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2.

Fernão Lopes,

Crónica de D. João I:

- excertos de 2 capítulos (11, 115 ou 148 da 1.ª Parte)

Contexto histórico.

Afirmação da consciência coletiva.

Atores (individuais e coletivos).

Contextualização:

Fernão Lopes era um cronista que trabalhou para a dinastia de Avis. Inovou a literatura da
época por

 usar uma linguagem coloquial, simples e cheia de diálogos;


 unir a historiografia à literatura;
 utilizar/confrontar documentos e citar as suas fontes, de forma a fundamentar a
verdade histórica (daí ser chamado o pai da historiografia);
 dar destaque ao povo;
 escrever ao serviço do país – escreve de forma a legitimar a dinastia de Avis,
fundamenta a subida de D. João ao trono, exalta os seus feitos, expõe a questão de
forma a defender o rei e elogiar o povo, e mostrar que a eleição régia aconteceu de
acordo com os desejos da população;

Crónica D. João I relata a crise de sucessão de 1383 e 1385 que teve lugar no fim da primeira
dinastia e que levou ao poder da dinastia de Avis. Durante esta crise, o Mestre de Avis, futuro
rei D. João I, teve um papel determinante na defesa da independência de Portugal do domínio
de Castela. Rei D. Fernando morre, não há sucessores. Castela poderia tomar poder, e Portugal
perderia a independência. Há uma revolução popular e burguesa que resulta na morte do
Conde Andeiro e nomeação do Mestre de Avis como regedor e defensor do reino. Mais tarde,
Castela irá cercar Lisboa.

 Prólogo: Discorre sobre a importância da verdade, distingue-se dos cronistas que


antecederam (“falsidade nos relatos”), fala sobre o método do historiador (consulta de
testemunhos escritos, análise das fontes, verificando quais são as mais verdadeiras
pelo confronto de manuscritos);
 1ª parte: Da morte do Conde de Andeiro (dezembro 1383) a aclamação do Mestre de
Avis como rei nas cortes de Coimbra (Abril 1385)
 2ª parte: Conflito bélico Portugal-Castela, das cortes de Coimbra (abril 1385) a tratado
de paz (outubro 1411)

Personagens:

 Individuais (que se distinguem das escritas por anteriores historiadores por serem
complexas, protagonizarem cenas dramáticas, confrontarem-se e dialogarem entre si):
o D. Leonor Teles (vilã);
o D. João, Mestre de Avis (herói que salva a nação, homem expontâneo)
o D. Nuno Álvares Pereira (herói guerreiro)
 Personagens coletivas:
o A multidão, o povo, representativo da opinião pública, da força e vontade da
coletividade;
o Afirmação da consciência coletiva: face a uma ameaça à sua independência, há
um fortalecimento da noção de comunidade nacional; o povo mobiliza-se,
participa – manifestam-se contra D. Leonor Teles e a influência castelhana,
suporta as duras condições

Estilo:

 Dinamismo
o Sequências narrativas graduais;
o Caracterização das personagens a partir das suas atitudes;
o Alterna entre narração, descrição e diálogo (discurso direto);
o Utiliza verbos de ação e gerúndio;
o Alternância entre planos gerais e específicos/pormenores;
 Visualismo
o Campo lexical dos sentidos (olhar, ver);
o Recurso a enumerações, comparações, personificação, dupla adjetivação;
 Coloquialismo
o Registo popular (expressões populares, cantigas populares);
o Convocação do narratário;
o Recurso a apóstrofes, interrogações retóricas, exclamações, interjeições;

https://portugues-fcr.blogspot.com/2017/11/capitulo-xi-da-cronica-de-d-joao-i.html

Capítulos 11, 115 e 148 da 1ªParte:

Capítulo 11:

Fernão Lopes narra como a população de Lisboa foi incitada pelos apelos do pajem e de Álvaro
Pais para acudirem ao Mestre, porque o estavam a matar.

O povo junta-se a Álvaro e avança em direção ao Paço.

O povo planeia invadir o Paço pelo que sucedeu ao Mestre.

O Mestre dirige-se à janela e tranquiliza o povo. Este sai do Paço e convence o povo a
dispersar-se.

Capítulo 115:

Preparação da cidade para resistir ao cerco dos castelhanos.


O Mestre de Avis manda guardar alimentos, uma vez que o cerco impediria o reabastecimento
da cidade.

Trabalho de organização como a reparação e o fortalecimento das muralhas, a verificação das


armas, a distribuição de tarefas de defesa e a regularização da ordem na cidade.

Capítulo 148:

Tempos de sofrimento da população sujeita ao cerco castelhano.

Vários aspetos de sacrifício a que o cerco obriga como a escassez de alimentos e o seu preço
elevado, a falta de esmolas e o recurso a produtos de baixa qualidade.

Consequências económicas – falta de produtos alimentares e inflação.

Consequências sociais – aumento de doenças, subnutrição e má saúde, pobreza e aumento da


taxa de mortalidade.

Consequências psicológicas – tristeza e desespero, discussões, desejo pela morte e sofrimento


quotidiano.

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