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2006.II
1. INTRODUÇÃO
1
passado à geração seguinte, isto é, por meio do processo sexuado, o que
normalmente se consegue através dos programas de melhoramento genético.
Sendo assim, medidas capazes de garantir a produção de sementes e
propágulos de espécies florestais, particularmente de nativas, devem ser tomadas,
visando disponibilizar material propagativo de alto padrão de qualidade física,
fisiológica, sanitário e genética, em quantidades suficientes para atender a
demanda, observadas as normas legais estabelecidas através da Lei 10.711 de
agosto de 2003 e sua regulamentação em fase de construção, podendo-se
encontrar maiores detalhes em www.agricultura.gov.br .
2. CONCEITOS BÁSICOS
2
• cromossomos homólogos: são cromossomos que emparelham
durante o processo de divisão celular (meiose), possuindo os mesmos
genes dispostos em igual seqüência.
• herança: refere-se à transmissão de características dos pais aos filhos.
Ocorre no processo de meiose.
• dominância: manifestação total de um alelo sobre o outro quando em
heterozigose (completa, parcial ou sobredominância).
Exemplo: Aa (azul) x Aa (azul)
Filhos: AA – Azul, Aa - azul
aa - branco
• gene recessivo: refere-se aquele membro de um par de alelos que
não é capaz de expressar-se na presença do alelo dominante.
• haplóide: possui uma série completa de cromossomos (n).
• diplóide: possui duas séries completas de cromossomos (2n).
• poliplóide: possui mais de duas séries completas de cromossomos.
• F1: primeira geração resultante de um dado cruzamento.
• F2: segunda geração resultante do cruzamento de indivíduos da
geração F1.
• S1: primeira geração de auto-fecundação.
Portanto, F1, F2, S1 constituem conjuntos de indivíduos aparentados
(irmãos).
• família S1: irmãos oriundos de auto-fecundação
• família de meio-irmãos (FMI): conjunto de indivíduos provenientes de
uma mãe conhecida e pais desconhecidos.
• família de irmãos-germanos (FIG): conjunto de indivíduos
provenientes de mãe e pai conhecidos.
• retrocruzamento: cruzamento de uma descendência (progênie) com
um dos pais.
• cruzamento recíproco: cruzamento de um conjunto de indivíduos
como machos e fêmeas simultaneamente.
• alogamia: refere-se às espécies de reprodução cruzada;
• autogamia: refere-se às espécies de auto-fecundação;
3
• endogamia: refere-se ao cruzamento de indivíduos aparentados,
tendo como conseqüência a perda de vigor.
• heterose: é o vigor resultante do cruzamento de materiais genéticos
distintos.
• epistasia: refere-se à dominância de um gene sobre o outro não
alélico.
• freqüência gênica: trata-se da proporção entre a freqüência dos alelos
alternativos de um gene e a freqüência total de todos os alelos naquele
loco.
• potencial genético: refere-se ao valor genético intrínseco total de uma
população, que pode ser explorado.
• carga genética: refere-se ao acúmulo de genes recessivos (deletérios)
em uma população até o limite da sua sobrevivência.
• genótipo: trata-se da constituição genética do indivíduo.
• fenótipo: é a expressão do indivíduo. É resultante do genótipo
associado aos efeitos ambientais.
• plasticidade: capacidade de adaptação de um indivíduo devido a
mudanças fisiológicas internas.
• escape: indivíduo aparentemente resistente a pragas e doenças, ou
outro fator, pela ausência do agente naquele ambiente.
• população: conjunto de indivíduos de uma mesma espécie que
apresentam uma continuidade no tempo e uma capacidade de se
cruzarem ao acaso, ou seja, de trocarem alelos entre si.
• raça: população adaptada a um dado ambiente ecológico, que
apresenta uma ou mais características particulares.
• raça ecológica: população ou conjunto de populações com
distribuição restrita e que está estritamente adaptada às condições de
um habitat local. Na prática, pode ser difícil caracterizar uma população
como ecótipo ou raça ecológica, especialmente na ausência de testes
de cultivo experimental. Veja ecótipo; genecologia (Fonte: Valois et al.,
2005).
