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Resumos da Crónica de D.

João 𐌠

Introdução: Acompanhamos os momentos históricos da Crise de 1383-1385 e do Reinado


de D. João, e reconhecemos a importância de figuras como Mestre de Avis (depois rei).
Esta obra trata-se então de uma crónica, que consiste num estilo literário onde temos a
narração pela ordem cronológica em que se deram os acontecimentos, colocando em
destaque um herói.

Contextualização histórica: Com a morte de D. Fernando, tivemos uma crise na sucessão


dinástica e portanto a independência de Portugal encontrava-se em risco. Desta forma,
ocorre uma revolução popular e burguesa.

Estrutura: 1ª parte- da morte de D.Fernando até à eleição de D.João.


2ª parte- do início do reinado de de D.João até à paz com Castela (1411).

Capítulo 11: O alvoroço na cidade de Lisboa depois da morte de Conde Andeiro e a


aclamação de Mestre de Avis como regedor e defensor do reino. Temos uma intervenção
decisiva no apoio ao Mestre de Avis.
Afirmação da consciência coletiva: - sentimentos de união e movimentação coletiva do
povo na defesa de Mestre de Avis, isto quando circula a notícia de que o Mestre estava
morto e a multidão se dirige ao Paço para o proteger (já que ele pode garantir a
independência de Portugal)
-quando o povo de Lisboa planeia assaltar o Paço
da Rainha, estando contra D. Leonor Teles e chamando-a de «aleivosa» /traidora (uma vez
que esta defende os interesses castelhanos).

Capítulo 115: O cerco castelhano à cidade de Lisboa (capital portuguesa) e as suas


consequências. Organização da defesa nacional contra este cerco.
Afirmação da consciência coletiva: - esforço, valentia e determinação das gentes na
recolha de mantimentos e na preparação da defesa da cidade face ao cerco castelhano.

Capítulo 148: A fome em Lisboa durante o cerco castelhano e as consequências sofridas


devido ao cerco imposto pelo Rei de Castela.
Afirmação da consciência coletiva: - espírito de sacrifício e coragem/resistência do povo
durante do cerco e face às consequências que deste surgiram, principalmente, a escassez
de alimentos.

Afirmação da consciência coletiva:


● A noção de identidade foi sendo criada inconscientemente. Surge então, a
manifestação de um sentimento comum e popular do direito de existência nacional.
● O povo, ao sentir a independência de Portugal ameaçada, reage violentamente
contra a invasão castelhana. Existência de um sentimento nacional, «o amor da
terra», defendendo o país de armas nas mãos, o que fortalece a noção de
comunidade, passando Portugal a definir não um território, mas um corpo de gente
animado.
● Descreve-se a atuação coesa e determinada das massas populares animadas por
uma só vontade. Descreve-se a coragem, os sacrifícios e o patriotismo que foram
exigidas às gentes de Lisboa.
● O povo é o verdadeiro herói das crônicas de Fernão Lopes. É através deste que é
representada a afirmação da consciência coletiva.

Atores individuais:
➔ D.João, Mestre de Avis: - é o protagonista;
-pretendente ao trono, mata o Conde Andeiro e recebe o apoio do povo;
-representa Portugal na luta pela manutenção da independência;
-comandante político, coordena as operações e a preparação da defesa de Lisboa,
durante o cerco. Revelando-se solidário com o sofrimento da população.
-determinado e com carisma, patriota e defensor do reino.
➔ D. Leonor Teles: - é vista como traidora e aleivosa, indigna de ser regente, visto que
apoia o partido do rei castelhano, sendo também a amante de Conde Andeiro;
-planeia a morte do Mestre.
➔ Álvaro Pais: - é o apoiante do Mestre, revelando-se um homem astuto, com visão
política e inteligência para atingir os seus fins.
- desencadeia o levantamento popular.

Atores coletivos: Corresponde ao povo. Tem o estatuto de agente da História, sendo visto
como um herói. Contribui para o desenrolar dos acontecimentos e determina o futuro do
reino. Tem um sentimento patriótico e tem consciência coletiva. Tem papel crucial no
levantamento de Lisboa e na preparação e defesa da mesma.
- No meio da massa de gente identificam-se grupos sociais que se distinguem em
pequenos conjuntos de figuras e até mesmo vozes individuais que expressam a sua
opinião.

Linguagem e estilo de Fernão Lopes:


● Aproxima os factos da ficção, recriando-os artisticamente;
● Organização dramática dos relatos: progressão ascendente até ao clímax;
● Multiplicação de pormenores significativos para conferir dramaticidade;
● Apelo direto à atenção e ao sentir do narratário ouvinte/leitor, procurando chamá-lo
ao seu ponto de vista- coloquialismo (uso do imperativo, apóstrofes, 2ª pessoal do
plural e transcrição de cantigas/expressões populares);
● Sensorialismo e visualismo, alternando os planos de conjunto, planos de pormenor
ou grandes planos- discrição viva e dinâmica (ritmo acelerado, verbos de
movimento);
● Uso de comparações, metáforas, e por vezes, ironia subtil;
● Rigor o pormenor , com informações detalhadas e precisas;
● Marcas de subjetividade e de objetividade do narrador.

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