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Crónica de D.

João I
Afirmação da consciência
coletiva
A consciência da identidade nacional

Séculos XII-XIV
Dinastia Afonsina (primeira dinastia)

Período de formação da nacionalidade

Expansão e consolidação
das fronteiras de Portugal Organização política, social
e económica do reino
Período de desenvolvimento:

- do sentimento coletivo de povo


- do sentimento de pertença a uma nação
- da noção de identidade nacional

Sinais identificadores:
- o escudo de armas do rei
- a bandeira nacional
- a moeda
A consciência da identidade nacional

Séculos XII-XIV
Dinastia Afonsina (primeira dinastia)

D. Afonso Henriques

D. Sancho I
Expansão territorial
D. Afonso II (D. Afonso III conquista das terras do Algarve e expulsa os
Árabes 1249)
D. Sancho II
Entre 1143 e 1383

D. Afonso III

D. Dinis

D. Afonso IV Clima de paz política, com impacto no desenvolvimento geral do


país, sobretudo económico, administrativo e cultural
D. Pedro

D. Fernando
A consciência da identidade nacional

Séculos XII-XIV
Dinastia Afonsina (primeira dinastia)

Iluminura representando D. Afonso III (Genealogia Estátua de D. Afonso III, em Faro. No seu Estátua de D. Dinis na Universidade de Coimbra. Este rei foi
dos Reis de Portugal, séc. XVI). reinado deu-se a conquista definitiva do Algarve, decisivo para o desenvolvimento cultural de Portugal ao
seguindo-se um clima de paz política favorável à fundar a Universidade (1290).
organização política, social e económica do
reino.
A consciência da identidade nacional

Durante a primeira dinastia, os servos da gleba [camponeses] não têm ainda noção de
unidade política; servem apenas o seu suserano, de quem recebem benefícios e a quem
devem vassalagem.

À medida que se consolidam as fronteiras, vai-se criando, de maneira inconsciente, a


noção de identidade nacional, que será a base da estabilização histórica e política. É assim
que, ao chegar à crise de 1385, o povo português já tem uma consciência, cimentada por
uma tradição comum, da sua própria identidade em face dos outros povos da Península.
Maria Leonor Carvalhão Buescu, Apontamentos de Literatura Portuguesa,
Porto, Porto Editora, 1977, p. 37 (com adaptações e supressões).
A consciência coletiva na Crónica de D. João I

Crónica de D. João I

Apologia do rei Apologia do sentimento Apologia da força


de nacionalidade da coletividade

Crónica encomendada para A noção de comunidade O povo sente amor pela


exaltar os feitos do Mestre e o sentimento de nacionalidade sua terra, que funda o
de Avis e legitimar a nova são reforçados pela ameaça
dinastia da invasão castelhana

Direito natural do povo ao seu território


[vs. direito senhorial, baseado na tradição
e na herança]
O povo une-se e, numa luta
heroica, resiste à regente D.
Leonor Teles e à influência
castelhana (Crise de 1383-
1385)
A consciência coletiva na Crónica de D. João I

Crónica de D. João I
Crise de 1383-1385

Período de ameaça à independência

Período de afirmação / tomada de O povo reage e luta contra a


consciência da independência, da vontade invasão estrangeira; é ativo na vida
e da responsabilidade do povo – construção política do país
de um projeto comum de autonomia política

Início de uma dinastia enraizada na vontade absoluta do povo


A consciência coletiva na Crónica de D. João I

Protagonista: o povo
(a arraia-miúda, sobretudo de Lisboa)

Relato dos seus movimentos Descrição dos trajes Reconstituição de diálogos

Fernão Lopes é o intérprete fiel do momento em que Portugal atinge a idade adulta e se constitui
como nação consciente da sua independência política; compreendeu perfeitamente o significado
dos acontecimentos que envolveram essa tomada de consciência e, por essa razão, institui, na sua
Crónica de D. João I, como agente principal da ação, o próprio povo.

Maria Leonor Carvalhão Buescu, Apontamentos de literatura portuguesa, Porto,


Porto Editora, 1977, p. 39 (com adaptações e supressões).
A consciência coletiva na Crónica de D. João I

Protagonista: o povo
(a arraia-miúda, sobretudo de Lisboa)

Personagem coletiva

Multidão/grupos

São as forças gregárias, animadas de uma vontade definida, como a cidade de Lisboa ou os
povos do Reino. Capítulos inteiros são destinados a relatar o estado de espírito de um
agregado humano […].

