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Ágora 10 (Manual – soluções) Filosofia 10º

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1. Estudar filosofia não é um desporto para espectadores, porque é uma atividade reflexiva que implica
envolvimento, debate e tomada de posição. A filosofia pratica se, não é um museu de ideias, opiniões
ou perspetivas, mas a defesa fundamentada de pontos de vista.
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1. Viver sem filosofar é ter os olhos fechados sem nunca poder abri-los, precisamente porque a filosofia
é uma atividade reflexiva de busca incessante de sabedoria e que nos envolve não como espectadores,
mas como atores principais. É por isso que nada é comparável à satisfação que dá o conhecimento
das coisas que descobrimos pela filosofia.

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1. O grande obstáculo para o conhecimento é pensarmos que já o possuímos ou que já sabemos tudo,
porque isso faz com que não nos questionemos e problematizemos as nossas crenças, o que, por sua
vez, inviabiliza que procuremos averiguar se efetivamente sabemos o que julgamos saber e que nos
dediquemos a saber mais.

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1. As nossas crenças são acríticas e "artigos intelectuais em segunda mão", porque assentam na ideia de
que tomamos como garantidas as crenças, só porque as recebemos de autoridades: pais, Igreja,
professores, amigos e sociedade - de um "clima de opinião”. Não as questionamos, não fizemos uma
reflexão prolongada sobre as mesmas, no sentido de inspecionarmos se estão justificadas, porque nos
deixamos conduzir apenas por preconceitos, por fé ou pelas emoções.
2. A filosofia é uma atividade crítica, uma vez que nada toma como garantido e nada aceita por fé.
Dedica-se ao exame minucioso das crenças veiculadas pelas autoridades, aceitando apenas aquelas
que estão justificadas. Neste sentido, impede que nos afundemos na aceitação acrítica das crenças
recebidas inspecionando todas as crenças, tornando-as assim artigos intelectuais em primeira mão.

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1. Proposta: o aluno deve escolher uma ideia em que acredite e apresentar uma razão em sua defesa;
de seguida, deve apresentar uma razão para duvidar da sua crença.

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1. A filosofia é diferente das ciências empíricas porque não se fundamenta na experimentação e na


observação, mas no pensamento. Também difere da matemática, porque, embora a matemática não
se resolva com base na experimentação, mas através do pensamento, dispõe de métodos formais de
prova. Os problemas filosóficos não se resolvem através de métodos formais de prova. A filosofia
recorre à discussão crítica e à argumentação.

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1. A filosofia é uma atividade conceptual, porque trata de conceitos fundamentais e o seu método de
trabalho se faz recorrendo ao pensamento. A filosofia coloca questões (problematização), ensaia
ideias (conceptualização - teses) e fundamenta-as em argumentos (argumentação). Isto significa que
a informação empírica não é a parte central do trabalho filosófico. A parte crucial é a discussão crítica.

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2. Os problemas filosóficos são de natureza conceptual, não são empíricos. Resolvem-se recorrendo ao
pensamento e dizem respeito às nossas crenças fundamentais, tendo como objetivo o esclarecimento
de conceitos básicos (justiça, verdade, bem, etc.).
3. A argumentação é muito importante. Uma vez que a filosofia exige uma tomada de posição perante
os problemas, é crucial que fundamentemos as nossas opiniões/teses em razões que as justifiquem -
argumentos. Os argumentos são as provas de que dispomos em filosofia para mostrarmos que as
nossas teses são verdadeiras.

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1. O texto dá-nos vários exemplos de questões filosóficas, nomeadamente: «Será que cada
acontecimento tem uma causa?»; «Pode a moralidade ser outra coisa senão subjetiva?», etc. Estas
questões têm algo em comum: questionam crenças que temos e que assumimos como certas, ou seja,
exigem uma atitude crítica. Neste sentido, as questões filosóficas são também abertas.

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1. As questões filosóficas são diferentes das questões colocadas pelas ciências empíricas. As questões
das ciências empíricas exigem um processo de análise e de investigação empírica. Como tal,
dependem dos factos e da experimentação. São fechadas. As questões da filosofia são abertas e
profundas e prendem-se com crenças fundamentais. São de natureza conceptual: resolvem-se
recorrendo ao pensamento. Pretendem promover o debate e a discussão crítica.

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1. De acordo com o texto, a filosofia «examina ideias em ética e em política que se revestem de
consequências práticas e imediatas». A filosofia trata de problemas tais como "o que devemos fazer?"
ou "em que consiste uma sociedade justa?". A filosofia exige também que analisemos as nossas
crenças e que não nos encerremos numa postura acrítica. Como tal, ela não é um luxo, mas algo
essencial ao ser humano, influenciando as suas crenças sobre o mundo.

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1. A filosofia é importante e necessária por nos ajudar na nossa compreensão do mundo, tal como outras
áreas do saber. A filosofia confere-nos também autonomia de pensamento e promove o pensamento
crítico, contribuindo com isso para a construção da nossa identidade e de uma cidadania responsável
e ativa.

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1. V 3. V 5. V 7. V 9. V 11. F
2. F 4. F 6. F 8. F 10. V 12. V
13. F 15. V 17. V 19. V 21. V 23. F
14. F 16. V 18. F 20. V 22. F 24. V
25. F

2.1. A filosofia é uma atividade conceptual, porque o seu método de trabalho se faz recorrendo ao
pensamento. Neste sentido, ela promove a nossa reflexão sobre as nossas crenças, exigindo nos
avaliar o que ouvimos e o que acreditamos e impondo-nos ser claros e concretos na defesa dos nossos
pontos de vista.
3.1. Os alunos devem apresentar mais do que uma razão para defender as suas posições. Pode-se
dinamizar um momento de debate para abordar genericamente o que deve ser e o que não deve ser

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uma argumentação filosófica. (A ativista Greta Thunberg respondia aos ataques daqueles que a
mandavam voltar à escola em lugar de organizar atividades públicas - greves, manifestações, etc. - em
defesa do ambiente.)

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4.

a) Filosófica e) Não filosófica i) Filosófica


b) Não filosófica f) Não filosófica j) Não filosófica
c) Não filosófica g) Filosófica
d) Filosófica h) Não filosófica

5. As crenças assumidas acriticamente constituem não só um entrave ao desenvolvimento humano


como, algumas delas, podem tornar-se perigosas, conduzindo ou servindo de justificação a atos de
perseguição, violência ou desrespeito pelos direitos humanos. Atos terroristas ou genocídios como o
Holocausto podem ser exemplo disso mesmo. A filosofia é importante porque examina pressupostos,
suposições ou crenças usadas como justificação para essas mesmas práticas. Neste sentido, a filosofia
é não só importante como necessária, porque influencia profundamente as nossas crenças sobre o
mundo e sobre o lugar que nele ocupamos.