• raça edáfica: população adaptada para as condições físicas e
químicas do solo local. Raças edáficas são uma modalidade de raça
4
ecológica e geralmente seus indivíduos apresentam características
morfológicas peculiares. A especiação edáfica é vista hoje como
preeminente no grupo das angiospermas (Fonte: Valois et al., 2005).
• raça geográfica: população ou populações de uma espécie que
ocorre(m) numa determinada região geográfica da distribuição da
espécie. Geralmente, são populações alopátricas isoladas e que
mostram uma diferenciação fenotípica para um ou mais caracteres,
habilitam-se como categoria taxonômica formal. Geralmente, a
subespécie em botânica corresponde à raça geográfica em zoologia
(Fonte: Valois et al., 2005).
• raça local: forma antiga e primitiva de um cultivo agrícola, cultivada em
sistemas agrícolas tradicionais por agricultores, indígenas e
populações rurais, e cuja evolução é principalmente direcionada pela
seleção artificial que o homem lhe impõe (Fonte: Valois et al., 2005).
• recombinação gênica: formação de novas combinações de genes
através dos mecanismos de troca de partes e segregação durante a
meiose no ciclo sexual de organismos. O fenômeno de segregação dos
cromossomos, com sua inclusão nos gametas masculino e feminino, é
o responsável por tornar esta variação genética disponível para a fase
posterior de fecundação; reorganização do sequenciamento de genes
e partes de cromossomos como resultado do sobrecruzamento
ocorrido na meiose (Fonte: Valois et al., 2005).
• recurso fitogenético: corresponde ao recurso genético vegetal. Veja
recurso genético (Fonte: Valois et al., 2005).
• recurso genético: variabilidade de espécies de plantas, animais e
microrganismos integrantes da biodiversidade, de interesse sócio-
econômico atual e potencial para utilização em programas de
melhoramento genético, biotecnologia e outras ciências afins (Fonte:
Valois et al., 2005).
• regeneração: reprodução de um acesso para manutenção de sua
integridade genética. Na coleção base e coleção ativa é feita no campo
quando as sementes armazenadas perdem a viabilidade para cerca de
80% do poder germinativo inicial. Na conservação “in vitro”, refere-se à
5
transferência para casa de vegetação e/ou campo das plântulas
componentes do acesso com a finalidade de permitir o revigoramento
das mesmas. O intervalo de tempo entre uma regeneração e outra
deve ser determinado experimentalmente para cada espécie (Fonte:
Valois et al., 2005).
• reprodução assexuada: aquela que ocorre sem a participação de
gametas, isto é, não acontece o fenômeno de fertilização entre os
gametas masculino e feminino. A reprodução assexuada compreende
dois tipos básicos: apomixia e propagação vegetativa (Fonte: Valois et
al., 2005).
• reprodução sexuada: aquela que ocorre a participação de gametas,
isto é, acontece o fenômeno de fertilização entre os gametas
masculino e feminino.
• reserva genética: unidade dinâmica de conservação da variabilidade
genética de populações de determinadas espécies para uso presente e
potencial. Tem a finalidade de proteger em caráter permanente as
espécies ou comunidades ameaçadas de extinção, dispor de material
genético para pesquisa e determinar a necessidade de manejo das
espécies-alvo, dentre outras (Fonte: Valois et al., 2005).
• reservatório gênico: totalidade dos genes presentes em uma
determinada população de um organismo de reprodução sexuada, em
um determinado momento. Geralmente, o conceito se aplica aos
membros de populações de uma mesma espécie com fertilidade
comum maior devido ao relacionamento filogenético, mas situações
desviantes podem ocorrer com a fertilidade comum atingindo outras
espécies e até mesmo gêneros. O reservatório gênico de uma espécie
cultivada é composto por três níveis de trocas gênicas possíveis entre
os participantes. O reservatório gênico primário (GP1) compreende os
estoques domesticados da cultura e as formas parentais silvestres que
lhe deram origem ou influenciaram sua formação. O reservatório
gênico secundário (GP2) compreende as espécies silvestres que
cruzam com a cultura principal e produzem prole, embora geralmente o
processo se dê com alguma dificuldade e os níveis de fertilidade sejam
relativamente baixos. O reservatório gênico terciário (GP3)
6
compreende as espécies silvestres que só cruzam com a cultura
principal mediante tratamentos especiais, como fusão de protoplastos
etc. Aqui, o relacionamento genético é baixo e a progênie F1 é
geralmente estéril (Fonte: Valois et al., 2005).
