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realista –, D.João I mostra também ser capaz de atos espontâneos de solidariedade, o
que o converte numa figura cativante. Líder “desfeito”, mas também solidário com a
população, durante o cerco de Lisboa.
✓ Álvaro Pais- o burguês que espalha pelas ruas de Lisboa que estão a matar o
Mestre, influenciando o povo a correr a seu auxílio.
❖ Capítulo 115:
• Ao saberem da vinda do rei de castelo, o mestre e os habitantes de Lisboa começam
a recolher mantimentos e muitos vão buscar gado morto para alimentação.
• As populações movimentam-se: muitos lavradores deslocam-se para ao pé
das mulheres e dos filhos com tudo o que têm para dentro da cidade; outros vão para
Setúbal e Palmela; outros ficam em Lisboa e há quem permaneça em terras que
apoiam os Castela.
• Começa-se por preparar a defesa da cidade: primeiro pensa-se na defesa a nível das
muralhas e das torres, tarefa que o mestre dá aos fidalgos e cidadãos honrados, que
contam com a ajuda de homens de armas. O mestre mostra preocupação em defender
a cidade. As gentes estão em alerta e são cuidadosos.
• Depois, analisa-se a defesa das portas da cidade: quem vigia as várias portas e que
cuidados devem ter.
• Depois, na ribeira foram construídas estacas para impedir e dificultar a passagem
dos castelhanos.
• Ainda sobre a defesa, há uma construção de um muro à volta das muralhas da
cidade que com a ajuda das mulheres sem medo, apanham pedras pelas
herdades e cantam cantigas a louvar Lisboa.
• O narrador salienta a coragem e a determinação dos portugueses que defendem a
cidade ao mesmo tempo que construem uma muralha, comparando-os com os filhos
de Israel.
• Todos pensavam em sintonia, num bem maior, o que leva o cronista a
concluir o capítulo num tom elogioso. No final, Fernão Lopes, menciona a
superioridade do rei de Castela apenas para elogiar o povo português que defendeu a
cidade de Lisboa perante um adversário feroz.
Tópico de análise:
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Linguagem e estilo:
❖ Capítulo 148:
• A cidade está cercada e os mantimentos começaram a falhar, por causa da
quantidade de pessoas dentro das muralhas, o que leva a quem vá procurar comida
fora do cerco correndo perigo.
• As esmolas escasseiam e não há como socorrer os pobres. Começa se a
estabelecer quem deve ser colocado fora da cerca: as pessoas miseráveis, os que não
combatem, as prostitutas, os judeus... inicialmente os castelhanos recolhiam todos,
mas após verem que tal ato se devia à fome, recusaram.
• Na cidade há carência de todos os elementos (milho, vinho, trigo). O preço
dos produtos é elevado e por isso os hábitos alimentares alteraram-se, levando
pessoas a beberem água até à morte ou mesmo procurar apenas grãos de trigo na
terra. A carne e os ovos são outros alimentos caros e escassos.
• A criança não tem que comer e pedem pela cidade, mães já não têm leite para os
filhos e veem-nos morrer. A cidade está agora num ambiente de tristeza, de
pesar e de morte. As pessoas rezam. Circula um rumor de que o mestre vai expulsar
todos os que não tem comida, mas esse rumor é depois desmentido.
• O capítulo termina com um forte apelo ao leitor, representante da “geração que
depois vem”, que não teve de enfrentar os sofrimentos descritos anteriormente.
Tópico de análise:
• Mais uma vez, o capitulo começa com uma interpelação ao leitor através da qual
estabelece uma ponte com o capitulo anterior e se transmite uma ideia de
continuidade e de ligação ao centro da narrativa, o cerco.
• O protagonismo do capitulo é dado às gentes de lisboa (ator coletivo), que vivem
momentos atrozes por causa da fome que assola a cidade, devido ao grande numero
de pessoas que nela se acolheram
• Num estilo vivo e emotivo, o cronista narra e descreve pormenorizadamente, o
sofrimento da população: a procura arriscada de trigo, à noite e em barcos; a falta de
esmolas para socorrer os pobres; a expulsão de todos aqueles que não podiam
combater, bem como os judeus e das prostitutas; a recusa dos castelhanos ao
recolhimento dos que foram expulsos do cerco; a procura desesperada de algo para
comer ou beber. O sofrimento é evidenciado através de pormenores como o preço alto
dos alimentos.