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1. a)
2.
a) A liberdade é importante.
b) René Descartes escreveu alguns dos seus livros em francês.

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1.
a) Os mamíferos respiram pelos pulmões
b) Os artistas que vendem muitos discos são famosos
c) Os países com excedentes de riqueza de que não precisam para viver bem devem ajudar os países
mais pobres
d) Quem estuda bastante tem boas classificações
2.
a) Sei que gostarei de estudar filosofia, pois gosto de tudo o que aprendo na escola.
Premissa: gosto de tudo o que aprendo na escola; Premissa omitida: aprendo filosofia na escola;
Conclusão: gostarei de estudar filosofia.
b) Dado que a filosofia é uma atividade crítica, é importante aprender a argumentar.
Premissa: a filosofia é uma atividade crítica; Premissa omitida: qualquer atividade crítica implica
saber argumentar
Conclusão: é importante aprender a argumentar.
c) Sei que a filosofia nos ajuda a compreender melhor o mundo em que vivemos. Por essa razão,
aguardo com expectativa por cada aula.
Premissa: a filosofia ajuda-nos a compreender melhor o mundo em que vivemos; premissa omitida:
eu desejo compreender melhor o mundo em que vivo
Conclusão: aguardo com expectativa por cada aula de filosofia.
d) A filosofia exige reflexão crítica, portanto promove a nossa autonomia.

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Premissa: a filosofia exige reflexão crítica; premissa omitida: a reflexão crítica promove a nossa
autonomia
Conclusão: a filosofia promove a nossa autonomia.

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1.
a) Todos os gregos são europeus. c) Nenhuma página deste livro é macia.
b) Algumas árvores não foram queimadas. d) Alguns automóveis têm ar condicionado.
2.
e) Particular negativa (tipo O). g) Universal negativa (tipo E).
f) Particular positiva (tipo I). h) Universal afirmativa (tipo A).
3.
a) Antecedente: O José é poeta;
Consequente: O José tem sensibilidade artística.
b) Antecedente: Está a chover;
Consequente: O chão fica molhado.
c) Antecedente: Consegui completar os meus estudos;
Consequente: Sou capaz de realizar os meus sonhos.
d) Antecedente: Chego atrasado;
Consequente: o professor é pontual.

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1.
a) Nenhum ser humano vive com dificuldades económicas.
b) Nenhum pescador é português.
c) Existem filósofos, mas ninguém reflete sobre a vida.
d) Alguns professores não se preocupam com os seus alunos.
e) Alguns poetas são interessantes.
2.
a) "O professor enviou o trabalho de casa por email”. Negando a premissa deste argumento não
podemos aceitar que a sua conclusão é verdadeira.
b) Alguns mamíferos vivem no mar”. Negando a premissa deste argumento não podemos aceitar a
sua conclusão.
c) “As desigualdades sociais podem não ser prejudiciais para as pessoas, mas nem todas são
aceitáveis”. Negando a premissa deste argumento não podemos aceitar a sua conclusão como
verdadeira.
3.
a) É um facto que os Ornitorrincos e as Equidnas são mamíferos e ovíparos. Este facto é um
contraexemplo à conclusão, portanto é falso que “Não existem mamíferos ovíparos”.
b) É um facto que Fernando Pessoa escreveu alguns poemas em língua inglesa. Este facto é um
contraexemplo à conclusão, portanto é falso que "Fernando Pessoa escreveu todos os seus poemas
em língua portuguesa”.
c) Prometes ajudar um amigo, mas, entretanto, surge uma outra obrigação que não podes falhar. Um
caso destes pode ser um contraexemplo à conclusão, portanto é falso que "é sempre errado não
cumprir uma promessa".

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1. a) e d)
2.
a) O dia não foi difícil
b) Devemos respeitar os princípios morais.
c) É possível atribuir direitos aos animais não humanos
3.
a) Sócrates foi o primeiro filósofo a virar a atenção da filosofia para o ser humano e o seu
pensamento. Logo, Sócrates foi um filósofo importante.
b) Descartes acreditava que um ser imperfeito como o ser humano nunca poderia ter inventado a
ideia de um Deus perfeito. Logo, Descartes defendia a existência de Deus.
c) Alguns filósofos consideram a liberdade um fator essencial à vida humana. Logo, defendem que a
eutanásia voluntária é moralmente permissível.
4.
a) Particular afirmativa c) Universal negativa
b) Universal afirmativa
5.
a) Antecedente: Há um tremor de terra. Consequente: A minha casa sofre estragos.
b) Antecedente: Tenho teste de Português amanhã. Consequente: Hoje irei ler Camões.
c) Antecedente: O vento incomoda-me bastante. Consequente: Regresso da praia bem depressa.
6.
a) Alguns cientistas choram, portanto não posso concluir que eu não deva chorar.
b) Mentir é moralmente errado, mas nem sempre devemos dizer a verdade. Portanto, não podemos
concluir que, se mentir é moralmente errado, podemos provocar dor a algumas pessoas.
c) Nem todos os jogadores de futebol são portugueses, portanto não posso aceitar a conclusão
“Messi é português”.

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1. b) 2. a) e b)
3.
a) V b) V
c) F (Um argumento cogente tem uma conclusão provavelmente verdadeira)
d) V

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1.
a) Dicionário: P-A filosofia é difícil; Formalização: ¬ P
b) Dicionário: P-Descartes era um filósofo europeu; Q-Kant era um filósofo europeu. Formalização:
(P ⋀ Q)
c) Dicionário: P-Todos os alunos de filosofia estudam Kant; Q-Eu vou estudar Kant. Formalização: (P
→ Q)
2.
2.1. c) 2.2. c)
3.
a) O ser humano não possui livre-arbítrio
b) O ser humano possui livre-arbítrio ou o determinismo é verdadeiro
c) Se o ser humano tem livre-arbítrio, então o determinismo é falso.

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d) O determinismo é verdadeiro se, e só se, o ser humano não possuir livre-arbítrio

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1.
a) b)

c)

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d)

2. A proposição será verdadeira se a consequente for verdadeira e falsa se a consequente for falsa.
3. A proposição será sempre verdadeira, pois, se a antecedente for falsa, as condicionais são sempre
verdadeiras.

Página 75

1.

1.1.

