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LÍNGUA PORTUGUESA
3
CADERNO
PRIMEIRA
SÉRIE
ENSINO MÉDIO
CADERNO DO PROFESSOR
ANÁLISE LINGUÍSTICA
HENRIQUE Santos Braga
Sérgio de Lima PAGANIM
LITERATURA E ARTE
Carlos Moacir Vedovato Junior (MOA)
Fernando MARCÍLIO Lopes Couto
MAURÍCIO Soares da Silva Filho
PAULO Giovani de Oliveira
PRODUÇÃO DE TEXTO
Eduardo Calbucci (BUCCI)
FELIPE Leal
Luciana Migliaccio (LUCY)
FORMAÇÃO GERAL
LÍNGUA PORTUGUESA
3
CADERNO
PRIMEIRA
SÉRIE
ENSINO MÉDIO
CADERNO DO PROFESSOR
Presidência: Mario Ghio Júnior
Vice-presidência de educação digital: Camila Montero Vaz Cardoso
Direção executiva: Thiago Brentano Rodrigues
Direção editorial: Lidiane Vivaldini Olo
Direção pedagógica: Paulo Roberto Moraes
Coordenação pedagógica: Henrique Santos Braga
Gestão de projeto editorial: Flávio Matuguma (ger.),
Michelle Yara Urcci Gonçalves (coord.), Daniela Carvalho e
Eduarda Berteli Mario dos Santos (analistas)
Gerência de conteúdo e design educacional: Renata Galdino
Gerência editorial: Marcela Pontes
Coordenação editorial: Camila De Pieri Fernandes
Edição: Anelisa Zanetti Abud (Análise linguística),
Fabiana Mioto (Literatura e Arte) e Rodrigo da Motta Dias (Produção de texto)
Planejamento e controle de produção: Flávio Matuguma (ger.),
Juliana Batista (coord.), Anny Lima e Suelen Ramos (analistas)
Revisão: Letícia Pieroni (coord.), Aline Cristina Vieira, Anna Clara Razvickas,
Brenda T. M. Morais, Carla Bertinato, Daniela Lima, Danielle Modesto,
Diego Carbone, Kátia S. Lopes Godoi, Lilian M. Kumai, Malvina Tomáz,
Marília H. Lima, Paula Rubia Baltazar, Paula Teixeira, Raquel A. Taveira,
Ricardo Miyake, Shirley Figueiredo Ayres, Tayra Alfonso e Thaise Rodrigues
Arte: Fernanda Costa da Silva (ger.), Catherine Saori Ishihara (coord.)
Nicola Loi e Fábio Cavalcante (edição de arte)
Diagramação: Casa de Tipos
Iconografia e tratamento de imagem: Roberta Siqueira Ribeiro Bento (ger.),
Claudia Bertolazzi (coord.), Célia Rosa, Evelyn Torrecilla, Fernanda Gomes,
Fernando Cambetas, Iron Mantovanello, Jad Silva, Lucas Maia Campos,
Mariana Valeiro, Paula Dias, Roberta Freire, Tempo Composto SA,
Thaisi Lima (pesquisa iconográfica) e Fernanda Crevin (tratamento de imagens)
Licenciamento de conteúdos de terceiros: Roberta Bento (ger.),
Jenis Oh (coord.), Liliane Rodrigues, Flávia Zambon e
Raísa Maris Reina (analistas de licenciamento)
Design: Erik Taketa (coord.) e Adilson Casarotti (proj. gráfico e capa)
Foto de capa: Klaus Vedfelt/DigitalVision/Getty Images
Composição de imagens de abertura: Arquivo do jornal O Estado de
S. Paulo/Agência Estado (Imagem Diretas Já), needpix.com, pexels.com,
pixabay.com, unsplash.com/Fotomontagem: Michel Ramalho
21-0472
CDD 469.07
2021
1a edição
1a impressão
De acordo com a BNCC.
Impressão e acabamento
Uma publicação
Sumário
Análise linguística
Módulo 12. Variação linguística:
língua e identidade ........................................................... 4
Módulo 13. Variação de modalidade:
oralidade e escrita ............................................................ 7
Módulo 14. Variação e gramáticas:
correção e adequação...................................................10
Módulo 15. Estudos linguísticos:
formas, funções e valores ............................................ 13
Módulo 16. Classes de palavras nominais I:
substantivo, adjetivo, artigo e numeral ................ 16
Literatura e Arte
Módulo 6. A estética neoclássica e
o Arcadismo no Brasil................................................... 24
Módulo 7. O Romantismo e a
consolidação cultural brasileira ............................... 27
Produção de texto
Módulo 5. A linguagem no universo
digital: pós-verdade e fake news ............................ 36
Módulo 6. Gêneros eletrônicos:
áudio e vídeo ..................................................................... 39
M Ó D U L O
Variação linguística:
língua e identidade
Desenvolvendo habilidades: 1 a 3
25 TM: 1 a 3
TC: 4 a 7
TD: 8
Extras!: 1
Desenvolvendo habilidades: 4 a 6
26 TM: 9 a 11
TC: 12 a 16
TD: 17 e 18
Extras!: 2 e 3
Objetivos de aprendizagem
4
Encaminhamento
A aula 25 inicia um percurso de três módulos destinados a abordar diferentes aspectos da variação
linguística. A primeira parte dessa sequência (aulas 25 e 26) foi planejada para, explorando a intuição dos
alunos, conceituar o fenômeno da variação, bem como os dois termos-chave para fundamentar e sistema-
tizá-lo: variantes e variedades. No próximo módulo, trataremos da variação de modalidade (oralidade e
escrita) e, por fim, o módulo 14 explorará a variação de registro (graus de formalidade), associando o tema
à noção de “correção” nos usos linguísticos.
Aula 25
Nesta primeira aula, sugerimos que, após promover a discussão indicada no Ponto de partida, seja
lido o texto-base das questões 1 a 3. É recomendável, antes da leitura, explorar a seção Saiba mais, para
ampliar o repertório prévio sobre a colonização portuguesa na África, o que facilitará a compreensão
do texto.
Além disso, ainda antes da leitura, você pode perguntar aos alunos qual a expectativa deles sobre a
variedade linguística que encontrarão ali: seria mais próxima da portuguesa ou da brasileira? Ou seria pe-
culiar e diferente de ambas? Após a leitura, ainda antes da resolução dos exercícios, pode-se voltar a essas
questões iniciais e observar que, tal como a variedade brasileira tem influência da cultura indígena, a an-
golana é influenciada por línguas africanas dos povos nativos do continente. Levantar esse tipo de reflexão
é uma forma de valorizar a presença dessas diversas culturas na história da língua portuguesa, bem como
de rechaçar preconceitos em relação a elas.
Passando aos exercícios elaborados para esta aula (1 a 3), além das indicações pontuais que você
encontra junto a eles, convém ter em mente algumas questões gerais:
. Nesta primeira aula, as questões chegam a explorar variação geográfica e histórica, mas sugerimos
que a sistematização disso ocorra apenas na aula seguinte, privilegiando agora um contato mais in-
tuitivo com a variação;
. É importante encorajar os alunos a buscar o significado contextual de variantes que não dominem,
para aprimorar a fluência de sua competência leitora;
. É igualmente importante estimular os estudantes a recorrer a materiais de consulta (dicionários e, por
vezes, enciclopédias) nos casos em que o contexto não pareça suficiente. Havendo dispositivos dis-
poníveis e acesso à rede não deixe de estimular buscas na internet, como um meio de contribuir com
Aula 26
Esta segunda aula do módulo tem como objetivo fundamental sistematizar fatores extralinguísticos da
variação vinculados à construção da identidade de comunidades de falantes.
5
Desse modo, para garantir que esta aula seja vista como sequência da anterior, sugerimos que o
Ponto de partida resgate a noção de variação geográfica (já evidente na aula 25), mas expanda o conhe-
cimento sobre os fatores extralinguísticos da variação, incluindo o histórico e o sociocultural.
É importante ainda exemplificar como as variantes refletem características das comunidades de fa-
lantes. Como exemplo, podem ser usados termos como piá, menino e guri para exemplificar a variação
regional, ou ainda paquera e crush para a variação histórica. Para a variação sociocultural, convém buscar
exemplos confrontando regras que seguem e que não seguem o padrão normativo (“os menino” 3 “os
meninos”, por exemplo).
Feita essa sistematização, os exercícios desta aula (4 a 6) foram elaborados para favorecer um olhar
crítico sobre o fenômeno de variação em contextos reais. Optamos por valorizar a variação histórica e a
sociocultural, tendo em vista que privilegiamos a variação regional nos exercícios da aula anterior.
PREPARE-SE
O próximo módulo será dedicado às distinções entre oralidade e escrita, enfatizando efeitos do planejamen-
to simultâneo à interação no texto oral e a presença intencional de marcas de oralidade em certos gêneros
escritos.
Para começarem a refletir sobre marcas de oralidade, indicamos aos alunos que assistam a um breve vídeo sobre
o tema. Trata-se de um programa jornalístico em que se discutiu a ocorrência de marcadores discursivos na fala
dos apresentadores. Disponível em: https://globoplay.globo.com/v/8637149/?utm_source=whatsapp&utm_
medium=share-bar&fbclid=IwAR08MGUZtfd3P1YSg4vwj4wwHPxpvKqymb_hEiFOBieB3VavjSyPLEmDTDU.
Acesso em: 11 ago. 2020.
ANOTAÇÕES
6
13 ANÁLISE LINGUÍSTICA
M Ó D U L O
Variação de modalidade:
oralidade e escrita
Desenvolvendo habilidades: 1 a 3
27 TM: 1 a 3
TC: 4 a 6
TD: 7
Extras!: 1
Desenvolvendo habilidades: 4 e 5
28 TM: 8 a 10
TC: 11 a 13
Objetivos de aprendizagem
dos oralmente.
. Objetivo 2: reconhecer marcas de oralidade exploradas intencionalmente em textos escritos, identi-
ficando os efeitos produzidos por esse recurso.
7
Encaminhamento
Aula 27
Dando sequência ao ponto de partida descrito anteriormente, o passo seguinte é a análise do texto-
-base das questões 1 a 3. Para que o contato com ele seja mais proveitoso, sugerimos uma destas duas
possibilidades:
. Pedir a três alunos que leiam o texto, assumindo o papel de cada uma das participantes e buscando
adotar uma entonação espontânea;
. Ouvir o trecho do podcast citado, disponível em: https://www.b9.com.br/shows/mamilos/mamilos-76-
banimento-do-whatsapp-e-preconceito-linguistico/?highlight=76%20-%20Banimento%20do%20
WhatsApp%20e%20preconceito%20lingu%C3%ADstico (o fragmento está entre 00:23:32 e 00:27:26).
Acesso em: 11 ago. 2020.
As três questões suscitam reflexões sobre a construção do texto oral. Recomendamos que, após a
leitura ou audição do trecho, os três exercícios sejam resolvidos na sequência (considerando as observações
feitas sobre cada questão no próprio Caderno do Aluno) e apenas depois seja retomado o quadro-resumo
sobre as modalidades oral e escrita.
Optamos por trabalhar um diálogo, já que o gênero encerra as diferentes peculiaridades do texto oral:
interação face a face, construção feita por mais de uma voz, planejamento local e marcas aparentes desse
planejamento. Ainda assim, no momento de preencher o quadro que distingue oralidade e escrita, cabe
lembrar que há gêneros orais mais planejados ou mais formais, em que as mesmas marcas são atenuadas.
Na tabela, consideramos as características prototípicas de cada modalidade.
#cultura_digital
No Caderno do Aluno, sugerimos uma reflexão sobre peculiaridades dos textos orais produzidos em
aplicativos de trocas de mensagens. É uma oportunidade para comentar que os gêneros orais têm dife-
rentes graus de planejamento e que, no caso dessas mensagens orais, por não haver exatamente uma
interação face a face, os interlocutores podem planejar com mais tempo o que vão dizer. Cabe ainda
destacar elementos socioemocionais relacionados ao tema, tratando da possibilidade de não se responder
de imediato e de modo intempestivo a uma mensagem desagradável.
Aula 28 – introdução
Antes de abordar efetivamente o tema desta aula, convém revisar o quadro que distingue oralidade
de escrita.
Ao revisar o tema, cabe não apenas sanar eventuais dúvidas, mas também lembrar que as marcas de
oralidade ocorrem de forma mais ou menos intensa nos diferentes gêneros. Destaque que, quanto menor
8
o grau de planejamento, maior é a presença de marcas de oralidade (uma conversa espontânea costuma
ter mais marcas que uma palestra formal, por exemplo).
Feita essa retomada, indicamos iniciar a aula por este Ponto de partida:
Aula 28
Depois de finalizar o Ponto de partida, mas antes de passar aos exercícios, esclareça que as marcas de
oralidade presentes em gêneros escritos podem pertencer a dois grandes grupos: umas buscam registrar
a pronúncia dos vocábulos e outras simulam a interação (seja entre personagens, seja em diálogo com o
próprio leitor). No item 2 da seção Neste m—dulo, há um esquema para facilitar essa explicação.
Para analisar na prática como essas marcas se manifestam, selecionamos dois textos-base para os
exercícios (4 e 5) deste módulo. Por meio da resolução de cada um, haverá oportunidade de analisar o
efeito do uso intencional das marcas de oralidade.
ANOTAÇÕES
9
14 ANÁLISE LINGUÍSTICA
M Ó D U L O
Variação e gramáticas:
correção e adequação
Desenvolvendo habilidades: 1 e 2
29 TM: 1 a 4
TC: 5 a 7
TD: 8
Extras!: 1 e 2
Adequação ao contexto
Desenvolvendo habilidades: 3 a 5
30 TM: 9 a 11
TC: 12 a 15
TD: 16
Extras!: 3
Objetivos de aprendizagem
10
Encaminhamento
A seção Neste módulo traz trechos de textos teóricos a respeito do assunto que trataremos a fim de
que possam ser o ponto de partida de uma sólida reflexão sobre os registros linguísticos ou mesmo o ar-
remate da fala que você quiser desenvolver. Uma sugestão é pedir que um aluno faça uma paráfrase oral
dos trechos, a fim de também treinar os alunos na leitura de textos metalinguísticos (como o do Caderno
de Estudos). Além dos trechos, as tirinhas figurativizam bem o tema de cada uma das aulas: a primeira
explora mais o registro informal da língua, e a segunda coloca o contexto como centro da análise e defini-
dor da linguagem mais cerimonial. Uma sugestão é usar as tirinhas como outra possibilidade de ponto de
partida, de modo que os alunos investiguem, em cada uma delas, os aspectos linguísticos que serão tema
de cada aula.
Aula 29
Esta primeira aula foi planejada para analisar dois textos em que a variante coloquial é uma marca
linguística que não passa despercebida pelo leitor. Duas habilidades fundamentais nortearam a elaboração
dos exercícios a respeito da crônica de Tati Bernardi e do diário de Carolina Maria de Jesus: o reconheci-
mento de expressões coloquiais em textos e a descrição de diferentes efeitos que elas criam. Essas são as
operações mais cobradas pelas bancas de vestibulares e do Enem quando abordam o tema dos registros
formais e informais.
O texto para o exercício 1 pode ser mais bem aproveitado com algumas observações a respeito de sua
linguagem coloquial e, em alguns momentos, até desbocada. Destaque que muitos cronistas modernos incor-
poram termos mais chulos em seus textos como recurso para criar sintonia com o público – como estratégia
de contraponto à linguagem formal dos textos jornalísticos opinativos e informativos e como ferramenta para
gerar determinados efeitos, como o da intensificação de irritação que se vê na crônica de Tati Bernardi. Du-
rante a execução do exercício, sugerimos ainda que, depois de reconhecerem os efeitos resultantes dos colo-
quialismos, você peça a alguns alunos que tentem recontar oralmente o texto, mas em registro formal da
língua – a perda do efeito emotivo do original ficará evidente, e teremos ressaltado o valor da variante para a
construção do texto.
O exercício 2 é um bom momento para retomar a noção de variação sociocultural e tratar do registro
coloquial como um recurso linguístico associado à identidade cultural da enunciadora e do grupo social
Aliando o tema fundamental desta aula (adequação) ao contexto do exercício 3 (jornalismo), sugerimos
que você comece perguntando aos alunos sobre a linguagem de diferentes telejornais. Para ajudar a ampliar
a visão de mundo a respeito dos registros e da adequação, é recomendável que você exiba uma mesma
notícia veiculada por dois telejornais diferentes, como o Jornal Nacional e o Live CNN: a formalidade de um
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e a coloquialidade de outro são tão evidentes que você pode direcionar a discussão para o tema da ade-
quação: a imagem que cada um quer projetar, o público-alvo que quer atingir, a intencionalidade de ma-
nutenção da tradição ou de inovação podem vir à tona nessa conversa inicial.
Aula 30
O primeiro exercício desta aula foi planejado para que se analise a relação entre uma manchete redi-
gida em registro coloquial e o contexto de circulação do jornal em que ela foi publicada. Além dos efeitos
que vamos investigar no item b, outro foco importante desse exercício é o preconceito social em relação
à variação linguística. Por isso, sugerimos como atividade de leitura o livro do professor Marcos Bagno
Preconceito linguístico: o que é, como se faz. Se for oportuno, os alunos podem ser divididos em quatro
grupos, a fim de que cada um fique responsável por apresentar a todos os colegas o que entenderam de
cada um dos quatro capítulos que compõem a obra. Claro que é possível pedir a leitura do livro todo, mas
também se pode solicitar que cada grupo leia apenas seu capítulo, já que, ao final das apresentações, um
grande painel sobre o livro terá sido construído, em um trabalho colaborativo.
O exercício 4 cumpre a função de atrelar a variante culta a contextos específicos para os quais ela é ade-
quada. Não se trata, portanto, de desprezar esse registro linguístico de prestígio social, mas de desenhar sua
função para contextos em que a precisão e a norma contribuem para o desenvolvimento do tema. Seleciona-
mos o trecho de uma redação nota 1000 do Enem, exame que requer que o texto seja escrito “na modalidade
escrita formal da língua portuguesa” e que conta com critério de avaliação que destina 200 pontos
para a linguagem do texto. É importante destacar, neste exercício, o artificialismo do uso de expressões como
hodierno, dessarte, outrossim, ou construções como a mesóclise. A respeito desse tema, vale a pena trazer
para a discussão em sala de aula o texto que a professora Thaís Nicoleti escreveu para o blog que ela mantém
junto à Folha de S.Paulo (“Cafonice linguística não é critério de avaliação do Enem”).
Por fim, o exercício 5 evidencia a questão da clareza: o texto da jornalista Heloisa Fischer oferece
oportunidade para discutir a cidadania no que diz respeito à comunicação do poder público com os ci-
dadãos. Exemplo clássico desse entrave é a linguagem jurídica dos tribunais, que, de tão hermética, difi-
culta o exercício do direito à justiça. As placas que compõem o exercício não trazem problemas de norma
culta como ortografia ou acentuação, mas oferecem barreiras semânticas muitas vezes intransponíveis
para o brasileiro de pouca escolarização. Não se trata, neste ponto do curso, de abordar a correção de
regras da variante culta da língua, mas de focalizar o princípio de “escrever claro”, de interpretabilidade
por parte do leitor.
ANOTAÇÕES
12
15 ANÁLISE LINGUÍSTICA
M Ó D U L O
Estudos linguísticos:
formas, funções e valores
Desenvolvendo habilidades: 1 a 3
31 TM: 1 a 3
TC: 4 a 6
TD: 7
Extras!: 1 e 2
32 TM: 8 a 10
TC: 11 e 12
TD: 13
Extras!: 3
Objetivos de aprendizagem
Ao fim desta(s) aula(s), o aluno deve ser capaz de:
ANÁLISE LINGUÍSTICA
. Objetivo 1: reconhecer gramática, semântica e análise do discurso como diferentes campos da análi-
se linguística, identificando contribuições de cada perspectiva analítica para a compreensão de textos.
. Objetivo 2: identificar os distintos níveis de análises gramaticais (sintaxe, morfologia e fonética), di-
ferenciando análises normativas e descritivas na abordagem dos fenômenos linguísticos.
13
Encaminhamento
Nos próximos módulos, iniciaremos um estudo mais sistematizado sobre as classes de palavras, o que
amplia o espaço destinado a análises gramaticais neste curso.
Nesse momento, é fundamental ter clareza de que o estágio atual dos estudos linguísticos já superou
antigas visões redutoras, que chegavam a confundir estudo de língua e estudo de gramática.
Tendo isso em mente, este módulo se ocupa de lançar as bases para investigações linguísticas mais
amplas e significativas, tratando a língua como um sistema complexo (isto é, formado por subsistemas
autônomos e correlacionados).
Assim, estas aulas devem servir para que os alunos possam distinguir os campos de estudos sobre a
língua, destacando que gramática, semântica e discurso têm correlações, mas há limites claros entre cada
domínio.
Aula 31
Adotando a estratégia sugerida, é esperado que os alunos formulem enunciados como estes:
. Em países abastados, também vivem indivíduos pobres.
. Em países pobres, também vivem indivíduos abastados.
Com ambos os enunciados em mente, pode-se comentar o esquema disponível no item 1 da seção Neste
módulo: cada uma das frases formadas pode ser analisada segundo a gramática, a semântica e a análise do
discurso – que podem ser definidas com base no próprio esquema. Apresentados os campos de estudo, cabe
empreender a análise dos enunciados.
Na perspectiva gramatical, cabe destacar que o próprio fato de pessoas diferentes reordenarem as
palavras de formas semelhantes já mostra como essas correlações não são aleatórias: regras de combina-
ção (no exemplo, fundamentalmente associadas a gênero e número) permitem que “abastados” e “pobres”
se relacionem a “países” ou “indivíduos”, mas não a “vivem”.
A semântica pode ser mencionada brevemente nesse momento, observando que as mesmas palavras
podem criar enunciados com significados distintos. Nos exercícios, cabe resgatar outros elementos sobre
a construção do sentido, conforme sugerido nas instruções na separata.
Para tecer comentários sobre análise do discurso, é preciso criar contextos para os enunciados. O
primeiro (“Em países abastados também vivem indivíduos pobres”) pode manifestar o discurso de que
desenvolvimento econômico não garante justiça social, por exemplo. O segundo (“Em países pobres tam-
bém vivem indivíduos abastados”) pode expressar o discurso de que países pobres convivem com desi-
gualdades sociais.
Após essa diferenciação sucinta dos campos de análise, os exercícios 1 a 3 permitem aplicar esses
olhares na análise de textos – conforme instruções e sugestões detalhadas na separata.
Aula 32
Esta segunda aula do módulo é dedicada mais especificamente aos níveis de análise gramatical. Pro-
pusemos um percurso investigativo para criar as bases de uma visão mais descritiva que normativa, para
evitar reducionismos que contrariem a compreensão da língua como um fenômeno social, diverso, variável
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e em constante mudança. Isso não implica, de modo algum, abdicar do estudo da variedade culta, mas
compreender que suas regras são uma espécie de subconjunto das regularidades previstas pelo sistema
gramatical da língua portuguesa.
Desse modo, os exercícios 4 a 6 (conforme as orientações detalhadas na separata) devem servir não
apenas para amparar a distinção entre sintaxe, morfologia e fonética, mas também para responder à ques-
tão inicial sugerida no Ponto de partida.
ANOTAÇÕES
15
16 ANÁLISE LINGUÍSTICA
M Ó D U L O
EM13LGG101 Compreender e analisar processos de produção e circulação de discursos, nas diferentes linguagens, para fazer escolhas fundamentadas
em função de interesses pessoais e coletivos.
EM13LGG102 Analisar visões de mundo, conflitos de interesse, preconceitos e ideologias presentes nos discursos veiculados nas diferentes mídias,
ampliando suas possibilidades de explicação, interpretação e intervenção crítica da/na realidade.
EM13LP06 Analisar efeitos de sentido decorrentes de usos expressivos da linguagem, da escolha de determinadas palavras ou expressões e da
ordenação, combinação e contraposição de palavras, dentre outros, para ampliar as possibilidades de construção de sentidos e de uso crítico da língua.
EM13LP07 Analisar, em textos de diferentes gêneros, marcas que expressam a posição do enunciador frente àquilo que é dito: uso de diferentes
modalidades (epistêmica, deôntica e apreciativa) e de diferentes recursos gramaticais que operam como modalizadores (verbos modais, tempos e
modos verbais, expressões modais, adjetivos, locuções ou orações adjetivas, advérbios, locuções ou orações adverbiais, entonação etc.), uso de
estratégias de impessoalização (uso de terceira pessoa e de voz passiva etc.), com vistas ao incremento da compreensão e da criticidade e ao manejo
adequado desses elementos nos textos produzidos, considerando os contextos de produção.
Desenvolvendo habilidades: 1 e 2
33 TM: 1 a 3
TC: 4 a 6
TD: 7 e 8
Extras!: 1
Desenvolvendo habilidades: 3 a 5
34 TM: 9 a 11
TC: 12 a 14
TD: 15 e 16
Extras!: 2 e 3
Desenvolvendo habilidades: 6 a 10
35 TM: 17 a 19 e 24 a 27
TC: 20 a 22 e 28 a 30
TD: 23 e 31
Extras!: 4
16
Artigo e numeral: funções no texto
Desenvolvendo habilidades: 11 a 15
36 TM: 32 a 34 e 39 a 42
TC: 35 a 37 e 43 a 45
TD: 38, 46 e 47
Extras!: 5 a 7
Objetivos de aprendizagem
Encaminhamento
Damos início, neste módulo, ao estudo das classes de palavras, começando pelas que formam o sintag-
ma nominal – à classe dos pronomes reservamos um módulo especial mais à frente neste curso. Já de saída,
é preciso frisar que a caracterização de cada uma das classes segundo os critérios mórfico, sintático e se-
mântico constitui o ponto de partida das análises que desenvolveremos, as quais se debruçarão, em segui-
da, preferencialmente sobre as questões semânticas, sobre as funções das classes na construção de sentidos
em textos. Tanto os exercícios de aula quanto os da tarefa privilegiam os aspectos semânticos em textos,
uma vez que, mesmo nas aulas tradicionalmente tidas como mais gramaticais, insistimos em uma das pre-
missas deste curso, que é oferecer uma experiência profunda de leitura aos alunos, mediada por reflexões
O ponto de partida para a primeira aula sobre substantivo coloca em evidência a nomeação e suas moti-
vações. Ao discutir sobre a criação de nomes artísticos, você terá oportunidade de falar em intenções do
enunciador, que podem ser variadas, como criar uma identidade pública que se distinga da privada, conquis-
tar simpatia do público, fixar-se na sua memória com nomes mais sonoros, etc. O importante dessa estratégia
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de início é instigar a curiosidade sobre nomes famosos fictícios e acenar com razões ligadas à construção de
uma imagem do enunciador. Outra possibilidade pode ser perguntar à turma quem conhece a razão da esco-
lha de seu nome próprio. Essa abordagem pode trazer à tona valores culturais de uma época que inspiraram
a escolha dos nomes. Aqui a intenção é enlaçar a turma em uma conversa inicial que lhe seja significativa, para
então avançar nas reflexões metalinguísticas sobre substantivos, nomes e visões de mundo.
Aula 33
Após uma breve introdução sobre as classes de palavras e, em especial, as que formam o sintagma
nominal focalizadas neste módulo (substantivo, adjetivo, artigo e numeral), sugerimos que a aula se ocupe
dos três critérios que caracterizam a classe dos substantivos, ressaltando o semântico, para o qual desti-
namos os dois exercícios desta primeira aula: ao nomear seres, o substantivo se presta a veicular a visão
de mundo do enunciador, seus valores, sua intencionalidade. Sob o prisma do leitor, o substantivo pode
ser uma das janelas no texto que dão acesso à orientação argumentativa assumida por seu enunciador. No
Caderno de Estudos, alguns exercícios não exploram explicitamente os substantivos, mas trazem, nas al-
ternativas, diferentes temas que são construídos essencialmente com substantivos abstratos. Dessa forma,
identificar os sentidos dos substantivos e a capacidade destes de sintetizar a temática dos textos se faz
fundamental para a resolução das atividades.
A questão 1 propõe a análise da relação entre os substantivos igreja e mesquita com as culturas cristã
e islâmica. Vale ressaltar, neste contexto, que nenhuma modificação no templo precisaria ser feita para
mudar seu status, apenas na seleção do substantivo com que se faz referência à Santa Sofia. A questão 2
parte da mesma premissa de associação entre substantivo e visão de mundo, mas agora como um elemen-
to de coesão. Ao nomear como “heróis” o grupo de voluntários de que o texto trata, o enunciador costura
as partes do texto e estampa sua admiração pelas pessoas que testaram a vacina contra a covid-19. Ao
nomear uma realidade concreta (como “igreja” ou “mesquita”) ou um segmento de texto (como “heróis”),
é possível deixar pistas da interpretação que fazemos desses referentes.
Aula 34
Esta aula foi dedicada à distinção entre substantivos concretos e abstratos, não com finalidade classi-
ficatória em si mesma, mas como meio para a análise de textos figurativos e a determinação de temas.
Recomendamos uma passagem rápida pela distinção entre um e outro tipo, pois acreditamos que os
exercícios propostos para a aula e para a tarefa serão suficientes para expor os alunos a diversos casos de
substantivos abstratos, especialmente em contextos nos quais delimitam temas. A finalidade maior dessa
aula é a análise do sentido de substantivos abstratos para determinar qual será o mais preciso na delimi-
tação temática de um texto. Em suma, pretendemos, neste momento, mostrar para os alunos como os
substantivos abstratos estão correlacionados com a figurativização dos textos-base das questões.
As questões 3 e 4 foram pensadas para iniciarmos a análise de textos figurativos de maneira bastante
concreta, a partir de uma escultura e de seu texto descritivo. Todas as questões sobre o significado da
tinta e do substantivo Amnésia, no contexto, foram planejadas para levar os alunos à consciente escolha,
na questão 4, de um substantivo abstrato que condense o tema da obra com o máximo de precisão e
coerência. Trata-se de um exercício muito comum em diversas bancas examinadoras do país, além de ser
um exercício vital quando se analisam os textos formadores de coletâneas para o exame de Redação –
razão pela qual selecionamos a escultura AmnŽsia, parte da prova da Fuvest de 2019. A questão 5 encerra
o plano desta aula, apresentando um texto verbal que contém uma situação concreta a partir da qual se
pode identificar o tema da universalidade da linguagem musical. Nesse caso, a orientação sobre a forma
do título a ser elaborado no item b será fundamental para que o exercício seja entendido como oportuni-
dade de aplicação prática de substantivos abstratos.
18
Ponto de partida – aula 35
Uma rápida dinâmica de abertura da aula sobre adjetivos pode jogar luz sobre as noções de atributos
e qualidades, bem como de seleção e expressividade. Sugerimos que você peça aos alunos que registrem
em um papel o que julgam ser suas três maiores virtudes e seus três maiores defeitos, ressaltando que
devem usar adjetivos – já levando em consideração o conhecimento que adquiriram sobre essa classe
gramatical no Ensino Fundamental. É bem provável que apareçam expressões formadas por substantivos
abstratos (“não ter paciência”, em vez de “impaciente”, por exemplo). Com os papéis nas mãos, peça ajuda
de alguns alunos para tabular os resultados no quadro, a fim de comentar a diversidade de termos, a noção
de adjetivo como classe de palavra qualificante e as conotações positivas e negativas das palavras. Com
isso, fica preparado o terreno para a discussão que o texto da questão 1 propõe.
Aula 35
A aula sobre adjetivos está fundamentada em três aspectos centrais: a sua relação sintática com o
substantivo, a carga semântica de maior ou menor subjetividade (os valorativos e descritivos, respectiva-
mente) e a mudança de posição em relação ao substantivo e os efeitos da alteração. Para dar conta desses
aspectos, foram elaborados dois exercícios iniciais, que focalizam a qualificação e os efeitos de subjetivi-
dade e objetividade construídos pelos adjetivos. Os três últimos oferecem contextos para a análise de
mudanças de sentido, de classe gramatical ou apenas acréscimo de ênfase, quando alterada a posição do
adjetivo.
A questão 6 tem dupla função para abrir a aula sobre adjetivo: seu conteúdo é por si só uma reflexão
sobre a adjetivação, seu valor e seus efeitos; mas também servirá para introduzir as noções de adjetivos
descritivos (menos dependentes da avaliação subjetiva do enunciador) e valorativos (mais atrelados à sua
visão parcial). Cravadas essas duas noções, a questão 7 oferece um contexto publicitário em que a adjeti-
vação é uma das estratégias argumentativas para a construção da persuasão, do desejo de consumo,
mobilizando ora a razão, ora a emoção. As questões 8 a 10 apresentam contextos para que se avaliem as
mudanças de posição e de sentido do adjetivo (8), as mudanças de sentido e de classe de palavras (9) e
o efeito de reforço causado pela anteposição em relação ao substantivo (10).
