONSIDERAÇÕES GENÉTICAS NO DESENHO DE RESERVAS 139
Introgressão e hibridação
Introgressão é o fluxo de alelos de uma espécie ou subespécie para outra.
Algumas espécies são
ameaçadas devido ao Tipicamente, as hibridações ocorrem quando o homem introduz espé-
cruzamento com espécies cies exóticas nas áreas de ocorrência de espécies raras aparentadas, ou
relacionadas mais abundantes. altera o habitat, de maneira que espécies previamente isoladas são postas
Análises genéticas podem em contato secundário. A introgressão é uma ameaça à integridade ge-
ser utilizadas para detectar nética de vários canídeos, patos, peixes, plantas, e outros organismos.
a introgressão e indivíduos A introgressão pode ser detectada utilizando-se uma ampla varie-
híbridos dade de marcadores genéticos, incluindo alozimas, microssatélites,
fingerprints de DNA e, quando apropriado, cromossomos. Análises de
alozimas em leões asiáticos de cativeiro detectaram alelos de leões
africanos. As ameaçadas pumas da Flórida consistem de duas popu-
lações, uma das quais apresenta introgressão de uma subespécie de
puma sul-americana (Quadro 7.1). Fêmeas do criticamente em perigo
lobo da Etiópia têm se hibridado com cães domésticos, em níveis que
variam nas diferentes populações (Exemplo 3.1).
Uma forma particularmente deletéria de hibridação é aquela que
ocorre entre populações diplóides e tetraplóides, resultando em tri-
plóides estéreis. Um exemplo deste tipo de hibridação ocorre na planta
em perigo Rutidosis leptorrhynchoides, da Austrália.
Controle da introgressão
A árvore Cercocarpus traskiae (Quadro 7.4) é um exemplo de manejo de
uma espécie sujeita à hibridação. Neste caso, a informação genética
foi fundamental para se descobrir o problema da hibridação e para a
Rutidosis leptorrhynchoides
identificação dos indivíduos híbridos, mas teve um papel limitado no
processo de recuperação.
Algumas opções para solucionar o problema da introgressão in-
A introgressão pode ser
cluem a eliminação da espécie introduzida, ou a translocação de in-
reduzida através da remoção
da espécie que potencialmente divíduos puros para regiões isoladas ou para o cativeiro. O sucesso é
se hibridiza, da eliminação difícil de ser atingido. Por exemplo, não seria nada prático remover
dos indivíduos híbridos ou todos os cães domésticos do habitat do lobo da Etiópia.
da expansão do número de
indivíduos puros
Quadro 7.4 Cercocarpus traskiae: identificação de híbridos com uma
espécie aparentada e implementação de um plano de
recuperação (Rieseberg & Swensen 1996)
Cercocarpus traskiae é uma pequena árvore em perigo quase inteiramente restrita a
uma única encosta da Ilha Santa Catalina, na Califórnia. A espécie é extremamente
rara, tendo declinado de 40 para 11 plantas em 1996. Este declínio ocorreu como
conseqüência da introdução de cabras no local. Um inventário botânico realizado
na ilha no final dos anos 70 identificou vários indivíduos que lembravam uma outra
espécie, C. betuloides, ou indivíduos com características intermediárias entre as duas
espécies. Estudos genéticos utilizando alozimas e RAPDs identificaram seis das 11
árvores adultas como sendo C. traskiae puras e as outra cinco como sendo híbridas
com C. betuloides.
O manejo de C. traskiae teve início colocando-se cercas ao redor das C.
traskiae verdadeiras, o que resultou na produção de aproximadamente 70 mudas,
sendo a maioria alozimicamente puras. Várias amostras das plantas puras têm
sido propagadas e 16 indivíduos foram plantados na ilha. O maior problema que
permanece é a presença de cabras, porcos e os bisões e veados recentemente
Cercocarpus traskiae introduzidos, que comem as plantas e arrancam suas raízes.
OS IMPACTOS DA EXPLORAÇÃO 141
Os impactos da exploração
Muitas espécies de animais e plantas selvagens são coletadas ou caça-
A exploração pode alterar a
das, por exemplo, peixes, árvores, cervos e elefantes. Estas práticas re- razão sexual, o Ne, o sistema
duzem os tamanhos efetivos e a diversidade genética das populações, reprodutivo, o intervalo entre as
trazendo conseqüências deletérias. Para os elefantes asiáticos, por gerações, o fluxo gênico e pode
exemplo, a caça tem impactado a razão sexual, a taxa reprodutiva e o resultar em endocruzamento
tamanho efetivo populacional (Quadro 7.5). Além disso, estima-se que e em perda de diversidade
a caça irá reduzir drasticamente a diversidade genética dos alces e dos genética
veados de cauda branca.