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1.2.

1.3.

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1.4.

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1. Descartes é racionalista ou empirista. Descartes não é empirista. Logo, é racionalista.


2. Se Stuart Mill é deontologista, então valoriza as intenções dos agentes. Mill não valoriza as intenções
dos agentes. Logo, não é deontologista.
3.
a) Se o ser humano possui alternativas de escolha, então possui livre-arbítrio. O ser humano possui
alternativas de escolha. Logo, possui livre-arbítrio.
b) Se o ser humano possui alternativas de escolha, então possui livre-arbítrio. O ser humano possui
livre-arbítrio. Logo, possui alternativas de escolha.
c) É falso que o ser humano possua alternativas de escolha ou livre-arbítrio. Logo, o ser humano não
possui alternativas de escolha nem possui livre-arbítrio.

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1.
a) Verdadeira.
b) Falsa. A validade é uma propriedade dos argumentos, da relação de justificação que se estabelece
entre premissas e conclusão.
c) Falso. Além de premissas verdadeiras, o argumento tem de possuir validade.
d) Verdadeira.
e) Verdadeira.
f) Falso. Uma das premissas dos modus ponens é obrigatoriamente uma condicional.
2.
a) O ser humano não é livre e tudo tem uma causa.
b) Se o ser humano é livre, então tudo tem uma causa.
c) Se o ser humano não é livre, então tudo tem uma causa.
d) O ser humano é livre, e só se, nem tudo tiver uma causa.

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3.

a) b)

c)

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d)

4. Sim, O argumento é válido e possui premissas verdadeiras.


5. Sim. Apesar de ser uma premonição falsa, podemos imaginar um argumento válido com esta
proposição. Por exemplo: “Os mamíferos são animais, e os cavalos marinhos são mamíferos, logo os
cavalos marinhos são animais”.
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1. O argumento A é mais forte do que B. A relação de justificação é mais forte em A, pois a probabilidade
de a conclusão ser verdadeira é maior do que em B.
Página 95
1.
1.1. Indução por previsão forte, pois de conhecimentos estabelecidos antecipa-se algo que ainda não se
verificou.
1.2. Indução por generalização, pois do conhecimento sobre uma amostra conclui-se algo para todo um
universo. No entanto, não é um argumento forte, pois essa amostra não é extensa nem
representativa.
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1. Não é uma analogia forte, pois a semelhança referida nas premissas não é relevante nem
representativa para justificar a conclusão.
Página 98
1. Fraco, pois o quiromante não é especialista na longevidade das pessoas.
2. Até hoje, nunca tivemos uma mulher como presidente da República. Logo, o próximo presidente não
será uma mulher.
3. Os portugueses que eu conheço gostam do seu país, logo todos os portugueses gostam do seu país.
4. Os portugueses que eu conheço são similares a todos os outros portugueses. Os que eu conheço
sentem orgulho do seu país. Logo, os portugueses sentem orgulho do seu país.
5. Todos os físicos concordam com a constância da velocidade da luz e todos os livros de ciência
afirmam este facto, por isso acredito que a velocidade da luz é constante.
6.
6.1. Argumento por analogia forte – a característica semelhante está diretamente relacionada com a
conclusão.
6.2. Não é um argumento de autoridade forte, pois a astrologia não é uma ciência, e por isso não
pode ser considerada autoridade para fundamentar as nossas ações.

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6.3. Indução por previsão; é um argumento forte, pois a premissa apresenta uma razão forte
(tradição de 200 anos) para aceitarmos a conclusão. Por outro lado, sendo o nome do clube
"Liberdade e Emancipação", é natural que o seu objetivo seja a defesa dos direitos das mulheres.
6.4. Argumento por analogia forte, pois a semelhança constatada na premissa (a empresa que
construiu o PC) é relevante para a conclusão (fiabilidade do PC).
Página 107
1.
1.1. A 1.2. C 1.3. D
Página 119
1. C
2. Heitor a enfrentar Aquiles. Heitor deseja defender a sua terra natal; Heitor acredita que a melhor
forma de o fazer é enfrentar Aquiles; Heitor tem consciência de que provavelmente irá perder, pois
Aquiles é mais forte do que ele.
3. Heitor enfrenta Aquiles voluntariamente, enquanto as formigas o fazem por instinto; Heitor pode
evitar o combate, enquanto as térmitas estão programadas biologicamente para responderem
daquela forma às ameaças.
Página 120
1. Sonambulismo, ressonar.
2. Tomar o pequeno almoço, caminhar para o autocarro.
Página 121
1.
a) O João não pratica nenhum ato; é apenas o visado (vítima) de um ato de outro agente
b) Não descreve uma ação, porque apenas seres humanos podem ser agentes.
c) Se tivermos em conta a perspetiva volitiva, diríamos que sim, o Pedro agiu, pois tinha a intenção
e a vontade de ajudar a Sra. Rosa. Mas, se assumirmos uma perspetiva causalista, o Pedro não
agiu, pois não concretizou o ato que intencionava.
d) O André agiu e ajudou a Sra. Rosa; este comportamento só é possível mediante o exercício de
uma intenção consciente e voluntária.
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1. Se as ações humanas forem elos de cadeias causais, então não podemos agir de forma diferente da
que agimos. Mas, de acordo com o autor do texto, a ideia de responsabilidade implica a
possibilidade de agir de forma diferente. Portanto, parecem duas ideias incompatíveis, não podem
ser ambas verdadeiras simultaneamente.
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1. Libertismo - modus tollens; Determinismo radical – modus ponens;
2. Sim, essa inferência é dedutivamente válida e chama-se contraposição. O seu inspetor mostra que,
sempre que a premissa é verdadeira, a conclusão também o é.
3. Silogismo disjuntivo em favor do libertismo: "Ou o determinismo é verdadeiro ou temos livre-
arbítrio; o determinismo é falso, logo temos livre-arbítrio”. Silogismo disjuntivo em favor do
determinismo radical: "Ou o determinismo é verdadeiro ou temos livre-arbítrio; não temos livre-
arbítrio, logo o determinismo é falso”.
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1. Princípio das alternativas possíveis: “Neste preciso momento o leitor pode decidir continuar a ler ou
parar de ler”.
Princípio do controlo: “Nada o fez escolher uma delas”.