Aula 36
A última aula dedicada às classes de palavras formadoras do sintagma nominal abordará o artigo e o
numeral. Para cobrir diferentes funções textuais das duas classes, foram elaboradas cinco questões para
uma única aula. E essa é a razão da primeira observação: recomendamos que os pontos teóricos de cada
classe sejam apresentados com o apoio das questões, que podem ser resolvidas antes ou a partir deles, a
fim de que seja possível comentar todos na aula e ainda os temas que emergirão dos textos-base.
Para as funções textuais dos artigos, foram elaboradas as questões 11 (para generalização 3 particu-
larização), 12 (sobre marcação de coesão, substantivação e conceituação) e 13 (que abordará o efeito de
totalização). A classe dos numerais e seu efeito de precisão e objetividade será tema da questão 14, e seu
uso como argumento em defesa de um posicionamento, da questão 15. Em vez de dar enfoque nas sub-
classificações ou nos aspectos ligados à norma culta, demos preferência à contribuição que os numerais
dão para tornar ideias mais críveis e mais defensáveis em processos de persuasão.
ANÁLISE LINGUÍSTICA
19
GABARITO
20
(isto é, não apresenta métrica regular) e brancos (sem ri- b) “Porque ele é que fala gostoso o português do Brasil.”
mas); e a linguagem faz uso de um registro mais coloquial.
Do ponto de vista temático, nota-se a preferência pela refe- Capítulo 14 – Variação e gramáticas: correção
rência ao cotidiano, um dos traços constantes da poética e adequação
modernista; além disso, o teor crítico é perceptível na alu-
são à realidade da gente simples do Rio de Janeiro. 1 a
10 e 2 a
11 c 3 d
12 b 4 d
13 c 5 b
14 a) “Vinha da boca do povo na língua errada do povo” 6 b
(Manuel Bandeira)
7 a) Na primeira estrofe, “falar de gênero” pode ser uma
“[...] os burocratas da sensibilidade, que querem impingir referência ao estudo da categoria de gênero das palavras
ANçLISE LINGUêSTICA
ao povo, caritativamente, uma arte oficial [...]” (Haroldo da língua ou pode ser menção aos estudos de gênero, ou
de Campos) seja, estudos que, entre outras coisas, têm a identidade de
GABARITO
“Os campeão fica num canto / Tudo o povo dão risada” gênero e as relações entre homens e mulheres como focos
(Oscar Martins e Vieira) de análise. Já “falar de coletivos” pode ser compreendido
21
como tratar dos substantivos coletivos da língua (palavras que, embora no singular, indicam pluralidade
de seres) ou tratar de grupos formados por pessoas que se reúnem em torno de objetivos comuns e
trabalham juntas para realizar tais objetivos.
b) Nos três últimos versos, há mais de uma figura de linguagem: elipse, zeugma, aliteração e metoní-
mia. A elipse é a omissão de um termo ou expressão subentendida no contexto: “então as três [mu-
lheres] se juntaram e [as três mulheres] fundaram o grupo [...]”. Quando se trata da omissão de um
termo já citado anteriormente, ocorre um tipo de elipse denominado zeugma: “então as três se jun-
taram e [as três] fundaram o grupo [...]”. Há uma aliteração, a repetição do fonema consonantal t:
“então as três se juntaram/ e fundaram o grupo de estudos/ Celso Pedro Luft”. Ocorre também
uma metonímia, uma vez que se usa o nome de um famoso estudioso de gramática para designar o
assunto estudado pelo grupo.
8 d
9 d
10 e
11 d
12 d
13 a) O enunciado solicita que se dê um exemplo de diferença sintática entre as duas traduções. Assim, tal
divergência deve envolver concordância, regência, uso e colocação de pronomes ou função sintática.
Enfim, a forma de organizar e combinar as palavras no período. A tabela a seguir registra as oposições
sintáticas detectadas. Com asterisco, estão indicadas as mais relevantes para usar como exemplo.
22
b) Na locução “tem que haver”, o verbo tem é um auxiliar b) Os sintagmas (citados no item anterior) trazem uma
que acrescenta ao verbo principal haver a noção de pos- conotação positiva, ou seja, estão relacionados à felicida-
sibilidade. “Haver”, no caso, significa existir. Uma paráfra- de, à sabedoria, à organização, à longevidade, o que con-
se possível seria “deve existir”. trasta com a caracterização normalmente atribuída a
“povo primitivo”.
Cap’tulo 16 – Classes de palavras nominais I:
19 e
substantivo, adjetivo, artigo e numeral
20 b
1 c
21 c
2 d
22 d
3 c
23 O termo verde designa metaforicamente o estado da
4 c ferida: ainda está no começo, ou seja, é recente.
5 b
24 e
6 c
25 c
7 As expressões sublinhadas estão funcionando como
26 d
complementos não preposicionados do verbo estudar,
portanto desempenham função de objeto direto. 27 b
GABARITO
23
6 L I T ER AT UR A E A R T E COMPETÊNCIAS GERAIS C1. C2
M Ó D U L O
A estética neoclássica
e o Arcadismo no Brasil
EM13LGG204 Negociar sentidos e produzir entendimento mútuo, nas diversas linguagens (artísticas, corporais e verbais), com vistas ao interesse comum
pautado em princípios e valores de equidade assentados na democracia e nos Direitos Humanos.
EM13LGG601 Apropriar-se do patrimônio artístico e da cultura corporal de movimento de diferentes tempos e lugares, compreendendo a sua diversidade,
bem como os processos de disputa por legitimidade.
EM13LGG604 Relacionar as práticas artísticas e da cultura corporal do movimento às diferentes dimensões da vida social, cultural, política, histórica e
econômica.
EM13LP01 Relacionar o texto, tanto na produção como na recepção, com suas condições de produção e seu contexto sócio-histórico de circulação
(leitor previsto, objetivos, pontos de vista e perspectivas, papel social do autor, época, gênero do discurso etc.).
EM13LP03 Analisar relações de intertextualidade e interdiscursividade que permitam a explicitação de relações dialógicas, a identificação de
posicionamentos ou de perspectivas, a compreensão de paródias e estilizações, entre outras possibilidades.
EM13LP04 Estabelecer relações de interdiscursividade e intertextualidade para explicitar, sustentar e qualificar posicionamentos e para construir e
referendar explicações e relatos, fazendo uso de citações e paráfrases devidamente marcadas.
EM13LP24 Participar de reuniões na escola (conselho de escola e de classe, grêmio livre etc.), agremiações, coletivos ou movimentos, entre outros, em
debates, assembleias, fóruns de discussão etc., exercitando a escuta atenta, respeitando seu turno e tempo de fala, posicionando-se de forma fundamentada,
respeitosa e ética diante da apresentação de propostas e defesas de opiniões, usando estratégias linguísticas típicas de negociação e de apoio e/ou de
consideração do discurso do outro (como solicitar esclarecimento, detalhamento, fazer referência direta ou retomar a fala do outro, parafraseando-a para
endossá-la, enfatizá-la, complementá-la ou enfraquecê-la), considerando propostas alternativas e reformulando seu posicionamento, quando for o caso, com
vistas ao entendimento e ao bem comum.
EM13LP48 Perceber as peculiaridades estruturais e estilísticas de diferentes gêneros literários (a apreensão pessoal do cotidiano nas crônicas, a
manifestação livre e subjetiva do eu lírico diante do mundo nos poemas, a múltipla perspectiva da vida humana e social dos romances, a dimensão política e
social de textos da literatura marginal e da periferia etc.) para experimentar os diferentes ângulos de apreensão do indivíduo e do mundo pela literatura.
EM13LP49 Analisar relações intertextuais e interdiscursivas entre obras de diferentes autores e gêneros literários de um mesmo momento histórico e de
momentos históricos diversos, explorando os modos como a literatura e as artes em geral se constituem, dialogam e se retroalimentam.
EM13LP50 Selecionar obras do repertório artístico-literário contemporâneo à disposição segundo suas predileções, de modo a constituir um acervo
pessoal e dele se apropriar para se inserir e intervir com autonomia e criticidade no meio cultural.
24
Sugestão de roteiro de aula
Desenvolvendo habilidades: 1 a 3
Arcadismo em Portugal
13 Desenvolvendo habilidades: 4
TM: 1 a 3, 6 e 7
TC: 4 e 9
TD: 5 e 8
Extras!: 1
Arcadismo no Brasil
Desenvolvendo habilidades: 5 a 8
Objetivos de aprendizagem
Ao fim desta(s) aula(s), o aluno deve ser capaz de:
. Objetivo 1: analisar e compreender os principais recursos da estética neoclássica, em particular do Arca-
dismo e suas tópicas literárias, em diálogo com o contexto histórico em que foi produzida.
. Objetivo 2: conhecer e interpretar a obra do poeta português Bocage, tanto em seus aspectos neo-
clássicos como pré-românticos.
. Objetivo 3: analisar e compreender as características peculiares do Arcadismo brasileiro, por meio da
identificação de referências específicas à realidade sócio-histórica nacional em meio às tópicas lite-
rárias europeias.
. Objetivo 4: conhecer e analisar as produções poéticas dos mais consagrados autores do Arcadismo
brasileiro, seus principais temas e aspectos.
Encaminhamento
Ponto de partida
Você pode começar a apresentação da literatura setecentista na aula 13 instando os alunos a refletir,
por meio das perguntas do Ponto de partida, sobre que tipo de espaço ou de paisagem mais se coaduna
nar o debate para o contexto colonial da segunda metade do século XVIII, quando o desenvolvimento
econômico brasileiro e a circulação de ideias sobre a independência de nações estrangeiras, como os Es-
tados Unidos, fomentaram movimentos políticos e a produção de expressivas obras de arte.
25
Aula 13
A valorização da racionalidade (em detrimento dos pressupostos dogmáticos envolvidos no discurso
religioso) levou pensadores e artistas a associarem a Verdade à natureza, a qual tinha sido exemplarmente
esclarecida pelas conquistas da física newtoniana e pela consagração do método indutivo (baseado em
estatísticas observáveis) na atividade científica. Essa renovação do pensamento recusava a tradição de
origem medieval que entendia a Verdade como uma demonstração baseada apenas nas palavras, por meio
de um encadeamento retórico de proposições filosóficas. O século XVIII acalentou a utopia de que o saber
deveria transformar o mundo real, de modo útil e socialmente positivo.
Essa postura teve influência na arte do tempo, que buscou se despir da agudeza e das contorções tí-
picas do Barroco, pregando a simplicidade de uma vida próxima à natureza e também a obediência a
preceitos estéticos da Antiguidade, hauridos na poesia bucólica de poetas como Virgílio e Horácio. Da
mesma forma, a poesia renascentista portuguesa, representada por Camões e Sá de Miranda, era um mo-
delo de expressão considerada correta, racional e simples. Vale ressaltar que a instauração de modelos não
significa, no ideal da arte clássica, mera imitação pedestre, sem imaginação ou encanto.
A poesia neoclássica explorou com intensidade a vertente arcádica da poesia antiga, destacando o
pastoralismo. Nesse ponto, pode-se mencionar o desenvolvimento das congregações de intelectuais cha-
madas arcádias. Nessas agremiações, as produções literárias dos membros eram discutidas, e cada um
adotava uma identidade pastoril de caráter idealizado. Os alunos devem entrar em contato com as tópicas
recorrentemente trabalhadas naquele momento: carpe diem, inutilia truncat, aurea mediocritas, fugere
urbem e locus amoenus. É interessante mostrar como a poesia que resultou de todas essas premissas é
alicerçada em um forte convencionalismo, que beira o artificialismo. Esse aspecto deve ser bem assentado,
de forma a preparar os alunos para compreender o ímpeto de subjetividade nas aulas sobre o Romantismo.
Depois da apresentação dessas características gerais do Arcadismo, pode-se mencionar a instauração
desse movimento em Portugal, com a fundação da chamada Arcádia Lusitana, no ano de 1756. Mas o
destaque deve ficar por conta da excepcional obra de Bocage. Por meio dos poemas desse celebrado
poeta, é possível mostrar características exemplares do movimento arcádico e como os aspectos mais
modelares desse movimento começaram, aos poucos, a tingir-se de dramaticidade e subjetividade, abrin-
do caminho para a grande revolução estética que se consagraria com o Romantismo.
Aula 14
Depois da discussão preliminar incitada pelo Ponto de partida, é recomendável apresentar a situação
peculiar de Minas Gerais no contexto político, econômico e cultural da segunda metade do século XVIII,
beneficiada pela riqueza gerada pela mineração. Bom exemplo do luxo e da opulência da região é a orna-
mentação das igrejas, que seguiam o estilo conhecido como “Barroco tardio”, “Barroco mineiro” ou ainda
“Rococó” – termos que designam uma atenuação da carga de dramaticidade que o Barroco tinha mani-
festado até então, acentuadas pelo forte jogo de claro/escuro e ornamentação profusa. No Rococó, sem
deixar de apresentar traços do Barroco, os ambientes religiosos tornaram-se mais iluminados e a ornamen-
tação, mais suave. Nesse cenário, convém destacar a figura de Aleijadinho como marco de uma arte que,
aos poucos, foi adquirindo características peculiares em relação aos modelos estéticos europeus.
Tal movimento também se apresentou na literatura, pois, junto às tópicas árcades de matriz europeia,
tornaram-se mais comuns as referências a elementos típicos da paisagem nacional. Bons exemplos disso
são as obras de Cláudio Manuel da Costa, cujos sonetos mencionam aspectos da paisagem mineira; Basí-
lio da Gama, com o seu Uraguai, que pioneiramente alçou a figura do indígena à condição de herói; Santa
Rita Durão, que também soube explorar o interesse pela paisagem brasileira e pelos indígenas; Tomás
Antônio Gonzaga, que, nas Cartas chilenas, traçou com mordacidade crítica (ainda que conservadora) os
desmandos de um representante da Coroa em Minas Gerais.
O Arcadismo no Brasil oferece temas interessantes para serem trabalhados em sala de aula, como:
. a perpetuação de certas tópicas na cultura letrada e na popular; é o caso, por exemplo, do locus
amoenus, que se perpetua ainda hoje em letras de canções e em filmes, séries e novelas;
. as “formas não institucionalizadas de participação social”, que podem ser exemplificadas pela circu-
lação anônima e subversiva de panfletos de cunho político, como foram as Cartas chilenas. Os alunos
podem ser levados a refletir como, no atual contexto de Big data, tais ideias poderiam circular de
forma radicalmente anônima;
. as formas de produção e de circulação poética na sociedade colonial, que se valiam tanto de agre-
miações de letrados oriundos das elites, quanto da tradição oral e popular. Cabe aqui mencionar o
sucesso de Marília de Dirceu, que teve várias de suas liras musicadas em sua época.
26
7 L I T ER AT UR A E A R T E
M Ó D U L O
O Romantismo e a consolidação
cultural brasileira
artístico –, e/ou produções derivadas (paródias, estilizações, fanfics, fanclipes etc.), como forma de dialogar crítica e/ou subjetivamente com o texto literário.
27
Sugestão de roteiro de aula
A estética romântica
Desenvolvendo habilidades: 1 e 2
15 TM: 1, 2 e 5
TC: 3, 6 e 7
TD: 4, 8 e 9
Extras!: 1 e 2
Romantismo no Brasil: poesia
Desenvolvendo habilidades: 3 a 5
16 TM: 13 e 14
TC: 15 a 17
TD: 20 e 21
Extras!: 3 e 4
Romantismo no Brasil: prosa
Desenvolvendo habilidades: 6 e 7
17 TM: 22 a 25
TC: 26 e 27
TD: 32 a 34
Extras!: 5 e 6
O riso romântico
Desenvolvendo habilidades: 8 e 9
18 TM: 36, 37, 40 e 41
TC: 38, 42 e 43
TD: 39 e 44
Extras!: 7 e 8
Objetivos de aprendizagem
Encaminhamento
Ponto de partida
Para iniciar a aula 15, sugerimos apresentar aos alunos o seguinte poema de Paulo Leminski:
podem ficar com a realidade
esse baixo-astral
em que tudo entra pelo cano
28
Esse poema sugere a disposição para estabelecer uma perspectiva a partir da qual o enunciador se
colocará. O primeiro verso insinua um elemento romântico, qual seja, a recusa da realidade: “podem ficar
com a realidade”. A justificativa para esse posicionamento vem a seguir: a realidade é um “baixo-astral /
em que tudo entra pelo cano”, ou seja, a realidade não é um ponto de partida que interessa ao poeta, na
medida em que não conduz à vida, mas a um final terrível, “em que tudo entra pelo cano”. E a segunda
estrofe explicita o projeto pessoal do enunciador: “eu quero viver de verdade”. Para realizar esse projeto,
ele se dispõe a ficar “com o cinema americano”. Evidentemente, há uma visão irônica aqui: o poeta insinua
que o cinema americano tem mais “verdade” que a “realidade”. Mas é preciso atentar para a expressão
“viver de verdade”. O que ela indica é que, para o poeta, a vida verdadeira é aquela que consegue ir além
da realidade imediata, percebendo sentidos que os acontecimentos não mostram de forma explícita. Assim,
a vida “de verdade” seria aquela composta de fantasia. A perspectiva irônica impede de compreender o
poema como simples manifestação de escapismo. Contudo, sem desprezar essa possibilidade de leitura,
o poeta aponta, acima de tudo, para um elogio da imaginação, concebida como elemento capaz de se
constituir um “ponto de partida” para uma nova perspectiva humana.
Na aula 16, será introduzido o conceito de identidade, com a proposta de revelar aos alunos diferentes
possibilidades de interpretação do significado de “ser brasileiro”. A intenção é a de mostrar como essa
identidade está baseada em princípios desenvolvidos artificialmente no século XIX.
Para o Ponto de partida da aula 17, sugerimos a retomada da discussão acerca da identidade nacional,
para a apresentação de José de Alencar e seu projeto de construção da nacionalidade brasileira por meio
da produção literária.
Finalmente, para a aula 18, sugerimos um Ponto de partida que apresente o escritor modernista Antô-
nio de Alcântara Machado (1901-1935). Sua obra mais famosa é o livro de contos Brás, Bexiga e Barra
Funda, publicado em 1927, mas Alcântara Machado produziu também crônicas para o Jornal do Comércio,
que foram posteriormente reunidas em livro. Em uma delas, de 26 de outubro de 1926, ele escreveu:
Um dos maiores benefícios que o movimento moderno nos trouxe foi justamente este: tornar alegre
a literatura brasileira. Alegre quer dizer: saudável, viva, consciente de sua força, satisfeita com seu destino.
Até então no Brasil a preocupação de todo escritor era parecer grave e severo. O riso era proibido.
A pena molhava-se no tinteiro da tristeza e do pessimismo. O papel servia de lenço. De tal forma que os
livros espremidos só derramavam lágrimas. Se alguma ideia caía vinha num pingo delas. A literatura
nacional não passava de uma queixa gemebunda.
MACHADO, Antônio de Alcântara. In: MACHADO, Antônio de Alcântara. Obras. Prosa preparatória & Cavaquinho e Saxofone.
Rio de Janeiro: Civilização Brasileira; Brasília: INL, 1983. v. I. p. 187.
Comente com os alunos que Alcântara Machado foi excessivamente rigoroso em seu julgamento nes-
se texto, pois, muito antes do Modernismo, o riso já existia na literatura brasileira. No Romantismo, o riso
romântico tinha um efeito duplamente crítico: por um lado, expunha as mazelas sociais de um país que
estava (e continua a estar) às voltas com projetos de modernização e desenvolvimento social sempre ex-
cludentes e elitistas; de outro, realizava uma paródia do próprio Romantismo, evidenciando que a arte é
um espaço democrático, onde cabem diferentes (e divergentes) pontos de vista.
Aula 15
Depois de apresentar o Ponto de partida, pode-se sintetizar a teoria romântica expondo os três aspec-
tos fundamentais da estética: o subjetivismo (sentimentalismo), o nacionalismo (temática da natureza) e
o dia, o jogador deve permitir ou interceptar a entrada de imigrantes, podendo até mesmo decidir pela
prisão de quem infringe alguma norma. É preciso muita atenção, porque as solicitações podem partir de
traficantes e terroristas disfarçados. A rapidez na definição de quem entra ou não no país é um fator deci-
sivo para o estabelecimento do salário a ser pago ao agente de imigração. Há uma curiosidade extra: o
aspecto gráfico remete a jogos antigos, desenvolvidos com tecnologia 8 bits.
29
Aula 16
A discussão a respeito do desenvolvimento da identidade nacional e sua manifestação na poesia ro-
mântica em três gerações, com suas características específicas, são o tema central desta aula. O Caderno
de Estudos traz excertos de textos e análises que aprofundam o estudo dos três nomes mais significativos
do período: Gonçalves Dias, com o ufanismo da poesia indianista e o lirismo delicado; Álvares de Azevedo,
com o mergulho subjetivo permeado pela angústia e pelo desejo da morte como alívio para o sofrimento;
e Castro Alves, em textos marcados pela sensualidade e pelo ideal abolicionista. O item 2.1 da seção Neste
módulo do Caderno do Aluno traz uma esquematização do trabalho desses poetas que pode servir como
ponto de partida para a explanação da aula.
Uma pergunta geradora instigante pode tornar a discussão em sala de aula mais concreta e conectada
com o universo do aluno. A pergunta seria: “Quais símbolos artístico-literários representam a identidade
brasileira?”. A proposta é recolher, a partir das impressões dos alunos, símbolos que se refiram a conceitos de
brasilidade presentes em obras de arte. Caso não surja do repertório deles nada que se relacione mais dire-
tamente, faça novas perguntas, como: “O que você pensa quando o assunto é identidade brasileira?”, “Que
imagens representam o que significa ser brasileiro?”, “Que personagens da cultura são símbolos da identida-
de nacional”? A principal função dessa introdução é fazer os alunos compreenderem que o conceito de
identidade não é único e definido, e que, portanto, são muitas as facetas que podem representar o Brasil – e,
ainda que muito diferentes, nunca são excludentes. Uma vez compreendido o caráter múltiplo da identidade,
é o momento de relacionar isso à estética romântica. Deixe claro que, assim como há diferentes representa-
ções hoje do que é a identidade, algumas mais notoriamente construídas e outras mais espontâneas,
no Romantismo desenvolveu-se uma forma de representar o ideal nacionalista muito relacionada ao culto
das belezas naturais e da valorização do indígena como típico elemento nacional. A conclusão é a de que os
românticos não têm uma única forma de expressão, padronizada e fixa. Há diferentes “romantismos” que,
para serem organizados didaticamente, são normalmente apresentados divididos em “gerações poéticas”.
Depois de introduzir as três gerações poéticas brasileiras, você pode indicar a resolução do exercício
3 do Caderno do Aluno, que é mais geral e pode ser realizado em grupos, seja para aprofundar a discussão
sobre os diferentes “romantismos”, seja para encerrar o tema principal abordado durante a aula. Já o exer-
cício 4 é um exemplo de como processos seletivos trabalham aspectos comparativos entre as gerações,
enquanto o exercício 5 propõe um trabalho de leitura do texto poético em si.
Na divisão sugerida para este módulo, os aspectos mais grotescos da poesia de Álvares de Azevedo
e também sua produção em prosa foram pensados para a aula 18, que trata do riso no Romantismo. Nada
impede, porém, que esses textos sejam referenciados na apresentação do autor.
Aula 17
Esta aula é destinada à apresentação da produção em prosa do período romântico no Brasil, com
especial destaque para o trabalho de José de Alencar, considerado o principal romancista do movimento.
É importante retomar a discussão da aula anterior, para que a questão da identidade nacional seja
concretizada nas diferentes facetas dos romances de José de Alencar, que foram propositalmente desen-
volvidas pelo autor para contribuir com o processo de construção de uma identidade forjada, em que os
protagonistas têm atitudes e discursos padronizados dentro de determinado sistema de valores. A ideia é
que os alunos possam ter contato com trechos da obra do autor, e os exercícios do Caderno do Aluno
enfatizam o romance Iracema como representativo desse processo no que concerne à figura do indígena.
Inicie a aula com a apresentação esquemática do projeto de cultura nacional do escritor cearense,
disponível no item 2.2 da seção Neste módulo. Depois dessa explicação inicial, a proposta é a de trabalhar
com mais detalhamento o romance Iracema.
Os exercícios 6 e 7 do Caderno do Aluno trabalham aspectos desse livro, mas sua resolução não exige
a leitura completa da obra. A ideia é proporcionar aos alunos um primeiro contato com o romance, cuja
linguagem contém muitos elementos característicos da estética romântica, e também conduzir a turma a
uma reflexão a respeito dos sentidos contidos no encontro entre o indígena e o colonizador, figurativizado
na história de amor entre Iracema e Martim.
Vale reforçar com os alunos a ideia de que José de Alencar foi o autor mais representativo da prosa
romântica no Brasil. O escritor possuía um projeto pessoal de criação de uma literatura tipicamente nacio-
nal, como descreve no fragmento que segue, que você pode apresentar para a turma.
O período orgânico desta literatura conta já três fases: A primitiva, que se pode chamar aboríge-
ne, são as lendas e mitos da terra selvagem e conquistada; são as tradições que embalaram a infância
do povo, e ele escutava como o filho a quem a mãe acalenta no berço com as canções da pátria, que
30
abandonou. [...] O segundo período é histórico: representa o consórcio do povo invasor com a terra
americana, que dele recebia a cultura, e lhe retribuía nos eflúvios de sua natureza virgem e nas re-
verberações de um solo esplêndido. A terceira fase, a infância de nossa literatura, começada com a
independência política, ainda não terminou; espera escritores que lhe deem os últimos traços e for-
mem o verdadeiro gosto nacional, fazendo calar as pretensões hoje tão acesas, de nos recolonizarem
pela alma e pelo coração, já que não o podem pelo braço. Onde não se propaga com rapidez a luz da
civilização, que de repente cambia a cor local, encontra-se ainda em sua pureza original, sem mescla,
esse viver singelo de nossos pais, tradições, costumes e linguagem.
ALENCAR, José de. Prefácio. In: ALENCAR, José de. Sonhos d’ouro. Disponível em: www.ebooksbrasil.org/adobeebook/sonhosdoro.pdf. Acesso em: 31 ago. 2020.
Aula 18
Apresente aos alunos o texto de Alcântara Machado sugerido no Ponto de partida desta aula. Nele, ao
defender o uso do humor na estética modernista, o autor, implicitamente, rejeita a existência de humor em
estéticas anteriores – e ele se refere, basicamente, ao Realismo e ao Romantismo. Mesmo que não utilize
o texto de Alcântara Machado, você pode iniciar a aula expondo essa visão consagrada e se propondo a
desmontá-la. A partir daí, há diversos caminhos a escolher para conduzir a aula.
Se quiser, pode oferecer um panorama mais amplo do uso do humor pelos escritores românticos, sem
se ater a uma obra em particular. Se optar por esse encaminhamento, poderá trazer textos do humor ro-
mântico de sua escolha. Algumas das sugestões mais interessantes são poemas do escritor Bernardo
Guimarães, como “A origem do mênstruo” (no qual apresenta a origem da menstruação a partir de perso-
nagens mitológicos), “O elixir do Pajé” (em que conta a história de um velho indígena que tenta recuperar
o vigor masculino com a criação de uma beberagem) ou “A orgia dos duendes” (que narra uma festa de-
moníaca na floresta). Como se vê, a opção deve seguir as tendências de cada turma. Se preferir exemplos
retirados da prosa ou do teatro, acreditamos que as obras de Manuel Antônio de Almeida e Martins Pena,
abordadas no Caderno do Aluno, possam servir de eixo condutor. Você pode ainda partir daquela primei-
ra provocação, a respeito da ocorrência do humor no Romantismo, e começar pelos exercícios da seção
Desenvolvendo habilidades (que abordam poesia e prosa) e, se for o caso, da seção Extras! (que traz uma
questão envolvendo texto teatral).
Outro encaminhamento possível é a escolha de uma obra específica dentro dos gêneros oferecidos no
Caderno do Aluno. Aqui, outros caminhos se apresentam: um poema de Álvares de Azevedo, um trecho
de Memórias de um sargento de milícias ou de O noviço, por exemplo, ou qualquer outro texto de seu re-
pertório pessoal. Tanto os exercícios da seção Desenvolvendo habilidades quanto os da seção Extras! e das
tarefas não exigem conhecimento dos enredos, razão pela qual os alunos conseguirão desenvolver as
atividades propostas sem precisar ler as obras ou buscar resumos.
Nas atividades propostas para sala, há questões sobre prosa e poesia. Se preferir tratar do teatro de
Martins Pena, pode recorrer a uma das questões da seção Extras!.
ANOTAÇÕES
31
GABARITO
32
19 b nente de solidão e tristeza. Além disso, faz-se uma
associação com o universo ficcional de Robson Cru-
20 a
soé, que, supostamente, não é tão bonito quanto a
21 Segundo Antonio Candido, a “dupla fidelidade” presente
história do eu lírico.
na obra de Cláudio Manuel da Costa refere-se à situação
comum do artista brasileiro ao longo do processo de b) O traço é a visão idílica da infância, que surge enevoada
formação social e literário. De um lado, há uma fidelida- nas lembranças solitárias e silenciosas do eu lírico.
de intelectual à cultura europeia, que serve ao escritor 6 a) A palavra “romance”, no título, alude à relação amo-
brasileiro de modelo; de outro, uma fidelidade à terra em rosa. O poema relata de forma inusitada a trajetória
que vive, pela tarefa de compor uma obra vinculada a de um relacionamento amoroso, desde o incontrolá-
esse espaço. Disso decorre o fato de a poesia do autor vel desejo de se encontrar todos os dias, até a ruptu-
oscilar entre a invocação da paisagem europeia (Monde- ra final, chegando mesmo ao apagamento de vestí-
go) e da paisagem mineira (Ribeirão do Carmo). gios, com o esquecimento definitivo.
b) No texto de Alencar, temos o tradicional desfecho
Cap’tulo 7 – O Romantismo e a consolidação romântico do final feliz. Já no poema de Bruna Beber,
cultural brasileira o final está longe desse idealismo, já que o relaciona-
mento amoroso acaba.
1 As convenções românticas apresentavam uma tendên-
cia ao elogio do amor espiritualizado: a amada, distante 7 Em A culpa é das estrelas, a adolescente Hazel luta con-
e inacessível, era alvo de um amor platônico, que não se tra um câncer e, durante uma reunião do grupo de
realizava fisicamente. No trecho de Gonçalves Dias, esse apoio espiritual a pacientes terminais, conhece o jovem
aspecto é destacado em versos como: “Sentir, sem que Augustus, que sofre da mesma doença. Cada um deles
se veja, a quem se adora”; “Amá-la sem ousar dizer que apresenta formas distintas de encarar a perspectiva da
amamos”. morte, mas acabam por se apaixonar e por apoiar um
ao outro. Temos aí alguns dos elementos característicos
2 a) O poeta constrói uma imagem elogiosa e ufanista de
sua terra, o que pode ser notado em expressões da estética romântica: o sentimentalismo, a proximidade
como “rainha”, “realeza”, “terra de amores”, “tantas da morte, a visão pessimista, a superação dos obstácu-
belezas”, “terra encantada”, “jardim de fada”, “inveja- los e a vitória do amor.
da”, “não tem igual”. 8 Resposta pessoal.
b) Um dos fundamentos da estética romântica era o 9 Os versos de Gonçalves Dias traduzem a imagem da
elogio da chamada “cor local”, isto é, os aspectos natureza brasileira conforme concebida pela estética
pertinentes à natureza pátria, o que conduzia a uma romântica: exuberante, superlativa, rica. Já a imagem da
postura nacionalista e ufanista. No caso específico da capa da revista oferece um quadro bastante diferente,
literatura brasileira, tratava-se também de fortalecer a chamando a atenção para o processo crescente de
imagem de amor à terra natal, fundamental para o degradação da natureza no país.
projeto de independência. 10 a) O tema do poema de Casimiro de Abreu é a saudade
3 O traço romântico mais evidente no soneto é o pessi- da infância, referida no poema de Cacaso como “ne-
mismo, expresso por intermédio de um elogio à morte, gros verdes anos”. Ao acrescentar a expressão “ne-
manifestação de desprezo por uma vida de sofrimento gros”, Cacaso sugere uma relativização dessa saudade,
e melancolia. insinuando uma infância marcada por dor e sofrimento.