• resistência completa: resistência de plantas a doenças que não
proporciona nenhum nível de reprodução do patógeno. Não é
permanente, pois pode ser quebrada (Fonte: Valois et al., 2005).
• resistência horizontal: resistência de plantas a doenças geralmente
poligênica, não diferencial e muito influenciada pelo meio ambiente,
sendo as raças do patógeno denominadas de agressivas (Fonte: Valois
et al., 2005).
• resistência vertical: resistência de plantas a doenças geralmente
oligogênica, diferencial e pouco influenciada pelo meio ambiente,
sendo as raças do patógeno denominadas de virulentas (Fonte: Valois
et al., 2005).
7
membrana nuclear, o que permite a associação das fibras do fuso
mitótico às regiões centroméricas das cromátides de cada cromossomo
duplicado (Figura 1a);
2. metáfase: o que caracteriza esta fase é a presença dos cromossomos
no plano mediano da célula; as cromátides-irmãs estão com seus
centrômeros voltados para pólos opostos (Figura 1b);
3. anáfase: neste período ocorre a separação das cromátides-irmãs,
devido ao tracionamento pelas fibras do fuso mitótico (Figura 1c);
4. telófase: esta fase inicia-se quando os cromossomos atingem o pólo; a
partir de então, ocorre gradual descondensação ou desespiralização
dos cromossomos; há regeneração da membrana nuclear em torno dos
conjuntos cromossômicos filhos (Figura 1d).
a
A
A a A
A A a
a A a a
A a A
a
8
conseqüentemente, uma cópia do gene A e uma do gene a, garantindo que os
núcleos-filhos tenham a mesma informação genética do núcleo que se dividiu.
A meiose é o processo de divisão celular em que tem como produto final a
formação de gameta, tanto em animais como vegetais superiores. Nas espécies
diplóides e naquelas com número par de conjuntos cromossômicos, uma célula se
divide, originando quatro, cada uma com metade do número de cromossomos da
célula que se dividiu. Por reduzir à metade o número de cromossomos nos gametas,
garante a manutenção do número de cromossomos nestas espécies. Compreende
duas divisões nucleares e, pelo menos, uma divisão citoplasmática. Em relação à
maioria dos eucariotos, a primeira divisão da meiose, ou meiose I, é denominada
reducional, pois o número de cromossomos nos núcleos-filhos é a metade do
presente no núcleo que se dividiu. A segunda divisão ou meiose II, é denominada
equacional, pois não há alteração do número de cromossomos. Ambas são
divididas, como a mitose, em prófase, metáfase, anáfase e telófase (Viana et al.
2003).