A caça seletiva deve favorecer fenótipos particulares dentro das po- A exploração seletiva imposta
pulações. Por exemplo, grandes peixes, elefantes com as maiores presas pelo homem pode alterar
e os veados com grandes galhadas são preferencialmente capturados. a composição genética e os
Isto deve resultar em pressões de seleção que mudam os fenótipos das fenótipos das populações
espécies, conflitando com as forças da seleção natural e reduzindo o
valor adaptativo da população. Por exemplo, a caça pelo marfim está
aumentando a freqüência de elefantes machos sem presas em várias
populações da África e da Ásia. Estes machos sem presas têm menor
capacidade de obter pares para o acasalamento e são menos capazes
de enfrentar predadores.
A solução óbvia para este problema é reduzir a seletividade da
Os impactos da exploração
caça, mas isto é difícil de ser conseguido na prática. A caça aos elefan- seletiva podem ser aliviados pela
tes é uma atividade ilegal e, por isto, não sujeita a regulamentação. mudança dos regimes de coleta
Apesar de muitos acordos internacionais, a pesca também é difícil ou eliminando-se as coletas em
de regulamentar, o que pode ser atestado pelo colapso de muitos re- parte das populações
cursos pesqueiros. Como as espécies comerciais ocorrem freqüente-
mente em grandes quantidades, embora muitas estejam se tornando
escassas, uma opção é preservar uma proporção da população. Dessa
maneira, estoques completamente selvagens são mantidos para re-
povoar as áreas de coleta, minimizando os impactos genéticos da
pesca.
Os impactos genéticos e evolutivos da caça seletiva têm recebido
muito pouca atenção no manejo de espécies ameaçadas.
142 O MANEJO GENÉTICO DE ESPÉCIES AMEAÇADAS EM AMBIENTE NATURAL
Espécies assexuadas
Muitas espécies de plantas são capazes de reprodução vegetativa, atra-
Em espécies assexuadas, muitos vés de brotos, bulbos, rizomas, etc. Espécies com reprodução exclusiva-
indivíduos devem apresentar mente assexuada em geral ocorrem na forma de um ou poucos tipos de
genótipos idênticos, de maneira
clones. Os clones são essencialmente idênticos, embora possa ocorrer
que é necessário um grande
cuidado para se amostrar toda a diversidade genética entre os diferentes tipos. Por exemplo, o arbusto
diversidade de clones existentes triplóide australiano em perigo Lomatia tasmanica existe na forma de
dentro delas um único clone, e a planta em perigo Limonium dufourii, da Espanha,
consiste de vários tipos de clones triplóides.
Numa espécie totalmente clonal o endocruzamento não é uma pre-
ocupação. No entanto, espécies que existem na forma de um único
clone essencialmente não apresentam variação para se adaptarem às
mudanças do ambiente. Elas são similares a populações endocruzadas
de espécies sexuadas. Esta fragilidade requer um tipo de manejo pare-
cido com o utilizado no pinheiro de Wollemi (veja acima).
Em espécies que realizam tanto a reprodução sexuada quanto a
assexuada, o número de indivíduos geneticamente distintos deve ser
muito menor do que o número de indivíduos de uma amostra. Por
exemplo, 53 indivíduos do arbusto australiano em perigo Haloragoden-
dron lucasii consistiram de apenas sete tipos de clones, uma diversidade
genética bastante reduzida se comparada a uma espécie equivalente
de reprodução sexuada.
A manutenção da diversidade genética em espécies de reprodução
assexuada requer que a estrutura das populações seja considerada na
conservação in situ, no restabelecimento de populações extintas e na
obtenção de amostras para conservação ex situ. A maior prioridade é
identificar e manter o maior número possível de clones distintos.
Espécies autógamas geralmente
apresentam menos heterozigose
dentro das populações e
Espécies autógamas
maior diferenciação entre as Aproximadamente 20% das espécies de plantas fazem autofecundação
populações, se comparadas com freqüência, como a espécie em perigo Stephanomeria malheurensis,
com as espécies de reprodução e 40% das espécies fazem autofecundação ocasionalmente, como Bank-
biparental. Conseqüentemente, sia brownii.
é necessário um esforço muito Espécies predominantemente autógamas são geralmente menos
maior para se preservar a heterozigotas do que espécies com fecundação biparental, com maior
diversidade interpopulacional proporção da diversidade genética distribuída entre populações, do
dessas espécies
que dentro delas. As populações comumente contêm alelos únicos.