4 a) Segundo o texto, utopia é um lugar inexistente, ima- b) Uma das possibilidades de leitura desse título é aquela
ginário, perfeito, de plena felicidade; um lugar de so- que considera a “modernidade” como abandono dos
nho, paradisíaco. Tal lugar se aproxima do escapismo princípios românticos idealizadores. Nesse sentido, a
romântico, na medida em que se coloca como algo afirmação de acordo com a qual seu verso seria “pro-
distante da realidade imediata. fundamente romântico” soa como reafirmação de uma
b) Resposta pessoal. visão subjetiva das próprias experiências.
5 a) No texto I, temos a idealização da infância, associada 11 O texto indica que o termo “romantismo” no título se
LITERATURA E ARTE
a um período em que a “vida começa a rir”, “tudo é refere a um conjunto de atitudes vistas como utópi-
riso e tudo amor”, e no qual as tristezas são previstas cas, movidas pela paixão. Inicialmente, a atitude dos
GABARITO
apenas para o futuro. Já no texto II, ainda que tam- estudantes é focalizada, no texto, como resultado da
bém haja certa idealização, encontra-se um compo- “explosão e exuberância das mobilizações”, capaz de
33
enfrentar “uma pesada repressão”. Para enxergar 30 O narrador busca construir uma imagem heroica do
“além do romantismo”, o autor chama a atenção para personagem, associando-a à bravura, à coragem e à
as dificuldades que os estudantes enfrentariam para força física e mental.
se manter no comando das escolas: escapar da hie- 31 Como se observa na fala de Jandira, a marca mais ca-
rarquia que se rejeita, sem cair na “tirania das organi- racterística do sentimento amoroso, para os românticos,
zações sem estrutura” e articular a “revolta” com as é a liberdade. Sequer o deus Tupã tem poder sobre ele.
questões do “dia a dia”. Outro elemento dessa concepção amorosa que sobres-
12 a) Os conflitos entre árabes e israelenses ocorrem desde sai do texto é sua associação com a morte.
o século XIX, girando sempre em torno da disputa 32 b
pela posse territorial. Ao longo dos anos, a disputa
33 d
conheceu momentos de maior intensidade, como
ocorreu na Guerra de 1973. Essa data é próxima da
34 Na caracterização da personagem como “rainha”, é pos-
sível perceber uma indicação da idealização da figura
publicação original do poema (1974), mas a referên-
feminina, típica do Romantismo.
cia fundamental é o conflito como um todo.
35 Trata-se da explicitação do dinheiro como uma das bases
b) O eu lírico sugere ao interlocutor algo semelhante
para a admiração de que a personagem é alvo na trama.
ao carpe diem, isto é, a vivência do amor antes que
o mundo ou o desejo mútuo encontre um fim. O eu 36 b
lírico encara o amor como uma força poderosa, 37 b
capaz de romper as barreiras que separam os seres 38 Resposta pessoal.
humanos.
Alguns exemplos recentes de comédias românticas:
13 b • O casamento de Ali (Austrália, 2017) direção de Jeffrey
14 c Walker. No esforço de agradar os pais e conquistar a
15 c garota dos seus sonhos, um jovem muçulmano resi-
16 a dente na Austrália se envolve em muitas confusões,
17 d em virtude das mentiras que vai criando para atingir
18 e seus objetivos.
34
40 e aventuras, acompanhado de seu escudeiro, Sancho
41 Sim. A “observação acurada de tipos brasileiros”, por Pança, e montado em seu cavalo, Rocinante. Há tam-
exemplo, aparece atualmente em programas humorísti- bém a personagem Dulcineia, a quem Quixote pro-
cos na televisão e em comédias stand-up; a “violência mete dedicar todas as aventuras que viveria, como
do meio” é um dos temas mais constantes das letras de faziam os cavaleiros andantes medievais.
rap; as “relações familiares e sociais” são o assunto de
b) São duas as expressões colocadas entre parênte-
filmes e de novelas; embora não tenhamos mais oficial-
ses. A primeira delas é “três mil réis!”, e serve para
mente o regime escravocrata no Brasil, as “relações en-
demarcar o preço elevado pago pelo aluguel da
tre as classes” são abordadas em minisséries e produ-
montaria. A segunda, “que esparrela!”, serve para
ções cinematográficas; a “corrupção na justiça” e a
“mistura escandalosa do público com o privado” são colocar em destaque a armadilha em que caíra o
também assuntos de filmes e de um grande número de enamorado, que se julga enganado quanto à quali-
produções televisivas. dade da montaria.
42 a) De forma geral, o poeta manifesta desprezo por es- c) A terceira estrofe traz a revelação dos gastos que o
sas referências artísticas: afirma que Ossian é “triste” enunciador teria tido com seu namoro, o que fere as
e que Lamartine é “monótono”; quer distância de normas de elegância e discrição próprias do namoro
Shakespeare; diante de Goethe (o “fantástico ale- romântico. O último verso da quarta estrofe associa o
mão”), parece que vai “perdendo o gosto”.
casamento a uma comédia, isto é, a uma farsa, o que
b) Praia Vermelha é um local no Rio de Janeiro onde contradiz a sacralidade do matrimônio no período
havia um hospital psiquiátrico; e Parnaso era um romântico.
monte mitológico onde viviam as musas da poesia.
d) Não. De forma geral, o encontro entre apaixonados,
43 a) Não. Emília se submete mais facilmente à vontade
no Romantismo, correspondia a momentos especiais
materna, enquanto Carlos busca, em suas fugas, uma
na relação: era a hora de trocar confidências e juras
reação à imposição da vida religiosa.
de amor. No poema transcrito, os insucessos do en-
b) Carlos aponta, em sua fala, uma crítica à falta de li-
contro desmentem essa convenção.
berdade de escolha e de opção profissional, o que,
segundo ele, criaria uma multidão de insatisfeitos 45 A peça Como se fazia um deputado mostra como as
com suas próprias atividades mal desempenhadas. elites políticas se articulavam em projetos de perpetua-
c) Essa crítica casava bem com o espírito rebelde do ção no poder. Na cena, dois coronéis políticos estabele-
Romantismo, para o qual a luta pela liberdade deve- cem alianças que garantem a permanência das forças
ria ser uma das reivindicações mais importantes. que representam no poder, independentemente do par-
Destaque-se a importância do tema particularmente tido político (na época, os mais fortes eram o Liberal e o
para o Romantismo brasileiro, em uma época em que Conservador) que ocupasse o comando do Ministério (e
a nação tinha acabado de se tornar independente. não a presidência, naturalmente, porque o país era uma
44 a) São três personagens do romance Dom Quixote de monarquia; o cargo mais alto era o de Primeiro-Ministro,
la Mancha (1605), do escritor espanhol Miguel de que nomeava os membros do ministério).
Cervantes (1547-1616). Dom Quixote, o protagonista,
46 d
é um homem maduro que, enlouquecido por leituras
de novelas de cavalaria, resolve sair em viagem de 47 c
LITERATURA E ARTE
GABARITO
35
5 PRODUÇÃO DE TEXTO C OMP E T Ê NC I A S GE R A IS C 1 . C 4 . C 5 . C 7. C 1 0
M Ó D U L O
14 TM: 8 e 9
TC: 10
TD: 11
Extras!: 1 e 2
36
Aula Descrição Anotações
Atividade de criação
Desenvolvendo habilidades: 8 e 9
15 TM: 12
TC: 13
TD: 14
Objetivos de aprendizagem
Ao fim destas aulas, o aluno deve ser capaz de:
. Objetivo 1: compreender as mudanças da linguagem no universo digital, com ênfase no hipertexto.
. Objetivo 2: relacionar fatos, versões e opiniões aos conceitos de pós-verdade e fake news.
. Objetivo 3: analisar as implicações sociais e políticas da desinformação.
. Objetivo 4: produzir um texto dissertativo a partir da reflexão sobre o quanto o comportamento dos
indivíduos é influenciado pelo controle de dados da internet.
Encaminhamento
Ponto de partida
Este Módulo encerra uma discussão sobre as TDICs, iniciada no Caderno 2. Depois de tratar das espe-
cificidades dos gêneros digitais e da natureza da comunicação nas redes sociais, trazemos à tona dois
conceitos fundamentais para a compreensão dos novos problemas criados (ou potencializados) pelos
meios digitais: pós-verdade e fake news.
Nossa sugestão de problematização inicial envolve uma conversa franca sobre situações em que os
alunos foram vítimas ou foram propagadores de fake news. É uma maneira de refletir sobre a cultura digi-
tal e estimular a responsabilidade e o respeito no compartilhamento de informações.
Aula 13
Pode-se começar a primeira aula trabalhando a tabela do Neste módulo, que apresenta as principais
diferenças entre o texto escrito tradicional e o hipertexto. Quando começamos a falar dos meios digitais,
apresentamos o conceito de hipertexto e chegamos a colocar no material alguns exercícios, sobretudo do
Enem, em que o conhecimento sobre esse conceito é exigido. O mais importante é tomar o hipertexto não
apenas como uma forma de produção, mas também de interpretação, caracterizada por ser não sequencial
e não linear, o que permite ao leitor acesso a muitos outros textos a partir de escolhas de leitura.
Assim, o usuário da internet sai da posição passiva em que habitualmente se encontra nos meios impressos
ou eletrônicos e passa a participar diretamente da construção de sentido, por meio das escolhas de leitura. Isso
aumenta nossa responsabilidade digital, já que todos somos, em algum grau, (re)produtores de conteúdo.
Por isso, nesta primeira aula, uma discussão breve sobre o fato de os alunos serem nativos digitais pode
ser interessante. Por terem nascido em um mundo em que a internet já era uma realidade, é mais fácil re-
Aula 14
Na segunda aula deste Módulo, o foco vai para as consequências das notícias falsas, das crenças in-
fundadas, da desconfiança em relação à ciência, do perigo de duvidar de especialistas. A Organização
37
Mundial da Saúde (OMS) chegou a criar o termo infodemia para fazer referência a uma época de supera-
bundância de informações – algumas precisas, outras não –, o que dificulta às pessoas encontrar fontes
confiáveis e orientações seguras quando precisam delas.
Assim, nosso trabalho de professor também passa a ser ajudar os alunos a criar critérios para avaliar
a confiabilidade dos conteúdos e dos dados que circulam digitalmente. É uma maneira de evitar a desin-
formação.
Quanto aos exercícios 4 a 7, eles foram escolhidos ou produzidos para que seja possível mostrar as
implicações sociais e políticas das fake news, com destaque para o papel da imprensa tanto na produção
quanto na denúncia dessas notícias. Se, de um lado, o jornalismo profissional dificilmente inventa uma
matéria, como ocorre reiteradamente nos aplicativos de mensagens por celular, de outro, nem sempre ele
foi altamente responsável em sua missão de produzir conteúdo responsável, que abrisse espaço para visões
divergentes e não omitisse informações que se chocassem com a linha editorial da publicação.
Antes de pedir aos alunos que leiam o texto das questões 4 e 5, recomendamos dizer a eles que essa
reportagem, como comprova a data da publicação, foi escrita antes das eleições de 2018. Assim, para
responder às questões, é importante se colocar na posição de alguém que não sabia o que iria acontecer
nessas eleições.
PREPARE-SE
Como saber se uma notícia é falsa? É um desafio e tanto. Atualmente, existem muitas agências de checagem
de informações, que surgiram justamente por causa da proliferação de fake news. Sugerimos que os alunos
acessem o site Vaza, Falsiane!. Eles podem fazer os cursos oferecidos sobre o tema, mas isso pode demorar.
O mais importante é estimulá-los a fazer o quiz que avalia o conhecimento que eles já têm sobre fake news.
Isso pode ser muito útil para a produção textual da próxima aula.
Aula 15
Nesta aula, vamos abordar um tema bastante relevante e atual: “As fake news e seus impactos”. Os
textos motivadores também servem para as questões 8 e 9 e, certamente, auxiliarão o aluno a elaborar o
próprio texto dissertativo com bastante eficiência.
O primeiro texto da coletânea, extraído da Wikipédia, ao apresentar o conceito fake news e mostrar as
formas de sua manifestação, suas finalidades e consequências diretas sobre o público, oferece material
para o aluno embasar sua análise. Vale ressaltar que o texto, ainda que se proponha a ser expositivo, é
bastante marcado pela seleção vocabular que privilegia a construção de uma visão particular dos fatos
apresentados.
O segundo texto, sincrético, apresenta uma espécie de cartilha de identificação de notícias falsas, em
que predomina o uso dos verbos no imperativo, em função apelativa, como forma de orientar o leitor:
“clique, faça, avalie, pergunte”. O uso da lupa no lugar da letra “O” em “NOTÍCIAS” ajuda a construir, por
meio de elementos não verbais, a imagem do sujeito investigativo, que busca pesquisar antes de divulgar
informações.
O terceiro texto, do jornal El País, provavelmente fornecerá os melhores elementos para a análise do
tema. A partir de um mergulho histórico, o texto, com uma profusão de adjetivos e palavras valorativas, é
bastante analítico. Diferencia notícias falsas e propaganda, qualifica os séculos XX e XXI como “a era das
mentiras em massa”, exemplifica com fatos históricos, legitima o repertório por meio de historiadores.
Importante insistir para que o aluno faça um projeto de texto. O estudante sem o hábito de planejar o
texto pode se dispersar do ponto central em sua análise, o que pode levá-lo a tangenciar o tema.
Temas como esse costumam causar bastantes dúvidas na hora da elaboração da dissertação. A gran-
de quantidade de informações trazidas pela coletânea – bem como pelas aulas anteriores, em exercícios e
teorias – pode dar ao aluno a sensação de que tem muito a dizer, fazendo que ele se perca na progressão
textual. É preciso orientá-los para que seja feita uma seleção das relevâncias de informações, pertinência
de exemplos e ilustrações.
Ao final, a sugestão de uma proposta de intervenção vale como caminho de encerramento de discus-
são, o que já foi proposto em exercícios de aulas anteriores, sobre o mesmo tema deste Módulo.
38
6 PRODUÇÃO DE TEXTO
M Ó D U L O
Gêneros eletrônicos:
áudio e vídeo
Analisar, discutir, produzir e socializar, tendo em vista temas e acontecimentos de interesse local ou global, notícias, fotodenúncias,
fotorreportagens, reportagens multimidiáticas, documentários, infográficos, podcasts noticiosos, artigos de opinião, críticas da mídia, vlogs de opinião,
textos de apresentação e apreciação de produções culturais (resenhas, ensaios etc.) e outros gêneros próprios das formas de expressão das culturas
juvenis (vlogs e podcasts culturais, gameplay etc.), em várias mídias, vivenciando de forma significativa o papel de repórter, analista, crítico, editorialista
ou articulista, leitor, vlogueiro e booktuber, entre outros.
39
Sugestão de roteiro de aula
16
Desenvolvendo habilidades: 1 a 4
TM: 1 a 3
TC: 4 e 5
TD: 6
Especificidades dos telejornais
Desenvolvendo habilidades: 5 e 6
17 TM: 7 e 8
TC: 9 e 10
TD: 11
Extras!: 1 e 2
Atividade de criação
Desenvolvendo habilidades: 7 e 8
18 TM: 12 e 13
TC: 14
TD: 15
Objetivos de aprendizagem
Ao fim destas aulas, o aluno deve ser capaz de:
. Objetivo 1: compreender as relações entre o oral e o escrito nos gêneros que circulam no rádio e na
televisão.
. Objetivo 2: refletir sobre as particularidades da linguagem no rádio e na televisão, com ênfase nos
efeitos discursivos produzidos nos telejornais.
. Objetivo 3: produzir uma carta dirigida a um interlocutor conhecido, como resposta a uma declaração
polêmica.
Encaminhamento
Ponto de partida
Quando falamos dos estágios da história da comunicação, há quem acredite que cada um deles subs-
titui o anterior. Mas não é assim que as coisas funcionam. Assim como o cinema não acabou com o rádio,
a televisão não acabou nem com o cinema nem com o rádio. As perguntas disparadoras que propomos
(“A internet substituirá o cinema, o rádio e a televisão? Assistir a um filme ou a uma série por um serviço
de streaming é diferente de ver pela televisão? Ouvir o rádio no carro é diferente de ouvir na internet?”)
pretendem levar a turma a concluir que os meios eletrônicos convivem com o mundo digital e chegam a
se alterar por causa deles.
Aula 16
Neste terceiro Módulo que envolve as tecnologias digitais, começamos retomando as relações entre
os gêneros da língua falada e da escrita, mostrando que há distinções quanto ao grau de formalidade, ao
planejamento e à espontaneidade do discurso.
Embora a língua falada já seja de pleno domínio de todos os alunos, o exercício de falar em público, com
planejamento, não faz parte das interações cotidianas da maior parte de nossos alunos. Nesta aula, vamos
iniciar essa conscientização por meio dos gêneros radiofônicos. Pode ser interessante partir da experiência
deles, perguntando se eles ouvem rádio e, se sim, o quê: músicas, notícias, informações sobre o trânsito ou
outros.
O exercício 1, extraído do exame do Enem, discute algumas especificidades da linguagem radiofônica.
Sugerimos reproduzir a canção da banda Blitz (“A dois passos do paraíso”) para a turma. A parte falada
da canção, que mimetiza um programa de rádio, permite a apresentação do rádio como suporte de gêne-
ros e como meio de comunicação de massas.
40
Vale dizer que no Brasil, dada a enorme extensão territorial e as dificuldades de transporte entre certas
localidades, o rádio reduz as distâncias, criando possibilidades de integração das populações do país.
Muitos artistas do rádio, por exemplo, tornaram-se ídolos nacionais.
Fazendo uma ponte interdisciplinar com História, podemos comentar que, aproveitando-se desse
potencial do rádio, políticos passaram a utilizá-lo como ferramenta de propaganda política. Por exemplo,
na ditadura de Getúlio Vargas, discursos presidenciais e músicas de exaltação ao governo eram transmiti-
dos pelo rádio. Foi nessa época, aliás, que se criou o programa A Hora do Brasil – que, depois, passou a se
chamar A Voz do Brasil.
O baixo custo dos aparelhos de rádio e a não exigência do conhecimento da língua escrita para acom-
panhar a programação radiofônica, em um país onde grande parcela da sociedade era (ou ainda é) pobre
ou analfabeta, foram responsáveis pela popularização desse veículo de comunicação.
Mesmo com o surgimento da televisão, o rádio não perdeu sua importância. Além de o rádio poder acom-
panhar as pessoas em situações e lugares nos quais assistir à tevê seria impossível, o rádio é mais veloz para
transmitir notícias: basta um celular e o repórter entra ao vivo. A voz do jornalista é suficiente para isso.
Os exercícios 2, 3 e 4, baseados em duas tirinhas, proporcionam uma reflexão mais sistemática sobre
a televisão, em que o humor é usado como instrumento de reflexão crítica.
Aula 17
Nossa sugestão é iniciar a discussão desta aula mostrando a importância da televisão como formado-
ra de opinião. Isso acontece em toda a programação, sobretudo no telejornalismo.
Vale a pena mostrar que o jornalismo televisivo é uma construção discursiva, que, como tal, revela uma
visão de mundo. Assim, a escolha sobre o que deve ou não ser mostrado envolve sempre uma opinião. Não
existe critério absoluto para distinguir o que é notícia do que não é. E, no grupo das notícias, escolher as
que são mais ou menos relevantes ou as que merecem mais ou menos espaço é igualmente difícil.
Os dois exercícios que propusemos promovem uma ampla reflexão sobre o papel social dos âncoras
de telejornais. O exercício 5 se baseia numa declaração controversa de William Bonner, que fez uma com-
paração que muitos consideraram pejorativa ao público habitual do Jornal Nacional. Bonner tentou se
explicar em nota, mas nem todos aceitaram suas justificativas. Já o exercício 6 parte de uma declaração
polêmica de Boris Casoy, captada inadvertidamente. O preconceito presente em sua fala abalou bastante
seu prestígio, afetando a credibilidade do telejornal que ele apresentava.
PREPARE-SE
O caso de racismo de William Waack, que foi demitido da Rede Globo por causa de uma declaração vazada,
expõe algumas questões importantes: em que medida a credibilidade de um telejornal se confunde com a
de seus apresentadores? Uma declaração dada fora do ar e captada sem autorização da pessoa deve ser
usada como instrumento de crítica? Essas questões podem ser importantes para introduzir a atividade de
criação da aula seguinte.
Aula 18
A atividade de produção textual proposta começa com um texto que dá algumas informações sobre
a concentração dos meios de comunicação no Brasil, o que tem sido motivo de discussão entre especia-
listas. Limitar a propriedade de veículos de comunicação é uma ameaça à liberdade de imprensa ou à li-
berdade de expressão? Ou é desejável que, em sociedades democráticas, os monopólios da comunicação
41
GABARITO
9 a) Os estrangeiros e os paulistas.
Caderno de Estudos 3 b) Refere-se aos estrangeiros, que, depois de controlar
Produ•‹o de Texto São Paulo economicamente, começariam a ter interesses
políticos.
Cap’tulo 5 – A linguagem no universo digital: c) Devem ser interpretados como hipóteses e, mais do
pós-verdade e fake news que isso, como informações falsas sobre a Revolução
1 a Constitucionalista de 1932.
2 c 10 Resposta pessoal.
3 d 11 Resposta pessoal.
4 c 12 a) Para chamar a atenção do leitor, o articulista insere a
5 c informação dos custos da mensagem, comparando-os
6 c com a arrecadação anual do jornal em que publicou a
7 a) O comentário não está correto. Notícias falsas própria matéria: “os intervalos comerciais custaram
apresentam muito mais chance de ser compartilhadas, US$ 5,25 milhões por uma mensagem de trinta segundos.
como está explícito na seguinte passagem: “Um estudo O Washington Post reservou um spot de um minuto, lido
identificou que as fake news são 70% mais propensas a pelo ator Tom Hanks — ou seja, sua transmissão custou
ser retweetadas do que fatos verdadeiros”. mais ou menos o volume de negócios anual do Le Monde
Diplomatique”.
b) O comentário não está correto. Robôs, no Twitter,
são responsáveis tanto por notícias falsas quanto por b) O texto defende que os “autênticos lançadores de
verdadeiras. O fragmento deixa isso bastante claro: alerta nos últimos anos” não são mais os jornalistas do
“ao contrário do que muitos pensam, esses robôs não Washington Post, como aconteceu no caso Watergate.
são os grandes responsáveis por disseminar notícias Assim, embora a publicidade do jornal fale sobre a impor-
falsas”. Para confirmar isso, basta saber que “tanto os tância de transmitir “a informação, qualquer que seja seu
que espalham informações mentirosas quanto aqueles custo”, o que está explícito, o fato de o jornal ter se torna-
que divulgam dados verdadeiros alcançaram o mesmo do cliente “do departamento de publicidade da CBS”,
42
Capítulo 6 – Gêneros eletrônicos: áudio e vídeo
1 d
2 b
3 b
4 O verso “Pra minha mãezinha, já telegrafei”, que inicia a última estrofe, faz referência a um meio de comunicação que
atualmente é pouco utilizado, embora já tenha sido bem mais relevante, sinal de que o texto se passa num momento ante-
rior ao atual.
5 a) A expressão “mistério da floresta” figurativiza um fato que, não veiculado pela mídia, é como se simplesmente não
tivesse existência, portanto não provoca nenhuma repercussão política. Já “problema mundial” sugere um evento media-
do pela imprensa, ganha existência para o público e, por conseguinte, amplitude política e repercussão mundial.
b) Se 20 índios fossem assassinados e ninguém ouvisse falar, o crime não se tornaria um fato político. Caso aparecesse na
televisão, o que teria sido um mistério da floresta se tornaria um problema mundial.
6 Resposta pessoal.
7 d
8 d
9 e
10 a) A televisão, como meio de comunicação que é, funciona como elemento intermediário entre a realidade e os telespec-
tadores, que passam a ter acesso à realidade por meio do “olhar” dos jornalistas, dos editores, dos redatores, dos produ-
tores e dos diretores que, inevitavelmente, fazem uma seleção daquilo que vai ao ar. Assim, existe apenas uma impressão
de que a televisão tem “poder de tudo mostrar e tudo ver”.
b) Trata-se do pronome “tudo”, uma vez que o prefixo “oni-” tem justamente o significado de tudo, todos.
c) A expressão que mais se aproxima do significado de “ética” é “bom comportamento”. Outra opção seria “fundamen-
tos do contrato que ordenava a vida social”.
11 Resposta pessoal.
12 Resposta pessoal.
13 Resposta pessoal.
14 Resposta pessoal.
15 Resposta pessoal.
ANOTAÇÕES
PRODUÇÌO DE TEXTO
GABARITO
43
ANOTAÇÕES
44
Linguagens e suas
Vesnaandjic/E+/Getty Images
Tecnologias
ANÁLISE LINGUÍSTICA
Módulo 12 Variação linguística: língua
e identidade......................................................... 12
Módulo 13 Variação de modalidade: oralidade
e escrita................................................................. 19
Módulo 14 Variação e gramáticas: correção
e adequação ........................................................ 25
Módulo 15 Estudos linguísticos:
formas, funções e valores .............................. 35
Módulo 16 Classes de palavras nominais I:
substantivo, adjetivo, artigo e numeral.... 40
LITERATURA E ARTE
Módulo 6 A estética neoclássica e o
Arcadismo no Brasil ........................................ 55
Módulo 7 O Romantismo e a consolidação
cultural brasileira .............................................. 62
PRODUÇÃO DE TEXTO
Módulo 5 A linguagem no universo digital:
pós-verdade e fake news................................ 75
Módulo 6 Gêneros eletrônicos: áudio e vídeo ........... 83
LÍNGUA INGLESA
Módulo 8 Text Comprehension;
Relative Pronouns ............................................ 93
Módulo 9 Text Comprehension; Interrogatives ........ 101
Módulo 10 Text Comprehension; Indefinite
urbazon/E+/Getty Images
Portuguesa
Fernando MARCÍLIO Lopes Couto
HENRIQUE Santos Braga
Luciana Migliaccio (LUCY)
MAURÍCIO Soares da Silva Filho
PAULO Giovani de Oliveira
Sérgio de Lima PAGANIM
12 ANÁLISE LINGUÍSTICA COMPETÊNCIAS GERAIS C2.C4.C6
M Ó D U L O
Variação linguística:
língua e identidade
COMPETÊNCIA
Objetivos de aprendizagem Módulo previsto para 2 aulas (Aulas 25 e 26). ESPECÍFICA E
HABILIDADES DA
BNCC
. Objetivo 1: Confrontar variedades linguísticas do português, associando variantes linguísticas (lexicais
COMPETÊNCIA 4
e gramaticais) à diversidade das comunidades de falantes. (Aula 25)
EM13LGG401
. Objetivo 2: Relacionar variantes linguísticas a fatores extralinguísticos, identificando variações regio- EM13LGG402
nais, históricas e socioculturais. (Aula 26) EM13LP10
12
Aula 26
Variação
linguística e
identidade
Era mentira ainda, Zito estava na frente, não podia lhe pisar. Isso mesmo refilou o Zeca logo, adiantando no meio dos dois.
E aí Zito sorriu seu sorriso gordo e tirou o amigo.
– Deixa só, Zeca! Esse gajo anda-me procurar ainda. Chegou a hora!
Riu Bino, riu de cima da sua estatura de mais velho e arreganhou-lhe:
13
D E S E N V O LV E N D O H A B I L I D A D E S
– O quê? Queres pelejar? Ponho-te branco! a) identifique, na fala de cada um dos garotos, exemplos
E todos os miúdos seguiram atrás deles, os mais atre- de variação linguística lexical (de vocabulário) e indique
vidos satisfeitos com as partes do Bino, pondo rasteiras termos do português brasileiro para substituí-los.
para Zito cair, mas o rapaz ria sempre. Cagunfas, ele não
Para responder a essa questão, cabe incentivar a pesquisa em
era, mesmo que o Bino era mais velho e mais alto não fa-
zia mal. Sempre pelejava lá em cima com os outros mo- dicionários (físicos ou digitais, pelo celular).
nandengues nas areias vermelhas do musseque onde
Na fala de Zito (“Deixa só, Zeca! Esse gajo anda-me procurar ainda.”),
estava morar e por isso mesmo lhe adiantaram chamar
de Makoa: curtinho e gordo, mas, força como ele, só esse deve-se indicar o vocábulo gajo. Na de Bino (“O quê? Queres
peixe no anzol.
pelejar?”), deve ser indicado pelejar.
Foi ele que pôs a primeira bassula no Bino e atacou-lhe
logo um gapse mesmo no pescoço, mas os outros amigos O primeiro termo pode ser substituído por moço, rapaz e, em
do miúdo — eram três — quando viram, saltaram em cima
situações informais, cara. O segundo é sinônimo de lutar, brigar.
do Zito e surraram-lhe socos, pontapés e tudo e mesmo os
outros que estavam de fora não quiseram desapartar, fala-
vam era mesmo bem-feito, esse miúdo tinha o irmão terro-
rista, todos sabiam, e o melhor era partir-lhe a cara dessa
vez para não abusar. b) identifique, na fala dos mesmos garotos, exemplos de
E nessa hora que lhe apontaram com o dedo, mostra- variação linguística gramatical (que não sejam lexicais).
va a cara dele chorando das chapadas da professora, não
No nível gramatical, podem ser indicados o uso da segunda pessoa do
era da dor, não era da raiva desses sacristas, quatro contra
um, mesmo com o Zeca depois a defender-lhe, tinham-lhe singular (“vês”, “ponho-te”), o uso da ênclise (“anda-me” e mesmo
machucado no lábio e no nariz e ainda por cima punham
“ponho-te”) e o uso do infinitivo em locuções que, no português
mentiras na professora.
— Não sei o que ele escreveu, mas ele e o Zeca Silva têm a brasileiro, são feitas com o gerúndio (“anda-me procurar” em vez de
mania de escrever essas coisas que não nos deixam ler.
“anda me procurando”). Aproveite essa questão para lembrar que a
A professora virou-se depressa, balançando gorduras,
e chamou: variação não ocorre somente no nível do léxico, mas também no nível
— Zeca Silva!
gramatical (sobretudo na fonética e na sintaxe).
O berro encheu a sala e o miúdo levantou da cartei-
ra onde estava esquivado desde o princípio da conversa.
A mão dele, rápida, amachucou um papel pequeno.
2 A diversidade de usos linguísticos entre países lusófonos
— Vem cá, malandro. Tenho que me queixar ao teu pai,
não impede o intercâmbio literário entre essas nações. Na
para ele saber a prenda que tem. Anda cá, aproxima-te! [...]
leitura, o significado de termos desconhecidos pode, mui-
VIEIRA, Luandino. Zito Makoa, da 4ª classe. In: CHAVES, Rita (org). tas vezes, ser deduzido pelo contexto. Levando isso em
Contos africanos. São Paulo: Ática, 2009. p. 124-125.
consideração,
14
3. b) Os termos são variantes regionais, mas não são gírias, já que não são restritos d) Não é possível atribuir esse juízo de valor às variedades de cada país, ambas
a um universo sociocultural específico; miúdo, inclusive, é termo conhecido diferentes entre si; além disso, na variedade culta, a construção verbal do
da variedade portuguesa. trecho seria “anda-me a procurar”.
c) Essa variante ocorre na fala dos meninos e da professora. e) Não é possível localizar esse reflexo no vocabulário adotado.
D E S E N V O LV E N D O H A B I L I D A D E S
b) desde o ano de 2013, está em vigor um acordo orto- a fazer sentido quando joguei a palavra na Hemeroteca e
gráfico cujo intuito é promover maior unidade linguís- descobri que os jornais cariocas daquele período publica-
tica entre as nações que têm o português como língua vam notinhas sobre os muito velhos numa seção intitulada
oficial. Por que, nos vocábulos destacados no item an- Macróbios, como neste registro do Jornal do Commercio, do
terior, não se veem reflexos dessa unificação? Rio de Janeiro, de 11 de setembro de 1874:
Um acordo ortográfico regula exclusivamente a grafia dos vocábulos MACROBIOS – O vigario de Quixadá (districto de
Quixeramobim, na provincia do Ceará) communicou os
(foi esse acordo que, por exemplo, suprimiu o acento que diferenciava
seguintes casos de longevidade: Antonio da Silva Pes-
“para” [verbo] e “para” [preposição], ou que determinou o não uso de soa, pardo, casado, mora no lugar Barra, na ribeira do
Cangaty. Conta este velho patriarcha 109 annos. Tem
hífen em termos como “autorretrato”). Os casos analisados aqui são
uma prole numerosa. Está cego, mas goza ainda de to-
exemplos de variação lexical, ou seja, uma variação que envolve dos as suas faculdades. Falla muito de sua mocidade.
Ignacia Maria do Espirito-Santo, parda, viuva, conta 110
vocábulos específicos de certa comunidade de falantes. annos. Mora na ribeira do Cangaty, em casa do Sr. Joa-
quim Pereira de Queiroz. Goza de suas faculdades. Can-
ta ainda decimas que aprendeu quando menina, diz
ella. Maria Francisca (conhecida por Mulata), conta 106
annos, india, mora em cima da serra do Teixeira. Foi uma
das primeiras pessoas que forão habitar naquella serra.