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1. "De acordo com esses filósofos, os eventos podem ser as únicas coisas que podem ser causadas, mas
não são as únicas coisas que podem ser as causas.” Algumas causas não são acontecimentos.
2. Para este autor, a questão da responsabilidade não é problemática, pois os agentes são moralmente
responsáveis pelas suas ações quando essas ações derivam do livre arbítrio do agente (não são
causadas por fatores externos, mas sim pelo próprio agente).
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1. Se a afirmação se refere ao agir sem limites sociais e políticos, então não seria uma posição
libertista. Se ele estiver a referir-se à liberdade de agir sem causas que nos determinem, então
estaria a defender uma posição libertista.
2.
2.1. Dilbert. Ele afirma que o livre-arbítrio não segue as leis da Natureza
2.2. Modus ponens: Se a vontade humana estiver isenta das leis da Física, então podemos afirmar que
as pessoas são responsáveis pelos seus atos; a vontade humana está isenta das leis da Física, logo
as pessoas são responsáveis pelos seus atos.
Página 129
1. C
Página 130
1. D
2. Se a ciência é bem sucedida, então é racional acreditar na visão determinista do mundo que ela nos
dá; se é racional acreditar que todos os acontecimentos estão determinados, é racional acreditar
que as nossas ações também estão determinadas. Logo, se a ciência é bem sucedida, é racional
acreditar que as nossas ações estão determinadas.
Página 132
1. C
2. Se a mente pode criar aparências ou experiências, então também pode produzir uma experiência de
si mesma que nos leve a pensar que causa as suas próprias acções.
Página 133
1. 2ª premissa: Existe diferença entre um cérebro com autocontrolo e outro sem autocontrolo
Página 134
1. Não, pois, para os deterministas radicais, não existem alternativas às ações que realizamos. Se o
determinismo é verdadeiro, as nossas ações são consequência necessária do passado e das leis da
Natureza.
2. Sim, pois seríamos apenas máquinas causais, como um relógio.
Não, um ato humano tem implicações positivas ou negativas no mundo, e isso dá-lhe um valor que o
tique taque de um relógio não tem.
Página 135
1. Falso dilema, apresenta apenas duas possibilidades, esquecendo a existência de outra.
2. Não, um cleptomaníaco não age de acordo com a pessoa que é, mas sim de acordo com o distúrbio
mental, o problema patológico de que sofre.
Página 136
1. Ter controlo sobre a minha decisão de agir não implica ter alternativas reais de escolha, logo não
precisamos rejeitar o determinismo para defender que o agente tem controlo sobre as suas ações.
Por outro lado, ter controlo das ações não implica controlar o passado, os acontecimentos
anteriores à minha decisão (como pensam os incompatibilistas).

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Página 138
1. Não, pois o determinismo moderado considera que a existência do livre-arbítrio não implica a
existência de possibilidades alternativas, mas apenas o controlo da ação.
2. Negar uma condicional implica afirmar a antecedente e negar a consequente. Neste caso, deverias
defender que o facto de termos controlo sobre as nossas ações não é suficiente para a existência do
livre-arbítrio, mostrando que este conceito implica algo mais do que o controlo das ações.
Página 140
1. C 2. B 3. D 4. A
5.
a) Verdadeira
b) Falsa. O libertinismo aceita que o determinismo explica todos os acontecimentos, excepto as
ações humanas.
c) Verdadeira
d) Falsa. O determinismo moderado não aceita a causalidade do agente, pois defende que as
nossas acções estão inseridas nas cadeias causais que governam o Universo.
6.
a) Sim, podemos. Era sua intenção matar o agente Y, e a sequência de acontecimentos que
despoletou ao disparar conduziram a esse fim.
b) Se pensarmos num significado restrito de responsabilidade (responder pelos seus atos), não
podemos dizer que os javalis são responsáveis, pois não agiram, apenas reagiram, ao susto
provocado pelo som do disparo.
7. A resposta de Isaac Singer esconde uma contradição. Se acredita que é livre deveria ter escolha, e,
portanto, deveria ser capaz de escolher não acreditar no livre-arbítrio. Mas, se não acreditasse no
livre-arbítrio a sua afirmação seria falsa.
Página 148
1. A afirmação destacada pretende salientar que o ser humano, perante o mundo, objetos e situações
não consegue ser indiferente e, como tal, atribui-lhe valores, faz escolhas e apreciações, toma
posição.
Página 151
1. A teoria defendida no texto é a da subjetividade dos valores.
2. No que diz respeito aos valores não há uma verdade objetiva, uma vez que, quando há divergências
de valores, se trata de uma "diferença de gosto, mas não um desacordo quanto a qualquer género
de verdade”. É impossível argumentar, é impossível afirmar que isto ou aquilo tem valor intrínseco,
logo é impossível encontrar uma verdade objetiva.
Página 153
1. O problema da natureza dos juízos morais é o de saber se os juízos morais são objetivos ou
subjetivos/ relativos.
2. O subjetivismo moral defende que os juízos morais são subjetivos, porque exprimem as preferências
e os gostos dos sujeitos, o que implica que não há verdades morais objetivas, é tudo uma questão de
gosto.
3. Quando se trata de juízos morais, não há consenso, porque as opiniões são divergentes e não é
possível debatê-las. Qualquer ponto de vista que se defenda é, como tal, sempre correto.
Página 155
1. O autor usa como exemplo o apedrejamento de uma mulher até à morte, referindo que, de acordo
com a lei Sharia, ela foi corretamente castigada. No entanto, no contexto da cultura ocidental, este é