A AVALIAÇÃO DAS ESTRATÉGIAS DE RECUPERAÇÃO 143
Espécies poliplóides
O manejo genético de espécies poliplóides de fecundação biparental (a
maioria das angiospermas e pteridófitas) segue os mesmos princípios
As recomendações para o
das espécies diplóides com sistema reprodutivo similar. No entanto, os manejo genético de espécies
problemas genéticos são geralmente menos sérios do que nos equiva- poliplóides são similares a
lentes diplóides. Por exemplo, uma população de tetraplóides contém aquelas feitas para espécies
duas vezes mais cópias de cada alelo do que uma população diplóide diplóides, embora pequenos
de mesmo tamanho efetivo. Portanto, os poliplóides provavelmente tamanhos populacionais e
sofram menos depressão por endocruzamento e menos perda de di- o endocruzamento sejam
versidade genética em pequenas populações do que os diplóides. Con- preocupações menores
seqüentemente, os poliplóides devem tolerar tamanhos populacionais
menores do que os diplóides. Entretanto, os tamanhos necessários para
se evitar as estocasticidades demográficas e ambientais, bem como as
catástrofes, são similares (veja Capítulo 5).
Análises de sensibilidade
As análises de sensibilidade constituem uma importante ferramenta
para se avaliar programas de recuperação de espécies ameaçadas. Es- As análises de sensibilidade
tas análises envolvem variações progressivas nos valores médios dos envolvem a determinação do
diferentes parâmetros utilizados nas PVAs, em ambas as direções, e a impacto relativo de diferentes
avaliação de seus efeitos no risco de extinção ou no tamanho das popu- parâmetros sobre os riscos de
lações. Dessa maneira, os parâmetros cujos valores mais influenciam extinção
no resultado podem ser identificados. Por exemplo, o resultado é mais
sensível a variações na sobrevivência dos juvenis, ou taxas reproduti-
vas dos adultos, ou níveis de predação, etc?
144 O MANEJO GENÉTICO DE ESPÉCIES AMEAÇADAS EM AMBIENTE NATURAL
Estudos de caso
Gallirallus sylvestris
A população de Gallirallus sylvestris declinou para 20-30 indivíduos nos
anos 70 devido à exploração pelo homem no passado e, principalmen-
te, devido a predação e destruição do habitat por porcos introduzidos.
A recuperação desta ave procedeu-se com o extermínio dos porcos e
com um programa de reprodução em cativeiro e reintrodução, no
qual 86 indivíduos nascidos em cativeiro foram soltos num período
de quatro anos. Uma análise retrospectiva do programa de recupera-
Gallirallus sylvestris
ção confirmou que os procedimentos de manejo implementados eram
realmente necessários. A probabilidade de extinção para 100 anos era
de 100% se nenhuma ação fosse adotada, 40% se apenas os porcos tives-
sem sido controlados e 2% para a combinação de controle dos porcos e
reprodução em cativeiro. Embora apenas o controle dos porcos já teria
removido a principal causa de ameaça, isto por si só não garantiria que
a população atingisse números suficientes para evitar a extinção por
fatores estocásticos.
Atualmente, G. sylvestris tem uma população relativamente estável
de aproximadamente 200 indivíduos na ilha, e seu status foi mudado
de em perigo para vulnerável. Enquanto o lado ecológico desse pro-
grama é considerado um modelo, o manejo genético ficou longe de
ser satisfatório. Considerando que apenas três casais contribuíram
para o programa de reprodução em cativeiro, a população total será
muito mais endocruzada do que antes do programa. Além disso, é
provável que a variação genética seja perdida devido à contribuição
desigual desses casais. Portanto, seria desejável que a base genética
do programa de reprodução em cativeiro tivesse sido aumentada
pela adição de mais indivíduos férteis, uma vez que se sabia que se
reproduziam com sucesso no cativeiro. Infelizmente, análises da
variabilidade genética da população não têm sido realizadas e ne-
nhuma ação corretiva foi planejada. Além disso, o monitoramento
rotineiro cessou.
REPRODUÇÃO SUPLEMENTAR E TECNOLOGIAS DE REPRODUÇÃO ASSISTIDA 145
Pedicularis furbishiae
Esta planta herbácea perene e em perigo já chegou a ser dada como ex-
tinta. Entretanto, aproximadamente 5000 indivíduos foram descober-
tos em 28 colônias ao longo de um trecho de 230 km de um único rio
localizado em Maine e New Brunswick, noroeste da América do Norte.
Esta espécie ocorre apenas nos barrancos do rio voltados para o norte,
num tipo de ambiente que sofre distúrbios periódicos. Trata-se de uma
hemiparasita de estágios iniciais de sucessão que não pode invadir os
barrancos dos rios degradados pelo menos nos três primeiros anos de
sucessão, e em fases mais tardias são eliminadas por competidoras
mais altas, o que leva a um ciclo regular de colonização e extinção (a
Pedicularis furbishiae
espécie existe como uma metapopulação). Uma PVA demonstrou que
as populações individuais tinham probabilidade de extinção de 87%
em 100 anos, de maneira que a sobrevivência da espécie é criticamen-
te dependente do balanço entre colonização e extinção. Como as ex-
tinções freqüentemente excedem as colonizações, a viabilidade desta
espécie em longo prazo é bastante tênue. Além disso, a capacidade da
população de se adaptar em longo prazo é questionável, dado que as
quatro populações da espécie não apresentaram diversidade genética
em 22 locos de alozimas.