3 A variedade do português adotada no conto an-
É mãi de numerosa familia. Já lhe vão faltando as ouças.
golano “Zito Makoa, da 4ª classe” permite inferir que:
THOMSON-DEVEAUX, Flora. A gestação do menino diabo. Piauí,
a) a influência de idiomas locais deixou marcas na varie- jun. 2020. Disponível em: https://piaui.folha.uol.com.br/materia/
dade angolana, tornando-a incompreensível a brasilei- gestacao-do-menino-diabo/. Acesso em: 22 jun. 2020.
b) Adotando o registro formal contemporâneo, reescreva a seguinte frase do excerto: “Já lhe vão faltando as ouças”.
Convém aproveitar essa questão para orientar os alunos a, quando lerem textos literários mais antigos, buscar identificar pelo contexto certos significados.
Entre outras opções, pode-se reescrever a frase assim: “A audição dela já está prejudicada.”
Texto II
Antes de passar à
5 O editorial (texto I) menciona o “juridiquês”, nome informal que se dá aos termos técnicos utilizados por profissionais
do Direito. Pode-se afirmar que as variantes linguísticas integrantes desse universo são casos de variação:
a) oral.
b) histórica.
c) geográfica.
d) sociocultural.
e) socioeconômica.
6 O humor da tira é construído fundamentalmente com base no que o fragmento do editorial considera um caso
de:
a) linguagem técnica. O editorial opõe, no primeiro parágrafo, a linguagem técnica das profissões e o abuso
de termos desconhecidos como forma de autovalorização diante dos leigos, julgando
b) vocabulário preciso. esta postura um tipo de “vã gabolice” (algo como uma “autovalorização enganosa”).
c) vã gabolice.
d) boa comunicação.
e) abusos do “juridiquês”.
16
Orientação de estudo Sugestão de divisão aula a aula:
Aula 25: objetivo 1 Aula 26: objetivo 2
Material de consulta: Caderno de Estudos 3 – Análise linguística – Capítulo 12: Variação linguística:
língua e identidade
Objetivo de
Tarefa Mínima Tarefa Complementar Tarefa Desafio
aprendizagem
• Leia o item 1 da seção Neste • Leia o item 1 do Capítulo 12. • Faça a questão 8 do
Módulo. Capítulo 12.
1 • Faça as questões 4 a 7 do
• Faça as questões 1 a 3 do Capítulo 12.
Capítulo 12.
• Leia o item 2 da seção Neste • Leia o item 2 do Capítulo 12. • Faça as questões 17 e 18 do
Módulo. Capítulo 12.
2 • Faça as questões 12 a 16 do
• Faça as questões 9 a 11 do Capítulo 12.
Capítulo 12.
PREPARE-SE
No próximo módulo, você estudará a variação que ocorre entre a oralidade e a escrita. Para começar a compreender diferenças
entre essas modalidades, assista a esta breve entrevista sobre o tema, disponível em: https://globoplay.globo.com/v/8637149/?utm_
source=whatsapp&utm_medium=share-bar&fbclid=IwAR08MGUZtfd3P1YSg4vwj4wwHPxpvKqymb_hEiFOBieB3VavjSyPLEmDTDU.
Acesso em: 28 jul. 2020.
EX TRAS!
Aula 25
Exercício para explorar a associação entre variação linguística e identidade cultural. O tema do Museu da Língua Portuguesa oferece oportunidade para
1 discutir a língua como patrimônio imaterial e a preservação de suas nuances em um museu.
O acervo do Museu da Língua Portuguesa é o nosso idioma, um “patrimônio imaterial” que não pode ser, por isso, guardado e
exposto em uma redoma de vidro. Assim, o museu, dedicado à valorização e difusão da língua portuguesa, reconhecidamente im-
portante para a preservação de nossa identidade cultural, apresenta uma forma expositiva diferenciada das demais instituições
museológicas do país e do mundo, usando tecnologia de ponta e recursos interativos para a apresentação de seus conteúdos.
Disponível em: www.museulinguaportuguesa.org.br. Acesso em: 16 ago. 2012 (adaptado).
De acordo com o texto, embora a língua portuguesa seja um “patrimônio imaterial”, pode ser exposta em um museu. A re-
levância desse tipo de iniciativa está pautada no pressuposto de que:
a) a língua é um importante instrumento de constituição social de seus usuários.
b) o modo de falar o português padrão deve ser divulgado ao grande público.
c) a escola precisa de parceiros na tarefa de valorização da língua portuguesa.
d) o contato do público com a norma-padrão solicita o uso de tecnologia de última geração.
e) as atividades lúdicas dos falantes com sua própria língua melhoram com o uso de recursos tecnológicos.
ANÁLISE LINGUÍSTICA
a) Explique o recurso utilizado para caracterizar o modo de falar das personagens na tira.
b) É possível afirmar que esse modo de falar caracterizado na tira é exclusivo do universo rural brasileiro? Justifique.
Aproveite o exercício a seguir para discutir a noção de norma, tal como apresentada no final do texto, bem como as mudanças por que passa a variedade
3 padrão do português do Brasil.
Há certos usos consagrados na fala, e até mesmo na escrita, que, a depender do estrato social e do nível de escolaridade
do falante, são, sem dúvida, previsíveis. Ocorrem até mesmo em falantes que dominam a variedade padrão, pois, na verdade,
revelam tendências existentes na língua em seu processo de mudança que não podem ser bloqueadas em nome de um “ideal
linguístico” que estaria representado pelas regras da gramática normativa. Usos como ter por haver em construções existen-
ciais (tem muitos livros na estante), o do pronome objeto na posição de sujeito (para mim fazer o trabalho), a não concordância
das passivas com se (aluga-se casas) são indícios da existência não de uma norma única, mas de uma pluralidade de normas,
entendida, mais uma vez, norma como conjunto de hábitos linguísticos, sem implicar juízo de valor.
CALLOU, D. Gramática, variação e normas. In: VIEIRA, S. R.; BRANDÃO, S. (orgs). Ensino de gramática: descrição e uso. São Paulo: Contexto, 2007 (fragmento).
ANOTAÇÕES
18
13 ANÁLISE LINGUÍSTICA
M Ó D U L O
Variação de modalidade:
oralidade e escrita
COMPETÊNCIA
Objetivos de aprendizagem Módulo previsto para 2 aulas (Aulas 27 e 28). ESPECÍFICA E
HABILIDADES DA
. Objetivo 1: Distinguir oralidade e escrita, reconhecendo características peculiares dos textos produ-
BNCC
Ponto de partida:
Neste módulo Aula 27
Aula 27 Para iniciar a reflexão sobre
variação de modalidade,
1 Oralidade e escrita: diferentes modalidades de sugerimos fazer esta per-
gunta: “Quando o âncora de
um telejornal noticia aconte-
produção textual cimentos, estamos diante
de um texto oral ou escri-
to?” (normalmente, trata-se
Oralidade Escrita de um texto escrito que é
veiculado oralmente). Com
Como ocorre a interação entre Face a face: interlocutores estão em contato Afastada: interlocutores que interagem por base nessa reflexão, convém
ao mesmo tempo que interagem por meio meio do texto podem estar distantes no introduzir a ideia de que a
os interlocutores? do texto. tempo e no espaço. oralidade e a escrita podem
ser vistas como extremos de
Em relação à interação, quando uma gradação: entre a con-
Simultaneamente à interação. Anteriormente à interação. versação mais espontânea
ocorre a produção do texto? e a redação de um projeto
de lei (pensado, discutido e
Quando o enunciador planeja revisto muitas vezes), exis-
O texto é planejado à medida que vai sendo O enunciador planeja o texto antes de
tem graus intermediários de
seu enunciado? produzido. apresentá-lo.
planejamento.
Após a reflexão e a discussão
O que acontece com as marcas inicial, recomendamos usar a
Permanecem aparentes. São suprimidas pelo enunciador.
do planejamento do texto? tabela ao lado para conduzir
uma atividade investigativa.
Você pode apresentar as
Aula 28
de e escrita (sistematizando
as diferenças na tabela indi-
Imitação da pronúncia Imitação da interação cada na aula anterior), você
Grafia dos vocábulos não segue ortografia padrão Texto escrito simula interação face a face por meio pode retomar a variação de
para simular certa pronúncia (pra em vez de para, ou de variados recursos linguísticos: marcadores discur- modalidade com estas ques-
chegá em vez de chegar, por exemplo). sivos, reformulações, hesitações, interrupções, etc . tões: “Quando marcas de ora-
lidade são bem-vindas em um
texto escrito? Por que isso acontece?”. Provalvelmente a turma concluirá que tais marcas são cabíveis em textos que buscam imitar a oralidade, mas as razões dessa imitação são
menos óbvias: criar verossimilhança (especialmente em textos ficcionais) e estabelecer proximidade com o leitor. 19
Com base no esquema acima, você pode distinguir as marcas de oralidade antes de passar aos exercícios.
DESEN V OLV ENDO H A BIL ID A DE S
Aula 27
O fragmento seguinte foi transcrito do episódio 76 do podcast Mamilos. No programa, o tema central foi uma ação judicial
contra o aplicativo de mensagens WhatsApp, exigindo a quebra de sigilo de usuários quando isso fosse solicitado em inves-
tigações. Leia-o para responder às questões 1 a 3.
[...]
Cris: Então vamos lá, Cris de Luca, vamos falar um pouco sobre o que que a justiça quer?
Cris de Luca: A justiça quer ter acesso às informações que são trocadas no aplicativo. Então como é que a gente usa o
WhatsApp? Para mandar e receber informação em conversas que são conversas privadas. Uma conversa de um pra um ou
de um pra muitos quando você está num grupo, mas que só aquele grupo tem acesso. O que é que a justiça alega? Que o
WhatsApp, como qualquer outra ferramenta de comunicação, tá sendo usada por bandidos para cometer crimes. E ao inves-
tigar esses delitos, qualquer crime que seja, pode ser um crime político – a gente vai entrar numa eleição agora, por exemplo,
que o WhatsApp vai ser bastante usado – então tem uma preocupação muito grande do que que vai acontecer em função da
legislação se for pego um crime eleitoral, como é que isso vai acontecer. Até outros crimes de pedofilia e terrorismo que são
as coisas mais difíceis de você ser até contra o fato do WhatsApp não estar entregando o dado, né? Porque o que que a gente
está vendo aí? Na verdade, a gente está diante de um dilema que é um dilema de todos nesse mundo que tá ficando cada vez
mais digital, que é a segurança do indivíduo contraposta à segurança do coletivo, né? Então assim1, quando um deve preva-
lecer sobre o outro, como é que a gente trata isso de forma diferenciada? Então…
Ju: é o quanto da nossa liberdade a gente está disposto a ceder em troca de segurança.
Cris de Luca: isso
Ju: pedaço por pedaço por pedaço até que a gente não tenha liberdade alguma. Esse é o maior medo, certo?
Cris de Luca: Isso. E lembrando que a gente hoje já oferece hoje em troca de alguns benefícios muito da nossa liberdade e
muito daquilo que a gente gostaria de manter privado.
Cris: É justamente a pergunta se se está realmente mais segu-
ro ao ceder, né? Eu queria deixar claro o que que é, qual que é a
Para saber mais lei que o ministério público tá se pegando, porque é uma lei nova,
então muita gente pode não conhecer. O que que a gente tá falan-
A Lei n. 12.965/2014 é popularmente conhecida
como Marco Civil da Internet. O texto estabelece
do aqui é o artigo 11 do Marco civil da internet: ele determina que
direitos e deveres para usuários da rede e para em- empresas que prestam serviço no Brasil ou a brasileiros, ou seja, a
presas, com foco principal em garantir a privacida- empresa não precisa estar aqui, ainda que não possuam filiais de-
de dos usuários, a liberdade de acesso e a transpa- vam observar a lei brasileira quanto aos procedimentos de coleta,
rência no armazenamento de dados pessoais. armazenagem, guarda ou tratamentos de dados de registro, dados
pessoais ou dados de comunicação. Então, o Ministério Público
deixa claro que algumas empresas que, empresas se negarem a
guardar os registros de acesso pelo período legal e algumas não
Para saber mais tem período determinado ou se apagam antes desse prazo deter-
Até o ano de 2016, o aplicativo WhatsApp havia minado, vêm descumprindo sistematicamente a ordem judicial
sido bloqueado quatro vezes no Brasil, como con- brasileira, o que dificulta mesmo ou inviabiliza a responsabiliza-
sequência de diferentes pedidos judiciais. Todos ção cível e criminal de autores dos atos ilícitos na internet.
tinham em comum a solicitação de acesso a con- Cris de Luca: mas aí é que tá a questão, porque assim2, foram 4
versas pessoais de indivíduos investigados em in- pedidos de bloqueio, três que foram efetivos, né? O último pedido
quéritos judiciais. de bloqueio é diferente de todos os outros porque o último pedi-
do de bloqueio foi em função dessa conversa mesmo, que queria
se estabelecer um grampo. Eu queria ter acesso ao que as pessoas
estavam conversando, né? Os outros dois pedidos de bloqueio eram coisas que deveriam estar armazenadas e aí o que o que
que o WhatsApp alega? Que nada fica armazenado com ele, né, durante algum tempo aquilo passa pelos servidores, mas ele
entrega ponto a ponto. Então, sai do meu celular, passa pelo servidor do WhatsApp, chega no seu celular.
Cris: Só pras pessoas entenderem, como que o sistema funciona é mais ou menos como o correio.
Cris de Luca: é
Cris: então uma pessoa escreve a carta, lacra a carta, entrega para o carteiro, o carteiro é o WhatsApp. Vai entregar a carta
pra outra pessoa que vai abrir.
20
D E S E N V O LV E N D O H A B I L I D A D E S
1 Em diálogos orais, os interlocutores participam conjuntamente da elaboração do texto, em um fluxo constituído por mais de
uma voz. No exemplo transcrito, Este exercício está relacionado à primeira questão da investigação proposta:
“Como ocorre a interação entre os interlocutores?”. Cabe explorar as marcas
a) identifique uma marca que evidencia essa construção conjunta. que mostram a construção conjunta do texto para destacar a interação face
a face entre os interlocutores.
Há uma série de falas iniciadas por elementos anafóricos (“isso”, “mas aí é que tá a questão”, “essa é uma boa analogia”) que podem ser mencionados. Além
disso, as duas falas da locutora Ju podem ser citadas por complementar um tópico da fala anterior.
A explicação deve ser coerente com o exemplo citado no item a, apontando que ocorre retomada ou complementação entre a fala introduzida e a anterior.
2 No diálogo lido, os marcadores conversacionais né? e certo? assumem papéis semelhantes, mas não idênticos. Tendo isso
em mente, diferencie a função do marcador né? na primeira fala de Cris de Luca e a do marcador certo? na segunda inter-
venção da apresentadora Ju. Este segundo exercício está relacionado à segunda questão da investigação proposta: “Em relação à interação, quando ocorre
a produção do texto?”.
Na fala de Cris de Luca, o marcador né? serve para demarcar a interação entre as interlocutoras: com ele, a enunciadora busca adesão da enunciatária a seu
discurso. Na fala de Ju, o marcador não apenas serve para buscar adesão, mas também demarca o fim do enunciado, passando a palavra à outra participante.
Marcadores conversacionais: elementos próprios da língua falada, utilizados para demarcar a articulação entre os interlocutores (articulação interpessoal) e
entre as passagens do texto oral (articulação coesiva). O exercício 3 está relacionado às duas questões finais da investigação proposta: “Quando o enunciador
planeja seu enunciado?” e “O que acontece com as marcas do planejamento do texto?”.
3 Nas expressões “então assim” e “porque assim” (referenciadas como 1 e 2 no texto), o marcador conversacional assim e as
pausas que o sucedem estão relacionadas ao planejamento textual. Explique como isso ocorre.
O essencial é que os alunos percebam que, em ambas as expressões, o termo assim não assume um valor referencial (ou seja, sua função não é expressar um
#cultura_digital
ANÁLISE LINGUÍSTICA
A transcrição do podcast aborda outro gênero do universo digital: as mensagens de aplicativos. Conside-
rando sua experiência de troca de mensagens, você diria que o modo de produzir textos orais nesses
meios é idêntico à produção oral nos diálogos? Por quê?
Aproveite a reflexão do boxe para comentar que os gêneros orais têm diferentes graus de planejamento. No caso das mensagens orais em aplicativos, a interação não ocorre
face a face, o que dá aos interlocutores a possibilidade de planejarem com mais tempo o que vão dizer.
21
4. a) Tal uso ocorre também entre os escolarizados. d) O marcador então indica a retomada do fluxo da fala, sem valor temporal no contexto.
b) Trata-se de um marcador que indica o final da fala; não está associado à comple- e) O marcador é utilizado para reformular o enunciado segundo o qual Vivinha estaria
xidade do enunciado. bem de saúde.
c) As expressões indicam que ele planejava o discurso, mas a finalidade do telefonema
era clara: a reconciliação.
5. Caso a turma não esteja familiarizada com a obra, é recomendável contextua-
D E S E N V O LV E N D O H A B I L I D A D E S lizar que Brás Cubas é o famoso “defunto autor” machadiano.
Aula 28
4 Leia o texto para responder à questão. as pirâmides do Egito, talvez a finada dieta germânica.
Antes de resolver as questões seguintes, recomendamos Veja o leitor a comparação que melhor lhe quadrar, veja-a
Bobagem revisar o quadro que distingue oralidade e escrita.
e não esteja daí a torcer-me o nariz, só porque ainda não
Emocionado e um pouco bêbado, aos cinco minutos chegamos à parte narrativa destas memórias. Lá iremos.
do ano-novo ele resolveu telefonar para o velho desafeto. Creio que prefere a anedota à reflexão, como os outros
– Alô? leitores, seus confrades, e acho que faz muito bem. Pois
– Alô. Sou eu. lá iremos. Todavia, importa dizer que este livro é escrito
– Eu quem? com pachorra, com a pachorra de um homem já desa-
– Eu, pô. frontado da brevidade do século, obra supinamente filo-
O outro fez silêncio. Depois disse: sófica, de uma filosofia desigual, agora austera, logo brin-
–Ah. É você. calhona, coisa que não edifica nem destrói, não inflama
– Olha aqui, cara. Eu estou telefonando pra te desejar nem regala, e é todavia mais do que passatempo e menos
um feliz ano-novo. Entendeu? do que apostolado.
– Obrigado. MACHADO DE ASSIS. Memórias póstumas de Brás Cubas. Disponível em:
http://machado.mec.gov.br/obra-completa-lista/itemlist/category/23-romance.
– Obrigado, não. Olha aqui. Sei lá, pô... Acesso em: 30 jul. 2020.
– Feliz ano-novo pra você também.
Entre outras marcas de estilo, destaca-se em Memórias
– Eu nem me lembro mais por que nós brigamos. Juro
póstumas de Brás Cubas a interlocução estabelecida pelo
que não me lembro.
narrador. Tendo isso em mente,
– Eu também não lembro.
a) cite dois recursos utilizados para criar o efeito de con-
– Então, grande. Como vai Vivinha?
versa com o leitor.
– Bem, bem. Quer dizer, mais ou menos. As enxaque-
cas... Ele ficou engasgado. De repente se deu conta de que O narrador se dirige explicitamente à figura do leitor e simula uma
tinha saudades até das enxaquecas da Vivinha. Como po-
diam ter passado tantos anos sem se ver? conversa, como se planejasse o texto durante a interação.
VERISSIMO, Luís Fernando. Bobagem. Comédias para se ler na escola.
Rio de Janeiro: Objetiva, 2001.
22
Orientação de estudo Sugestão de divisão aula a aula:
Aula 27: objetivo 1 Aula 28: objetivo 2
Material de consulta: Caderno de Estudos 3 – Análise linguística – Capítulo 13: Variação de modalidade:
oralidade e escrita
Objetivo de
Tarefa Mínima Tarefa Complementar Tarefa Desafio
aprendizagem
• Leia o item 1 da seção Neste • Leia o item 1 do Capítulo 13. • Faça a questão 7 do
Módulo. Capítulo 13.
1 • Faça as questões 4 a 6 do
• Faça as questões 1 a 3 do Capítulo 13.
Capítulo 13.
• Leia o item 2 da seção Neste • Leia o item 2 do Capítulo 13. • Faça a questão 14 do
Módulo. Capítulo 13.
2 • Faça as questões 11 a 13 do
• Faça as questões 8 a 10 do Capítulo 13.
Capítulo 13.
EX TRAS!
Aula 27
A questão pode ser útil para a discussão sobre as diferenças entre as modalidades oral e escrita, bem como o julgamento de valor que se faz em relação
1 a cada uma das modalidades, especialmente quando se trata do uso de uma pela outra.
Reprodução/ENEM, 2009.
Na parte superior do anúncio, há um comentário escrito à mão que aborda a questão das atividades linguísticas e sua rela-
ção com as modalidades oral e escrita da língua. Esse comentário deixa evidente uma posição crítica quanto a usos que se
fazem da linguagem, enfatizando ser necessário:
a) implementar a fala, tendo em vista maior desenvoltura, naturalidade e segurança no uso da língua.
b) conhecer gêneros mais formais da modalidade oral para a obtenção de clareza na comunicação oral e escrita.
c) dominar as diferentes variedades do registro oral da língua portuguesa para escrever com adequação, eficiência e
ANÁLISE LINGUÍSTICA
correção.
d) empregar vocabulário adequado e usar regras da norma-padrão da língua em se tratando da modalidade escrita.
e) utilizar recursos mais expressivos e menos desgastados da variedade padrão da língua para se expressar com alguma
segurança e sucesso.
23
EXTRAS!
Aula 28
2 Sugerimos a retomada do tema da identidade cultural associada à variação, considerando, aqui, as marcas de oralidade que contribuem também
para a sonoridade e a expressividade da canção.
Cuitelinho
Cheguei na bera do porto
Onde as onda se espaia.
As garça dá meia volta,
Senta na bera da praia.
E o cuitelinho não gosta
Que o botão da rosa caia.
Quando eu vim da minha terra,
Despedi da parentaia.
Eu entrei em Mato Grosso,
Dei em terras paraguaia.
Lá tinha revolução,
Enfrentei fortes bataia.
A tua saudade corta
Como o aço de navaia.
O coração fica aflito,
Bate uma e outra faia.
E os oio se enche d’água
Que até a vista se atrapaia.
Folclore recolhido por Paulo Vanzolini e Antônio Xandó. BORTONI-RICARDO, S. M. Educação em língua materna. São Paulo: Parábola, 2004.
Transmitida por gerações, a canção “Cuitelinho” manifesta aspectos culturais de um povo, nos quais se inclui sua forma de
falar, além de registrar um momento histórico. Depreende-se disso que a importância em preservar a produção cultural de
uma nação consiste no fato de que produções como a canção “Cuitelinho” evidenciam a:
a) recriação da realidade brasileira de forma ficcional.
b) criação neológica na língua portuguesa.
c) formação da identidade nacional por meio da tradição oral.
d) incorreção da língua portuguesa que é falada por pessoas do interior do Brasil.
e) padronização de palavras que variam regionalmente, mas possuem mesmo significado.
ANOTAÇÕES
24
14 ANÁLISE LINGUÍSTICA
M Ó D U L O
Variação e gramáticas:
correção e adequação
COMPETÊNCIA
Objetivos de aprendizagem Módulo previsto para 2 aulas (Aulas 29 e 30). ESPECÍFICA E
HABILIDADES DA
. Objetivo 1: Fazer distinção entre registro formal e informal, identificando os efeitos gerados pelo
BNCC
Ponto de partida:
Neste módulo Aula 29
Aula 29 Os registros de formalida-
de e informalidade são tão
1 Registros formal e informal presentes na linguagem
dos alunos que não será
necessário grande esforço
Diferentes graus de intimidade caracterizam o espaço social interindividual. A língua produ- para provocar uma reflexão
zida segundo esse eixo é denominada registro, em que se reconhece o informal (ou coloquial) e inicial sobre essas duas no-
ções. Sugerimos começar
o formal (ou refletido). Falamos inteiramente “à vontade” com nossa família e com nossos amigos. perguntando por filmes na-
cionais em que há uma evi-
Falamos com mais cuidado, escolhendo as palavras e refletindo mais sobre a impressão que vamos dente modulação de regis-
dar, quando falamos com pessoas desconhecidas. tros linguísticos conforme a
situação de comunicação.
CASTILHO, Ataliba de. Nova gramática do português brasileiro. São Paulo: Contexto, 2010. p. 211. Em Tropa de elite, por exem-
plo, fica evidente a diferença
Fabiane Langona/Folhapress
valores culturais e bens simbólicos que nela circulam também estão dispostos em escalas hierar-
quizadas que vão do “bom” ao “ruim”, do “certo” ao “errado”, do “feio” ao “bonito” etc. E entre esses
valores culturais e bens simbólicos está a língua, certamente o mais importante deles.
BAGNO, Marcos. Gramática pedagógica do português brasileiro. São Paulo: Parábola Editorial, 2012. p. 936-937.
25
Tudo indica que os falantes possuem um repertório linguístico que pode variar dependendo
de onde se encontram e com quem falam. Em ambientes mais descontraídos, entre pessoas com
quem se tem maior intimidade ou quando são informais. Esses mesmos falantes, em ambientes de
maior formalidade, entre pessoas que não conhecem, entre pessoas de posição hierárquica dife-
rente, ou em situações em que estão autoconscientes quanto à linguagem, são capazes de adaptar
sua maneira de falar e usar com maior frequência as variantes de prestígio, segundo as normas.
MACEDO, Alzira Verthein Tavares de. Linguagem e contexto. In: MOLLICA, Maria Cecilia; BRAGA, Maria Luiza (org.).
Introdução à sociolinguística: o tratamento da variação. São Paulo: Contexto, 2010. p. 59.
© Fernando Gonsales/Acervo do cartunista
Embora o pronome
vossos tenha caído
em desuso no
moderno português,
ele é coerente com o
tom cerimonioso da
sessão espírita
retratada na tirinha.
1 Na crônica a seguir, a roteirista Tati Bernardi relata pecu- rada e o cobertor amaciado em sebo e o lençol esgarçado
liares experiências de uma viagem a um hotel-fazenda e os inseticidas elétricos derretidos) serão levados em con-
paulista. Leia-a para responder às questões a seguir. sideração quando eu decidir sair correndo sem pagar a tal
Nesse feriado, decidi ser muito infeliz em um hotel-fa- multa por “abandono de perrengue antes da data”. [...]
zenda pertinho de São Paulo. Eu estava de boas aqui, no A brinquedoteca, que no site parecia o mundo en-
meu confortável e impecavelmente limpo apartamento, cantado da mais pura diversão, estava tão suja e caindo
com plantas, mantas e Netflix, mas pensei: Ah, não, eu pre- aos pedaços que não pude me controlar e chorei. O des-
ciso gastar muito dinheiro para sofrer ou não serei mais caramento que se vale da ingenuidade de crianças é um
uma paulistana trouxa enganada por fotos de hotéis. soco muito violento no plexo solar. Quando meu marido
Ao chegar lá, o cheiro da bosta dos cavalos impreg- adentrou com minha filha na piscina de bolinhas, cheguei
nou minhas narinas para todo o sempre. Eu já estou de a googlar “tétano” e “berne”, mesmo sabendo que nenhum
volta a São Paulo há mais de 24 horas e ainda sinto o odor deles fazia sentido naquele momento. Estranho como aca-
da desconsideração. Legal que tem cavalo, mas custa bamos pagando fortunas para ir a lugares que não iríamos
dar um jeitinho de a fedentina não penetrar nos quartos nem se nos pagassem.
e na alma do adulto pagante? [...] No site, o quarto pare- BERNARDI, Tati. Infeliz num hotel-fazenda. Folha de S.Paulo, 23 nov. 2020. Disponível em:
https://www1.folha.uol.com.br/colunas/tatibernardi/2018/11/infeliz-num-hotel-fazenda.
cia um passaporte irrestrito para a paz e o refinamento. shtml. Acesso em: 3 ago. 2020.
Ah, amigos, tenho quase 40 anos, trabalho muito, e se
a) O texto mescla linguagem culta (formal) e popular (in-
tem uma coisa de que faço questão é me mimar, vez ou
formal), às vezes até desbocada. Identifique expressões
outra, com tranquilidade e luxo. Pois a realidade estava
que exemplifiquem o registro coloquial empregado no
mais para uma tragédia, ainda que arquitetônica. O cha-
texto.
lé tinha um andar e meio. A cama ficava no meio andar
de cima e, para deitar, era preciso “dar um peixinho”. Se Ilustram bem a variação popular (informal) da linguagem expressões
você andasse ereto, o cocuruto batia no tijolo. “Rústico”
como: “estava de boas aqui”; “paulistana trouxa”; “bosta dos cavalos”;
é a desculpa que uma hotelaria safada dá para cobrar
alguns mil reais depois de uma obra que custou vintão. “Legal que tem cavalo”; “dar um peixinho”; “hotelaria safada”; “custou
A maquiagem marqueteira que apelida a torta do jantar
vintão”; “abandono de perrengue”; “cheguei a googlar”.
feita com as sobras do almoço de “torta rústica” deveria
ser proibida. [...]
Eu quero é saber se o secador de cabelo e o interfone
quebrados (e a tomada do frigobar em curto e a toalha fu-
1. Na crônica, expressões do registro informal contribuem para delinear o desgosto da enunciadora em relação às experiências vividas
26 em um hotel-fazenda. Convém ressaltar que recursos linguísticos como esse são fundamentais na construção do texto ficcional.
D E S E N V O LV E N D O H A B I L I D A D E S
b) Explique o papel que desempenha o registro linguísti- fome! Coisas tão comum aqui no Brasil. Fitei o seu uniforme
co informal em relação às opiniões do enunciador a descorado. O senhor Kubstchek que aprecia pompas devia
respeito dos serviços de hospedagem. dar outros uniformes para os carteiros. Ele olha-me com o
meu saco de papel. Percebi que ele confia em mim. As pes-
A coloquialidade da linguagem intensifica a desaprovação do
soas sem apoio igual ao carteiro quando encontra alguém
enunciador em relação aos serviços do hotel e contribui para criar a que condoi-se deles, reanimam o espirito.
JESUS, Carolina Maria de. Quarto de despejo. São Paulo: Ática, 1995. p. 69.
imagem de alguém não apenas insatisfeita, mas muito irritada com as
a) Os desvios em relação às convenções de escrita (orto-
grafia e acentuação) são uma primeira evidência do re-
experiências que viveu.
gistro coloquial da linguagem que dá forma e expressi-
vidade ao texto de Carolina Maria de Jesus. Transcreva
c) Todas as experiências negativas descritas no texto po- trechos que exemplificam essa variante informal, com-
dem realmente ter acontecido ou podem ter sido cria- parando-os com o seu correspondente registro formal.
das – total ou parcialmente. Realidade ou fantasia, dis-
cuta como o registro linguístico coloquial ajudou a Há vários trechos em que a norma-padrão é substituída por outras formas
Se, por um lado, o exagero com que as situações são descritas pode • “Tem pessoa que [...] saem da janela ou fecham as portas” (no lugar de “Há
levar à desconfiança de que se trata de uma criação literária (total ou pessoas que saem da janela ou fecham as portas” ou “Há quem saia/feche”);
parcial), por outro, todos os eventos são descritos com muita • “Não aproximei porque ele não gosta que pega” (no lugar de “Não me
verossimilhança. A linguagem coloquial e a intensidade emocional que aproximei porque ele não gosta que peguem”);
ela carrega criam a impressão de que a enunciadora do texto está • “Prefere vê estragar do que deixar seus semelhantes aproveitar” (no
mesmo furiosa com tudo o que viveu. É exatamente essa lugar de “Prefere ver estragar a deixar seus semelhantes aproveitarem”);
emotividade construída pela linguagem que nos faz crer que as • “Quando ele afastou-se eu fui pegar uns tomates” (no lugar de “Quando
situações descritas foram realmente vividas, a ponto de despertar ele se afastou eu fui pegar uns tomates”);
tamanha irritação. • “Coisas tão comum aqui no Brasil” (no lugar de “Coisas tão comuns
maga-os. Mas a humanidade é assim. Prefere vê estragar especial no de grupos sociais menos escolarizados, mais pobres e
do que deixar seus semelhantes aproveitar. Quando ele
ANÁLISE LINGUÍSTICA
afastou-se eu fui pegar uns tomates. Depois fui catar mais marginalizados, a coloquialidade, nesse contexto, confere verossimilhança
papeis. Encontrei o Sansão. O carteiro. Ele ainda não cortou ao discurso da narradora-personagem: sua condição socioeconômica
os cabelos. Ele estava com os olhos vermelhos. Pensei: será
que ele chorou? Ou está com vontade de fumar ou está com se manifesta contundentemente nos temas e na sua linguagem simples
2. Leitura obrigatória para o vestibular da Unicamp, Quarto de despejo traz o relato do cotidiano de uma mulher pobre que cata papel, ferro e latas para garantir a própria
sobrevivência e a dos filhos; além disso, ela registra suas impressões a respeito da dura vida que leva. Na obra, a autora usa uma linguagem coloquial mesclada com
elementos da oralidade. A intenção maior desta questão é mostrar a função da variação informal para a construção desse contexto.