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um ato horrendo e profundamente errado. Os relativistas morais defendem, como tal, que estes
assuntos são relativos à cultura, que é quem vai ditar o que é certo e errado mediante os padrões da
sua sociedade.
Página 158
1. O relativismo moral defende que os juízos morais são relativos às sociedades ou culturas e que não
há, portanto, verdades morais objetivas e universais.
2. Sim, para os relativistas todas as práticas morais podem ser consideradas corretas, porque não há
verdade objetiva a respeito dos juízos morais. Existem apenas diferentes perspetivas e preferências
de acordo com cada sociedade ou cultura. Por isso, nenhuma está mais objetivamente certa ou
errada do que outra.
3. Os críticos do relativismo consideram que não é verdade que as sociedades discordem relativamente
a aos juízos morais. Na verdade, há um forte consenso em torno de valores que se prendem com os
direitos humanos e que são partilhados por todas as culturas. Isto significa que algumas sociedades
poderão estar enganadas nas suas avaliações morais. Para além disso, se aceitarmos o argumento da
diversidade cultural, também teremos de negar a ideia de progresso moral, o que é absurdo.
4. Segundo os relativistas, se não formos sempre tolerantes, podemos cair numa tendência
etnocentrista de considerar os padrões morais diferentes dos nossos inferiores.
5. Sim, no entanto, diferem na noção de tolerância: a tolerância deve ser limitada pelos direitos e
dignidade humana. Todas as sociedades que violarem a dignidade humana e direitos humanos
fundamentais não podem ser toleradas, porque isso seria o equivalente a tolerar a intolerância de
algumas sociedades.
Página 160
1. O autor afirma que há algumas regras morais que todas as sociedades têm em comum,
nomeadamente dizer sempre a verdade e a proibição do homicídio, justamente porque são essas
regras morais que asseguram a sobrevivência das próprias sociedades (sem elas, as sociedades
autodestruir-se-iam).
Página 164
1. O objetivismo moral defende que os juízos morais são objetivos e independentes das
culturas/sociedades.
2. Este argumento pretende fundamentar a ideia de que há verdades morais objetivas, justamente
porque há um forte consenso relativamente aos valores que se prendem com os direitos e a
dignidade humana. Isto implica que há argumentação racional no processo de descoberta dos
valores corretos, assim como há a possibilidade de progresso moral.
3. Os críticos discordam que haja algum consenso relativamente às verdades morais, porque isso
implicaria impor padrões, e nenhuma sociedade tem o monopólio das verdades morais. Para além
disso, a ideia de progresso moral é errada, justamente porque cada sociedade se orienta pelos
padrões do seu tempo e o único modo de melhorar a sociedade é fazê-la pertencer aos seus
próprios ideais.
4. Sim, concordo. Na verdade, quer os objetivistas quer os relativistas defendem a tolerância, mas
segundo uma conceção diferente: a tolerância dos relativistas é uma tolerância ilimitada: devemos
respeitar todas as práticas culturais, sem exceção, e não tolerar é o mesmo que não compreender a
diversidade cultural e querer impor-lhes os padrões culturais da nossa sociedade. Já a tolerância dos
objetivistas é uma tolerância limitada por valores partilhados e considerados importantes por todas
as sociedades, que se prendem com os direitos humanos.
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1.
a) Objetivismo moral e) Objetivismo moral i) Subjetivismo moral
b) Relativismo moral f) Objetivismo moral j) Relativismo moral
c) Relativismo moral g) Relativismo moral k) Objetivismo moral
d) Subjetivismo moral h) Objetivismo moral l) Relativismo moral
2. A perspetiva que está presente no texto é a do objetivismo moral. O autor afirma que podemos
respeitar as culturas e tradições sem que isso implique uma tolerância ilimitada, no sentido de uma
aceitação absoluta de todas as práticas culturais. Há sociedades em que podemos respeitar alguns
costumes e outros não, porque violam direitos fundamentais. A verdadeira questão é, como tal,
encontrar os limites desta tolerância.
3. O argumento do autor contra o relativismo centra-se na ideia de que esta teoria é contraditória:
Protágoras defende que todas as verdades são relativas, mas essa ideia é, ela própria, relativa. Se
Protágoras alegar que não é relativa, refuta-se a si mesmo, o que implica que temos de rejeitar a sua
posição. Se reiterar que é relativa, então também não a devemos considerar, porque apenas está a
falar de como as coisas lhes parecem ser e não como elas são.
Página 175
1. O problema da moralidade da ação consiste em saber qual é o critério que define uma ação correta:
“O que torna uma ação moralmente correta?"
2. A teoria intencionalista determina a moralidade da ação com base na intenção do agente (Kant
defende que essa intenção tem de ser o dever). Baseia-se, como tal, na razão pela qual agimos. A
teoria consequencialista determina a moralidade da ação com base nas consequências e no
benefício que resulta das ações (utilidade).
Página 176
1. Uma ação tem valor moral quando é realizada por dever e não por inclinação.
2. Sim, na medida em que Kant afirma que o valor moral da ação não está relacionado com o propósito
que com ela se quer atingir/com o efeito que dela se espera, mas com a máxima que a determina,
com o princípio do querer, com o dever que é a representação da lei em si mesma e que só no ser
racional se realiza.
Página 177
1. Kant é defensor de uma ética deontológica, uma vez que baseia a moralidade da ação no princípio
do dever (deon).
2. A moralidade da ação está associada à razão, uma vez que só é moral uma ação imposta pela razão,
isto é, apenas tem valor moral o ato praticado pelo dever, que é um princípio ditado pela razão.
3. As ações que têm como base inclinações não têm valor moral, nomeadamente as que assentam em
sentimentos, interesses pessoais ou consequências da ação. Exemplos: ajudar alguém para ficar bem
visto, amamentar o filho por amor.
Página 178
1. Kant distingue entre ações contrárias ao dever (que estão em contradição com o dever), ações
conformes ao dever (movidas por intenção egoísta, inclinação imediata/sentimentos) e por dever
(por princípio de honradez, por exemplo).
2. Kant dá o exemplo do merceeiro que não sobe os preços ao comprador inexperiente ou do
merceeiro que não sobe os preços perante um volume de negócio grande, não por dever (princípio
de honradez), mas por interesse egoísta de não perder clientes.
Página 179