As fases da meiose I são:
1. prófase I: ao longo deste período os cromossomos vão, gradualmente,
espiralizando ou condensando; em seu final, há degeneração da membrana
nuclear, o que vai permitir a ligação das fibras do fuso com as regiões
centroméricas dos cromossomos; é subdividida nas seguintes fases:
leptóteno: período inicial de condensação dos cromossomos;
zigóteno: nesta fase os cromossomos homólogos se aproximam, ocorrendo o
fenômeno chamado sinapse, que é o pareamento de cromossomos homólogos;
paquíteno: nesta fase, depois de completado o pareamento dos homólogos,
ocorre o fenômeno de ‘crossing-over’, que é a troca de segmentos
cromossômicos entre homólogos; cada par de homólogos parece ser um só
cromossomo e é denominado de bivalente;
diplóteno: a partir desta fase, até o final da prófase I, os cromossomos
homólogos vão gradualmente afastando-se; à medida que os homólogos
separam-se, pode-se perceber algumas regiões, ao longo de seu comprimento,
em que os mesmos parecem estar sobrepostos ou em contato; tais regiões são
denominadas de quiasmas e são evidência citológica de que ocorreu ‘crossing-
over’;
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diacinese: nesta fase os homólogos acham-se ainda mais separados; como a
separação ocorre da região centromérica para as extremidades, os quiasmas
parecem se mover no mesmo sentido;
2. metáfase I: os bivalentes, na forma de anel de dois ou de cadeia de dois, estão
dispostos no plano mediano da célula; as regiões centroméricas dos homólogos
estão voltadas para pólos opostos; a orientação de um bivalente é independente
da orientação de qualquer outro par, ou seja, nesta fase os bivalentes estão
dispostos ao acaso no plano equatorial da célula;
3. anáfase I: ocorre a separação dos homólogos;
4. telófase I: após atingirem o pólo da célula, os cromossomos desespiralizam-se;
há regeneração da membrana nuclear em torno dos conjuntos cromossômicos-
filhos.
As fases da meiose II são:
1. prófase II: se houve uma telófase I típica, torna-se necessário, novamente, que
os cromossomos se individualizem; durante toda esta fase, os cromossomos
espiralizam-se, ou seja, aumentam de diâmetro e reduzem de comprimento; ao
seu final, a membrana nuclear desaparece;
2. metáfase II: os cromossomos estão dispostos no plano equatorial da célula, com
as regiões centroméricas de suas cromátides voltadas para pólos opostos;
3. anáfase II: ocorre a separação das cromátides-irmãs;
4. telófase II: após atingirem o pólo da célula, os cromossomos descondensam-se;
há reaparecimento da membrana nuclear em torno de cada conjunto
cromossômico.
As ilustrações na Figura 2, obtidas descrevem o comportamento, durante a
meiose, de dois pares de cromossomos homólogos e de dois genes neles
localizados, em relação a uma célula germinativa de uma espécie diplóide, com 2n
cromossomos. Para simplificação, podemos considerar que estão representados
apenas quatro cromossomos. Um dos genes da espécie, localizado em um
metacêntrico, é representado pela letra A. Em seu homólogo, está localizado, na
mesma posição, o gene a. No par de homólogos acrocêntricos, estão simbolizados
os genes B e b. Em metáfase I foi considerado estarem orientados para um mesmo
pólo, o metacêntrico com o gene A e o acrocêntrico com o gene B.
Conseqüentemente, ficaram orientados, para o pólo oposto, o metacêntrico com o
gene a e o acrocêntrico com o gene b.
10
B B
B
b
A a b A
A
b a
a
(a (b (c
B B
b B A
b
A A
b a
a a
(d (e (f)
B
B A A
A
b a a
b
(g (h (i)
B B A A
B B B
A A
A a a
b b
(j) (k (l)
Figura 2 - Representação diagramática das possíveis fases da meiose. (a) leptóteno,
(b) zigóteno, (c) paquíteno, (d) diplóteno, (e) diacinese, (f) metáfase I, (g)
anáfase I, (h) telófase I, (i) prófase II, (j) metáfase II, (k) anáfase II e (l)
produtos meióticos, após telófase II. (Fonte: Viana et al., 2003).
11
Contudo, outra orientação seria possível na célula considerada. Esta seria,
estarem orientados para o mesmo pólo, os cromossomos com os genes A e b, e
estarem orientados para o pólo oposto, os cromossomos com os genes a e B. É fácil
perceber porque a primeira divisão da meiose é, para a maioria dos eucariotos,
reducional. Cada núcleo-filho possui apenas n (dois) cromossomos. As ilustrações
correspondentes à meiose II, referem-se apenas a uma das duas células-filhas,
resultantes da primeira divisão. Ao final, estão representados os quatro núcleos-
filhos. Observe que estes continuam com n (dois) cromossomos. A segunda divisão
da meiose não altera o número de cromossomos presentes nos núcleos que se
dividiram. É importante enfatizar que cada produto meiótico contém um exemplar de
cada diferente cromossomo da espécie (Viana et al. 2003).
