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Crónica de D-João I
● Atores individuais:
✓ Mestre de Avis- é caracterizado como um homem vulgar, hesitante e vulnerável às fraquezas. É
um homem receoso, no seguimento do assassinato do conde Andeiro. Apesar destes defeitos – que
o tornam uma personagem profundamente realista –, D. João I mostra também ser capaz de atos
espontâneos de solidariedade, o que o converte numa figura cativante. Líder “desfeito” mas também
solidário com a população, durante o cerco de Lisboa.
✓ Álvaro Pais- o burguês que espalha pelas ruas de Lisboa que estão a matar o Mestre,
influenciando o povo a correr a seu auxílio.
✓ D. Leonor Teles- a mulher que gera ódio na população e é apelidada de “aleivosa” (traidora).
• O pajem do Mestre de Avis grita pelas ruas, a caminho da casa de Álvaro Pais, que matam o
Mestre nos paços da rainha, o que leva as gentes, em agitação, a saírem para a rua e a pegarem
em armas;
• Álvaro Pais, que já estava preparado, dirige-se com o pajem e outros aliados para o paços,
apelando à população para se junte e corra em auxilio de Mestre;
• Chegada às portas do paço, que estavam fechadas, a multidão mostra-se ansiosa e agitada,
querendo entrar para confirmar que o Mestre está vivo;
• Aconselhado pelos que estavam consigo e atendendo ao alvoroço das pessoas, o Mestre aparece
à janela para apaziguar os ânimos. Perante esta visão, a população manifesta um “gram prazer”.
• Sentindo-se seguro, o Mestre deixa os paços e cavalga pelas ruas em direção aos paços do
Almirante, onde se encontrava o conde D. João Afonso, irmão da rainha.
• Pelo caminho, o Mestre contacta com a população, que se mostra aliviada, alegre e disponível.
• Próximo dos paços do Almirante, o Mestre é acolhido pelo conde, pelos funcionários da cidade e
por outros fidalgos.
• Já à mesa, vêm dizer ao Mestre que as gentes da cidade querem matar o bispo. O Mestre faz
tenções de o ir socorrer, mas é aconselhado a permanecer ali (o bispo é morto pela população)
Tópico de analise:
• O episódio narrado neste capítulo enquadra-se na sequência de eventos que levaram ao cerco da
cidade de Lisboa, considerado um dos focos estruturadores da crónica.
• Neste capitulo, Fernão Lopes relata como se deu a aclamação do Mestre, após o assassinato do
conde Andeiro, as ações da população quando soube que o Mestre corria perigo e os seus
sentimentos relativamente ao futuro monarca do país.
• A população é, aliás, a protagonista deste episódio. Assemelhando-se a um repórter que assistiu ao
desenrolar dos acontecimentos, Fernão Lopes transmite-nos as movimentações (“d’as gentes”)
através de sensações auditivas e visuais.
• Verifica-se uma concentração espacial (rua-paço-janela) que coincide com uma gradação e um
ritmo crescentes das ações (ao apelo do pajem e de Álvaro Pais, segue-se o alvoroço da população,
que se desloca para o paço e que aí mostra o seu estado de espírito – confusão, nervosismo) que
culminam no clímax: o aparecimento do Mestre à janela.
• Após a visão do Mestre, o ritmo narrativo diminui e o estado de espirito da população passa a ser
de alegria, de satisfação e de alivio.
• Os sentimentos do povo são ainda realçados através das próprias falas que tanto conferem uma
totalidade realista e expressiva a todo o episódio como servem também para denegrir a imagem de
Leonor Teles e para fazer a apologia do futuro monarca.
• Entre a multidão (atores coletivos) destacam-se porém alguns atores individuais como:
→Pajem do Mestre- já preparado, desencadeia toda a movimentação posterior;
→Álvaro Pais- avisado pelo pajem, e também ele pronto, pegou no seu cavalo e, com os seus
aliados foi até ao paço espalhando o alvoroço e influenciado o povo a correr em auxilio do Mestre.
→Mestre de Avis- atua segundo o conselho dos que o rodeiam; de inicio, parece ter receio da
multidão e depois, mostra-se à janela e sentindo-se seguro, abandona o palácio e percorre as ruas
da cidade a cavalo até ao paço do Almirante.
• Quanto ao narrador, detetamos a sua subjetividade e a sua simpatia pelo povo e a sua defesa do
Mestre.
Linguagem e estilo:
• Visualismo e dinamismo: a movimentação e o sentir das massas são-nos apresentados de uma
forma muito forte e real, não só através de recursos expressivos, como a comparação, como
também através do apelo às sensações ou do uso de verbos de movimento.
❖ Capitulo 115 (resumo):