• Perante este cenário, o narrador mostra-se solidário e pretende sensibilizar os
leitores. Por isso, dirige-lhes, repetidamente, perguntas retóricas carregadas de
intensidade.
• O mestre de Avis (ator individual) aparece-nos neste capitulo como o chefe que tem
de tomar decisões, algumas difíceis até, a bem da comunidade como a expulsão dos
inaptos. Por outro, mostra se solidário com as suas gentes.
Linguagem e estilo
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• Rigor do pormenor- descrição detalhada e minuciosa dos que saiam à noite de barco
e iam buscar trigo; informação precisa sobre o preço de alguns alimentos como o trigo,
o milho, o vinho, a carne- recurso à enumeração.
• Conjunção de planos – por um lado, é-nos dado um plano geral da cidade; por outro,
são-nos apresentados planos de pormenor.
• Coloquialismo – muito evidente nas interrogações retóricas e no uso do imperativo.
▪ Capítulo 148:
− Os mantimentos existentes na cidade gastam-se cada vez mais depressa,
tornando-se escassos, devido ao facto de o número de habitantes da cidade
aumentar cada vez mais, porque a ela se recolheu muita gente (lá estavam os
habitantes de Lisboa, pessoas que vieram dos arredores, famílias inteiras e os
que vieram numa frota do Porto para socorrer a capital).
− Tentativas de superar a situação:
- Procura de trigo do ribatejo:
Motivos: cerco à cidade, muita população, falta de alimento
Resultados: oposição castelhana, pouco trigo
Durante a noite, os sitiados embarcam em batéis e vão buscar trigo ao
Ribatejo para abastecer a cidade, correndo enorme perigo, pois são atacados
pelos castelhanos. Esta recolha de mantimentos obedece, aparentemente, a
um plano prévio, dado que parece existir uma partilha de tarefas e funções
distribuídas: há aqueles que vão recolher mantimentos que já estavam prontos
(“… ali carregavom de trigo que já achavom prestes, per recados que ante
mandavom…”), através do Rio Tejo; há sinais combinados para alertar para os
perigos, nomeadamente os decorrentes da presença dos castelhanos, etc.: “ali
carregavom”; “Os que esperavam…”; “… repicavom logo por lhe acorrerem.”;
“… aguardando quando veesse, e os que velavom, se viiam as galees remar
contra lá, repicavom logo por lhe acorrerem…”.
Apenas uma vez os galés foram tomadas, graças à denúncia de um
“homem natural d’Almadãa”, cujo castigo pela traição foi terrível: “el foi depois
tomado e preso e arrastado, e decepado e enforcado.” (enumeração,
polissíndeto e gradação).
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− Resistência da população:
. o patriotismo e a solidariedade da população – apesar da situação extrema de
penúria e de desespero, do ambiente de tristeza e de conflitos ocasionais
banais, sempre que os sinos repicam, todos se aprestam para enfrentar o
inimigo castelhano; por outro lado, consolam-se uns aos outros naquele
momento de infortúnio.
.De facto, apesar de famintos e extenuados, são solidários uns com os outros e
corajosos contra os castelhanos, continuando a manifestar uma identidade
coletiva que os une num propósito comum: “Toda a cidade era dada a nojo”
(isto é, toda a cidade sofria, tanto os pobres como os ricos – “grandes pessoas
da cidade”). : AFIRMAÇÃO DA CONSCIÊNCIA COLETIVA. (sente e age como
um só)
− Incapacidade de o mestre resolver a situação:
.O mestre, sabendo que nada pode fazer, sentem-se imponentes e ignoram os
lamentos do povo
.Neste passo, aparentemente Fernão Lopes critica a ação de D. João e do seu
Conselho, dado que “çarravom suas orelhas do rumor do poboo”, parecendo
assim o cronista cumprir a imparcialidade e a neutralidade.
.O Mestre e os do seu Conselho fecham os ouvidos "ao rumor do poboo", não
por indiferença ou hostilidade, mas porque lhes eram dolorosas "douvir taaes
novas (...) a que acorrer nom podiam";
− Povo de Lisboa:
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− Mestre de Avis:
.Governante responsável
Solidário
Sofre e resiste com o povo