16
Ágora 10 (Manual – soluções) Filosofia 10º

1. Kant, com esta afirmação, pretende alertar que o ser humano atingirá o verdadeiro contentamento
quando agir mediante o princípio supremo da moralidade (dever), que é a priori e racional,
afastando-se deste verdadeiro contentamento quando age mediante inclinações (gozo da
felicidade).
2. Quando age por dever, a razão cultivada atinge o verdadeiro contentamento, quando se consagra ao
gozo da felicidade, afasta-se dele, porque está a agir conforme o dever e mediante inclinação
(interesse, sentimento, consequências).
Página 180
1. A boa vontade determina o nosso dever, e, como tal, é boa sem limitações. Já os talentos do
espírito, dons da fortuna e moderação nas emoções e paixões poderão ser coisas boas e desejáveis,
mas também poderão tornar-se coisas más sem uma boa vontade a determiná-los.
Página 181
1. Os imperativos podem ser hipotéticos ou categóricos. No caso do imperativo hipotético, a ação é um
meio para alcançar qualquer outra coisa que se quer, relaciona-se com a escolha de meios para
alcançar a própria felicidade, relaciona-se com a matéria da ação e com o que dela deve resultar. No
caso do imperativo categórico, a ação é objetivamente necessária por si mesma, sem relação com
qualquer finalidade, a ação é determinada pela vontade em si, pela razão e, como tal, é ordenada de
maneira absoluta. Este imperativo relaciona-se, então, com a forma e o princípio da ação.
Página 182
1. O imperativo categórico é o verdadeiro imperativo da moralidade, o que significa que o dever só se
pode exprimir através do imperativo categórico, porque resulta de uma imposição da nossa própria
razão; é a regra que o dever ordena de modo absoluto e incondicional.
2. A ética de Kant tem de ser formal, vazia de conteúdo, porque, de contrário, as nossas ações
resultariam não de imposições da nossa própria razão/dever, mas de imposições exteriores a nós e
ao dever, o que resultaria em ações conformes ao dever. Neste sentido, a ética de Kant apenas nos
dá regras a partir das quais podemos encontrar a ação correta movida por dever.
Página 183
1. A fórmula da lei universal permite-nos descobrir qual é o nosso dever ao questionarmo-nos se a
nossa ação poderá tornar-se num modelo de ação universal, que possa ser aplicado por todos.
Página 184
1. A fórmula da lei universal permite-nos descobrir qual é o nosso dever ao questionarmo-nos se a
nossa ação poderá tornar-se num modelo de ação universal, que possa ser aplicado por todos.
Página 185
1. A promessa mentirosa não obedece a fórmula da lei universal nem à fórmula do fim em si, uma vez
que não pode tomar o valor de lei universal, dado que destruir-se-ia a si mesma e porque implica
tratar o outro simplesmente como um meio e não como o fim da minha ação.
Página 186
1. Sim, uma vez que agir segundo princípios universais implica tratar o outro como fim em si e tratar o
outro como um fim em si é orientar-me segundo princípios universais.
2. Exemplo: torturar um terrorista para descobrir quando irá ocorrer o próximo atentado que vai matar
milhares de pessoas. A tortura não obedece ao imperativo categórico e às suas máximas, uma vez
que não é uma ação universalizável e utiliza o outro como um meio para atingir um determinado fim
(neste caso, a verdade). Neste sentido, esta ação de torturar alguém para descobrir a verdade nunca
poderia ser considerada uma ação moral. Assim sendo, trata-se de uma ação conforme ao dever

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Ágora 10 (Manual – soluções) Filosofia 10º

(que está relacionada com as consequências da ação) e está associada a um imperativo hipotético:
se queres descobrir a verdade, utiliza a tortura como um meio de descobrir a verdade.
Página 187
1. A vontade autónoma é a vontade de um ser racional que se funda no dever e no imperativo
categórico. Resulta da pura necessidade de cumprir o dever (é incondicional) e não está associada a
sentimentos, impulsos e inclinações. A vontade autónoma é o fundamento da dignidade da natureza
humana e resulta na obediência a uma lei que o ser racional dá a si próprio.
Página 188
1. A vontade heterónoma não busca a lei na sua própria legislação universal (dever/razão) nem no
imperativo categórico. Assenta em inclinações e em imperativos hipotéticos.
Página 189
1. A vontade autónoma autodetermina-se por princípios que aceita universalmente e que não estão
relacionados com inclinações. Orienta-se pelo dever e pelos princípios morais que a razão lhe impõe
incondicionalmente. A vontade heterónoma não se autodetermina nem controla os seus
sentimentos e desejos. Os seus imperativos são hipotéticos e as suas ações, conformes ao dever.
2. Vontade livre e vontade autónoma são uma e a mesma coisa, porque a vontade livre é aquela que
está submetida a leis morais ditadas pela vontade boa, santa e racional (= vontade autónoma).
Página 193
1. Segundo Kant não, no entanto, a maioria de nós considera que as ações que têm por base
sentimentos que nos consideramos positivos, como o amor, a piedade, são ações legítimas a nivel
moral. Consideramos, por exemplo, que é uma ação mais correta a da mãe que amamenta o seu
filho por amor do que a da mãe que o amamenta pelo dever de cuidar dele.
2. Sim, no sentido em que uma ação movida apenas pelo dever e que despreza os efeitos da ação pode
dar lugar a resultados muito maus que poderão tirar todo o valor moral à ação.
3. Sim, uma vez que há situações que nos confrontam com dois deveres absolutos e dado que o
imperativo categórico é formal e vazio de conteúdo, não nos indica claramente o que devemos
fazer.
4. O erro a que conduz a fórmula da lei universal é que há proibições (nomeadamente a de não mentir)
que poderão ser permitidas em determinadas circunstâncias sem que isso implique a sua
autodestruição e anule a moralidade da ação.
Página 194
1. O fundamento da moralidade é o princípio da maior felicidade: as ações estão corretas na medida
em que tendem a promover a felicidade e erradas na medida em que tendem a promover o reverso
da felicidade.
2. A felicidade é o prazer e a ausência de dor; a felicidade identifica-se com o prazer.
3. O fim desejável é a ausência de dor e o máximo possível de prazer.
Página 195
1. Segundo uma ética consequencialista, uma ação é correta ou incorreta dependendo dos seus
resultados ou consequências.
2. O hedonismo é a perspetiva que defende que a felicidade consiste no prazer e na ausência de dor.
3. O que determina a moralidade de uma ação é a felicidade, isto é, a ação é boa na medida em que
promove a felicidade ou má na medida em que promove o seu contrário.
Página 196
1. Os seres humanos, para além dos apetites comuns aos outros animais, possuem faculdades mais
elevadas.

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Ágora 10 (Manual – soluções) Filosofia 10º

2. Os seres humanos, tendo apreciado os prazeres mais elevados, não estão dispostos a abdicar desses
prazeres. Os prazeres superiores produzem maior satisfação do que os inferiores, e ninguém está
disposto a abdicar daquilo que possui a mais em troca da satisfação imediata dos prazeres inferiores.
Página 197
1. A diferença qualitativa de prazeres está na preferência que lhes é dada: se houver um prazer ao qual
todos ou quase todos aqueles que tiveram a sua experiência deram uma preferência, então esse
será o mais desejável.
Página 198
1. De acordo com a frase destacada no texto é preferível, enquanto seres humanos, vivermos
insatisfeitos, dadas as nossas capacidades de deleite mais elevadas do que apenas nos contentarmos
com a satisfação dos prazeres inferiores, tal como acontece com o porco.