3. BIOLOGIA DA REPRODUÇÃO
A semente é formada a partir da flor que é constituída por duas partes, uma
estéril formada por cálice e corola e a outra reprodutora formada pelos estames e
pelos carpelos. O cálice e a corola são considerados organismos de proteção da flor
e podem estar adaptados para favorecer a polinização ou atrair polinizadores
bióticos pela cor ou por apresentar estruturas especiais como néctar, por exemplo.
Os estames em conjunto constituem o androceu e os carpelos, livres ou
unidos constituem o gineceu. Nos estames são formados os grãos de pólen e no
gineceu os carpelos distinguem-se em ovário, onde são produzidos os óvulos. Do
óvulo fecundado desenvolve-se a semente que, nas angiospermas, está constituída
no interior do fruto resultante do desenvolvimento dos ovários.
A estrutura e a disposição dos estames, carpelos, pétalas e sépalas da flor
podem definir o tipo de polinização e se uma planta é autógama ou alógama.
12
Figura 3: Partes constituintes da flor completa. (Fonte: www.herbario.com.br)
.
13
Figura 5: Disposição dos órgãos reprodutivos nos indivíduos. (Fonte:
www.herbario.com.br).
14
populações de indivíduos que apresentam fecundação cruzada têm maiores
possibilidades de aumentar a variabilidade genética sem adição de genes novos (por
mutação, por exemplo) do que populações de indivíduos com auto-fecundação.
Embora a maioria das espécies florestais sejam predominantemente
alógamas, existe uma grande diversidade de sistemas reprodutivos. Assim, existem
espécies monóicas alógamas, monóicas de sistema reprodutivo misto, monóicas
autógamas e dióicas, que são obrigatoriamente alógamas (Bawa, 1974 e 1975).
74%
80% 68%
espécies arbóreas
Frequência de
60%
40% tropical
22%
19% Temperada
20% 10%
7%
0%
hermafrodita monóica Dióica
10%
14%
54%
22%
15
3.2. Formação da semente
16
do qual se originaram. De forma semelhante ao que acontece nos animais
superiores, para cada célula-mãe do grão-de-pólen que entra em meiose, quatro
gametófitos masculinos são produzidos.
Tubo polínico
micrósporo Grão de pólen
Núcleo vegetativo
n n
n Núcleos
gaméticos
n núcleo reprodut. n n
17
Após a penetração do tubo polínico no saco embrionário, o que corresponde
ao processo de fecundação, ocorre a dupla fertilização. Um dos núcleos gaméticos
se une com os dois núcleos polares, originando o núcleo inicial do endosperma. Este
núcleo é, portanto, triplóide (3n), pois recebe dois conjuntos cromossômicos
maternos e um conjunto cromossômico paterno. A ausência do endosperma em
sementes maduras, como em soja e feijão, é conseqüência da digestão deste tecido
durante a formação do embrião. A segunda fertilização corresponde à união entre o
outro núcleo gamético e a oosfera, originando o núcleo inicial do embrião (2n).
18
Outro fator abiótico que influencia a polinização é a falta de sincronia entre o período
de dispersão do pólen e o período em que as flores femininas se encontram
receptivas.
Na polinização biótica as espécies vegetais são polinizadas por animais que
são atraídos, especialmente por seus recursos florais como néctar, pólen e óleos.
Sendo assim, os agentes polinizadores mais conhecidos são as abelhas, as
borboletas, os morcegos, os beija-flores.
Dias (1988), citando outros autores, relaciona estudos realizados com árvores
brasileiras polinizadas por vetores de vôo curto (moscas, abelhas) que possuem
sementes dispersas a pequenas distâncias e ocorrem de forma agrupada nas matas.
Espécies arbóreas polinizadas por vetores de longo alcance (morcego, vento) por
sua vez, apresentam dispersão de sementes mais ampla e ocorrem de forma mais
dispersa. As Figura 10a e 10b demonstram o padrão geral de dispersão de
sementes e de formação de novas populações, nas espécies florestais.
