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Crónicas de D.

João I, Fernão Lopes


As crónicas abordam a consciência coletiva, devido à crise de 1385, um
período sem rei que obriga a tomada de consciência e liberdades e
apresenta factos reais num estilo autêntico e realista.
Capítulo XI- relata o alvoroço que se causou na cidade devido ao perigo
de vida que o Mestre de Avis corria

Situação inicial- O Pajem grita que mataram o mestre pelas ruas de


Lisboa com a intenção de chamar a atenção ao povo
2. o povo preocupado com mestre de avis, reage ao apelo do pagem,
criando um movimento em direção ao paço da Rainha, juntando-se
Álvaro Pais
3. chegando ao paço, o povo força o aparecimento do mestre, este que
anunciou que tinha matado o conde Andeiro
4. o mestre pede que a população disperse, movimentando-se para o
paço do almirante
Emoções:
o povo sente- se indignado, revoltado, curioso e determinado, após o
aparecimento do mestre sente-se aliviado e satisfeito
Capítulo CXV- o momento em que a cidade de Lisboa se encontra
cercada e como a população se prepara para enfrentar os castellanos
Mestre lidera e delega tarefas, tais como: recolher mantimentos, erguer
muros e fortificações, levantar vigias, … Fernão Lopes realça o espírito
patriótico do povo que age como se de um só se tratassem.
1.Mestre e seus aliados recolhem alimentos (gado) às terras envolventes
na com objetivo de aguentar um possível longo cerco à cidade. A
população, inicialmente, divide-se entre aqueles que decidem fugir
para Setúbal, aqueles que irão aguentar a cidade e uma minoria que
permanece nas vilas apoiando Castela.
2.Já dentro das muralhas, preparam-se defesas ao nível dos: muros,
torres, armamento e homens de armas, entradas da cidade, zonas
ribeiras, etc. Nesta preparação são referidos não só fidalgos, a
quem foram delegadas algumas tarefas maiores, como também
mulheres que ajudam, sem medo, a preparar os terrenos.
3. Existe uma comparação, por parte do cronista, entre os portugueses
que defendem tão bem a sua cidade e os filhos de Israel (que o mesmo
fizeram) e ainda é destacado a superioridade de rei de Castela em termos
de quantidade de homens, mas apenas para que realçar a postura valente
da cidade Lisboeta perante um inimigo tão feroz.

Capítulo CXL XIII- retrata a união na defesa da cidade e a falta de


solidariadade e de esperança do povo devido à fome
1. Já a meio do longo cerco, os mantimentos faltam devido à
elevada população que permanecia dentro das muralhas. A
população vê-se com necessidade de procurar alimento fora das
muralhas, correndo grande perigo. O Mestre é ainda obrigado a
colocar determinados grupos socioeconómicos (miseráveis,
prostitutas, quem não combate, judeus…) fora do cerco.
2. Existe quem ainda procure migalhas e sementes no chão imundo para
sobreviver, já que o preço dos alimentos básicos é muito elevado. A
fome afeta crianças que correm pela cidade procurando esmola e mesmo
mães que incapazes de amamentar os filhos vêm-nos morrer.
3. Um rumor assombra a cidade: o Mestre iria expulsar todos aqueles
que não têm o que comer; no entanto é desmentido mais tarde. O
capítulo acaba com um forte e emocionante apelo à “geeraçom que
depois veo”, ou seja, aqueles que leem a crónica, dizendo que são
afortunados aqueles que não tiveram de enfrentar tais sofrimentos.

Personagens individuais- Conde Andeiro, D. Leonor, Álvaro Pais, D.


João I de Castela,
Mestre de Avis- demonstra-se um homem multifacetado, por um lado
é bravo e inteligente, devido ao esquema e destreza com que executou
o plano de matar o Conde Andeiro, por outro lado, é também um homem
receoso e solidário que se identifica com o mais comum homem do
povo. É um verdadeiro líder.
Álvaro Pais- Membro da burguesia que atua como aliado do Mestre
e que é fundamental no plano de influenciar a alma do povo a vir
socorrer o Mestre quando este estava em suposto perigo.
D. Leonor- Mulher que representa o falso governo português, pois
embora fosse rainha e legítima herdeira do trono, estava envolvida
com a corte espanhola e na tentativa de extinguir a liberdade lusa. Era
apoiada pela alta nobreza e clero e repudiada pelo povo que a apelidava
de “aleivosa”2.