1. Para Bentham os prazeres diferem segundo a quantidade. Para Mill os prazeres diferem segundo a
qualidade.
2. Segundo Mill os prazeres podem ser hierarquizados em superiores (intelectuais) e inferiores
(corporais). Os prazeres superiores são os que produzem maior felicidade.
Página 199
1. A felicidade que constitui o padrão utilitarista não é a do próprio agente mas a de todos os
envolvidos.
2. Segundo a regra de ouro de Jesus de Nazaré devemos tratar os outros como queremos que nos
tratem e amar o próximo como a nós mesmo.
3. Cabe à educação estabelecer a associação entre a própria felicidade do indivíduo e o bem comum.
Página 200
1. A felicidade geral é garantida se, no momento de decidir qual a ação a praticar, tivermos em
consideração as consequências positivas e negativas que dessa ação possam advir tendo em conta o
interesse do maior número de pessoas.
2. Tratar os outros como gostaríamos de ser tratados. Podermos abdicar da nossa felicidade em prol do
bem geral.
3. Segundo Mill, a regra de ouro cristã é compatível com o utilitarismo, na medida em que considera
que a essência moral de Deus é ser benevolente e deseja, acima de tudo, a felicidade das suas
criaturas. Por outro lado, podemos considerar que não é compatível, na medida em que, em nome
da felicidade geral, podemos permitir práticas moralmente inaceitáveis.
Página 204
1. As condições em que se encontra a criança, em benefício desta cidade de felicidade, seriam
moralmente inaceitáveis, uma vez que é errado violar os direitos de uma criança inocente.
Página 205
1. Para Nozick, uma vida não é boa apenas porque produz experiências agradáveis; essas experiências
têm de ser autênticas, reais. A autenticidade da vida é mais valiosa do que as experiências
agradáveis que possamos ter.
2. O princípio da imparcialidade exige que coloquemos a felicidade geral em primeiro lugar, o que
torna a ética utilitarista demasiado exigente. Além disso, nem sempre conseguimos colocar a
felicidade geral em primeiro lugar.
3. De acordo com os críticos do utilitarismo nem sempre conseguimos calcular as consequências das
nossas ações, até porque os resultados podem ser, em alguns casos, imprevisíveis.
Página 208

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Ágora 10 (Manual – soluções) Filosofia 10º

1.
a) V c) V e) F g) F i) V k) V
b) F d) V f) F h) F j) V l) F
2. G
2.1. Segundo Kant, esta ação não é moral, uma vez que não foi feita por dever, mas tendo em conta
as consequências da ação (livrar os amigos do castigo e ficar bem-visto)
2.2. Estás a agir de modo heterónomo, porque seguiste os teus desejos e inclinações e não foste
capaz de te autodeterminar pela lei ditada pela vontade racional que te ordena não mentir.
2.3. O imperativo que está subjacente a esta ação é hipotético, porque tem em vista os efeitos da tua
ação e é um mandamento condicional: "se mentires, livras todos os teus colegas do castigo e
ainda ficas bem-visto".
2.4. A ação não passa o teste de universalização decorrente do imperativo categórico, porque uma
máxima como "podemos mentir para ajudar os outros" ou "podemos mentir em benefício
próprio" não é, segundo Kant, universalizável isto é, não é uma máxima que possamos querer que
se torne lei universal e porque ao mentirmos estamos a usar os outros como meios para
atingirmos determinados objetivos.
Página 209
3. D
3.1. De acordo com o utilitarismo de Mill, devemos fazer sempre aquilo que maximize a felicidade
geral. Há circunstâncias em que roubar é moralmente correto, desde que promova as melhores
consequências.
3.2. Se fosses um utilitarista dirias que a ação da Maria foi correta. A decisão desesperada de roubar
comida no hipermercado para alimentar os filhos salvando-os, assim, de possíveis doenças,
ajudará a promover a felicidade geral.
3.3. O aluno pode concordar ou discordar desta crítica. Se concordar pode referir que: se o que
importa é o resultado da ação, se esta promover a felicidade geral então é moralmente aceitável,
mesmo que viole os direitos individuais. Se discordar pode referir que para Mill só é aceitável não
cumprir com um dever moral se isso trouxer benefícios morais reais.
Página 210
1.
a) Ética utilitarista de Mill f) Ética deontológica kantiana
b) Ética utilitarista de Mill g) Ética utilitarista de Mill
c) Ética deontológica kantiana h) Ética utilitarista de Mill
d) Ética deontológica kantiana i) Ética deontológica kantiana
e) Ética utilitarista de Mill j) Ética utilitarista de Mill
2. Os dois filósofos têm conceções diferentes de imparcialidade. A noção de imparcialidade em Kant
está direcionada para a razão isenta de quaisquer influências, sejam elas os sentimentos/emoções,
os interesses pessoais ou as consequências da ação. Como tal, agir moralmente implica agir por puro
respeito ao dever (ação desinteressada). Em Mill, a imparcialidade está associada à noção de
felicidade geral: para agirmos moralmente, temos de dar exatamente a mesma importância à nossa
felicidade e à felicidade dos outros, o que significa que devemos maximizar sempre a felicidade
geral, ainda que com isso tenhamos de sacrificar a felicidade individual.
3. Os deveres morais absolutos são obrigações morais que devem ser sempre cumpridas. À luz da
perspetiva deontológica, há deveres morais absolutos, dado que o imperativo categórico impõe
obrigações morais absolutas, assim como as suas máximas nos conduzem a regras incondicionais e

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Ágora 10 (Manual – soluções) Filosofia 10º

invioláveis. À luz da ética utilitarista, não há deveres morais absolutos, exceto a procura da felicidade
geral. O princípio de utilidade, ao exigir que das nossas ações resulte a maior felicidade possível para
o maior número possível de pessoas, admite situações em que violar uma regra moral é aceitável.
4.
4.1. A solução apresentada enquadra-se na teoria utilitarista da moralidade da ação, porque, de
acordo com o princípio da maior felicidade, temos que promover imparcialmente a felicidade
geral, o que, no caso apresentado, implica sacrificar a vida da menina que estava a vender pão
em prol do menor número possível de vítimas.
4.2. Kant não aprovaria esta solução, uma vez que considera que em nenhuma circunstância é
moralmente aceitável sacrificar uma pessoa inocente, sem o seu consentimento, para salvar a
vida de outras pessoas. De acordo com o imperativo categórico, a máxima "sacrificar alguém para
salvar um maior número de pessoas" não é universalizável, assim como implica também tratar a
menina como um meio para atingir um fim, o que contraria a fórmula da humanidade.
Página 218
1. Resposta aberta. Pede-se ao aluno que se questione sobre o papel do Governo perante situações de
desigualdade como as que estão descritas no texto.
Página 219
1. O objetivo da obra Uma Teoria da Justiça é apresentar a ideia de justiça como equidade,
descrevendo o papel da justiça na cooperação em sociedade.
Página 220
1. Segundo o texto de Rawls, o papel da justiça é garantir a igualdade de liberdades e direitos entre os
cidadãos.
2. O objeto primário da justiça é a forma como as instituições sociais distribuem os direitos e deveres
fundamentais e determinam a divisão dos benefícios de cooperação em sociedade.