D E
D T
e i e s
C p p C p t
h o o
a s h o a
n i s a s b Estabelecimento
c ç e
e ã m n i e
o e Semente Semente c ç l
n pesada leve
t e ã e
e o c
Deposição
.
(a) Distância da fonte (b) Distância da fonte
19
4. GENÉTICA E MELHORAMENTO
20
diversos são produzidos sob condições ambientais diversas. Também, diferentes
genótipos podem resultar em fenótipos semelhantes se houver sobreposição de
alcances de reações (Mettler e Gregg, 1973).
A variação genética envolve diferenças entre alcances de reação, enquanto a
variação ambiental refere-se a diferenças fenotípicas dentro de alcances. A variação
não-genética, chamada freqüentemente de plasticidade genotípica, permite ao
indivíduo adaptar-se melhor durante o desenvolvimento. Então, os genótipos com
grandes alcances de reação são considerados melhor adaptados, em geral, pois
podem desenvolver-se em um âmbito de situações ambientais, tais genótipos são
mais versáteis.
Considerações:
• espera-se maior sucesso pela utilização das sementes para plantio em
ambiente ecológico semelhante ao da população na qual se efetuou a
seleção matrizes;
• não se tem conhecimento do valor genético das matrizes selecionadas;
• nem sempre o melhor fenótipo corresponde à melhor descendência;
• pode-se ter bons resultados imediatos, porém, muito pouco
posteriormente;
• pode-se ter respostas muito baixas desde a fase inicial;
• pode-se ter redução da média da população.
21
4.2. Melhoramento com base no genótipo (G)
22
4.2.1.1. Caso das populações segregantes (heterozigotas)
Aa x Aa
F1 ⇒ AA Aa aa
g1 # g2 # g3
Sendo:
g = valor genético individual, tem-se: g1 + g2 + g3 = Gi # 0, então, F = Gi + E1
AA x AA
F1 ⇒ AA AA AA
g’1 g’2 g’3
Sendo:
g = valor genético individual, tem-se: g’1 = g’2 = g’3 = G’i = 0, então, F’ = E1
F1 ⇒ AA Aa aa
Fenótipos ⇒ 3 : 1 ⇒ (AA = 1 verm., Aa = 2 verm.) : aa = 1 branco
F1 ⇒ AA Aa aa
Fenótipos ⇒ 2 ⇒ AA = 1 (10m), Aa = 2 (8m), aa = 1 (6m)
Logo, os efeitos dos alelos são aditivos, isto é, a presença de cada alelo
contribui com alguma proporção dos efeitos para expressar uma característica
quantitativa.
A genética quantitativa avalia a importância relativa dos efeitos individuais dos
genes que determinam uma característica, assim como dos efeitos de interação
entre os alelos e dos efeitos de interação entre genes não alélicos, o grau de
influência do ambiente, produzindo, como na análise de características qualitativas,
informações que se prestam para conservação genética e tornam eficientes os
processos seletivos em programas de melhoramento.
25
4.4. Genética de Populações
1
(2 pq )
q2 +
q 2 + pq
2 = 2
P(a) = 2
p + 2 pq + q 2 p + 2 pq + q 2
1
(2 pq )
q2 +
q 2 + pq
2 = 2
P(a) = 2 = q0
p + 2 pq + q 2 p + 2 pq + q 2
26
4.4.1.3. População sob seleção.
[q 2
(1 − s ) + pq ]= q1
P(a) =
1 − sq 2
Δq = q1 –q0
Δq =
[q 2
(1 − s ) + pq ]− q
1 − sq 2
0
Δq =
[− sq 2 (1 − q )]
1 − sq 2
q1 =
[q 0
2
(1 − s )+ p0q 0 ]
1 − sq 02
q1 =
[q 0
2
(1 − 1 )+ p 0 q 0 ]
1 − 1 q 02
q1 =
[q 0 (1 − q 0 )]
(1 − q 0 )(1 + q 0 )
q0
q1 =
1 + q 0
27
q1 q0
q2 = =
1 + q1 1 + 2q0
q n −1 q0
qn = =
1 + q n −1 1 + nq 0
Daí conclui –se que a frequência gênica em qualquer geração será sempre
dependente da frequência gênica inicial.