27
D E S E N V O LV E N D O H A B I L I D A D E S
e popular. Além disso, a obra como um todo ganha o status de trução do sentido pretendido. Elabore uma hipótese
que explique por que o jornal optou por essa estratégia.
literatura-verdade, que impressiona pelo realismo da linguagem, da
O substantivo pessoa, no singular, determina que os verbos associados descomplicada. Nesse contexto, o uso de imagens torna a produção de
a ele concordem também no singular (sai e fecha). Entretanto, o plural sentido mais veloz e participativa.
d) Você acredita que, mesmo criando efeitos discursivos modo, atenuar-se-á, em médio e longo prazo, o impacto
importantes para a matéria, a adoção do registro lin- nocivo do controle comportamental moderno, e a socie-
guístico coloquial na manchete conta com ampla apro- dade alcançará o estágio da maioridade kantiana.
vação social? Sustente seu ponto de vista de forma BRASIL. Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep).
consistente com, ao menos, um argumento. A redação no Enem 2019: cartilha do participante. Brasília, 2019. p. 41.
nesse registro. Esse novo cenário digital colaboraria com a aceitação de Alguns exemplos lexicais da variante culta da língua: “Em suma”;
registros mais coloquiais em grandes veículos de comunicação. “manipulação comportamental”; “filosofia criticista”; “raciocínio
Já para defender a opinião de que a informalidade no jornal não contaria autônomo”; “plenitude de seus usuários”; “uso indevido”; “é viável por
com ampla aprovação social, pode-se argumentar que o preconceito intermédio”; “impacto nocivo”.
público-alvo. Em suma:
Tal ação:
termédio da restrição do acesso, por parte de entidades
políticas, aos algoritmos e informações privadas de pre- Faz menção à restrição do uso indevido de dados privilegiados pelas
ferências pessoais, objetivando proteger a privacidade
do indivíduo e o exercício da democracia plena. Desse grandes redes sociais.
4. A discussão sobre registros linguísticos se volta para as escolhas que os alunos fazem ao redigir textos dissertativos. Muitas das redações com nota máxima no Enem
misturam um registro médio do idioma e termos bastante formais, até mesmo arcaicos. Sobre esse assunto, recomendamos a análise que a professora Thaís Nicoleti fez 29
em seu blog publicado na Folha de S.Paulo. Disponível em: https://thaisnicoleti.blogfolha.uol.com.br/2019/08/28/cafonice-linguistica-nao-e-criterio-de-avaliacao-do-enem/.
Acesso em: 22 jan. 2021.
D E S E N V O LV E N D O H A B I L I D A D E S
redações nota 1000 publicadas pelo Inep, então devem ser Os meios de comunicação de massa sabem que não bas-
ta “fisgar” o enunciatário de suas mensagens, sendo ne-
incorporados à redação que pleiteia sucesso nesse exame.
cessário também apresentar o conteúdo de modo orga-
nizado, claro e inteligível. A comunicação entre o poder
público e os cidadãos, entretanto, nem sempre preza por
esses princípios, como explica a jornalista Heloisa Fischer.
Com base nisso, assinale a alternativa em que o texto foi
escrito respeitando a noção de linguagem clara:
a) Cartaz nos Correios do Rio de Janeiro avisa que taxa
não será cobrada de pessoas pobres.
5 Leia o texto a seguir. Heloisa Fischer/Acervo da fotógrafa
[...]
É uma “subvariedade escrita da língua materna, usada
pelos membros da administração durante o seu trabalho”,
segundo definição da professora Neide Rodrigues de Sou-
za Mendonça usada por Heloisa [Fischer, autora do livro
Clareza em textos de e-gov, o “burocratês”].
O burocratês está “nos documentos que emanam das
instituições públicas (municipais, estaduais e federais)
e privadas” e é usado por médicos e advogados, entre
outros profissionais. A incompreensibilidade, volunta-
riamente criada, é “uma maneira de agir e de pensar que
exerce coerção”, escreve a jornalista.
5. Ainda sob a ótica do artificialismo linguístico resultado de um registro exageradamente formal, a questão focaliza a falta de clareza em enunciados de comunicação social.
30 Sem a preocupação de analisar pormenorizadamente cada alternativa, recomendamos explorar a percepção epilinguística dos alunos a respeito da clareza com que os
significados são produzidos. Na comunicação social, esse problema está intimamente associado à noção de cidadania.
D E S E N V O LV E N D O H A B I L I D A D E S
Reprodu•‹o/RIO ONIBUS
31
D E S E N V O LV E N D O H A B I L I D A D E S
32
Orientação de estudo Sugestão de divisão aula a aula:
Aula 29: objetivo 1 Aula 30: objetivo 2
Material de consulta: Caderno de Estudos 3 – Análise linguística – Capítulo 14: Variação e gramáticas:
correção e adequação
Objetivo de
Tarefa Mínima Tarefa Complementar Tarefa Desafio
aprendizagem
• Leia o item 1 da seção Neste • Leia o item 1 do Capítulo 14. • Faça a questão 8 do
Módulo. Capítulo 14.
1 • Faça as questões 5 a 7 do
• Faça as questões 1 a 4 do Capítulo 14.
Capítulo 14.
• Leia o item 2 da seção Neste • Leia o item 2 do Capítulo 14. • Faça a questão 16 do
Módulo. Capítulo 14.
2 • Faça as questões 12 a 15 do
• Faça as questões 9 a 11 do Capítulo 14.
Capítulo 14.
EX TRAS!
Aula 29
1 (Unicamp-SP) O cartaz a seguir foi usado em uma cam- Considerando como os sentidos são produzidos no cartaz
panha pública para doação de sangue. e o seu caráter persuasivo, pode-se afirmar que:
Reprodução/UNICAMP, 2015.
Reprodução/FUVEST, 2015.
33
EXTRAS!
“Eu sempre durmo em cima desses pontos novos. É uma norma é reconhecida como norma e, não por acaso,
gostoso. O teto tem um vidro e uma tela embaixo, então não a da elite?
dá medo de que quebre. É só colocar um cobertor embaixo, Por tantos equívocos, só nos resta lamentar que algu-
pra ficar menos duro, e ninguém te incomoda”, disse Silva mas pessoas, imbuídas da crença de que estão defenden-
depois de acordar e descer da estrutura. No dia, entretanto,
do a língua, a identidade e a pátria, na verdade estejam re-
ele estava sem a coberta, “por causa do calor de matar”.
forçando velhos preconceitos e imposições. O português
Por não ter trabalho em local fixo (“Cato lata, ajudo
do Brasil há muito distanciou-se do português de Portugal
numa empresa de carreto. Faço o que dá”), ele varia o local
e das prescrições dos gramáticos, cujo serviço às classes
de pouso. “Às vezes é aqui no centro, já dormi em Pinheiros
dominantes é definir a língua do poder em face de amea-
e até em Santana. Mas é sempre nos pontos, porque eu não
ças – internas e externas.
vou dormir na rua”.
ZILLES, A. M. S. In: FARACO, C. A. (Org.). Estrangeirismos: guerras em tomo da língua.
Disponível em: www1.folha.uol.com.br, 19 mar. 2014. Adaptado.
São Paulo: Parábola, 2004 (adaptado).
ANOTAÇÕES
34
15 ANÁLISE LINGUÍSTICA
M Ó D U L O
Estudos linguísticos:
formas, funções e valores
COMPETÊNCIAS
Objetivos de aprendizagem Módulo previsto para 2 aulas (Aulas 31 e 32). ESPECÍFICAS E
HABILIDADES DA
BNCC
. Objetivo 1: Reconhecer gramática, semântica e análise do discurso como diferentes campos da
COMPETÊNCIA 1
análise linguística, identificando contribuições de cada perspectiva analítica para a compreensão de
EM13LGG101
textos. (Aula 31)
EM13LGG102
. Objetivo 2: Identificar os distintos níveis de análises gramaticais (sintaxe, morfologia e fonética), EM13LP06
diferenciando análises normativas e descritivas na abordagem dos fenômenos linguísticos. (Aula 32) EM13LP08
COMPETÊNCIA 4
Neste módulo EM13LP09
Ponto de partida:
Aula 31
1 Os olhares sobre a língua Aula 31 Para iniciar a reflexão sobre os
diferentes campos de análise
. Um mesmo fenômeno linguístico pode ser analisado sob diferentes perspectivas: linguística, recomendamos
uma atividade prática. Em um
primeiro momento, desafie os
alunos a elaborar um enuncia-
do significativo reordenando
vocábulos que você deve for-
SEMÂNTICA necer a eles (sugestão: “po-
bres/ em/ abastados/ vivem/
indivíduos/ também/ países”).
Em seguida, use os enuncia-
GRAMÁTICA dos formados para ilustrar
Estudo do significado e como ocorrem as análises
dos efeitos de sentido. de cada campo de estudo:
ESTUDOS o gramatical, o semântico e
LINGUÍSTICOS o discursivo (conforme de-
Estudo das regras talhamos na seção Encami-
estruturantes para a nhamento no Caderno do
articulação de fonemas, Professor). Dando sequência
morfemas ou palavras. ANÁLISE DO à aula, resolva com os alunos
2 Na segunda estrofe, a articulação do segundo verso com O excerto trata da recorrente dificuldade de homens em lidar com a
outras passagens do fragmento permite uma dupla pos-
decisão de suas companheiras quando estas optam por encerrar um
sibilidade de leitura.
a) explique gramaticalmente o fenômeno. relacionamento, como explícito em “o homem tem dificuldades em
Gramaticalmente, a expressão “De vingança” pode associar-se à oração aceitar que a parceira tomou a iniciativa de acabar com a relação”. Essa
“A Rita matou nosso amor”, mas também à oração “Nem herança deixou”. discussão dialoga com a canção “A Rita”, pois o eu lírico atribui à
Não é esperado que a expressão “De vingança” seja classificada como ex-companheira a culpa pelo seu sofrimento. Passagens como “E o que
adjunto adverbial. Neste item, o essencial é aproveitar a dupla me é de direito/ Arrancou-me do peito” e “A Rita matou nosso amor”
possibilidade de articulação para deixar mais clara a ideia de que, em revelam uma visão inconformada e acusatória sobre a mulher.
36 gramática, o objeto de estudo são as estruturas linguísticas.
D E S E N V O LV E N D O H A B I L I D A D E S
b) discuta semelhanças e diferenças entre a postura do Que tristeza que nóis sentia
eu lírico da canção e a reação citada pela psicóloga Cada tauba que caía
entrevistada. Neste item, convém relembrar as relações de inter- Duía no coração
discursividade já estudadas e associá-las ao campo
da Análise do discurso 20 Mato Grosso quis gritá
A questão é aberta, pois pretende favorecer o diálogo e a reflexão entre
Mais em cima eu falei:
os alunos. É esperado que eles percebam pontos como os seguintes: Os homens tá c’a razão,
Nóis arranja otro lugá.
Semelhanças:
Só se conformemos quando o Joca falô:
• A postura acusatória do eu lírico pode ser associada ao machismo 25 “Deus dá o frio conforme o cobertô”.
E hoje nóis pega paia nas gramas do jardim
citado na reportagem;
E p’ra esquecê nóis cantemos assim:
• Afirmações como “E o que me é de direito/ Arrancou-me do peito” Saudosa maloca, maloca querida, dim, dim,
Donde nóis passemos dias feliz de nossa vida.
e “Não levou um tostão/ Porque não tinha não” remetem ao BARBOSA, Adoniran. In: Demônios da Garoa – Trem das 11. CD 903179209-2,
Continental. Warner Music Brasil, 1995.
estereótipo de que, ao decidir encerrar o relacionamento, a mulher
A letra de “Saudosa maloca” pode ser considerada como
causa danos ao homem.
realização de uma “linguagem artística” do poeta, estabe-
lecida com base na sobreposição de elementos do uso
Diferenças: popular ao uso culto. Uma destas sobreposições é o em-
prego do pronome oblíquo de terceira pessoa se em lugar
• Não há indícios claros na canção de que se tratava de um
de nos, diferentemente do que prescreve a norma culta
“relacionamento conflituoso”, como os que a reportagem menciona; (o poeta emprega “se conformemos” em vez de “nos con-
formamos”; “se alembrá” em vez de “nos lembrar”). Con-
• O eu lírico não relaciona o término da relação a um possível adultério, siderando este comentário:
Que eu, “Mato Grosso” e o Joca fonemas, exemplificando assim por que a fonética é um dos níveis de
Construímos nossa maloca
10 Mais, um dia, estudo da estruturação da língua.
37
6. Este item foi elaborado para ser respondido oralmente. Você pode pedir aos alunos que reflitam em pequenos grupos antes de alguns apresentarem suas respostas.
Ao analisar a frase, é esperado que percebam o sentido restrito com que se tomou a expressão “regras gramaticais”, referindo-se apenas às regras normativas. Mesmo
nesse sentido restrito, cabe lembrar da impossibilidade de uma “padronização” que contemple todas as variedades e questionar se “falar e escrever bem” é algo que
se atinge simplesmente por dominar regras de manuais prescritivos. Por fim, a reflexão deve servir também para responder à questão inicial: variedades brasileiras do
português têm regularidades gramaticais próprias.
D E S E N V O LV E N D O H A B I L I D A D E S
b) estabeleça as diferenças que apresentam, em relação ao uso culto, as seguintes formas verbais da primeira pessoa do
plural do presente do indicativo empregadas pelo compositor: pode (verso 11), arranja (verso 23) e pega (verso 26).
Em relação ao uso culto, as três formas de primeira pessoa do plural do presente do indicativo mencionadas se caracterizam pela sistemática supressão da
desinência número-pessoal -mos. Nos três casos, o resultado é que a forma do presente do indicativo acaba coincidindo com a terceira pessoa do singular. Isso
explica por que as três vêm precedidas do pronome pessoal (“nóis” = nós), próprio da primeira pessoa do plural. O que temos é: “nóis nem pode” por “nós
nem podemos”; “nóis arranja” por “nós arranjamos”; “nóis pega” por “nós pegamos”.
Este item ilustra como regularidades gramaticais ocorrem nos níveis da morfologia (uso da desinência -mos na variedade padrão) e da sintaxe (preenchimento do
sujeito na variedade popular – n—s).
5 Na variedade popular adotada na letra da canção, são usadas as formas de 1ª pessoa do plural “peguemos”, “fumos”, “con-
formemos” e “cantemos” (em vez das variantes cultas pegamos, fomos, conformamos e cantamos). Tendo isso em mente:
a) indique as formas correspondentes ao mesmo tempo verbal na 1ª pessoa do singular.
Pode ser que alguns alunos não identifiquem essas formas de imediato, mas considere que esse dado de memória é secundário ao exercício. O essencial é
que, com a comparação entre 1a pessoa do singular e do plural, eles busquem inferir uma regra gramatical (o que é solicitado no item b.
b) elabore uma hipótese que explique a formação das variantes não padrão mencionadas.
Comparando as formas verbais, pode-se defender a hipótese de que a variante popular de primeira pessoa do plural é formada com base nas formas do
singular, com a substituição da terminação -i pela desinência -mos. Isso ocorre em todas as formas analisadas:
peguei ñ peguemos
fui ñ fumos
conformei ñ conformemos
cantei ñ cantemos
6 Considerando as questões anteriores, discuta a validade da seguinte afirmação: “As regras gramaticais servem para padro-
nizar a língua e levar os indivíduos a falar e escrever bem”.
Material de consulta: Caderno de Estudos 3 – Análise linguística – Capítulo 15: Estudos linguísticos:
formas, funções e valores
Objetivo de
Tarefa Mínima Tarefa Complementar Tarefa Desafio
aprendizagem
38
EX TRAS!
Aula 31
1
No que diz respeito ao uso de recursos expressivos em diferentes linguagens, o cartum produz humor brincando com a:
a) caracterização da linguagem utilizada em uma esfera de comunicação específica.
b) deterioração do conhecimento científico na sociedade contemporânea.
c) impossibilidade de duas cobras conversarem sobre o universo.
d) dificuldade inerente aos textos produzidos por cientistas.
e) complexidade da reflexão presente no diálogo.
2 (Famema-SP)
Reprodução/FANEMA, 2019.
à propaganda.
b) Retome a propaganda e explique o seu funcionamento, explicitando as relações morfológicas, sintáticas e semânticas
envolvidas.
39
16 ANÁLISE LINGUÍSTICA
M Ó D U L O
vinculadas ao nome, e entender o seu papel na construção de sentidos em textos. (Aula 33) COMPETÊNCIA 1
. Objetivo 2: Distinguir substantivos abstratos de concretos, aplicando essas categorias na identificação
EM13LGG101
EM13LGG102
de percursos figurativos e na determinação de temas em textos. (Aula 34)
EM13LP06
. Objetivo 3: Reconhecer efeitos de objetividade e de subjetividade do emprego de adjetivos, ressal- EM13LP07
tando seu papel como recurso estilístico e argumentativo em textos. (Aula 35)
. Objetivo 4: Determinar as mudanças de sentido, de classe gramatical e os efeitos de sentido promo-
vidos pela alteração da posição do adjetivo em relação ao substantivo. (Aula 35)
. Objetivo 5: Identificar efeitos criados por artigos definidos e indefinidos em textos, considerando suas
principais funções semânticas em relação ao substantivo. (Aula 36)
. Objetivo 6: Analisar o emprego de numerais em textos, identificando efeitos de precisão e objetivi-
dade, bem como seu papel como recurso argumentativo destinado à persuasão. (Aula 36)
Neste módulo
Aula 33
Nomear é tão
importante para
estabelecer vínculos
que damos nomes a
tudo que nos é caro.
40
Aula 34
Ponto de partida:
2 Substantivo concreto e abstrato: figuras e temas Aula 34
Como o foco desta aula
é a relação figura-tema,
CONCRETO: construída pela relação
nome dado a Base de TEXTOS FIGURATIVOS, substantivos concretos-
seres reais ou simulações do mundo real -abstratos, sugerimos
fictícios que ela comece com a
narrativa de uma breve
SUBSTANTIVO fábula e que, ao final,
os alunos sejam provo-
ABSTRATO: cados a explicitar, em
nome de Base de TEXTOS TEMÁTICOS, uma frase curta, a moral
qualidades, interpretações do mundo real da história. A fábula A
sentimentos, cigarra e a formiga pode
conceitos ser uma boa opção, pois
Pode estabelecer COESÃO TEXTUAL e
informar a visão do enunciador acerca do é bem conhecida; e sua
referente do substantivo moral, bastante difundi-
da – o que pode facilitar
a enunciação.
CWS Views Africa
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ANÁLISE LINGUÍSTICA
41
Aula 36
Numeral
42
2. Ainda que seja o tema da próxima aula, convém ressaltar que este exercício lida
com o substantivo abstrato como síntese de partes anteriores do texto, estabele -
cendo coesão textual. Mais importante do que classificar o termo como abstrato é
a orientação argumentativa que ele estabelece. Na letra b, é possível que surjam
termos como louco ou lunático: momento para comentar a transformação de
adjetivos em substantivos mediante a presença de artigo definido antes da palavra.
D E S E N V O LV E N D O H A B I L I D A D E S
visitantes. Ele cita a catedral de Notre Dame e a basílica de c) Identifique no texto outros termos/expressões que se-
Sacre Coeur, na França, que recebem turistas ao mesmo tem- jam equivalentes a igreja e mesquita e aos contextos
po que funcionam como templos. “As pessoas podem conti- culturais que cada um desses substantivos representa.
nuar indo até lá e visitar o local. Como nossos antepassados
Fazem par com o substantivo igreja os termos catedral e basílica; são
protegeram os ícones cristãos de lá, eles continuarão sendo
protegidos. A abertura deste local de culto não fará Santa So- parte do mesmo universo de referência cultural de mesquita a expressão
phia perder nada da sua identidade de patrimônio mundial”,
declarou [...]. “templo muçulmano”.
FERRAZ, Ricardo. Decisão da justiça turca transforma Santa Sofia em mesquita. Veja,
2 A pandemia da covid-19 assolou o mundo em 2020, e a
10 jul. 2020. Disponível em: https://veja.abril.com.br/mundo/decisao-da-justica-turca- corrida pela descoberta de uma vacina mobilizou centenas
transforma-santa-sofia-em-mesquita/. Acesso em: 6 ago. 2020.
de centros de pesquisa em todo o mundo, como o da
Tekkol/Shutterstock
43
5. Nesta questão, o item a introduz o entendimento necessário para que os alunos
3. Para recriar o contexto dos outros textos que compunham a prova da Fuvest, possam elaborar títulos temáticos no item b. Para ajudar nessa tarefa que ex-
recomenda-se lembrar que o tema de 2019 foi “A importância do passado para plora apreensão e criatividade, recomendamos que você apresente um ou dois
a compreensão do presente”. Neste caso específico, a imagem e o texto esta- exemplos de títulos, destacando o substantivo abstrato como núcleo do sintagma
belecem uma relação entre a falta de memória e a transformação da cultura ne- nominal. Um trecho de Cinema Paradiso, com sua famosa trilha sonora que capta
gra, uma das bases da nossa identidade e do sistema colonial durante séculos. a nostalgia e as emoções dos personagens, também pode ajudar os alunos a
compreender o tema tratado no texto.
D E S E N V O LV E N D O H A B I L I D A D E S
a) Comente o papel que o substantivo heróis desempenha a) Considerando o aspecto simbólico da escultura, expli-
na coesão entre os dois últimos parágrafos do texto. que como pode ser interpretado o banho voluntário de
tinta branca que o corpo negro recebe.
O substantivo abstrato heróis faz referência aos voluntários dos testes
Em sentido figurado, a imagem representa o embranquecimento da
para a vacina contra a covid-19 – em especial a profissionais da saúde.
cultura negra, ou seja, a substituição de valores intrínsecos da cultura
Além disso, o enunciador do texto, ao empregar um termo de evidente
afrodescendente por outros, dos brancos que por séculos a oprimiram.
conotação apreciativa, constrói deles uma imagem altamente positiva.
b) Se o enunciador tivesse uma percepção negativa a
respeito dos voluntários dos testes da vacina, que ter- b) Levando em consideração sua resposta ao item a, ex-
mos deveriam ser alterados neste trecho? plique o sentido do substantivo amnésia, que dá nome
à escultura.
O terceiro parágrafo do texto é a parte que concentra mais
No contexto em que retrata a sobreposição de uma cultura por outra, a
explicitamente a visão de mundo do enunciador a respeito dos
amnésia ganha sentido não literal também: o apagamento do passado
voluntários dos testes da vacina. Por isso, para evidenciar uma
e a falta de cultivo da tradição estariam na raiz do embranquecimento
percepção negativa, seriam necessárias mudanças como: “Há, nessa
da cultura negra representado pelo banho de tinta branca sobre o corpo
turma de mercenários/suicidas, misto de ganância e ingenuidade/
da criança negra.
inconsequência e desespero”.
Aula 34 4 A natureza dos substantivos abstratos é condensar inter-
3 A imagem e o texto a seguir integram a coletânea de pretações que fazemos da realidade e, por isso, são a ma-
textos da prova de redação da Fuvest-SP 2019. Identificar téria-prima linguística por excelência da delimitação dos
o tema abordado por cada um desses textos é uma ope- temas dos textos. Com base nisso, indique o termo que
ração fundamental para a construção da argumentação. melhor traduz o tema veiculado pela escultura Amnésia:
Observe detalhadamente a imagem e leia o texto descri- a) esquecimento Como se trata de uma clássica questão de identi-
tivo que a acompanha para responder às questões a seguir. ficação de tema, vale ressaltar que as alternativas
b) tradição são elaboradas com substantivos abstratos, pa-
Reprodução/Museu de Arte de São Paulo Assis
Chateaubriand, São Paulo, SP.
44
6. O texto desta questão tem dupla serventia: por um lado, ele fala do adjetivo como
um recurso que pode gerar expressividade na linguagem; por outro, seleciona-
mos algumas expressões do texto para distinguir os adjetivos valorativos dos
descritivos. Vale a pena destacar que, mesmo neste último caso, não há 100% de
objetividade, porque a escolha de um adjetivo já implica o olhar de um enunciador.
D E S E N V O LV E N D O H A B I L I D A D E S
dólares (1964) e Três homens em conflito (1966), eternamente Substantivos e verbos bastam apenas a soldados e lí-
associados à trilha. Para o diretor Giuseppe Tornatore com- deres de países totalitários. Pois o adjetivo é o imprescindí-
pôs a música de Cinema Paradiso (1988) – que derrete até o vel avalista da individualidade de pessoas e coisas. [...]
mais insensível dos corações. Em Hollywood, ele também fez Vida longa ao adjetivo! Pequeno ou grande, esqueci-
grandes trabalhos como a música que pontua Os intocáveis, do ou corrente. Precisamos de você, esbelto e maleável ad-
de Brian De Palma, em 1987. Foi indicado a seis Oscar, mas jetivo que repousa delicadamente sobre coisas e pessoas
só ganhou aquele de 2007 pela obra e um segundo por um e cuida para que elas não percam o gosto revigorante da
dos últimos trabalhos, Os oito odiados (2015), de Quentin individualidade. Cidades e ruas sombrias se banham de
Tarantino. Morricone morreu na segunda-feira 6, aos 91 anos, um sol pálido e cruel. Nuvens cor de asa de pombo, nu-
de complicações de uma fratura no fêmur, em Roma. [...] vens negras, nuvens enormes e cheias de fúria, o que seria
CRUZ, Felipe Branco. Datas: Ennio Morricone e Leonardo Villar. Veja, 10 jul. 2020. de vocês sem a retaguarda dos voláteis adjetivos?
Disponível em: https://veja.abril.com.br/revista-veja/datas-ennio-morricone-e-leonardo-
villar/#:~:text=Em%202007%2C%20quando%20o%20compositor,nunca%20 A ética também não sobreviveria um dia sem adjeti-
aprendeu%20a%20falar%20ingl%C3%AAs. Acesso em: 7 ago. 2020.
vos. Bom, mau, sagaz, generoso, vingativo, apaixonado,
a) O autor considera uma ironia o que aconteceu na ceri- nobre – essas palavras cintilam como guilhotinas afiadas.
mônia de entrega do Oscar a Ennio Morricone, em 2007. E também não existiriam as lembranças não fosse
Explique por que é feita essa interpretação. pelo adjetivo. A memória é feita de adjetivos. Uma rua
comprida, um dia abrasador de agosto, o portão rangente
De acordo com o texto, o público não entendeu nada do que o maestro
que dá para um jardim e ali, em meio aos pés de groselha
disse porque ele fez seu discurso em italiano. Entretanto, o público não cobertos pelo pó do verão, os teus dedos despachados…
(tudo bem, teus é pronome possessivo).
só o entendia bem como se emocionava quando ele se expressava por
ZAGAJEWSKI, Adam. Em defesa dos adjetivos. Piauí, jan. 2011. Disponível em: https://
piaui.folha.uol.com.br/materia/em-defesa-dos-adjetivos/. Acesso em: 7 ago. 2020.
meio da linguagem que o imortalizou, a música.
a) Com base nos critérios que caracterizam a classe dos
b) Há inúmeras estratégias para criar um título expressivo
adjetivos, explique o sentido do trecho “o adjetivo é o
para uma matéria como essa; uma delas é apresentar
imprescindível avalista da individualidade de pessoas
o tema implícito no texto, o que se faz por meio do
e coisas”.
emprego de substantivos abstratos. Usando essa cate-
goria de palavras, elabore pelo menos dois títulos que
Como classe de palavras associada à dos substantivos, os adjetivos
focalizem as características da música de Morricone.
evidenciam atributos, qualidades, traços de sentido que personalizam o
Trata-se de uma atividade para explorar a criatividade dos alunos,
nome a que se referem, ou seja, o adjetivo expressa a individualidade
Efeito de objetividade:
dinâmica e onipresente dos verbos. Contudo, um mundo
sem adjetivos é triste como um hospital no domingo. A luz lâmpadas fluorescentes; países totalitários; nuvens negras; nuvens
azul se infiltra pelas janelas frias, as lâmpadas fluorescen-
tes emitem um murmúrio débil. enormes; guilhotinas afiadas; rua comprida; portão rangente.
45
7. Neste exercício, mais importante do que classificar os adjetivos como descritivos ou valorativos, é refletir sobre quais são aqueles que estão
mais associados à realidade em si – e menos à impressão subjetiva do enunciador – e aqueles que representam um julgamento estético
socialmente valorizado. Em publicidade, a distinção desses efeitos é fundamental para identificar a simples caracterização com efeito de
objetividade e a opinião, com efeito de persuasão.
D E S E N V O LV E N D O H A B I L I D A D E S
Efeito de subjetividade:
murmúrio débil; esbelto e maleável adjetivo; [nuvens] cheias de fúria; dia abrasador de agosto; dedos despachados.
Port cochere: No sentido literal, “porta-carruagem”, mas usado na arquitetura moderna como "varanda de transporte", ou seja,
um acesso social que possibilita a passagem de veículos e o embarque e desembarque de passageiros na entrada do edifício.
São corretas:
a) apenas I e II. c) apenas I, II e III. e) I, II, III e IV.
b) apenas II e III. d) apenas II, III e IV.
8 Leia o texto a seguir. A partir deste ponto, as questões abordarão os efeitos da mudança de posição dos adjetivos em relação ao substantivo.
Neste primeiro caso, a expressão “executivos altos” seria mais coerente com o comentário entre parênteses e o tema
da reportagem (porque se trata de um adjetivo descritivo); “altos executivos” indica outro sentido, relacionado à posição
Metrô só para baixinhos na hierarquia das empresas.
As mulheres altas de salto idem e os altos executivos (no sentido métrico do adjetivo) têm feito contorcionismo nos novos
trens do Metrô de SP, que, por enquanto, operam apenas na linha verde, que passa pela avenida Paulista.
É que, apesar de ter portas mais amplas e mais espaço para circulação, esses trens oferecem algumas ciladas, que viraram
motivo de piada entre os passageiros mais altos. O teto é mais baixo do que o dos trens convencionais (1,97 m nas extremida-
des, 11 cm a menos do que nos trens “velhos”) e as barras de apoio para as mãos são mais baixas ainda – quem tem 1,80 e não
se abaixar pode bater a testa nos suportes laterais. [...] O Metrô diz que, “para a altura média do brasileiro, as dimensões dos trens
e dos pega-mão são adequadas”. [...]
BERGAMO, Mônica. Folha de S.Paulo, 6 jun. 2015. Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/fsp/ilustrad/fq0606200906.htm. Acesso em: 10 ago. 2020.
Em nome da expressividade, o texto começa enfatizando o adjetivo alta e, no caso dos executivos, destaca um dos sentidos
possíveis da expressão. Considere as expressões “mulheres altas”, “salto idem [alto]” e “altos executivos”. Assinale a alterna-
tiva incorreta a respeito delas.
a) O adjetivo alto, posposto ao substantivo, indica uma realidade mais objetiva e mensurável.
b) Na norma culta, a anteposição de altas a mulheres e salto não mudaria o sentido do adjetivo.
46
9. Em um contexto em que a intenção é evidenciar a coexistência de elementos 10. Sendo um dos casos mais frequentes, a anteposição do adjetivo não acarreta
contrários no amor, o título “Certas coisas” se encaixa perfeitamente (“certas” nenhuma mudança de sentido ou de classe. Uma vez deslocado do lugar mais
desempenha função de pronome indefinido, equivalente a algumas, determi- prototípico, costuma apenas atrair mais atenção por alterar a ordem natural dos
nadas). Já a expressão “Coisas certas”, em que “certas” seria adjetivo, é mais termos, gerando efeito de ênfase. Em casos em que o adjetivo falso se associa
difícil de se sustentar como título da canção, pois o enunciador afirmaria que não a um substantivo que designa um ser animado, temos mudança de sentido,
sabe dizer aquilo que é correto, adequado. como afirma uma das alternativas.
D E S E N V O LV E N D O H A B I L I D A D E S
c) Na combinação entre executivo e alto, a posição determina diferentes sentidos para alto.
d) No texto, o comentário entre parênteses é incoerente com o sentido de “altos executivos”.
e) A anteposição de alto a executivo gera o sentido mais compatível com o tema da reportagem.