1. O objetivo de Rawls é perceber como as instituições sociais distribuem os direitos e deveres, na


tentativa de conciliar a liberdade individual com a justiça social.
2. Para Rawls, tal como para os contratualistas, os princípios que regem uma sociedade resultariam de
um contrato ou acordo estabelecido entre as partes interessadas, de modo a obter o melhor
resultado possível para ambas as partes.
Página 221
1. A posição original é uma situação hipotética concebida para conduzir a uma conceção equitativa de
justiça.
Página 222
1. Estar sob o véu de ignorância é desconhecer certos factos concretos para garantir a equidade na
atuação dos fundadores da sociedade.
2. Os contratantes desconhecem a sua situação ou classe social, desconhecem a fortuna na distribuição
dos talentos naturais ou capacidades, a inteligência, a força; desconhecem a conceção do bem ou as
características psicológicas; desconhecem a sua situação política e económica, assim como o nível de
civilização e cultura.
Página 223
1. Os contratantes conhecem os factos gerais da sociedade humana que afetam a escolha dos
princípios da justiça. Sabem que devem proteger as liberdades e aumentar as respetivas
oportunidades.
Página 224

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Ágora 10 (Manual – soluções) Filosofia 10º

1. A posição original é uma situação hipotética, concebida para conduzir a uma conceção de justiça
como equidade. É na posição original que os princípios da justiça são escolhidos.
2. O véu de ignorância garante a equidade da atuação dos fundadores da sociedade. Desconhecendo
as situações específicas na sociedade, os seus ocupantes e os seus lugares, seremos imparciais na
criação de princípios justos e iguais para todos.
3. A regra maximin permite a maximização do mínimo de bens sociais primários que cada indivíduo
pode obter.
4. Rawls rejeita a perspetiva utilitarista, porque esta visa a maximização da utilidade ou felicidade
geral, não tendo em consideração a forma como é feita esta distribuição e menos ainda a
maximização do mínimo que cada indivíduo pode ter.
Página 227
1. O princípio da liberdade exige a igualdade na atribuição dos direitos e deveres básicos, bem como a
máxima liberdade para cada indivíduo que não ponha em causa uma liberdade igual para todos.
2. A "lotaria natural” e a "lotaria social” podem ser corrigidas promovendo uma igualdade de
oportunidades, para compensar aqueles que se encontram numa situação social menos favorecida,
mas também compensar os menos talentosos. Assim surge o princípio da igualdade de
oportunidades e o princípio da diferença.
3. Segundo o princípio da diferença, as desigualdades económicas e sociais são aceitáveis apenas se
resultarem em vantagens compensadoras para todos e, em particular, para os membros mais
desfavorecidos da sociedade.
4. Segundo o princípio da igualdade de oportunidades, o Estado deve intervir para garantir que todos
tenham as mesmas oportunidades no acesso à saúde, à educação, à cultura, etc.
Página 229
1. Segundo Nozick, o Estado não pode interferir nos direitos dos indivíduos; a interferência do Estado
implicaria a violação dos direitos, que são absolutos.
Página 231
1. No entender de Nozick, nada há de errado nesta nova distribuição da riqueza, desde que ela não
resulte de um atentado à propriedade privada.
2. Chamberlain tem direito a este rendimento, uma vez que o obteve de modo legítimo, pois ninguém
foi coagido a comprar bilhete.

1. Nozick rejeita a redistribuição da riqueza por a considerar imoral, uma vez que é uma violação do
direito de propriedade. O Estado não tem o direito de obrigar ninguém a dar o que é seu.
2. O dever do Estado, de acordo com Nozick, é a defesa perante ameaças externas (exército),
segurança dos cidadãos e dos seus bens (polícia) e cumprimento dos contratos e das leis (tribunais).
Página 232
1. Para Sandel, para obtermos uma sociedade justa, temos de refletir sobre o significado da vida boa e
essa reflexão só é possível no seio da comunidade, pois é nesta que o indivíduo se insere e realiza.
Página 233
1. Uma política do bem comum permitiria a reconstrução da infraestrutura da vida pública: tributaria
os ricos para reconstruir instituições e serviços públicos, de modo a que ricos e pobres pudessem
usá-los. Seria, assim, uma política de base moral.

1. Sandel questiona o véu de ignorância proposto por Rawls por considerar que nos levaria a fazer
escolhas amorais, transformando-nos em seres irreais.

22
Ágora 10 (Manual – soluções) Filosofia 10º

2. A avaliação das nossas escolhas é uma questão moral; um acordo é justo quando é bom. O conceito
de bom é anterior ao conceito de justo e não pode ser dado pelas preferências individuais dos seres
desarreigados de uma comunidade concreta.
Página 234
1.
a) 3 c) 7 e) 6 g) 1
b) 4 d) 8 f) 5 h) 2
2.
2.1. A frase sublinhada aponta para os princípios da justiça enunciados por Rawls: liberdade (igual),
diferença e igualdade de oportunidades. Segundo Rawls, uma sociedade justa é aquela onde há
igualdade na atribuição de direitos e deveres básicos, onde todos devem ter as mesmas
oportunidades no acesso à saúde, educação, cultura, etc., e onde as desigualdades económicas e
sociais são aceitáveis apenas se resultarem em vantagens para todos e, em particular, para os
mais desfavorecidos.
Página 235
3. De modo a que nenhum ficasse prejudicado, a fatia deveria ser dividida em duas partes. Um dividiria
a fatia e o outro seria o primeiro a escolher com qual das partes ficaria. A fatia da tarte seria dividida
em partes iguais, jogando se pelo seguro.
4.
4.1. Nozick considera que a redistribuição da riqueza é ilegítima por parte do Estado, pois implica
interferir na propriedade privada de cada indivíduo e não compete ao Estado distribuir os bens.
Tirar os bens a uns (obtidos com o seu trabalho e, por isso, seus por direito) para dar a outros é
uma violação dos direitos dos indivíduos.
5. Para Sandel, é no seio da vida comunitária que o indivíduo constrói a sua identidade e faz as suas
escolhas. Fazer escolhas cobertos pelo véu de ignorância transformaria os indivíduos em seres
irreais. O conceito de bem surge antes do conceito de justo, que só é alcançado no seio da
comunidade.

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