Logo, o número de gerações necessárias para atingir uma determinada
frequência gênica será dado por :
n =
(q 0− qn )= 1
−
1
q0qn qn q0
Exemplo 1: para q0 = 0,5 quantas gerações seriam necessárias para reduzir essa
frequência para qn = 0,1 ?
1 1 1 1
n = − = − = 8 gerações
qn q0 0 ,1 0 ,5
P (a ) =
1
= 0,01
10000
P(a ) =
1
= 0,005
40000
1 1
n = − = 100 gerações .
0 , 005 0 , 01
28
4.5. Genética Quantitativa
X =
∑X I
∑( X i − X ) 2
σ2 = e σ = σ2
n −1
Onde: σ 2 é a variância, ∑ é o somatório, X i observação em cada indivíduo, X é a
média geral, n é o número de observações e σ é o desvio padrão.
29
Desta maneira pode-se representar o padrão de variação de uma população
como sendo:
X ±σ
Este valor expressa a variação fenotípica naquela amostra avaliada.
De posse das estatísticas, pode-se, então, obter os componentes do fenótipo.
Assim, se F = variação fenótípica, G = variação genotípica e E = variação ambiental,
sendo F = G+ E, então, estatisticamente pode-se expressaar:
σ 2f = σ g2 + σ e2
escrever:
σ g2 = σ a2 + σ na2 logo: σ 2f = σ a2 + σ na2 + σ e2
Como visto anteriormente, o que interessa de fato é o conhecimento do valor
genético (VG) que é expresso em relação ao fenótipo. Portanto, o valor genético
expressa a proporção da variação na população que é devida às diferenças
genéticas entre os indivíduos, denominada herdabilidade (h2). Este parâmetro é de
suma importância para o melhorista por traduzir a capacidade da população em
transmitir aquelas características aos seus descendentes, ou seja, à geração
seguinte.
Pode ser então expressa conforme a definição por:
σ g2
h2 =
σ 2f
32
De acordo com Pamplona (2000), em alguns programas de melhoramento de
espécies da região amazônica, vem se processando, gradativamente a perda da
variabilidade genética, devido, principalmente, ao pouco interesse em conservar
material que não apresente características desejáveis, no atual estádio de
desenvolvimento das técnicas de melhoramento inerente a cada espécie. Entretanto,
esse material, atualmente considerado de pouca importância para os melhoristas,
poderá ser de grande utilidade no futuro. Daí vem a necessidade de se conhecer
mais e melhor as espécies nativas que poderão vir a ser promissoras em diversos
aspectos e utilizadas em vários setores.
O cultivo de espécies florestais nativas requer domínio tecnológico para
possibilitar sua exploração em bases racionais. Afora os problemas silviculturais que
vão desde a produção de sementes até a fase de exploração, o melhoramento
preocupa-se em conhecer e explorar a capacidade adaptativa das espécies
autóctones, no sentido de selecionar material precoce, de rápido crescimento e boas
características tecnológicas (Paiva, 1998). Portanto, a manipulação das espécies em
programas de melhoramento requer o conhecimento da variabilidade genética intra e
interpopulacional, expressa através dos caracteres de interesse.
33
referência ao “tipo” de espécie estudado e seu modo característico de se ajustar ao
ambiente (Mettler e Gregg, 1973).
A compreensão do mecanismo de evolução como um processo requer um
conhecimento básico da variação em população, particularmente da variação
genética (Martins, 1987). No tempo em que Darwin e outros primeiros evolucionistas
estavam no auge de sua produção literária, o principal apoio de suas teses foi que a
variação hereditária é necessária para o avanço filogenético. Ao mesmo tempo eles
supunham que a seleção natural tende a produzir singularidade de formas (o “tipo”
que é particularmente adaptado). Considerava-se que quase toda a variação
hereditária era continuamente perdida. Além disso, a idéia básica de hereditariedade
naquele tempo foi a “teoria da miscigenação”. Um pouco de reflexão revelará que,
com a herança miscigenada entre formas sexuadas de fertilização cruzada, a
variância genética é reduzida à metade a cada geração, a menos que haja uma alta
correlação entre os talentos hereditários dos casais (Mettler e Gregg, 1973).