Reprodução suplementar
A reprodução suplementar
A reprodução suplementar é utilizada amplamente no manejo de pei-
envolve a captura de adultos xes para aumentar as populações selvagens. Isto difere da reprodução
da natureza, a reprodução em cativeiro tradicional porque adultos selvagens são trazidos para o
em condições controladas e a cativeiro, se reproduzem, e suas progênies são parcialmente criadas
soltura da prole na natureza antes de serem soltas. Não há populações de cativeiro permanentes.
O manejo destes programas tem dois objetivos freqüentemente confli-
tantes: a soltura de um grande número de juvenis e a manutenção da
diversidade genética das populações selvagens. Para espécies altamente
prolíferas, como muitos peixes, apenas um pequeno número de adul-
tos é necessário para produzir os juvenis para serem soltos, e a captura
deste pequeno número de adultos pode ser o desejado para espécies
ameaçadas. Entretanto, este procedimento deve reduzir a diversidade
genética e aumentar o endocruzamento à medida que as populações
selvagens passam a experimentar tamanho efetivo reduzido devido ao
tamanho desigual das famílias (Capítulo 4). Embora a genética tenha
inicialmente recebido pouca atenção nestes programas, nos últimos
passou a ser mais enfatizada.
Suporte reprodutivo
Algumas populações selvagens Algumas populações selvagens que não são autosustentáveis são man-
são regularmente aumentadas tidas pela soltura regular de populações de cativeiro (suporte repro-
com indivíduos de populações dutivo). O ganso Nene (ganso havaiano) tem sido sujeito a um longo
de cativeiro, mas isto pode ser programa de reintrodução, considerando que as populações selvagens
em longo prazo geneticamente não parecem ser autosustentáveis. Estoques de peixes de cativeiro são
prejudicial amplamente utilizados para aumentar as populações selvagens de
muitas espécies, especialmente aqueles que favorecem os pescadores.
Esses suportes reprodutivos geralmente apresentam impactos dele-
térios de longo prazo na composição genética e no sucesso reprodutivo
dos estoques selvagens, como: (a) redução do tamanho efetivo popula-
cional, (b) perda de diversidade genética, (c) depressão por endocruza-
mento e (d) redução do sucesso reprodutivo resultante de adaptações
genéticas ao cativeiro que são deletérias na natureza. Adaptação gené-
tica é um problema em peixes quando os habitats selvagens são repo-
voados utilizando-se populações que passaram por muitas gerações em
cativeiro, dado que eles geralmente têm menor capacidade reproduti-
va nos ambientes selvagens (ver Capítulo 8).
LEITURAS SUGERIDAS
Frankham, R., J. D. Ballou & D. A. Briscoe. 2002. Introduction to Conservation
Genetics. Cambridge University Press, Cambridge, UK. Os capítulos 16
e 20 oferecem um tratamento mais extenso sobre estes tópicos, mais
referências.
Avise, J. C. & J. L. Hamrick. (eds.) 1996. Conservation Genetics: Case Histories
from Nature. Chapman & Hall, New York. Contém histórias de casos
sobre manejo na natureza de espécies ameaçadas.
Beissinger, S. R. & D. R. McCullough. (eds.) 2002. Population Viability
Analysis. University of Chicago Press, Chicago, IL. São os resultados de
uma conferência sobre PVA que revisou a contribuição das PVA para o
manejo de espécies ameaçadas.
Ecological Bulletin. 2000. Volume 48: Population Viability Analysis. Um volume
especial dedicado ao processo de PVA e suas contribuições para a
conservação.
Falk, D. A. & K. E. Holsinger. 1991. Genetics and Conservation of Rare Plants.
Oxford University Press, New York. Contém uma série de capítulos
sobre o manejo na natureza de espécies de plantas ameaçadas.
Lanza, R. P., B. L. Draper & P. Damián. 2000. Cloning Noah’s ark. Scientific
American 87 (5), 84-89. Descreve o uso real e potencial de tecnologias de
reprodução artificial na conservação.
Woodford, J. 2000. The Wollemi Pine: The Incredible Discovery of a Living Fossil
from the Age of the Dinosaurs. Text Publishing, Melbourne, Australia.
Um livro popular interessante e bem escrito sobre a descoberta,
conservação e a genética do pinheiro Wollemi