António José Saraiva, O crepúsculo da Idade Média em Portugal, Lisboa, Gradiva, 1990, p. 60.
A consciência coletiva na Crónica de D. João I

Protagonista: o povo
(a arraia-miúda, sobretudo de Lisboa)

Personagem coletiva anónima

Multidão/grupos Vozes não identificadas


que emergem da multidão

São frequentes no nosso autor fórmulas como «todos postos sob um mesmo cuidado», «todos
animados de uma só vontade», «quando a cidade soube», «voz de grande espanto foi ouvida
por todo o Reino», etc. E outro processo muito seu é resumir um sentimento coletivo através
de um dito, de uma voz que sai de uma multidão, como a daquele tanoeiro que resume a
posição da gente miúda de Lisboa em face dos burgueses da cidade […].

António José Saraiva, O crepúsculo da Idade Média em Portugal, Lisboa, Gradiva, 1990, p. 195.
Afirmação da consciência coletiva na narrativa – momentos fulcrais

1.ª parte da Crónica de D. João I (1383-1385)

Da morte do conde Andeiro à aclamação do Mestre como


rei nas Cortes de Coimbra

Capítulo 11

O povo toma consciência da importância da sua ação no


desenrolar dos acontecimentos, dirigindo-se em massa ao Paço
para ajudar o Mestre de Avis e sendo decisivo para a sua
nomeação como rei.
Afirmação da consciência coletiva na narrativa – momentos fulcrais

1.ª parte da Crónica de D. João I (1383-1385)

Da morte do conde Andeiro à aclamação do Mestre como


rei nas Cortes de Coimbra

Capítulo 115

A população de Lisboa organiza-se para defender a cidade do cerco


castelhano, que ameaça a sua independência.

Todos (até fidalgos e clérigos) estão empenhados nesta tarefa,


revelando união e patriotismo.

Todos cumprem as ordens do Mestre, que admiram e respeitam.


Afirmação da consciência coletiva na narrativa – momentos fulcrais

2.ª parte da Crónica de D. João I (1385-1411)

O conflito bélico entre Portugal e Castela; das Cortes de Coimbra


ao tratado de paz (reinado de D. João I)

Destaca-se…

a forma como a população da cidade do Porto acolhe o rei D.


João I, glorificando-o.

o combate, para defender Portugal, nas batalhas dos Atoleiros e


de Aljubarrota, nas quais participam portugueses de várias
regiões do país.

Pormenor de iluminura representando


a batalha de Aljubarrota (Jean de Wavrin, Crónica
de Inglaterra, c. 1445).
Consolide
1- Indique se é verdadeira (V) ou falsa (F) cada uma das seguintes afirmações. Corrija as falsas.

Os Portugueses desenvolveram o sentimento coletivo de povo e de pertença a uma nação no início da Dinastia de
A Avis (segunda dinastia).
Falsa. Os Portugueses desenvolveram o sentimento coletivo de povo e de pertença
a uma nação ao longo da Dinastia Afonsina (primeira dinastia).

O reinado de D. Dinis marcou o início de um clima de paz política e de desenvolvimento geral do reino e, desta
B forma, a formação progressiva da noção de identidade nacional.

Verdadeira.

C No dealbar da crise dinástica de 1383-1385, o povo português já tem consciência de que possui uma identidade
própria, diferente das dos outros povos da Península Ibérica.

Verdadeira.

Solução
2- Selecione a(s) opção(ões) que completa(m) cada afirmação.

A Além do elogio de D. João I, a Crónica de D. João I faz a apologia

das revoltas populares.

do sentimento de nacionalidade.

da força da coletividade.

B O perigo de perda de independência do reino reforça…

a ilegitimidade da nova dinastia.

a noção de comunidade.

o sentimento de nacionalidade.

C Na Crónica de D. João I, a consciência coletiva emerge quando o povo

resiste à regente D. Leonor Teles.

combate os castelhanos.
Solução
participa ativamente na vida política do país.
2- Selecione a(s) opção(ões) que completa(m) cada afirmação.

D Fernão Lopes chama «amor da terra» ao direito que se afirma então, que é

o direito natural do povo ao seu património.

o direito natural do povo ao seu território.

o direito assente na tradição e na herança.

E Na Crónica de D. João I, surgem, por vezes, vozes não identificadas (figuras sem nome), pois

nem sempre é possível ao cronista apurar a identidade desses intervenientes.

integram passagens pouco importantes para o desenrolar dos acontecimentos.

essas personagens servem para representar o sentimento coletivo do povo.

Solução

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