Sabendo que a herança hereditária seria perdida por mistura e por seleção
contra as formas não adaptadas, a única inferência razoável é que a variação
genética necessária para um avanço evolucionário é de origem recente e que
qualquer que seja sua fonte, a taxa de produção é imensa. Além disso, os tipos
novos que aparecem têm de ser adaptados às condições existentes ou também são
imediatamente perdidos devido à seleção – o primeiro pré-requisito para o ponto de
vista de Buffon-Lamarck, que sugere que novas formas são produzidas em resposta
direta ao ambiente (a herança de caracteres adquiridos). Estas idéias foram também
responsáveis pela teoria dos mutacionistas de que a evolução ocorre através de
passos principais por meio de mudanças grosseiras dos genes ou cromossomos que
levam a novas funções e estruturas (Mettler e Greg, 1973).
Os aspectos recentes incluindo a fonte, manutenção e perda da variação
genética, são uma forma muito modificada destas idéias, influenciadas pela genética
mendeliana. Uma herança fundamentada na existência de partículas, não há
tendência para que a variação genética seja perdida (teoria de Hardy-Weinberg).
Sua diminuição resulta apenas através de mudanças diretas na freqüência de alelos
por seleção ou por mudanças não-diretas por oscilação genética. Atualmente supõe-
se que as populações podem manter mais facilmente a variância genética e gerar
mais genótipos com graus variáveis de adaptabilidade. Estas formas produzidas a
cada geração no terminal não-adaptado da escala são eliminados por seleção, mas
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estão continuamente sendo produzidas e são consideradas como um “estoque a
disposição” que se tornarão os progenitores de gerações futuras, em caso de
mudança ambiental. São genótipos “pré-adaptados”, prontos para uma nova
situação que a população poderá encontrar. Isto não implica que haja um ambiente
possível para todos os divergentes. Alguns poderiam não existir sob qualquer
conjunto de condições imagináveis. No entanto, o grupo torna-se extinto quando não
existem genótipos pré-adaptados para novos tipos de condições para as quais a
população é deslocada.
Conforme Mettler e Gregg (1973), o status evolucionário de uma população
do ponto de vista genético, é caracterizado pela freqüência relativa dos alelos
(freqüência gênica) em loci individuais na população em um dado tempo. A mutação
como uma força evolucionária, dirige a mudança na freqüência gênica alterando um
estado alélico em outro em uma determinada taxa. A conseqüência de tais
mudanças nas freqüência dos genes por sua vez é refletida no modelo e
quantidades de variabilidade genética do caráter controlado por estes genes.
Algumas mudanças na variabilidade genética são críticas, como é demonstrado por
alelos mutantes recessivos cuja freqüência é tão baixa que existem quase que
exclusivamente em heterozigotos. A variação potencial (armazenada) tornar-se-á a
variação livre (expressa) à medida que mutações recorrentes se acumulam e
heterozigotos segregam. Variação livre é manifestada pelos fenótipos e torna-se a
matéria-prima da seleção natural.
A definição de evolução pode ser fornecida através de vários ângulos. Sob o
ponto de vista genético, ela corresponde “a qualquer alteração das freqüências
alélicas da população, visando torná-la mais adaptada” (Ramalho et al., 1996).
A seleção natural tende a destacar genótipos cujos mecanismos reprodutivos
possibilitem o surgimento de homozigose e, por extensão, de endogamia.
Paralelamente, se muitas espécies alógamas não podem prescindir da condição
heterozigótica para manterem um bem valor adaptativo, é compreensível que a
seleção natural tenda a preservar os mecanismos que, surgidos por mutação,
incentivem ou mesmo determinem a fecundação cruzada (Pinto, 1995). Na seleção
natural para fins reprodutivos, a seleção opera eliminando os genótipos defeituosos
(Namkoong, 1979).
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5.2. Conservação da variabilidade genética
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