9 As contradições inerentes ao amor já foram tema de inúmeros poemas e canções, talvez porque essa seja a forma mais
verossímil de falar desse sentimento. Leia a letra da canção “Certas coisas” para responder à questão.
Não existiria som se não Cada voz que canta o amor Eu te amo calado,
Houvesse o silêncio não diz Como quem ouve uma sinfonia
Não haveria luz se não Tudo o que quer dizer, De silêncios e de luz.
Fosse a escuridão Tudo o que cala Mas somos medo e desejo,
A vida é mesmo assim, Fala mais Somos feitos de silêncio e som,
Dia e noite, não e sim alto ao coração. Tem certas coisas que eu não sei
Silenciosamente [dizer
eu te falo com paixão
SANTOS, Lulu; MOTTA, Nelson. Certas coisas. Tudo azul. Warner Music, 1984.
A respeito do título da canção, assinale a alternativa que o analisa corretamente, de acordo com o contexto:
a) A mudança da ordem dos termos alteraria a classe de palavras deles, mas não seus sentidos.
b) Mudar a posição do adjetivo alteraria o seu sentido, mas não a sua classe de palavras.
c) Colocar o adjetivo posposto ao substantivo alterará o sentido e sua classe de palavras.
d) É mais coerente com o contexto global do texto o sentido resultante de “coisas certas”.
e) Os sentidos de “certas coisas” e “coisas certas” são ambos coerentes com a letra da canção.
ANÁLISE LINGUÍSTICA
Os principais efeitos gerados pelos artigos serão observados nos próximos exercícios. No exercício 11 a comparação entre o definido e o indefinido leva às noções de
generalização e particularização. Os alunos devem perceber isso intuitivamente, mas é o momento de acrescentar metalinguagem a essa percepção intuitiva. Como um 47
reforço de entonação do artigo na frase “Quem é o cara?”, o enunciado ganha também efeito superlativo – algo equivalente a: “o cara acima de todos os outros”.
12. Do texto desta questão, selecionamos algumas das mais importantes funções 13. A última questão dedicada aos artigos aborda o efeito de totalização que ocorre
dos artigos: introduzir informação nova, retomar algo já mencionado anterior- em alguns contextos. Além de identificar a diferença de sentido (no título e na
mente, delimitar conceitos, substantivar outras classes de palavras e estabelecer última frase do 1o parágrafo), convém insistir na coerência entre cada um desses
as noções de especificação e generalização, já trabalhadas na questão anterior. sentidos e o contexto global do texto.
D E S E N V O LV E N D O H A B I L I D A D E S
Nas tirinhas do Garfield, seu dono (Jon) costuma ser re- Os artigos desempenham diferentes funções em textos,
tratado como alguém facilmente enganado por seu gato, estabelecendo coesão, delimitando conceitos, diferencian-
apesar de sua presunção de superioridade. A respeito da do ideias novas das já mencionadas. Com base nisso, as-
frase “Quem é o cara?!”, analise as seguintes afirmações: sinale a alternativa incorreta:
I. O artigo definido indica que se trata de um cara par- a) Em “O anúncio”, o artigo ajuda a retomar o conteúdo
ticular, especial, único, que se sobressai ante os demais. da frase anterior.
II. A troca por um artigo indefinido alteraria o sentido da b) Em “O vencedor”, o adjetivo antecedido do artigo é
expressão, que passaria a tratar de um cara comum, lido como substantivo.
indiferenciado. c) Em “os edifícios”, “os sentidos” e “os usuários”, os arti-
gos delimitam conceitos mencionados anteriormente.
III. Os artigos definido e indefinido (o cara 3 um cara)
criam, nesse contexto, noções de especificação e ge- d) Em “homenagear um arquiteto”, a noção genérica de
neralização, respectivamente. um arquiteto é construída pelo artigo indefinido.
e) A ausência de artigo em “talento, visão e comprome-
Está(ão) correta(s) timento” cria a ideia de competências genéricas.
a) apenas I. d) apenas II e III.
13 Leia a notícia a seguir para responder ao que se pede.
b) apenas II. e) I, II e III.
Esudpam anula questões de prova do Programa
c) apenas I e II.
de Residência Jurídica
12 Leia o texto. A Escola Superior da Defensoria Pública do Estado do
Arata Isozaki, arquiteto japonês de 87 anos, é o vence- Amazonas (Esudpam) divulgou edital nesta quarta-feira,
dor do Pritzker 2019, o prêmio mais importante da arqui- 4, com a anulação de seis questões do gabarito da prova
tetura mundial. O anúncio foi feito nesta terça-feira (5/3). objetiva do Programa de Residência Jurídica da DPE-AM,
Arata é o sexto arquiteto japonês a receber esta premiação, realizada no dia 24 de novembro deste ano. A anulação foi
considerada a mais importante no campo da arquitetura. feita pela banca examinadora após análise de recursos in-
O vencedor leva, além de uma medalha de bronze, um va- terpostos por candidatos.
lor de US$ 100 mil. Foram anuladas as questões 12, 20, 24, 40, 43 e 50 da pro-
Arata Isozaki nasceu em Ōita, ilha de Kyushu, no Ja- va objetiva. A pontuação relativa às questões anuladas será
pão, em 1931, antes do início da Segunda Guerra Mundial. atribuída a todos os candidatos que realizaram a prova. O
Ele tinha apenas 14 anos quando Hiroshima e Nagasaki resultado preliminar será divulgado a partir do dia 10 de de-
foram bombardeadas. Para ele, embora os edifícios sejam zembro de 2019, no Diário Oficial Eletrônico da DPE. [...]
transitórios, devem agradar os sentidos dos usuários que DEFENSORIA pública do Estado do Amazonas, 4 dez. 2019. Disponível em: https://www.
defensoria.am.gov.br/post/2019/12/03/esudpam-anula-quest%C3%B5es-de-prova-do-
estão passando por eles. [...] programa-de-resid%C3%AAncia-jur%C3%ADdica. Acesso em: 10 ago. 2020.
O Pritzker Architecture Prize é um prêmio internacio- a) A inclusão de um artigo definido antes do substantivo
nal criado pela família Pritzker por meio de sua Fundação questões no título da matéria alteraria o sentido da
Hyatt em 1979, e é considerado o “Prêmio Nobel de Ar- frase? Justifique sua resposta.
quitetura”. Seu objetivo é homenagear um arquiteto cujos
trabalhos demonstrem uma combinação de talento, visão Sim, haveria mudança de sentido, uma vez que, nesse contexto, o
e comprometimento, além de contribuir de forma consis- artigo criaria um efeito de totalização, e a frase, portanto, indicaria que
tente e significativa com a humanidade por meio da arte
da arquitetura. [...] a escola teria anulado todas as questões do exame – o que seria
©Hisao Suzuki/Arata Isozaki &
Associates Co.
48
14. Neste primeiro exercício sobre numerais, a intenção é mostrar como seu uso
agrega efeitos de precisão e de objetividade, diminuindo a subjetividade dos 15. A questão apresenta a classe dos numerais como um recurso argumentativo
enunciados. A imensa desigualdade no acesso a água e esgoto tratados ganha capaz de dar dimensões mais exatas e objetivas sobre um tema. Sugerimos
dimensão mais concreta e mais delimitada quando essa ideia vem acompanhada reforçar a contraposição entre a quantificação imprecisa e vaga do primeiro
por dados numéricos. parágrafo e os dados numéricos precisos e contundentes do segundo, com a
intenção de demonstrar a força que os números agregam aos discursos.
D E S E N V O LV E N D O H A B I L I D A D E S
c) “A anulação foi feita pela banca examinadora após aná- d) Os dados numéricos das regiões, quando comparados,
lise de recursos interpostos por candidatos”. Comente aumentam a precisão da descrição dos cenários de
o efeito de sentido que seria criado pelo acréscimo de carência.
um artigo definido antes de recursos. e) Ao misturar dados sobre esgotos e água encanada, o
texto revela uma visão parcial da realidade.
Nesse caso, seria gerado o efeito de totalização, ou seja, a frase indicaria
15 Texto para a questão.
que todos os recursos foram analisados. Como esse é o procedimento
[...] Não tenho números para provar, mas nunca vi tantos
que se espera de uma banca examinadora justa quando questionada – ou textos, vídeos, reportagens, podcasts e colunas falando so-
bre saúde mental. Repentinamente, uma questão antes rele-
seja, avaliar todos os pedidos de reconsideração –, a versão com artigo
gada ao silêncio foi jogada no centro das atenções. Milhões
antes de recursos seria mais coerente. de pessoas tomaram consciência da famosa “epidemia” de
Aula 36
ansiedade, de depressão e de outros transtornos. [...]
14 O fragmento a seguir é parte do livro Curto-circuito: o vírus
e a volta do Estado, da economista Laura Carvalho. Para Se o planeta está passando por maus bocados men-
ela, a crise sanitária, social e econômica causada pela pan- tais, o Brasil se encontra numa posição particularmente
demia de covid-19 ajudou a evidenciar funções do Estado: frágil. De acordo com a Organização Mundial da Saúde,
estabilizar a economia; investir em infraestrutura física e somos o país mais ansioso do mundo: 9,3% da população
social; proteger os mais vulneráveis; prover serviços à po- tem algum tipo de transtorno desse tipo. Na cidade de
pulação e, em especial, ao empreendedor. São Paulo, um quinto dos habitantes (19,9%) já teve algum
[...] diagnóstico relacionado à ansiedade. [...] No mundo, a si-
No caso brasileiro, lacunas e desigualdades históricas tuação não é diferente: segundo a OMS, os ansiosos cor-
no acesso à infraestrutura tornaram-se ainda mais visíveis respondem a um quarto da população mundial (25%). No
sob os impactos da pandemia. total, são 1,75 bilhão de pessoas ansiosas.
No caso do acesso à água encanada e esgoto tratado, RODRIGUEZ, Diogo Antonio. Revista Vida Simples, n. 216. p. 16-18.
cruciais para prevenir o contágio pelo vírus, as carências
são escandalosas. A Pesquisa Nacional por Amostra de A respeito dos números que o texto emprega para tratar
Domicílios Contínua de 2018, feita pelo IBGE, mostrou que da ansiedade em São Paulo, no Brasil e no mundo, julgue
72,4 milhões de brasileiros ainda viviam em domicílios sem as afirmações a seguir.
acesso à rede geral de esgoto, o que representa 33,7% da I. Expressões imprecisas de quantificação presentes no
população. Nesse âmbito, como em muitos outros, as dis- primeiro parágrafo, como "nunca vi tantos" ou "Milhões
paridades regionais são gritantes. Enquanto no Sudeste de pessoas", intensificam o efeito de subjetividade que
88,6% dos domicílios tinham ligação à rede geral ou fossas caracteriza esse trecho do texto.
b) apenas II e III.
b) Os dados numéricos estão apoiados em um instituto
de pesquisa (IBGE) que lhes confere credibilidade. c) apenas III e IV.
49
Orientação de estudo Sugestão de divisão aula a aula:
Aula 33: objetivo 1 Aula 34: objetivo 2 Aula 35: objetivos 3 e 4 Aula 36: objetivos 5 e 6
Material de consulta: Caderno de Estudos 3 – Análise linguística – Capítulo 16: Classes de palavras nominais I:
substantivo, adjetivo, artigo e numeral
Objetivo de
Tarefa Mínima Tarefa Complementar Tarefa Desafio
aprendizagem
• Leia o item 3 da seção Neste • Leia o item 2 do Capítulo 16. • Faça a questão 23 do
Módulo. • Faça as questões 20 a 22 do Capítulo 16.
3
(adjetivo) • Faça as questões 17 a 19 do Capítulo 16.
Capítulo 16.
• Leia o item 4 da seção Neste • Leia o item 3 do Capítulo 16. • Faça a questão 38 do
Módulo. • Faça as questões 35 a 37 do Capítulo 16.
5
(artigo) • Faça as questões 32 a 34 do Capítulo 16.
Capítulo 16.
EX TRAS!
Aula 33 (substantivo)
1 (Fuvest-SP) Leia o texto.
No Brasil colonial, o indissolúvel vínculo do matrimônio, tal como ele era concebido pela Igreja Católica, nem sempre termi-
nava com a morte natural de um dos cônjuges. A crise do casamento assumia várias formas: a clausura das mulheres, enquanto
os maridos continuavam suas vidas; a separação ou a anulação do matrimônio decretadas pela Igreja; a transgressão pela biga-
mia ou mesmo pelo assassínio do cônjuge.
Maria Beatriz Nizza da Silva, História da Família no Brasil Colonial. Adaptado.
Riscar o chão para sair pulando é uma brincadeira que vem dos tempos do Império Romano. A amarelinha original tinha
mais de cem metros e era usada como treinamento militar. As crianças romanas, então, fizeram imitações reduzidas do campo
utilizado pelos soldados e acrescentaram numeração nos quadrados que deveriam ser pulados. Hoje as amarelinhas variam
nos formatos geométricos e na quantidade de casas. As palavras céu e inferno podem ser escritas no começo e no final do de-
senho, que é marcado no chão com giz, tinta ou graveto.
Disponível em: www.biblioteca.ajes.edu.br. Acesso em: 20 maio 2015 (adaptado).
50
EXTRAS!
Com base em fatos históricos, o texto retrata o processo de d) emoção coletiva que sempre acaba unindo as pessoas
adaptação pelo qual passou um tipo de brincadeira. Nesse em face da morte.
sentido, conclui-se que as brincadeiras comportam o(a): e) ausência de solidariedade entre os moradores das gran-
a) caráter competitivo que se assemelha às suas origens. des cidades.
Aula 35 (adjetivo)
b) delimitação de regras que se perpetuam com o tempo.
4 (Unicamp-SP)
c) definição antecipada do número de grupos participantes. Há notícias que são de interesse público e há notícias que
d) objetivo de aperfeiçoamento físico daqueles que a são de interesse do público. Se a celebridade “x” está saindo
praticam. com o ator “y”, isso não tem nenhum interesse público. Mas,
e) possibilidade de reinvenção no contexto em que é dependendo de quem sejam “x” e “y”, é de enorme interesse
realizada. do público, ou de um certo público (numeroso), pelo menos.
As decisões do Banco Central para conter a inflação
3 (UEL-PR) Texto para a questão.
têm óbvio interesse público. Mas quase não despertam in-
De frente pro crime teresse, a não ser dos entendidos.
Tá lá o corpo estendido no chão O jornalismo transita entre essas duas exigências, de-
Em vez de rosto uma foto de um gol safiado a atender às demandas de uma sociedade ao mes-
Em vez de reza uma praga de alguém mo tempo massificada e segmentada, de um leitor que
E um silêncio servindo de amém gravita cada vez mais apenas em torno de seus interesses
particulares.
O bar mais perto depressa lotou
Fernando Barros e Silva, O jornalista e o assassino. Folha de S.Paulo (versão on line),
Malandro junto com trabalhador 18/04/2011. Acessado em 20/12/2011.
Um homem subiu na mesa do bar
a) A palavra público é empregada no texto ora como subs-
E fez discurso pra vereador
tantivo, ora como adjetivo. Exemplifique cada um desses
E veio o camelô vender empregos com passagens do próprio texto e apresen-
Anel, cordão, perfume barato te o critério que você utilizou para fazer a distinção.
Baiana pra fazer pastel b) Qual é, no texto, a diferença entre o que é chamado de
E um bom churrasco de gato interesse público e o que é chamado de interesse do
público?
Quatro horas da manhã Aula 36 (artigo)
Reprodução/UFSC, 2019.
E a moçada resolveu
Parar, e então
51
EXTRAS!
16) o verbo bater está flexionado na terceira pessoa do singular e tem o substantivo mulher como sujeito da oração.
32) em uma mulher não se deve bater nem com uma flor.
64) as ocorrências da palavra mulher associadas à imagem de uma jovem chorando fazem alusão às mulheres vítimas de
seus companheiros.
6
As alegres meninas que passam na rua, com suas pastas escolares, às vezes com seus namorados. As alegres meninas que
estão sempre rindo, comentando o besouro que entrou na classe e pousou no vestido da professora; essas meninas; essas coi-
sas sem importância.
O uniforme as despersonaliza, mas o riso de cada uma as diferencia. Riem alto, riem musical, riem desafinado, riem sem
motivo; riem.
Hoje de manhã estavam sérias, era como se nunca mais voltassem a rir e falar coisas sem importância. Faltava uma delas.
O jornal dera notícia do crime. O corpo da menina encontrado naquelas condições, em lugar ermo. A selvageria de um tempo
que não deixa mais rir.
As alegres meninas, agora sérias, tornaram-se adultas de uma hora para outra; essas mulheres.
ANDRADE, C. D. Essas meninas. Contos plausíveis. Rio de Janeiro: José Olympio, 1985.
No texto, há recorrência do emprego do artigo as e do pronome essas. No último parágrafo, esse recurso linguístico contri-
bui para:
a) intensificar a ideia do súbito amadurecimento.
b) indicar a falta de identidade típica da adolescência.
c) organizar a sequência temporal dos fatos narrados.
d) complementar a descrição do acontecimento trágico.
e) expressar a banalidade dos assuntos tratados na escola.
Aula 36 (numeral)
7 (Unicamp-SP)
Reprodução/UNICAMP, 2014.
Adaptado de Planeta Sustentável. Disponível em: planetasustentavel.abril.com.br/infográficos/#content. Acesso em: 29 out. 2013.
a) Os infográficos apresentam informações de forma sintética, utilizando imagens, organização gráfica, etc. Indique dois
exemplos, do infográfico reproduzido, em que a informação é apresentada por meio de linguagem não verbal.
b) Considerando o veículo em que foi publicado a revista Planeta Sustentável, qual é a finalidade desse infográfico?
52
GABARITO – EXTRAS!
1 a 1 d
2 a) Para caracterizar o modo de falar das personagens 2 c
da tira, foi empregado mais de um recurso:
. a substituição da letra l por r (“prantando” em vez
Módulo 14 – Variação e gramáticas: correção
de plantando); e adequação
. a omissão da vogal na sílaba medial, com transfor- 1 b
mação da proparoxítona em paroxítona (“árvre” em
vez de árvore); 2 a) Considerando o aspecto visual, há a fotografia de um
. a substituição da vogal átona e por i (“di” em vez
novo ponto de ônibus, com uma pessoa dormindo em
cima dele. Verbalmente, existe, nas laterais do ponto,
de de, “isperança” em vez de esperança).
uma propaganda justamente dizendo que os benefí-
b) Tomando-se o termo exclusivo no sentido frouxo de
cios dos novos pontos (“conforto, segurança e bele-
característico ou típico, pode-se dizer que o primeiro e
za”) são permanentes. Relacionando esses dois aspec-
o segundo recurso são comumente associados ao
tos, percebe-se que, de fato, os pontos são mais no-
universo caipira. De fato, é bastante comum nas popu-
vos, mais funcionais e mais agradáveis; porém a pre-
lações do interior de São Paulo a pronúncia “craro” em
sença do morador de rua confere um viés crítico à
vez de claro ou “crima” em vez de clima, e de “corgo”
fotografia, pois ele transforma o ponto em uma cama,
em vez de córrego ou “porva” em vez de pólvora.
que seria confortável e segura. Ainda existe, no anún-
Quanto ao terceiro, trata-se de uso bastante generali-
cio publicitário, a exploração de um trocadilho, pois a
zado na linguagem falada brasileira, verificado igual-
mente nas populações urbanas ou rurais. É generaliza- palavra “passageiros” produz uma ambiguidade pro-
da a pronúncia de “isperto”, em vez de esperto; de gramada: como substantivo, indica aqueles que usam
“iscola”, em vez de escola. o transporte coletivo e, como adjetivo, sugere que as
Observação: A imprecisão dos enunciados merece re- vantagens dos pontos novos serão perenes.
paro nesta questão. No item a, a banca faz referência b) Podem ser consideradas expressões comuns da lin-
a um único recurso característico da linguagem falada guagem oral informal: “ninguém te incomoda”, “ca-
pelos personagens, quando há três, o que, sem dúvida lor de matar”, “Cato lata” e “o que dá”.
prejudicaria o candidato que fizesse uma leitura mais
rigorosa do enunciado, confundindo-o no momento de 3 e
responder ao item seguinte.
Neste item b, a eleição do termo exclusivo também é
Módulo 15 – Estudos linguísticos: formas,
inadequada. A afirmação de que a pronúncia “prantando” funções e valores
em lugar de “plantando” seja exclusiva do falar caipira
pode ser considerada, no máximo, uma hipótese teórica
1 a
no universo rural das regiões Norte, Nordeste e Sul, to- uma maneira, entre as quais as seguintes:
mando o uso linguístico caipira como representativo do Beba Matte Leão à vontade; Temos Matte Leão à vontade.
GABARITO
53
b) Além de explorar, do ponto de vista sintático, as elip- ocorre também em “não tem nenhum interesse pú-
ses e, sob a perspectiva da semântica, os sentidos blico” (2a linha). Na segunda ocorrência, a palavra
implícitos que dela decorrem, a propaganda mostra público é empregada como substantivo, pois vem
como, sem alterar a pronúncia de uma frase, é possí- determinada diretamente pelo artigo definido o,
vel tomar as palavras que a constituem como per- como ocorre também em “enorme interesse do pú-
tencentes a classes gramaticais diferentes e, por blico” (3ª linha); igualmente como substantivo é em-
consequência, obter mais de uma organização sintá- pregado em “de um certo público”, aqui substantiva-
tica e vários sentidos. do por meio do determinante indefinido “um certo”.
Sob a perspectiva da morfologia: b) No texto, chama-se de “interesse público” tudo aqui-
. a forma verbal mate (imperativo afirmativo da 3ª lo que atende às reais demandas da sociedade, que
pessoa do singular) é pronunciada da mesma forma se destina ao bem-estar social, como (de acordo com
que o substantivo comum mate (derivado de erva o texto) medidas tomadas para conter a inflação. Já
mate) e o substantivo próprio Matte (que repete a
com a expressão “interesse do público” designam-se
marca registrada do Matte Leão);
. analogamente, a pronúncia da expressão a vontade os interesses mais associados ao gosto pessoal, à
curiosidade, ou à simples “fofoca”.
admite a classificação de artigo definido feminino sin-
gular a seguido de substantivo vontade (formando um 5 08 1 64 5 72
grupo nominal), ou a de preposição a seguida de subs- 6 a
tantivo vontade, formando uma locução adverbial.
Sintaticamente:
7 a) Entre as possibilidades de exemplos, temos:
. a forma verbal mate teria a função de núcleo do . a ondulação da linha superior da área em que estão
predicado; já o substantivo mate teria a função de as figuras humanas, ao sugerir o mar, aponta para
complemento de um verbo implícito — possivel- o tema do infográfico: a água e o ser humano;
mente, beba; . a silhueta humana, indicando que se trata de con-
. o grupo nominal a vontade teria a função sintática sumo de água por pessoas;
de objeto direto do verbo mate; a locução adverbial . as bandeiras, indicativas das regiões consumidoras;
à vontade, a de adjunto adverbial desse verbo.
. os traços na lateral das figuras humanas, que suge-
Semanticamente, o texto publicitário explora a ambi-
rem uma escala e reforçam, portanto, a ideia de que
guidade, ou seja, as múltiplas possibilidades de inter-
as duas cores de cada figura representam o con-
pretação da mensagem. Esta pode ser entendida
sumo de cada país;
como um convite para consumir o Matte Leão e saciar
a sede de bebê-lo ou como uma oferta da quantida-
. a gradação descendente do preenchimento das fi-
de de Matte Leão que o leitor queira consumir, sem guras, que mostra a enorme desigualdade de con-
nada que limite sua vontade. sumo entre os países ricos (as bandeiras, como dito,
permitem a identificação deles) e os pobres. Pode-
M—dulo 16 – Classes de palavras nominais I: -se ressaltar que o contraste entre os extremos (a
figura completamente preenchida do Canadá e a da
substantivo, adjetivo, artigo e numeral
África subsaariana, com um pequeno trecho preen-
1 a) A palavra crise sintetiza a ideia de que o casamento chido a seus pés) possui um poder de impacto sobre
não era um vínculo que não podia ser dissolvido. Por o leitor muito superior ao do simples dado numérico
(“uma imagem vale mais do que mil palavras”);
isso, o matrimônio podia, na prática, acabar, sem que
houvesse “a morte natural de um dos cônjuges”. . o balãozinho de fala que parece dar voz aos que
consomem pouca água.
b) Reescrita, a oração ficaria: tal como a Igreja Católica
b) Infere-se, a partir do título da revista, que a preocupa-
o concebia (ou concebia-o).
ção central do infográfico seja a ecológica, especifica-
2 e mente a busca de um equilíbrio entre a atuação huma-
3 e na sobre o meio ambiente e a conservação deste; em
4 a) No primeiro período do texto, temos duas ocorrên- uma palavra: sustentabilidade. Nessa perspectiva, o
cias da palavra público: “são de interesse público” e infográfico, além de informar o desperdício de água,
“são de interesse do público”. Na primeira ocorrência, teria uma proposta reparadora: alterar o comporta-
público é empregado como adjetivo, já que está qua- mento dos leitores para um consumo consciente da
lificando diretamente o substantivo interesse, como água.
54
6 L I T ER AT UR A E A R T E COMPETÊNCIAS GERAIS C1.C2
M Ó D U L O
A estética neoclássica
e o Arcadismo no Brasil
COMPETÊNCIAS
Competência 6: , ,
Objetivos de aprendizagem Módulo previsto para 2 aulas (Aulas 13 e 14). ESPECÍFICAS
E HABILIDADES
DA BNCC
. Objetivo 1: analisar e compreender os principais recursos da estética neoclássica, em particular do
COMPETÊNCIA 1
Arcadismo e suas tópicas literárias, em diálogo com o contexto histórico em que foi produzida. (Aula 13)
EM13LGG101
. Objetivo 2: conhecer e interpretar a obra do poeta português Bocage, tanto em seus aspectos neo- EM13LP03
clássicos como pré-românticos. (Aula 13) EM13LP04
. Objetivo 3: analisar e compreender as características peculiares do Arcadismo brasileiro, por meio da EM13LP24
EM13LP48
identificação de referências específicas à realidade sócio-histórica nacional em meio às tópicas lite-
rárias europeias. (Aula 14) COMPETÊNCIA 2
. Objetivo 4: conhecer e analisar as produções poéticas dos mais consagrados autores do Arcadismo EM13LGG201
brasileiro, seus principais temas e aspectos. (Aula 14) EM13LGG202
EM13LGG204
EM13LP01
Neste módulo Sugestão de divisão aula a aula:
Aula 13: objetivos 1 e 2 – características gerais e Arcadismo português COMPETÊNCIA 3
Aula 13 Aula 14: objetivos 3 e 4 – Arcadismo brasileiro EM13LP50
1 Arcadismo COMPETÊNCIA 6
EM13LGG601
Reprodução/Museu Nacional de Arte Antiga, Lisboa, Portugal.
EM13LGG604
EM13LP49
Ponto de partida:
As perguntas a seguir podem servir de ponto moti-
vador para a discussão de aspectos importantes do
Neoclassicismo. Trata-se de mostrar como ideais
dade?
Narciso e Eco (1797), de Vieira Portuense. A tela do pintor português Vieira Portuense
atesta o interesse pela temática mitológica no contexto luso-brasileiro do Arcadismo.
O universo clássico evocava elementos fundamentais do Iluminismo, tais como a
racionalidade e o equilíbrio.
55
. Contexto: Século XVIII – “Século das Luzes”.
. Iluminismo: movimento filosófico que considera a Razão como guia de todos os campos da experiên-
cia humana.
. Neoclassicismo: elegância e contensão inspiradas na arte clássica (tanto do Quinhentismo lusitano
quanto da Antiguidade). Presença da mitologia greco-latina.
. Arcadismo: ambientação bucólica e temas pastoris. Adoção de pseudônimos e presença de musas
inspiradoras. Convencionalismo.
. Temas árcades:
- Carpe diem: colhe o dia. Aproveitar o tempo presente, sem pensar no amanhã.
- Inutilia truncat: corta o inútil. Expressa a ideia de que não é preciso muita coisa para ser feliz.
- Aurea mediocritas: equilíbrio de ouro. Elogio da vida simples, sem luxos nem privações.
- Fugere urbem: fuga da cidade. A vida na cidade é associada à ostentação e à vaidade.
- Locus amoenus: lugar ameno. Cenários bucólicos, agradáveis. A natureza é idealizada como um
espaço de beleza e de primavera eternas.
. Pré-Romantismo: momento de transição. Sentimentalismo e locus horrendus (descrição de espaços
opressores, como masmorras ou selvas escuras).
Vista panorâmica de Ouro Preto (MG), antiga Vila Rica, que foi cenário de eventos importantes da arte colonial brasileira. O desenvolvimento
econômico alcançado via exploração aurífera fez nascer ali um conjunto de expressões artísticas de relevo, que se manifestaram na poesia
árcade (feita, em sua maioria, por letrados brancos) e nas artes plásticas, em que se sobressaiu a figura do escultor mestiço Antônio Francisco
Lisboa, o Aleijadinho.
56
1.2.1 Poetas de destaque
. Cláudio Manuel da Costa: Obras (1768).
. Tomás Antonio Gonzaga:
- Poesia lírica: Marília de Dirceu (duas partes: 1. Tipicamente árcade; 2. Pré-romântica).
- Poesia satírica: Cartas chilenas (crítica ao administrador português na região de Vila Rica).
. Basílio da Gama: O Uraguai (1769), poemeto épico em louvor às ações do Marquês de Pombal.
Referências indianistas.
. Santa Rita Durão: Caramuru (1781), referências indianistas.
lucas nishimoto/Shutterstock
Santuário de Bom Jesus do Matosinhos, na cidade de Congonhas (MG). Os profetas em pedra-sabão na entrada da
igreja do conjunto arquitetônico foram criados por Aleijadinho.
Que alegre campo! Que manhã tão clara! para que possa vivenciar plenamente a felicidade daquele locus amoenus.
57
D E S E N V O LV E N D O H A B I L I D A D E S
3 (Unifesp) O lema do carpe diem sintetiza expressivamen- 4 Compare o espaço apresentado neste soneto de Boca-
te o motivo de se aproveitar o presente, já que o futuro é ge ao que foi descrito pelo mesmo poeta no poema da
incerto. Tal lema manifesta-se mais explicitamente nos questão 1.
seguintes versos de Tomás Antônio Gonzaga:
Enquanto no primeiro soneto o espaço se caracteriza por atributos
a) Ah! Socorre, Amor socorre
Ao mais grato empenho meu! positivos típicos de um locus amoenus, no segundo soneto é marcado por
Voa sobre os astros, voa, características negativas, típicas de um verdadeiro locus horrendus: uma
Traze-me as tintas do Céu.
floresta escura e triste, com vegetação árida, onde o poeta habita uma
b) Depois que represento
Por largo espaço a imagem de um defunto, caverna úmida. Essa representação do espaço é condizente com o estado
Movo os membros, suspiro,
de profunda melancolia em que o enunciador se encontra.
E onde estou pergunto.
c) É bom, minha Marília, é bom ser dono
De um rebanho, que cubra monte e prado;
Porém, gentil pastora, o teu agrado
Vale mais que um rebanho, e mais que um trono.
d) Se algum dia me vires desta sorte,
Vê que assim me não pôs a mãos dos anos:
Os trabalhos, Marília, os sentimentos
Fazem os mesmos danos.
e) Ah! Enquanto os Destinos impiedosos Aula 14
Ventura: felicidade, boa sorte. O soneto pode ser relacionado à tópica árcade do fugere urbem, pois exalta
Penedo: grande pedra; rochedo.
a vida rústica do campo em detrimento da vida sofisticada das cidades.
Lúgubre: relativo a luto ou morte.
Carpir: chorar, prantear.
Estância: lugar onde se reside.
Lôbrega: escura, sombria.
58
D E S E N V O LV E N D O H A B I L I D A D E S
6 Considerando o contexto sócio-histórico em que estava Sem que o possam deter, o tempo corre;
inserido o poeta Cláudio Manuel da Costa, pode-se afirmar E para nós o tempo, que se passa,
que o poema expressa a condição do intelectual brasilei- Também, Marília, morre.
ro em face da cultura e dos modos de vida europeus?
Justifique sua resposta. Com os anos, Marília, o gosto falta,
E se entorpece o corpo já cansado;
Sim. O poema revela a condição do intelectual brasileiro do século XVIII,
triste o velho cordeiro está deitado,
que vivia em um ambiente mais rústico que o das cortes europeias. Ainda e o leve filho sempre alegre salta.
A mesma formosura
assim, o enunciador explicita seu apego ao ambiente de sua terra natal (no
É dote, que só goza a mocidade:
caso, Minas Gerais). Rugam-se as faces, o cabelo alveja,
Mal chega a longa idade.