Personagem coletiva- Povo


Personagem considerada principal e que constitui a força geradora de
revolução. Pode ser apelidado também de herói coletivo, na medida em
que representa todos aqueles que queriam preservar a independência de
Portugal.
Se não fosse por Fernão Lopes a história de Portugal teria sido
esquecida, ele reconta os acontecimentos ocorridos em Portugal numa
linguagem próxima à fala o Coloquialismo, utilizando discurso direto,
expressões populares, linguagem oralizante e a 1ª e 2ª pessoa, dando
pela primeira vez no País voz ao povo, procurando vida interior nas
personagens, não apenas narrando mas refletindo.
À parte do Coloquialismo este ecritor utiliza também o Visualismo,
descrevendo vividamente locais e ações, tanto como sensações (visão,
audição, olfato) e ânimos ou ritmos através de recursos expressivos
como a enumeração, comparação, adjetivação e personificação; e o
Dinamismo, que recorre a verbos que imprimem ritmo a ação,
permitindo integrar o leitor no desenrrolar dos acontecimentos
históricos.
Fernão Lopes marcou o entendimento das origens do verdadeiro
sentimento nacional através do encantamento presente nas palavras da
sua obra. É a história do povo que face ao seu destino, avança para a
batalha como heroi coletivo não esperando por herois providenciais,
traçando o seu próprio futuro. Estas crónicas são consideradas
património literário e revolucionárias , pela afirmação da consciência
coletiva do povo enquanto cidadãos portugueses que protegem a todo o
custo a sua nação, daí referimo-nos também a Fernão Lopes como o
primeiro historiador português.
Farsa de Inês Pereira
Com os descobrimentos, veio grande riqueza, o que foi a causa principal
do adquirimento de maus hábitos e costumes por parte da população
toda. Gil Vicente, nas suas obras procura chamar a atenção da
população, criticando estes vícios de forma apelativa e castigando-a.
Tme uma estrutura tripartida, sendo um episódio complexo, ( início,
meio e fim).

Farsa-
É um género teatral de carácter cómico que tem o objetivo de
caricaturar através da sátira determinado tema.
-Tem uma curta duração, apenas tendo um ato
-Existem poucas personagens, maioritariamente personagens-tipo (são
utilizadas para representar um grupo social ou uma massa) havendo
também personagens psicologicamente dinânimas ( que mudam ao
decorrer da histórita)
Esta obra realça a mote, «mais quero asno que me leve que cavalo me
derrube», referindo -se a a Pêro Marques como asno e Brás da Mata
como cavalo, ou seja Inês revela que preferia casar com um homem
menos interessante que lhe desse um casamento razoável, do que casar
com alguém que aparenta ser perfeito, e acabar desiludida com uma
qualidade de vida bastante inferior.
Personagens:
Inês Pereira- personagem principal- é uma jovem cativa das suas tarefas
domésticas que acredita que o casamento poderá ser uma escapatória,
tem uma relação de confidência com a mãe mas mesmo assim têm
bastantes divergências. Inês é considerada uma personagem dinâmica,
pela mudança do seu comportamento e das convicções ao longo da obra,
aprendendo com os seus erros, no final acaba por aceitar um casamento
medíocre, longe das suas expectativas, sendo considerada adúltera e
infiél por se relacionar com o Ermitão
Mãe- ela deseja sempre o melhor para a sua vida, sendo sua confidente,
é perspicaz mas pouco educada, e suporta a sua filha na sua nova etapa
de vida, tentando ajudá-la e encontrar um marido que lhe agrade
Alcoviteira (Lianor Vaz)- apresenta-se como amiga da mãe, procurando
um bom pretendente para Inês, tem alguma rivalidade com os judeus,
ajuda no desenrolar da história, ela tem também um papel importante na
crítica aos abusos da Igreja, revelando que teria sido assediada por um
mebro do clero
Pêro Marques: é uma personagem bastante cómica, possui cómico de
carácter tanto como cómico de linguagem e cómico de situação devido à
sua educação campestre. contrastando com o estatuto social de Inês, com
poucos conhecimentos, não sabendo seduzir Inês. É um homem bastante
abastado
Escudeiro, Brás da Mata- é uma personagem que aparenta ser perfeita de
primeira vista, sabe seduzir Inês. Pode também ser considerado uma
personagem dinâmica, pela sua mudança, tornando-se opressivo, tirano,
insensível e possessivo, mais que a mãe de Inês. Ele acaba por morrer de
uma maneira ridícula, representando um cómico de situação.
Judeus- introduziram Brás da Mata a Inês, sendo interesseiros
Moço- acompanhante de Brás da Mata, servia de criado, bastante fiél
Ermitão- mebro do clero, sendo uma personagem-tipo, por ter um caso
com Inês, fazendo-a perder a sua fieldade com Pêro Marques, criticando
a classe religiosa, como imoral.
Dimensão Satírica
«Ridendo castigat mores»
A rir se critica os cotumes...
Gil Vicente pretendia através da comédia, corrigir as atitudes e os maus
hábitos da sociedade portuguesa, sendo vitais os cómicos utilizados:
Cómico de carácter- é retratado nos comportamentos e personalidade das
personagens, por ex: Pêro Marques.
Cómico de situação- é tratado nas situações ou ações das personagens,
situações ridículas , como por ex. a morte de Brás da Mata
Cómico de linguagem- mais fácil de indentificar, sendo retratado na
forma como as personagens falam, através de expressões, por ex. a
linguagem de Pêro Marques ou as cantigas dos Judeus.

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