59
Sugestão de divisão aula a aula:
Orientação de estudo Aula 13: objetivos 1 e 2
Aula 14: objetivos 3 e 4
EX TRAS!
Aula 13
1 O século XVIII foi marcado pelas ideias do Iluminismo. Se são firmes por mim o Estado, a Igreja,
Nesse contexto, Marquês de Pombal, ministro do rei de Se é no seio da paz feliz o Povo,
Portugal, reformou os planos de ensino da Universidade Dizei-o vós, ó Ninfas do Parnaso.”
de Coimbra. No poema O desertor, o poeta brasileiro SILVA ALVARENGA, Manuel Inácio da. In: SILVA ALVARENGA, Manuel Inácio da.
Manuel Inácio da Silva Alvarenga louva a superação dos O desertor. Campinas: Editora da Unicamp, 2003. p. 110-111.
60
EXTRAS!
ANOTAÇÕES
61
7 L I T ER AT UR A E A R T E
M Ó D U L O
O Romantismo e a consolidação
cultural brasileira
. Objetivo 6: avaliar a manifestação do humor na poesia e no teatro românticos, com destaque para as
EM13LP48
EM13LP52
obras de Álvares de Azevedo (segunda parte da Lira dos vinte anos) e Martins Pena. (Aula 18)
COMPETÊNCIA 2
Neste módulo EM13LGG201
Ponto de partida
Para iniciar esta aula, sugerimos apresentar aos alunos um poema de Paulo Leminski EM13LGG202
Aula 15 (texto disponível no Caderno do Professor) como ideia motivadora. Esse poema EM13LP01
apresenta uma perspectiva positiva da estética romântica – cujo excesso de fantasia
1 A estética romântica costuma ser visto como traço negativo – e sugere um dado essencial: o de que
elementos fundamentais do Romantismo foram constantemente retomados em COMPETÊNCIAS 1
diferentes épocas culturais. E3
EM13LP53
COMPETÊNCIA 6
Individualismo
Sentimentalismo Nacionalismo Valorização do EM13LP46
Liberdade sonho e
da fantasia COMPETÊNCIA 7
EM13LP31
62
2.1 Poesia
• Indianismo: escolha do índio
como símbolo de nacionalidade
• Indígena: figura heroica e positiva
Gonçalves Dias
(1823-1864)
• Mentalidade cristã
• Maniqueísmo (Bem x Mal)
Álvares de Azevedo
(1831-1852)
63
Aula 18
2.3 O riso romântico
Ponto de partida
A ideia nesta aula é apresentar
um trechinho de uma crônica
de Alcântara Machado aos
alunos (texto disponível no
Dois velhos comendo sopa (1820-1823), de Francisco Goya. A obra de Goya é inclassificável,
mas há quem a inclua no Romantismo. Seja como for, ela serve para evidenciar que, no
período romântico, a abordagem séria de temas como o amor, a pátria e a natureza convivia
com uma tendência ao cômico. O humor romântico não conduzia necessariamente à
gargalhada, mas à percepção de aspectos prosaicos e grotescos da realidade.
Recusa da Paródia do
idealização sentimentalismo
No teatro
Memórias de um sargento Lira dos vinte anos
de milícias (Segunda parte)
Personagens:
tipos cariocas
1
Reprodução/Enem, 2017.
64
2. Se possível, seria interessante indicar aos alunos a leitura da peça Trate-me leão, de onde foi extraído o texto. A peça é formada por
várias cenas independentes, e o trecho foi retirado da última delas. Para um trabalho ainda mais completo, seria interessante fazer a mon-
tagem de algumas cenas com os alunos, porque a rebeldia juvenil, que é tema da peça, era um dos componentes da estética romântica.
D E S E N V O LV E N D O H A B I L I D A D E S
Pertencente ao Romantismo, a obra de Victor Meirelles que é aplicada nas aulas; a família, que exige sua presença e
Evandro
No momento em que eu estou mais frágil, a escola
dispõe de mim horas por dia, seis dia por semana. Me diz,
professor: a minha juventude devo dar à minha família?
Minha inteligência devo dar à escola? Meus sentimentos
ao serviço militar? Meu amor a todos os homens? E o meu
trabalho, pra qual safado? A felicidade na terra nunca vai
deixar de ser uma visão fantástica? Não dá pra acreditar.
b) Mantendo o estilo do texto, e com base em suas pró-
Por que, então, milhões de homens e mulheres deram
prias crenças e desejos, dê continuidade à frase: “No
suas vidas no compromisso de mudar esse destino?
momento em que eu estou mais frágil...”.
Perfeito
Resposta pessoal.
No momento em que eu estou mais frágil, querendo
saber das coisas, a escola dispõe de mim. Mas eu estou
começando a achar que essa escola vai perder um mau
aluno. Não adianta reprovar o aluno, se ele não brinca de
cabra-cega como todo o corpo docente espera. O que eu
quero saber não está escrito nesse quadro-negro!
Fábio
65
3. Este material tem a intenção de promover uma aproximação entre o conteúdo estudado e as referências dos
alunos. Susano Correia é um artista jovem, em atividade, e que usa as redes sociais – onde tem milhares de se-
guidores – como veículo de divulgação de seu trabalho. Caso seja possível, no contexto da aula, pedir aos alunos
que pesquisem e observem a dimensão de sua obra em seus celulares, o material pode servir como exemplo do
quanto questões abordadas no período romântico ainda estão presentes e fazem sucesso entre os jovens de hoje.
D E S E N V O LV E N D O H A B I L I D A D E S
Aula 16
3 Susano Correia nasceu em Florianópolis e formou-se em b) 3b. A frase do artista para essa
Resposta pessoal.
66
D E S E N V O LV E N D O H A B I L I D A D E S
Grácil: gracioso.
Fragmento 2 – “O navio negreiro”
Senhor Deus dos desgraçados! 6 A descrição de um personagem de ficção permite ao
Dizei-me vós, Senhor Deus! leitor identificar traços da concepção estética que deter-
67
D E S E N V O LV E N D O H A B I L I D A D E S
minou sua criação. No trecho, a índia Iracema é concebida fios de barbante, em cuja extremidade iam penduradas
em termos românticos, na medida em que: grossas bolas de cera. Se ia por ali ao seu alcance algum in-
a) fica evidenciado que a manifestação do amor pela pá- feliz, a quem os anos tivessem despido a cabeça dos cabe-
tria leva o narrador a colocar a personagem em uma los, colocavam-se em distância conveniente, e escondidos
condição de inferioridade em relação à natureza.
por trás de um ou de outro, arremessavam o projétil que
b) em poucas linhas, o narrador consegue definir com ia bater em cheio sobre a calva do devoto; puxavam rapi-
precisão os traços da personalidade e do caráter da damente o barbante, e ninguém podia saber donde tinha
personagem.
partido o golpe. Estas e outras cenas excitavam vozeria e
c) sua descrição coloca em destaque sua ligação com o gargalhadas na multidão.
ambiente no qual está inserida, em comparação ao qual
Era a isto que naqueles devotos tempos se chamava
é vista de forma superlativa.
correr a via-sacra.
d) a referência explícita à virgindade confere à persona-
ALMEIDA, Manuel Antônio de. Memórias de um sargento de milícias.
gem uma dimensão de espiritualidade, distanciando-a Cotia: Ateliê Editorial, 2000. p. 84-85.
da relação com a terra.
Explique o uso do destaque na palavra “devotos”, no últi-
e) os termos utilizados para descrevê-la sugerem um pro-
mo parágrafo transcrito.
cesso de animalização, próprio da escola romântica.
7 Em literatura, nem sempre as coisas são apenas o que A expressão destacada “devotos” configura uma ironia: na verdade, o
Sim, há outra leitura possível. Sem deixar de ser uma história de amor,
nacionalidade brasileira, na medida em que, de sua união, nascerá Texto para a questão 9
Moacir, chamado no romance de “o primeiro brasileiro”. A lagartixa ao sol ardente vive
E fazendo verão o corpo espicha:
O clarão de teus olhos me dá vida,
Tu és o sol e eu sou a lagartixa.
ÁLVARES DE AZEVEDO. In: ÁLVARES DE AZEVEDO. Obra completa.
Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 2000. p. 235.
Aula 18
8 Leia o texto.
9 Comparações e metáforas eram recursos comuns no es-
Às quartas-feiras e em outros dias da semana saía do
tilo romântico. O trecho transcrito se utiliza desses recur-
Bom Jesus e de outras igrejas uma espécie de procissão
sos de acordo com o padrão dessa estética literária? Jus-
composta de alguns padres conduzindo cruzes, irmãos tifique sua resposta.
de algumas irmandades com lanternas, e povo em grande
quantidade; os padres rezavam e o povo acompanhava a Não. A comparação entre situações vividas por enamorados e elementos
68
Sugestão de divisão aula a aula: Aula 16: objetivo 3 Aula 18: objetivos 5 e 6
Orientação de estudo
Aula 15: objetivos 1 e 2 Aula 17: objetivo 4
• Leia o item 2.1 da seção Neste módulo. • Faça as questões 15 a 17 do • Faça as questões 20 e 21 do
3 • Faça as questões 13 e 14 do Capítulo 7. Capítulo 7.
Capítulo 7. • Leia os itens 6 a 6.3.1.2 do Capítulo 7.
• Leia o item 2.3 da seção Neste • Faça a questão 38 do Capítulo 7. • Faça a questão 39 do Capítulo 7.
módulo. • Leia o item 8.1 do Capítulo 7.
5
• Faça as questões 36 e 37 do
Capítulo 7.
EX TRAS!
Aula 15
1 O livro Suspiros poéticos e saudades, de Gonçalves de e dá certa feição de concertado artifício que jamais podem
Magalhães, publicado em 1836, é considerado o marco inau- agradar. Ora, não se compõe uma orquestra só com sons
gural do movimento romântico no Brasil. O trecho a seguir doces e flautados; cada paixão requer sua linguagem pró-
faz parte do prefácio que o autor escreveu para a obra.
pria, seus sons imitativos, e períodos explicativos.
Uma vez determinado e conhecido o fim, o gênero se
GONÇALVES DE MAGALHÃES. Advertência. In: GONÇALVES DE MAGALHÃES.
apresenta naturalmente. Até aqui, como só se procurava fazer Suspiros poéticos e saudades. 6. ed. Brasília: Universidade de Brasília, 1998. p. 43-44.
uma obra segundo a Arte, imitar era o meio indicado: fingi-
da era a inspiração, e artificial o entusiasmo. Desprezavam os Hélicon: monte da Grécia, que, segundo a mitologia, era habitado por ninfas
inspiradoras de poetas.
poetas a consideração se a Mitologia podia, ou não, influir so-
Febo: deus romano associado ao Sol, concebido como um veículo comandado
69
EXTRAS!
2 A menina Mafalda é uma personagem do desenhista argentino Quino (1932-2020). Esperta e questionadora, tem sempre
uma visão crítica do mundo em que vive. Na tira a seguir, diante das lágrimas derramadas pela amiga Susanita, Mafalda
comenta: “Ainda bem que os roteiristas de telenovelas têm a delicadeza de não nos mostrar quando os atores, no meio do
drama de paixões, recebem a conta de luz, de telefone, impostos municipais, gás, obras sanitárias...”.
Em sua fala, Mafalda alude a um dos aspectos da estética romântica, que ainda hoje aparece em muitas telenovelas. Indique
esse aspecto.
Aula 16
3 Observe as obras de Victor Meireles e Théodore Géricault.
Reprodução/Museu Victor Meirelles, Florianópolis, SC.
70
EXTRAS!
Às vezes ouviam-se partir do fundo do balseiro os sil- 7 O escritor brasileiro José de Alencar ficou muito conhecido
vos das serpentes, os pios tristes de algum pássaro, que pelos folhetins românticos que publicou, mas ele também
magnetizado ia entregar-se à morte; ou o tanger de um foi um excelente cronista. Seus textos, reunidos em Ao cor-
pequeno chocalho sobre a pedra. rer da pena, publicado em 1874, trazem exemplos da leveza
Quando o sol estava a pino, como então, via-se entre a e bom humor de seu estilo. O trecho a seguir foi retirado de
LITERATURA E ARTE
relva, sobre o cálice de campânulas roxas, os olhos verdes uma crônica publicada em 4 de novembro de 1865.
de alguma serpente, ou uma linda fita de escamas pretas e Desejava dirigir uma pergunta aos meus leitores.
vermelhas enlaçando a haste de um arbusto. Mas uma pergunta é uma coisa que não se pode fazer
ALENCAR, José de. O Guarani. São Paulo: Ateliê Editorial, 2000. sem um ponto de interrogação.
71
EXTRAS!
Ora, eu tenho uma birra muito séria a esta figurinha de Ainda tinha muita coisa a dizer sobre esta arte de pes-
ortografia, a esta espécie de corcundinha que parece estar car na sociedade, arte que tem chegado a um aperfeiçoa-
sempre chasqueando e zombando da gente. mento miraculoso.
Com efeito, o que é um ponto de interrogação? Fica para outra ocasião.
Se fizerdes esta pergunta a um gramático, ele vos ator- ALENCAR, José de. Ao correr da pena (II). In: ALENCAR, José de.
Obra completa. Rio de Janeiro: José Aguilar, 1960. v. IV. p. 833-834.
doará os ouvidos durante uma hora com uma dissertação
de arrepiar os cabelos. a) No trecho, o autor parte de uma metáfora. Explicite-a.
Entretanto, não há coisa mais simples de definir do b) A partir dessa metáfora, indique o papel da “isca”.
que um ponto de interrogação; basta olhar-lhe para a cara.
8 Um dos casais da peça O novi•o, de Martins Pena, é for-
Vede: — ?
mado por Ambrósio e Florência. Ambos são apresentados
É um pequeno anzol.
no trecho a seguir, e o diálogo entre eles permite perceber
Ora, para que serve o anzol? alguns dos traços que os caracterizam.
Para pescar.
Portanto, bem definido, o ponto de interrogação é Ato Primeiro
uma parte da oração que serve para pescar. (Sala ricamente adornada: mesa, consolos, mangas
Exemplo: de vidro, jarras com flores, cortinas, etc., etc. No fundo, porta
1o Quereis pescar um segredo que o vosso amigo vos de saída, uma janela, etc. etc.)
oculta, e que desejais saber; deitais o anzol disfarçada-
Cena I
mente com a ponta da língua:
Ambrósio (só, de calça preta e chambre.)
— Meu amigo, será verdade o que me disseram, que
No mundo a fortuna é para quem sabe adquiri-la. Pin-
andas apaixonado?
tam-na cega... Que simplicidade! Cego é aquele que não
2o Quereis pescar na algibeira de algum sujeito uma cen-
tem inteligência para vê-la e a alcançar. Todo homem pode
tena de mil réis; preparais o cordel e lançais o anzol de repente:
ser rico, se atinar com o verdadeiro caminho da fortuna.
— O sr. pode emprestar-me aí uns duzentos mil réis?
Vontade forte, perseverança e pertinácia são poderosos
3o Quereis pescar algum peixe ou peixãozinho: reque-
auxiliares. Qual o homem que, resolvido a empregar to-
brais os olhos, adoçai a voz, e por fim deitais o anzol:
dos os meios não consegue enriquecer-se? Em mim se vê
— Uma só palavra: tu me amas?
o exemplo. Há oito anos, era eu pobre e miserável, e hoje
É preciso porém que se advirta numa coisa.
sou rico, e mais ainda serei. O como não importa; no bom
O ponto de interrogação é um anzol, e por conseguinte
resultado está o mérito... Mas um dia pode tudo mudar. Oh,
serve para pescar; mas tudo depende da isca que se lhe deita.
que temo eu? Se em algum tempo tiver de responder pelos
Nenhum pescador atira à água o seu anzol sem isca; meus atos, o ouro justificar-me-á e serei limpo de culpa. As
ninguém portanto diz pura e simplesmente:
leis criminais fizeram-se para os pobres...
— Empresta-me trezentos mil réis?
Não; é preciso que o anzol leve isca, e que esta isca seja Cena II
daquelas que o peixe que se quer pescar goste de engolir. Entra Florência vestida de preto, como quem vai à festa.
Alguns pescadores costumam deitar um pouco de Florência (Entrando)
mel, e outros seguem o sistema dos índios que metiam Ainda despido, Sr. Ambrósio?
dentro d’água certa erva que embebedava os peixes. Ambrósio
Assim, ou dizem: É cedo. (Vendo o relógio.) São nove horas, e o ofício de
— Meu amigo, o senhor, que é o pai dos pobres, (isca) Ramos principia às dez e meia.
empresta-me trezentos mil réis? (anzol). Florência
Ou então empregam o segundo meio: É preciso ir mais cedo para tomarmos lugar.
— Será possível que o benfeitor da humanidade, o ho- Ambrósio
mem que todos apregoam como a generosidade personi- Para tudo há tempo. Ora, dize-me, minha bela Florência...
ficada, que o cidadão mais popular e mais estimado desta Florência
terra, que o negociante que revolve todos os dias um alu- O que, meu Ambrosinho?
vião de bilhetes do banco, me recuse a miserável quantia Ambrósio
de trezentos mil réis? O que pensa tua filha do nosso projeto?
No meio do discurso já o homem está tonto de tanto Florência
elogio, de maneira que, quando o outro lhe lança o anzol, é O que pensa não sei eu, nem disso se me dá; quero eu
com certeza de trazer o peixe - e basta. E é seu dever obedecer.
72
EXTRAS!
Ambrósio Florência
Assim é; estimo que tenhas caráter enérgico. Sei disso, vidinha.
Florência Ambrósio
Energia tenho eu. E não foi o interesse que obrigou-me a casar contigo.
Ambrósio Florência
E atrativos, feiticeira... Foi o amor que nos uniu.
Florência Ambrósio
Ai, amorzinho! (À parte.) Que marido! Foi, foi, mas agora que me acho casado contigo, é de
Ambrósio meu dever zelar essa fortuna que sempre desprezei.
Escuta-me, Florência, e dá-me atenção. Crê que ponho Florência (À parte.)
todo o meu pensamento em fazer- te feliz... Que marido!
Florência Ambrósio (À parte.)
Toda eu sou atenção. Que tola! [...]
Ambrósio MARTINS PENA. O noviço. In: MARTINS PENA. Comédias (1844-1845).
Organização de Vilma Arêas. São Paulo: WMF Martins Fontes, 2007. p. 75-78.
Dous filhos te ficaram do teu primeiro matrimônio.
Teu marido foi um digno homem de muito juízo; deixou-te a) A primeira fala de Ambrósio revela qual traço de sua
herdeira de avultado cabedal. Grande mérito é esse... personalidade? Esse traço ainda se faz presente em
Florência dias atuais? Justifique sua resposta.
Pobre homem! b) Tanto Florência quanto Ambrósio se utilizam do recur-
Ambrósio so teatral do à parte. Explique esse recurso, explicitan-
Quando eu te vi pela primeira vez, não sabia que eras do o que seu uso indica a respeito da personalidade de
viúva rica. (À parte.) Se o sabia! (Alto.) Amei-te por simpatia. cada um dos personagens.
GABARITO – EXTRAS!
uma referência à maior eficiência na atividade minerado- em seu contexto histórico (a segunda metade do século
ra. O texto menciona também o desenvolvimento dos XVIII), sem se posicionar de maneira explícita a respeito
saberes astronômicos e das correntes marítimas, no tre- dela. Já o poema de Drummond é uma crítica amargurada
cho “Pode uma destra mão por mim guiada / Descrever à atividade mineradora, associando-a a uma carga difícil de
o caminho dos Planetas: / O mar descobre as causas do ser levada, ao endividamento e, ainda, às lágrimas e à dor.
seu fluxo”. O texto ainda alega que, por meio da Verda-
de, são firmes o Estado, a Igreja e a felicidade do povo. Módulo 7 – O Romantismo e a consolidação
cultural brasileira
c) Sim. Uma das principais características da arte barro-
LITERATURA E ARTE
ca é o gosto pela expressão contorcida, que se vale, nas 1 a) O autor se refere à estética neoclássica, que, segun-
artes plásticas, de linhas curvas e exuberantes, e, na lite- do ele, limitava-se a imitar modelos artísticos antigos,
ratura, de uma sintaxe labiríntica, marcada por inversões representados, no trecho, pelas referências a deuses e
e quiasmos. Além disso, no plano do desenvolvimento passagens da mitologia.
73
b) O autor defende um distanciamento de modelos b) Na pescaria, o anzol é utilizado para fisgar o peixe,
preestabelecidos, elogiando a liberdade de expressão. que é atraído pela isca. Aplicando ao contexto da
Segundo ele, a poesia deveria se preocupar em expres- crônica, o autor sugere que a “isca” corresponde ao
sar ideias e sentimentos, sem se deixar levar por regras conjunto de artifícios usados para convencer alguém a
de composição. responder uma pergunta de maneira satisfatória para o
2 Trata-se da postura escapista adotada em muitos textos enunciador, isto é, para quem faz a pergunta.
românticos, por intermédio da qual a realidade concreta 8 a) A crítica à sociedade da época se encontra implícita
era abandonada em nome do predomínio da fantasia e em uma afirmação de Ambrósio, segundo a qual “as leis
da imaginação. Na tira, as duas amigas se emocionam criminais fizeram-se para os pobres...”. Essa afirmação
com uma cena de telenovela, e Mafalda dá a entender denuncia o controle do sistema legal pelos poderosos,
que talvez chorassem ainda mais se assistissem aos que o usavam como arma de opressão dos mais pobres.
atores lidando com as dificuldades da vida cotidiana, No século XXI, esse padrão judicial ainda se faz presente
como as contas a pagar. em vários lugares do mundo, inclusive no Brasil, onde em
geral os endinheirados conseguem subterfúgios legais
3 c
que permitem prorrogar ou até anular sentenças judi-
4 a
ciais, enquanto os menos favorecidos enfrentam os me-
5 Na descrição é possível notar, em passagens como “ta- canismos legais em todo o seu rigor.
pete de verde risonho”, a idealização da natureza brasi-
b) O recurso do à parte consiste em uma fala do perso-
leira, que servia ao projeto de identidade nacional pro-
nagem que só pode ser ouvida pelo público, fugindo em
posto pelos românticos. Ao mesmo tempo, as imagens
princípio da lógica expositiva do discurso que esse per-
de serpentes sugerem o perigo iminente da mesma na-
sonagem realiza anteriormente. Na cena transcrita, o
tureza, o que caracteriza o Belo Natural, estudado pelas
recurso do à parte revela as verdadeiras intenções de
obras do Romantismo.
Ambrósio ao se aproximar de Florência (pretendia ape-
6 e nas apoderar-se de sua fortuna) e a ingenuidade de
7 a) A metáfora associa o sinal gráfico do ponto de inter- Florência, que se deixa enganar pelo rapaz, consideran-
rogação a um anzol de pesca. do-o um marido exemplar.
ANOTAÇÕES
74
5 PRODUÇÃO DE TEXTO C OMP E T Ê NC I A S GE R A IS C 1 . C 4 . C 5 . C 7. C 1 0
M Ó D U L O
A linguagem no universo
digital: pós-verdade e
fake news
Módulo previsto para 3 aulas (Aulas 13 a 15).
COMPETÊNCIAS
Objetivos de aprendizagem Módulo previsto para três aulas (Aulas 13 a 15). ESPECÍFICAS
E HABILIDADES
(Aula 13)
. Objetivo 1: compreender as mudanças da linguagem no universo digital, com ênfase no hipertexto. DA BNCC
. Objetivo 2: relacionar fatos, versões e opiniões aos conceitos de pós-verdade e fake news. (Aula 13) COMPETÊNCIA 3
. Objetivo 3: analisar as implicações sociais e políticas da desinformação. (Aula 14) EM13LGG303
. Objetivo 4: produzir um texto dissertativo a partir da reflexão sobre o quanto o comportamento dos EM13LP33
75
Pós-verdade: disposição pública em que as pessoas estão mais inclinadas a julgar a validade de afirmações
de acordo com as emoções ou com suas crenças.
(Aula 14)
buffaloboy/Shutterstock
FAKE NEWS
76
D E S E N V O LV E N D O H A B I L I D A D E S
governo totalitário, liderado pelo Grande Irmão (“Big Bro- 3 Que relação se estabelece, no Texto II, entre uma obra de
ther”, em inglês), controla uma sociedade aterrorizada ficção e a realidade atual, em que as notícias falsas são
pela guerra – o livro foi publicado em 1948 e reflete o medo cada vez mais comuns?
manifesto de uma terceira guerra mundial na época.
Ao relacionar uma obra de ficção, 1984 – em que a vigilância e o controle
Interpretada por muitos como uma profecia escatológi-
ca, a obra (uma leitura pesada que deixa o leitor perturbado) político estão em discussão –, aos temas das fake news e da pós-verdade,
mostra como o governo pode manipular a verdade (papel
ilustram-se os temores do ser humano em relação às tecnologias que ele
do Ministério da Verdade), inclusive o passado, e monitorar
tudo e todos por meio das “teletelas” (ferramentas de con- mesmo cria. Além disso, o exemplo das eleições nos Estados Unidos e as
trole eletrônico que funcionam como aparelhos de TV e
semelhanças entre as redes sociais (Facebook, Google e mídia em geral) e o
câmeras de vigilância ao mesmo tempo), da Polícia do Pen-
samento (crianças denunciam os pais com “pensamentos ficcional “Ministério da Verdade” confirmam essa relação. Por fim, o aumento
inadequados” e são tratadas como heróis pelo Estado), do
“duplipensar” (manipulação das suas próprias ideias) e dos de venda da obra de Orwell mostra a atualidade de sua criação artística.
sociedade, orientando-se pela conveniência da visão de mundo dos estudos analisados. Um dos estudos observados pelos eco-
nomistas mostrou que as contas automatizadas motivam
indivíduos. Por isso, as fake news podem ser uma ferramenta para a
até 20% de debates em apoio a político no Twitter.
manutenção de poder e estabelecimento de pós-verdades. Disponível em: https://tecnologia.uol.com.br. 12.04.2018. Adaptado.
77
D E S E N V O LV E N D O H A B I L I D A D E S
4 (Insper-SP) As informações do texto permitem concluir palavra de um Prêmio Nobel”. A teoria de Eco é comprova-
corretamente que da por um levantamento realizado pelo Grupo de Pesquisa
a) o jogo político no Brasil tende a mudar na eleição de em Políticas Públicas de Acesso à Informação da USP, na
2018, considerando-se que o perfil do usuário na inter- 10 semana que antecedeu a votação do impeachment da ex-
net é prioritariamente de jovens, os quais usam os re-
-presidente Dilma Rousseff na Câmara dos Deputados, em
cursos das redes sociais com o intuito de discutir temas
abril de 2016.
sociais relevantes.
A diligência, que investigou mais de 8 mil reportagens
b) a polarização nas câmaras de ressonância é importante
porque os grupos que elas influenciam serão capazes publicadas em jornais, revistas, sites e blogs no período,
de atrair os eleitores indecisos por meio de notícias 15 concluiu que três das cinco notícias mais compartilhadas
factuais e poderão, dessa forma, mudar o cenário elei- no Facebook eram falsas. Juntos, os textos tiveram mais de
toral do país. 200 mil compartilhamentos, o que nos leva a crer que mais
c) o brasileiro prefere promover suas discussões nas redes de 1 milhão de pessoas tenham sido impactadas por notí-
sociais valendo-se das câmaras de ressonância, as quais cias falsas em menos de uma semana.
não só garantem o atendimento às expectativas do
20 A má notícia (e essa não é falsa) é que a onda de inver-
grupo, como o resguardam das notícias que não podem
dades não se restringiu ao processo de impeachment de
ser comprovadas.
Dilma Rousseff – ela está presente em nosso dia a dia e hoje
d) o impacto das informações falsas ou verdadeiras é
influencia discussões nas mais diferentes áreas, da polí-
difícil de ser mensurado, considerando-se que o brasi-
leiro discute política principalmente pelo WhatsApp, tica ao esporte, passando pela economia e pela cobertura
suporte mais propenso à formação das chamadas 25 ambiental. Vivemos a era do fake news, na qual blogs com
câmaras de ressonância. interesses escusos deturparam o princípio básico do jorna-
e) a ampliação do acesso do brasileiro às redes sociais lismo, que é a imparcialidade, para manipular a opinião pú-
está impulsionando a criação de uma nova forma de blica de acordo com os interesses de determinados grupos.
discussão política, questão que requer atenção no uso Nos últimos anos, essa se tornou uma atividade altamente
desses recursos, sobretudo pela facilidade na dissemi- 30 lucrativa – talvez até mais rentável que o jornalismo de ver-
nação de notícias não factuais. dade. Prova disso é que atualmente existe uma verdadeira
5 (Insper-SP) Um título coerente com as informações apre- indústria que movimenta bilhões de dólares por ano atra-
sentadas no texto é: vés dos fake facts.
a) Brasileiro ainda é tímido para discutir eleição nas redes Mas nem só de blogs sujos vive o fake news. Em um
sociais, mas adora fake news. 35 momento de debates polarizados, de “nós contra eles”,
b) Brasileiro interage nas redes sociais, mas ainda não muitos profissionais da área têm misturado jornalismo
consegue identificar fake news. com ativismo, levando a desinformação até mesmo aos
c) Brasileiro promove a discussão eleitoral nas redes so- veículos que gozam de credibilidade junto ao seu públi-
ciais, ignorando fake news. co. O que pouca gente se dá conta é que notícias falsas ou
d) Brasileiro deixa de discutir eleição nas redes sociais 40 coberturas jornalísticas tendenciosas podem afetar não
porque desconhece fake news. somente a política, como também pessoas e empresas,
e) Brasileiro espera mudar o jogo político com as redes destruindo a reputação e gerando prejuízos bilionários às
sociais, usando as fake news. corporações.
6 (UPF-RS) O jornalismo, não como empresa, mas como institui-
45 ção, precisa criar um escudo para se proteger dessas prá-
O valor da verdade na era do fake news
ticas obscuras e não ser predado pelo fake news. É cada
O jornalismo, não como empresa, mas como vez mais necessário zelar pela história, pelos valores e pe-
instituição, precisa criar um escudo para se los princípios dos veículos tradicionais – e sobretudo pela
proteger dessas práticas obscuras credibilidade conquistada por eles ao longo de décadas.
Já dizia o filósofo e escritor italiano Umberto Eco: “O 50 Muitos desses meios de comunicação contam atualmente
drama da internet é que ela promoveu o idiota da aldeia com checadores profissionais de informações, uma arma
a portador da verdade”. Segundo ele, os “idiotas da aldeia” eficiente na busca pela diferenciação. Outros apostam em
tinham o direito à palavra em um bar após uma taça de vi- parcerias com empresas especializadas em checagem de
5 nho, mas sem prejudicar a coletividade. Com o advento das notícias, um negócio novo, mas que se tornou altamente
redes sociais, no entanto, hoje eles “têm o mesmo direito à 55 relevante nos dias de hoje. Até mesmo companhias como
78
D E S E N V O LV E N D O H A B I L I D A D E S
Facebook, Google e Twitter – que não produzem conteúdo, d) Predar significa destruir ou atacar com violência,
apenas os distribuem entre seus usuários – vêm investin- apanhando ou matando uma presa. Predado, por-
do fortemente em ferramentas de checagem, buscando tanto, é aquele ou aquilo que é caçado ou destruído.
Desse modo, quando afirma que o jornalismo “pre-
aumentar a credibilidade de seus serviços.
cisa criar um escudo para se proteger dessas práticas
60 Mas a busca pela verdade, é preciso dizer, não é uma
obscuras e não ser predado pelo fake news” (linhas
tarefa exclusiva dos veículos de comunicação. Do lado do
45-46), o autor reconhece que, caso não adote uma
leitor, também é preciso cuidado para interpretar as no- postura de proteção, o jornalismo será caçado pelo
tícias, avaliar a credibilidade de quem as veicula e, prin- fake news.
cipalmente, não colaborar para a difusão de conteúdos e) Checar significa verificar, confrontar, comparar. Desse
65 falsos, uma tarefa que acaba dificultada pelo cunho ideo- modo, em “Muitos desses meios de comunicação con-
lógico dos principais virais. A luta contra o fake news pre- tam atualmente com checadores profissionais de infor-
cisa ser encarada como uma via de mão dupla. Se por um mações” (linhas 50-51), o autor utilizou o termo checa-
dores com propriedade vocabular, pois, a partir de um
lado é preciso criar uma relação de confiança com o leitor,
processo de derivação sufixal, acrescentou à palavra
esse, por sua vez, precisa valorizar as fontes confiáveis. Em
primitiva checar o sufixo dor(es), o que resultou na
70 tempos de pós-verdade, somente o bom jornalismo pode
formação de um novo substantivo, que se mostrou
fazer a diferença para a sociedade. apropriado ao contexto.
Essa é a informação que vale.
7 Observe a charge a seguir.
NASSAR, Paulo. O valor da verdade na era do fake news. 26/02/2018.
Disponível em: http://noticias.botucatu.com.br/2018/02/26/opiniao-o-valor-
© Duke/Acervo do cartunista
da-verdade-na-era-do-fake-news/. Acesso em: 25 mar. 2018. Adaptado.
79
D E S E N V O LV E N D O H A B I L I D A D E S
PREPARE-SE Texto II
Reprodução/Ucam, 2019.
Existem atualmente vários sites de checagem de informações,
comandados por jornalistas profissionais, com o objetivo de
ajudar as pessoas a identificar notícias falsas. Um deles, o
Vaza, Falsiane!, chega mesmo a oferecer cursos sobre o tema.
Há até um quiz que avalia seu conhecimento sobre fake news.
Vale a pena dar uma olhada para se preparar melhor para a
discussão da próxima aula.
(Aula 15)
Textos para as questões 8 e 9
Texto I
Notícias falsas (sendo também muito comum o uso do
termo em inglês fake news) são uma forma de imprensa
marrom que consiste na distribuição deliberada de desin-
formação ou boatos via jornal impresso, televisão, rádio, ou
ainda on-line, como nas mídias sociais. Este tipo de notícia Texto III
é escrito e publicado com a intenção de enganar, a fim de
A longa história das notícias falsas
se obter ganhos financeiros ou políticos, muitas vezes com
manchetes sensacionalistas, exageradas ou evidentemente Utilização política das mentiras começou muito
falsas para chamar a atenção. O conteúdo intencionalmen- antes das redes sociais, e a construção de outras
te enganoso e falso é diferente da sátira ou paródia. Estas realidades era uma constante na Grécia antiga
notícias, muitas vezes, empregam manchetes atraentes ou A primeira vítima da guerra é a verdade, afirma um ve-
inteiramente fabricadas para aumentar o número de leito- lho ditado jornalístico. Embora o mais correto fosse dizer
res, compartilhamento e taxas de clique na Internet. Neste
que a verdade é vítima recorrente em qualquer sociedade
último caso, é semelhante às manchetes “clickbait”, e se ba-
organizada, porque a mentira política é uma arte tão velha
seia em receitas de publicidade geradas a partir desta ativi-
quanto a civilização. A verdade é um conceito fugidio na
dade, independentemente da veracidade das histórias pu-
metafísica e mutante nas ciências – uma nova descoberta
blicadas. As notícias falsas também prejudicam a cobertura
pode anular o que se dava como certo –, mas no dia a dia
profissional da imprensa e torna mais difícil para os jorna-
o assunto é bem diferente: há coisas que aconteceram, e
listas cobrir notícias significativas.
outras que não; mas os fatos, reais ou inventados, influen-
O fácil acesso on-line ao lucro de anúncios on-line, o au-
ciam a nossa percepção e opinião.
mento da polarização política e da popularidade das mídias
Desde a Antiguidade, verdade e mentira se misturaram
sociais, principalmente a linha do tempo do Facebook, têm
muitíssimas vezes, e essas realidades falsas influenciaram
implicado na propagação de notícias deste gênero. A quan-
tidade de sites com notícias falsas anonimamente hospeda- nosso presente. Assim já escreveu o grande historiador
dos e a falta de editores conhecidos também vêm crescendo, francês Paul Veyne em seu ensaio Os Gregos Acreditavam
porque isso torna difícil processar os autores por calúnia. A em Seus Mitos? (Unesp): “Os homens não encontram a ver-
relevância dessas notícias aumentou em uma realidade po- dade, a constroem, como constroem sua história”.
lítica “pós-verdade”. Em resposta, os pesquisadores têm estu- Chegados a este ponto, convém fazer uma distinção en-
dado o desenvolvimento de uma “vacina” psicológica para tre notícias falsas e propaganda: ambas crescem e se multipli-
ajudar as pessoas a detectar falsas informações. cam no mesmo ecossistema, mas não são exatamente iguais.
Além da disseminação de notícias falsas através da A propaganda procura convencer, ser eficaz, e para isso pode
mídia, a expressão também define, em um âmbito mais recorrer a todo tipo de instrumento, da arte e do cinema aos
abrangente, a disseminação de boatos pelas mídias sociais, pasquins e redes sociais. As notícias falsas, um dos ramos da
por usuários comuns. Algumas vezes, isso pode ter conse- propaganda, são diferentes: procuram enganar, criar outra
quências graves, como o notório caso ocorrido em 2014, do realidade. A preocupação com a perpetuação desses equívo-
linchamento de uma dona de casa na cidade de Guarujá, no cos e com os mecanismos que os criam e multiplicam não é
litoral do estado de São Paulo, Brasil. nova: Réflexions d’Un Historien Sur les Fausses Nouvelles de
Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Not%C3%ADcia_falsa. la Guerre (“reflexões de um historiador sobre notícias falsas
80
D E S E N V O LV E N D O H A B I L I D A D E S
da guerra”, Allia, 2012) é o título de um pequeno e influente puderam ser distribuídas em numerosos lugares. Mas nesse
ensaio que Marc Bloch publicou originalmente... em 1921. mesmo momento, no final do século XIX, surgiu a descon-
Esse historiador, assassinado pelos nazistas em 1944, fiança quanto àquilo que contavam, a mesma que nutre
foi um dos mais influentes do século XX. Impulsionou a agora os que procuram essa outra verdade no Facebook, que
Escola dos Anais, que mudou o foco da pesquisa do passa- para alguns é a única janela para o mundo. (...)
do para a vida cotidiana, e retornou das trincheiras da Pri- A historiadora francesa Annette Becker estudou a in-
meira Guerra Mundial alucinado com a importância que fluência que a propaganda da Primeira Guerra Mundial
as notícias falsas haviam tido. Isso o levou a refletir sobre teve sobre a Segunda. As notícias falsas difundidas con-
sua origem e difusão, num texto que poderia ter sido escri- tra os alemães entre 1914 e 1918, quando eram acusados
to na era do Brexit, de Vladimir Putin e de Donald Trump, de todo tipo de brutalidades com fins propagandísticos,
nestes tempos das redes sociais e de mensagens virais. “As tiveram um efeito negativo na percepção das atrocida-
notícias falsas mobilizaram as massas. As notícias falsas, des que foram efetivamente cometidas entre 1939 e 1945,
em todas as suas formas, encheram a vida da humanida- sobretudo em relação ao Holocausto. Um exemplo disso
de. Como nascem? De que elementos extraem sua subs- foi a descrença que recaiu sobre os primeiros agentes po-
tância? Como se propagam e crescem?”, escreve, para afir- loneses que trouxeram a notícia do extermínio de judeus
mar um pouco mais adiante: “Um erro só se propaga e se por parte dos nazistas. Em seu livro Messagers du Désastre
amplifica, só ganha vida com uma condição: encontrar um (“mensageiros do desastre”, Fayard), que acaba de sair na
caldo de cultivo favorável na sociedade onde se expande. França, Becker relata a história do Jan Karski, um herói po-
Nele, de forma inconsciente, os homens expressam seus lonês que arriscou a vida para levar a notícia do Holocaus-
preconceitos, seus ódios, seus temores, todas as suas emo- to a Londres. Não acreditaram nele quando informou aos
ções”. Em outras palavras, as notícias falsas necessitam de aliados sobre o que ocorria. Um alto oficial britânico lhe
gente que queira acreditar nelas. explicou: “Senhor, durante a Primeira Guerra Mundial di-
O século XX e o que já vivemos do XXI são a era das fundimos a propaganda de que soldados alemães esma-
mentiras em massa. Três dos grandes conflitos em que gavam crianças belgas contra os muros. Acredito que fize-
os Estados Unidos se meteram neste período começa- mos bem. Isso nos ajudou a debilitar o moral do inimigo, a
ram com invenções: a guerra de Cuba (1898), com a ma- aumentar o ódio contra os alemães. Precisamos de relatos
nipulação dos jornais; a guerra do Vietnã (1955-1975), como o seu”. Karski acrescentou: “Notava-se claramente
com o incidente do golfo de Tonkin, e a invasão do Ira- que ele não acreditava em mim”. De novo, uma notícia ver-
que de 2003, com as inexistentes armas de destruição dadeira era percebida como falsa.
em massa de Saddam Hussein. “A guerra contra a Espa- Disponível em: https://brasil.elpais.com/brasil/
nha [em 1898] foi obra de Hearst e de Pulitzer”, escreveu 2018/06/08/cultura/1528467298_389944.html.
bilidade de enviar rapidamente histórias através de longas tativo sobre o tema “As fake news e seus impactos”. Sua
distâncias; com o linotipo foi possível imprimir maciçamen- redação deve obedecer à norma culta, ser coesa, coeren-
te; e com os novos meios de transporte essas publicações te, respeitar os direitos humanos e ter, no mínino, 10 linhas.
9. Resposta pessoal. Sugira que o aluno faça em uma folha à parte para que possa, se possível, ser entregue para correção.
81
Orientação de estudo Sugestão de divisão aula a aula:
Aula 13: objetivos 1 e 2 Aula 14: objetivo 3 Aula 15: objetivo 4
Objetivo de
Tarefa Mínima Tarefa Complementar Tarefa Desafio
aprendizagem
EX TRAS!
(Aula 14)
Texto para questões 1 e 2 os pesquisadores perguntavam aos entrevistados as ra-
zões pelas quais eles apoiavam ou repudiavam tal ou qual
Combater desinformação é mais difícil que lutar política (vacinar ou não vacinar, por exemplo). Estas razões
contra ignorância referiam-se a uma regra, a um valor, uma opinião.
[...] Como explicar a aparente robustez de convicções O resultado é que as pessoas, ao enumerar essas ra-
sobre temas altamente complexos a respeito dos quais a zões, mantinham suas posições originais e continuavam
informação de que as pessoas dispõem é precária? Pes- achando que entendiam muito da política pública em
quisadores norte-americanos levaram adiante um expe- questão. A conclusão é que, na maior parte das vezes, e so-
rimento, publicado na prestigiosa Psychological Science, bretudo quando o que está em jogo são opções e posições
que dá importantes pistas sobre esse imenso paradoxo políticas, nosso conhecimento e os fatos que espontanea-
das sociedades contemporâneas. mente mobilizamos para justificá-lo é altamente seletivo. E
Eles escolheram temas de políticas públicas e pedi- essa seleção responde, como se pode supor, à inclinação
ram, com base em uma amostra representativa, que as política e aos valores das pessoas.
pessoas dissessem que grau de compreensão sobre tais Combater a desinformação é mais difícil que lutar
temas elas julgavam ter. Em seguida, pediram que as pes- contra a ignorância. No último caso, argumentos, fatos
e dados têm razoável grau de eficiência. Mas a desinfor-
soas explicassem o mecanismo a partir do qual a política
mação e as teorias conspiratórias que lhe são tantas vezes
que elas imaginavam conhecer bem funcionava.
subjacentes formam uma visão de mundo, constituem um
A incapacidade de explicar o mecanismo fazia com
fenômeno político-cultural contra o qual são necessários
que, num segundo momento, a opinião das pessoas so-
métodos e técnicas ainda em elaboração por parte da psi-
bre o tema se tornasse mais moderada do que era inicial-
cologia e das ciências da comunicação. A simples apre-
mente, quando afirmavam compreender a política pública
sentação de evidências é pouco persuasiva, embora, claro,
em questão. Os autores do estudo batizaram o fenômeno
imprescindível.
como a “ilusão da profundidade explanatória”. Diante do
convite a explicar como a política funcionava, a pessoa da- * Professor Sênior do Instituto e Energia da USP e autor de
Amazônia: por uma economia do conhecimento da natureza
va-se conta de que sabia algo sobre o tema, mas que não o (Ed. Elefante/Outras Palavras). Twitter: @abramovay.
compreendia, o que tinha como consequência uma altera- ABRAMOVAY, R. Opinião: combater desinformação é mais difícil que lutar contra
ção de sua crença. ignorância. Disponível em: https://tab.uol.com.br/noticias/redacao/2020/03/12/
opiniao-desinformacao-e-mais-perigoso-que-ignorancia.htm?cmpid=
Tendo em vista a rigidez crescente das posturas po- copiaecolahttps://tab.uol.com.br/noticias/redacao/2020/03/12/
opiniao-desinformacao-e-mais-perigoso-que-ignorancia.htm.
líticas no mundo atual, é um resultado importante para a Acesso em: 30 jul. 2020.
ciência e para a democracia.
Mas o experimento não parou aí. Num segundo mo- 1 De acordo com o texto, o que é a “ilusão da profundidade
mento, em vez de pedir às pessoas que descrevessem explanatória” e quais são as consequências dela para nos-
como a política pública em questão funcionava (ou seja, sa sociedade?
por exemplo, o mecanismo que fazia com que a vacina 2 Considerando a leitura do texto e das informações e seu
contra varíola provocasse autismo nas crianças, uma cren- repertório, quais seriam as melhores estratégias para conter
ça absurda, mas amplamente divulgada nos EUA), agora o processo de divulgação de fake news e a desinformação?
82
6
M Ó D U L O PRODUÇÃO DE TEXTO
Gêneros eletrônicos:
áudio e vídeo
COMPETÊNCIAS
Objetivos de aprendizagem Módulo previsto para três aulas (Aulas 16 a 18). ESPECÍFICAS
E HABILIDADES
. Objetivo 1: compreender as relações entre o oral e o escrito nos gêneros que circulam no rádio e na DA BNCC
Existem gêneros orais altamente planejados, em que a espontaneidade e a informalidade são substituídas por COMPETÊNCIA 3
técnicas de redação bastante sofisticadas. Isso se manifesta em muitos gêneros presentes no rádio e na televisão. EM13LGG301
COMPETÊNCIA 4
EM13LGG402
(Aula 17) Rádio
COMPETÊNCIA 7
EM13LP18
COMPETÊNCIAS
1E4
Televisão
EM13LP16
BaLL LunLa/
Shutterstock
COMPETÊNCIAS
83
DESEN V OLV ENDO H A BIL ID A DE S
(Aula 16)
1
Texto I
A característica da oralidade radiofônica, então, seria aquela que propõe o diálogo com o ouvinte: a simplicidade, no sentido
da escolha lexical; a concisão e coerência, que se traduzem em um texto curto, em linguagem coloquial e com organização di-
reta; e o ritmo, marcado pelo locutor, que deve ser o mais natural (do diálogo). É esta a organização que vai “reger” a veiculação
da mensagem, seja ela interpretada ou de improviso, com objetivo de dar melodia à transmissão oral, dar emoção, personali-
dade ao relato de fato.
VELHO, A. P. M. A linguagem do rádio multimídia.
Disponível em: www.bocc.ubi.pt. Acesso em: 27 fev. 2012.
Texto II
Em relação ao Texto I, que analisa a linguagem do rádio, o Texto II apresenta, em uma letra de canção,
a) estilo simples e marcado pela interlocução com o receptor, típico da comunicação radiofônica.
b) lirismo na abordagem do problema, o que afasta de uma possível situação real de comunicação radiofônica.
c) marcação rítmica dos versos, o que evidencia o fato de o texto pertencer a uma modalidade de comunicação diferente
da radiofônica.
d) direcionamento do texto a um ouvinte específico, divergindo da finalidade de comunicação do rádio, que é atingir as
massas.
e) objetividade na linguagem caracterizada pela ocorrência rara de adjetivos, de modo a diminuir as marcas de subjetividade
do locutor.
84
D E S E N V O LV E N D O H A B I L I D A D E S
Reprodução/ITA, 2017.
Disponível em: http://2.bp.blogspot.com/_wBWh8NQAZ78/TBWEMQ8147I/AAAAAAAAACE/
zmf W9c8uAKk/s1600/Tirinha_Sensacionalismo.jpg. Acesso em: 12 maio 2016.
Reprodução/ITA, 2017.
Disponível em: http://4.bp.blogspot.com/-20adcvrO4Kw/U_4ga8lc56l/AAAAAAAAAzQ/hq2oxMLA7yY/s1600/mafalda-1.jpg. Acesso em: 12 maio 2016.
2 (ITA-SP) Que atitude típica de parte do público televisivo é reproduzida por Calvin, o garoto da tirinha?
a) Assistir àquilo que critica.
b) Assistir somente àquilo que está na moda.
c) Mudar de opinião de acordo com o momento.
d) Não criticar aquilo a que assiste.
e) Interagir com o apresentador de TV.
3 (ITA-SP) Observe a tirinha que traz a personagem Mafalda, do cartunista Quino, e considere as seguintes asserções:
I. Mafalda atribui ao termo domínio um sentido diverso do veiculado pelo locutor da televisão.
II. Na frase dita por Mafalda, o termo público constitui o sujeito responsável pela ação de dominar.
III. A atitude e a fala de Mafalda demonstram que ela concorda com a ideia de que o público domina os acontecimentos.
Está(ão) correta(s)
a) apenas I.
b) apenas I e II.
85
D E S E N V O LV E N D O H A B I L I D A D E S
(Aula 17)
5 Leia o texto a seguir.
a) Você acha que a comparação entre o telespectador do Jornal Nacional e o personagem Homer Simpson é mais elogiosa
ou mais crítica a quem acompanha o telejornal da Globo? Justifique sua resposta.
As duas respostas são válidas. É possível concordar com Bonner, afirmando que Homer representa o cidadão médio, para quem o Jornal Nacional é produzido,
de maneira que a linguagem empregada e a sofisticação das informações devem ser compatíveis com o que esse sujeito é capaz de compreender. E é possível
concordar com Laurindo, mostrando que Homer pode ser a concretização da preguiça e da pouca capacidade intelectual, como se o telespectador da Globo
b) Essa declaração de Bonner, que também é editor-chefe do Jornal Nacional, causou muita repercussão, levando-o a expli-
car seu ponto de vista por meio de uma nota, em que ele afirmava ter “imensa responsabilidade social”. A pergunta é: por
causa dessa responsabilidade, um âncora deve se manter longe de polêmicas desse tipo? Explique sua resposta.
Há duas respostas possíveis: pode-se dizer que alguém que é responsável por comandar um telejornal que influencia as visões de mundo de muitas pessoas
deve se manter longe desse tipo de polêmica, pois isso afeta sua credibilidade; também se pode afirmar que ninguém vive isolado do mundo e que é mais
honesto um âncora posicionar-se criticamente sobre as coisas do que tentar uma neutralidade absoluta.
a) Boris Casoy se caracterizou por ser um dos primeiros âncoras brasileiros que opinava depois das notícias. Seu bordão
“Isto é uma vergonha!” se tornou marca registrada de suas críticas, quase sempre contumazes. De posse dessas informa-
ções, analise se a declaração dele sobre dois garis, que tinham acabado de desejar “feliz ano novo” aos telespectadores,
afeta positiva ou negativamente sua imagem social.
A declaração afeta negativamente. A falta de educação e o preconceito explícitos no comentário de Casoy são bastante reprováveis. Mas a frase foi ainda mais
chocante porque não se espera esse tipo de opinião de alguém que parecia zelar pelo bom funcionamento da sociedade.
86
D E S E N V O LV E N D O H A B I L I D A D E S
b) Compare as declarações de Boris Casoy e de William nião pública é um processo que se desenvolve em várias
Bonner. Elas poderiam ter aparecido nos telejornais que etapas. Ele parte da formulação dos principais jornais bra-
eles apresentam? Explique sua resposta levando em sileiros – O Globo, O Estado de S. Paulo, Folha de S.Paulo
conta o modo como os textos dos telejornais são pro- – que selecionam os temas e geram os conteúdos, inter-
duzidos. pretações e análises dos fatos.
Esses jornais e suas agências de notícias municiam
Por vários motivos, não. Primeiro, porque elas são polêmicas, e
jornais regionais e municipais, rádios e, principalmente, os
telejornais, sobretudo em TV aberta, costumam evitar esse tipo de noticiários de TV.
Às TVs cabe popularizar a notícia, afinal, mais de 90%
abordagem. Segundo, porque tudo o que é falado por um âncora num
das famílias brasileiras têm um aparelho de TV em casa
telejornal é lido, inclusive a maioria dos seus comentários. Por se tratar e, em sua grande maioria, é a partir dos seus telejornais
que vão “informar-se” sobre o que acontece no país e no
de um texto que é escrito antes de ser veiculado oralmente, ele é, em
mundo.
geral, bastante planejado, o que permite evitar frases impensadas. BAVA, Silvio Caccia. Le Monde Diplomatique – Brasil, ano 3, n.25, ago. 2009.
Como ignorar que a família Marinho (Globo) detém a 8 Com base nas reflexões suscitadas por esse fragmento,
concessão de 32 canais de televisão e 20 estações de rádio releia os textos usados nas questões 5 e 6 e escreva uma
por todo o Brasil? Que a família Saad (Bandeirantes) tem carta para William Bonner ou Boris Casoy, relacionando
outros 12 canais de televisão e mais 21 estações de rádio as declarações polêmicas de um deles à responsabilidade
no país? Ou que Sílvio Santos (SBT) também tem 10 canais que eles têm como formadores de opinião. Sua carta deve:
.
PRODUÇÃO DE TEXTO
de TV espalhados pelo território nacional? Como ignorar abordar a questão da concentração dos meios de co-
que eles se orientam por interesses privados, muitas vezes municação no Brasil;
em conflito com o interesse público? . respeitar o padrão culto da língua;
[...] Esse controle da informação e da formação da opi- . ter pelo menos 15 linhas. Resposta pessoal.
87
Orientação de estudo Sugestão de divisão aula a aula:
Aula 16: objetivo 1 Aula 17: objetivo 2 Aula 18: objetivo 3
Material de consulta: Caderno de Estudos 3 – Produção de Texto – Capítulo 6 – Gêneros eletrônicos: áudio e vídeo
Objetivo de
Tarefa Mínima Tarefa Complementar Tarefa Desafio
aprendizagem
EX TRAS!
(Aula 17)
1 e) contribuição dos críticos na valorização dos sentimen-
tos do espectador.
Televisão 3 cinema
2 Diante do número de óbitos provocados pela gri-
Mais uma vez, reacende-se o desgastante debate so- pe H1N1 – gripe suína – no Brasil, em 2009, o Ministro da
bre “linguagem de televisão” e “linguagem de cinema”. Saúde fez um pronunciamento público na TV e no rádio.
No mesmo país em que pagar ingresso ainda é luxo Seu objetivo era esclarecer a população e as autoridades
para milhões de pessoas, alguns críticos utilizam o termo locais sobre a necessidade do adiamento do retorno às
aulas, em agosto, para que se evitassem a aglomeração
“televisivo” para depreciar uma obra. E “cinematográfico”
de pessoas e a propagação do vírus.
para enaltecê-la.
Fazendo uso da norma-padrão da língua, que se pauta
Como se houvesse um juiz onipotente a permitir ou
pela correção gramatical, seria correto o Ministro ler, em
não que se sinta uma história da maneira que se pretende seu pronunciamento, o seguinte trecho:
senti-la.
a) Diante da gravidade da situação e do risco de que nos
Todos os sentidos ficam de fora da análise ignorante, expomos, há a necessidade de se evitar aglomerações
tipicamente política, que divorcia a técnica da percepção de pessoas, para que se possa conter o avanço da epi-
sensorial. E é exatamente aí que reside o único interesse demia.
de um realizador: o momento do encontro do espectador b) Diante da gravidade da situação e do risco a que nos
com a obra. expomos, há a necessidade de se evitarem aglomera-
MONJARDIM, J. O Globo, Rio de Janeiro, 24 set. 2004. Adaptado..
ções de pessoas, para que se possam conter o avanço
da epidemia.
Ao comentar o ressurgimento do debate sobre “linguagem c) Diante da gravidade da situação e do risco a que nos
de televisão” e “linguagem de cinema”, o autor mostra a expomos, há a necessidade de se evitarem aglomera-
a) importância do debate para o entendimento destes ções de pessoas, para que se possa conter o avanço
dois diferentes meios de linguagem: a televisão e o da epidemia.
cinema. d) Diante da gravidade da situação e do risco os quais nos
expomos, há a necessidade de se evitar aglomerações
b) atitude prepotente dos críticos ao julgarem preconcei-
de pessoas, para que se possa conter o avanço da epi-
tuosamente as escolhas do público.
demia.
c) validade do debate para o aprimoramento da lingua-
e) Diante da gravidade da situação e do risco com que
gem do cinema e da televisão. nos expomos, tem a necessidade de se evitarem aglo-
d) neutralidade dos críticos no uso das palavras “televisi- merações de pessoas, para que se possa conter o avan-
vo” e “cinematográfico”. ço da epidemia.
88
PROPOSTA DE VESTIBUL AR
(Unicamp-SP) Você é um estudante do Ensino Médio e foi no caso do Brexit, ou a de que Barack Obama é funda-
convidado pelo Grêmio Estudantil para fazer uma palestra aos dor do Estado Islâmico, no caso da eleição de Trump.
colegas sobre um fenômeno recente: o da pós-verdade. Leia Em um artigo publicado em setembro de 2016, a
os textos abaixo e, a partir deles, escreva um texto base para influente revista britânica The Economist destaca que
a sua palestra, que será lido em voz alta na íntegra. Seu tex- políticos sempre mentiram, mas Donald Trump atingiu
to deve conter: a) uma explicação sobre o que é pós-verdade um outro patamar. A leitura de muitos acadêmicos e da
e sua relação com as redes sociais; b) alguns exemplos de mídia tradicional é que as mentiras fizeram parte de
notícias falsas que circularam nas redes sociais e se tornaram uma bem-sucedida estratégia de apelar a preconceitos
pós-verdade; e c) consequências sociais que a disseminação e radicalizar posicionamentos do eleitorado. Apesar de
de pós-verdades pode trazer. Você poderá usar também in- claramente infundadas, denunciar essas informações
formações de outras fontes para compor o seu texto. como falsas não bastou para mudar o voto majoritário.
Texto I Para diversos veículos de imprensa, a proliferação
de boatos no Facebook e a forma como o feed de no-
Reprodução/Unicamp, 2018.
tícias funciona foram decisivos para que informações
falsas tivessem alcance e legitimidade. Este e outros
motivos têm sido apontados para explicar a ascensão
da pós-verdade.
Plataformas como Facebook, Twitter e Whatsapp
favorecem a replicação de boatos e mentiras. Grande
parte dos factoides são compartilhados por conhe-
cidos nos quais os usuários têm confiança, o que au-
menta a aparência de legitimidade das histórias. Os
algoritmos utilizados pelo Facebook fazem com que
usuários tendam a receber informações que corrobo-
Disponível em: https://horizontesafins.wordpress.com/2017/
02/02/a-verdade-da-pos-verdade/. Acesso em: 3 set. 2017. ram seu ponto de vista, formando bolhas que isolam
Texto II as narrativas às quais aderem de questionamentos à
esquerda ou à direita.
O que é “pós-verdade”, a palavra do ano FÁBIO, André Cabette. O que é ‘pós-verdade’, a palavra
do ano segundo a Universidade de Oxford. Nexo, 16 nov. 2016.
segundo a Universidade de Oxford Disponível em: www.nexojornal.com.br/expresso/2016/11/
16/O-que-é-‘pós-verdade’-a-palavra-do-ano-segundo-
Anualmente, a Oxford Dictionaries, parte do de-
a-Universidade-de-Oxford. Acesso em: 1° dez. 2017.
partamento de imprensa da Universidade de Oxford
responsável pela elaboração de dicionários, elege uma
Perguntas sobre a proposta de vestibular
palavra para a língua inglesa. A de 2016 foi “pós-verda-
de” (post-truth). 1 Em sua opinião, que tipos de fake news são mais da-
A palavra é usada por quem avalia que a verda- nosas para a sociedade?
de está perdendo importância no debate político.
Resposta pessoal.
Por exemplo: o boato amplamente divulgado de que
o Papa Francisco apoiava a candidatura de Donald
Trump não vale menos do que as fontes confiáveis que
89
ANÁLISE DE PROPOSTA DE VESTIBUL AR
Encaminhamentos possíveis
No desenvolvimento dos itens indicados, pode-se adotar, entre outros, os seguintes encaminhamentos:
. explicar o conceito de pós-verdade relacionando-o à perda da importância da verdade nos debates, especial-
mente sobre política, ou indicar que o termo se refere à substituição da análise crítica pela mera crença ideoló-
gica ou pela adesão emocional;
. indicar a relação das redes sociais com a pós-verdade, já que a propagação de notícias falsas tem ocorrido
principalmente nesses ambientes digitais, nos quais a publicação ou reprodução de informações não passa por
critérios profissionais, o que não impede que se dê credibilidade àquilo que é compartilhado na rede de amigos
ou conhecidos. Isso favorece a promoção de conteúdos mal apurados ou criados de forma tendenciosa e por
interesses de determinados grupos. Além disso, as redes sociais podem dificultar a pluralidade de visões de
mundo e uma postura questionadora, já que seus algoritmos privilegiam conteúdos relacionados a pessoas e
fontes com ideologias semelhantes à do usuário;
. indicar exemplos de notícias falsas, sejam os presentes na coletânea, sejam outros, como a notícia de que o Papa
Francisco apoiaria Trump na eleição presidencial dos Estados Unidos ou as falsas notícias relacionadas a políti-
cos brasileiros, com falsos projetos de leis, por exemplo;
. apontar consequências sociais da pós-verdade, as quais estão presentes em diferentes setores, mas especial-
mente na vida política, o que compromete o funcionamento das eleições e da representatividade democrática,
pois as informações direcionam decisões relevantes, especialmente o voto. Com isso, a crise pela qual passam
as democracias contemporâneas apenas se agrava. Além disso, a criação do “efeito bolha” pode ser associada
à polarização, com criação de grupos de opinião fechados em si mesmos e incapazes de debater de forma ra-
cional. Na economia, notícias falsas podem ter consequências graves, inclusive relacionadas à política. Dados
equivocados sobre a União Europeia, por exemplo, podem ter estado por trás do apoio ao Brexit no Reino Uni-
do, o qual terá sérias consequências econômicas para o país. Nas relações sociais, as notícias falsas podem fa-
vorecer o fenômeno dos linchamentos virtuais, em que denúncias contra determinados indivíduos ou grupos
podem ser compartilhadas sem a devida verificação.
90
GABARITO – EXTRAS!
1 Esse fenômeno se refere ao fato de as pessoas terem menos conhecimentos de um determinado assunto do que imagina-
vam ter – no caso do estudo, a respeito das políticas públicas. Em um primeiro momento, ao reconhecer essa limitação de
informações, eram conduzidas a mudar sua opinião, mas havia um resgate da tese inicial quando apresentavam opiniões
baseadas em suas crenças pessoais. Esse estudo, segundo os autores, comprova que a desinformação é uma ameaça
maior aos ideais democráticos do que a ignorância: “constituem um fenômeno político-cultural contra o qual são necessá-
rios métodos e técnicas ainda em elaboração por parte da psicologia e das ciências da comunicação.”.
2 Algumas possibilidades que podem ser exploradas: leitura integral das notícias, checagem das fontes das matérias, pes-
quisa em outras fontes, verificação das datas das publicações. Além disso, acessar a notícia inteira, não repassar notícia
ou mensagem em caso de dúvida e investir em conhecimento e educação é fundamental.
1 b
2 c
PRODU‚ÌO DE TEXTO
GABARITO
91
ANOTAÇÕES
92
ANOTAÇÕES
93
PRODUÇÃO DE TEXTO
94
ANOTAÇÕES
95
PRODUÇÃO DE TEXTO
96
ANOTAÇÕES
97
PRODUÇÃO DE TEXTO
98
FORMAÇÃO GERAL
LÍNGUA PORTUGUESA
Volatilidade, incerteza e complexidade são algumas das
palavras mais usadas para definir o momento histórico
em que vivemos. Para muitos, isso gera angústia e inse-
gurança. Para o aluno do Anglo, porém, a possibilidade
de construir o futuro deve servir cada vez mais de fonte
de motivação e inspiração.
A fim de contribuir para esse processo de formação e
amadurecimento, desenvolvemos este material conside-
rando os seguintes princípios: de um lado, é fundamental,
como no passado, que todos tenham acesso aos mais
sólidos conhecimentos que nos deixaram as gerações
anteriores, nas diversas áreas; de outro, esses mesmos
conhecimentos apenas fazem sentido quando vinculados
a valores, atitudes e habilidades exigidos nesta época,
tão marcada pela inconstância e pela fluidez.
Com esse direcionamento, cada volume deste material foi
cuidadosamente elaborado para favorecer o desenvolvi-
mento do pensamento crítico, da ética, da autonomia e
da empatia. Desse modo, a etapa do Ensino Médio se
compromete com as competências essenciais para garan-
tir que o projeto de vida de cada estudante se concretize.
730575