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Material Teórico
A Evolução do Reino Franco
Revisão Textual:
Profa. Esp. Márcia Ota
A Evolução do Reino Franco
··Os merovíngios;
··O Império Carolíngio;
··Carlos Magno;
··O fim do Império Carolíngio.
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Unidade: A Evolução do Reino Franco
Contextualização
Observe o mapa:
Quando você olha para ele, consegue compreender o título da nossa unidade?
Se você ainda não reparou no que aconteceu, olhe o primeiro mapa com atenção e veja o
território do Reino Franco - como era essa território?
E, no segundo mapa, o que aconteceu com o território dos francos? Aumentou ou diminuiu
de tamanho?
O diferencial desse reino bárbaro, apesar de ter havido muitos outros, é que eles realizaram
três façanhas incríveis:
··aliaram-se ao Império Romano;
··continuaram sua expansão territorial, mesmo com essa aliança; e
··organizaram-se política e culturalmente para essa expansão: fazendo aliança com a nova
religião Católica e dividindo seu território entre os nobres.
Assim sendo, estudaremos a fundo cada uma dessas façanhas que transformou o Reino
Franco em um grande Império.
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A evolução do Reino Franco
Fonte: Charles de Steuben (1788–1856)/Wikimedia Commons Fonte: Albrecht Dürer (1471–1528)/Wikimedia Commons
Nessa unidade, conheceremos um pouco sobre a formação do Reino Franco, que se deu
por um longo processo iniciado com a queda do Império Romano pelas invasões Bárbaras
até o seu apogeu com Carlos Magno, dono da foto da direita, e que, após anos e anos de
aglutinação da cultura romana, não só havia se tornado Imperador, bem como recebeu a
coroa das mãos da Igreja Católica. Mas, para isso, vamos voltar um pouco no tempo...
··A formação dos Reinos Bárbaros;
··Os Merovíngios;
··A representação de Carlos Magno;
··O Império Carolíngio;
··O fim do Império Carolíngio.
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Unidade: A Evolução do Reino Franco
A nossa história começa com a dominação de alguns pequenos reinos (como dos Suevos)
por grandes reinos militares como o dos Francos...
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Os Merovíngios
Na Gália, os Francos viviam divididos em grupos – cada qual com seu chefe militar e político.
Um desses líderes se chamava Meroveu. Para os Francos, sua descendência era divina, pois
contava a lenda que ele era filho de um ser mítico do mar. Esse fato o legitimou, política e
militarmente, fortalecendo a sua liderança.
Usando uma fonte primária: Toda pesquisa histórica necessita de materiais produzidos na época
estudada, conhecidas como fonte primária. Vamos, agora, conhecer o mito em torno da vida de
Meroveu. Quem nos conta essa história é Fredegário, cronista do século VII, e que nos apresenta
diversas fontes sobre a Europa Ocidental desse período: “Conta-se a história que um verão Clódio e sua
mulher estavam sentados na praia. Quando ela entrou ao meio dia no mar para se banhar, um monstro
parecido com um Quinotauro de Netuno a atacou. Como resultado, ela engravidou do monstro e/
ou de seu marido e pariu um filho batizado como Meroveu, a partir de seu nome os reis dos francos
passaram a ser chamados de merovíngios.” Fredegário in: OLIVEIRA, Natália Codo de. Da aurora da
História nacional ao estudo da História da Igreja. Os Decem Libri Historiarum na historiografia. [Net].
Disponível em: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8138/tde-17122010-115427/pt-br.php. Acesso em: 9/10/2014.
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Unidade: A Evolução do Reino Franco
Clóvis, neto de Meroveu e filho de Childerico, impôs sua autoridade às demais tribos e se
tornou rei dos Francos. Este inicia uma longa campanha de conquistas, para proteger seu
território e estender seu domínio para outras regiões além da Gália. A partir dessa unificação,
Clovis passa a agregar reinos maiores como os Burgúndios e os Visigodos na região sul.
Não podemos esquecer que, paralelamente, o Cristianismo tomava forças e estava em
constante conflito com a religião pagã dos Bárbaros. Idilicamente, alguns pesquisadores
afirmam que Clovis se tornou cristão por sua esposa e por meio da comprovação de um
milagre que ocorreu em uma batalha.
Entretanto, assumir o Cristianismo como religião oficial dos Francos, é uma estratégia
política, pois com a Igreja tomando forças, Clovis receberia o apoio dos nobres cristãos de
outras regiões, dos Bispos e de uma grande parcela da população que se converteu à nova
religião. Em troca, esses nobres receberiam terras e a população, proteção militar.
Clovis, ainda mais fortalecido, continua sua expansão territorial. Com o fim do Império e a
maioria dos reinos aglutinados ao Reino Franco, Clovis passa a reinar na região que hoje é a
França, parte da Alemanha, Suíça e Países Baixos.
Porém, após a sua morte em 511, todo o processo de unificação dos Reinos Francos
cai por terra, pois os reis que o sucederam acabaram por acentuar a crise que já vinha se
desenvolvendo desde o final de seu reinado.
Como não havia uma liderança forte, quem passa a administrar esses reinos são os altos
funcionários da nobreza conhecidos como Mordomos do Paço.
Mordomos do paço eram nobres eleitos pelo rei, que lhes dava poder para
administrar o reino em diversas áreas, como: no recebimento de tributos, gastos
Glossário cotidianos e até em assuntos militares.
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Um desses administradores foi Carlos Martel, líder dos Carolíngios, que era de uma família
da alta nobreza. Em 732 este líder, à frente de um exército, impediu a invasão dos Muçulmanos
na batalha de Portiers, aumentando seu prestígio frente aos súditos, enquanto o rei perdia
cada vez mais seu poder.
Após a sua morte, seu filho Pepino, o Breve em 751 por meio de um golpe, depõe o último
rei merovíngio assumindo o reino, iniciando, assim, a dinastia Carolíngia.
Como governante, Pepino fortaleceu o poderio da Igreja ao enfrentar e expulsar os
Lombardos da Península Itálica, dando à Igreja as terras conquistadas e recebendo em troca
apoio incondicional desta.
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Unidade: A Evolução do Reino Franco
Quais foram as impressões que o texto te trouxe? Ele é de um tempo recente? Que
elementos demonstram tempo, o espaço e o fato ocorrido? E a linguagem? Você deve ter
achada vários ‘erros’ de português. Que informações podemos tirar desse texto?
Todas essas perguntas fazem parte de uma análise documental, que visa ver o documento,
a fonte primária, com o máximo de criticidade possível, para que as informações dela
retirada sejam válidas na pesquisa.
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Podemos perceber que o texto é narrativo, pois descreve um fato, possui personagens,
um local e um narrador. Mas, por meio linguagem e da grafia das palavras, percebemos que
o texto não é recente e, sim, de um tempo mais antigo.
Pelas pesquisas sabemos também que os maiores inimigos nesse período para o Reino
e para a fé cristã eram os muçulmanos; por isso; ele coloca Turco a todo momento e não
o nome do rei. Podemos, até mesmo, inferir que Turco é escrito com letra maiúscula para
identificar um nome. Sendo uma referência as diversas batalhas que se sucederam para a
proteção do território franco contra os mouros que se estabeleceram na Península Ibérica.
É perceptível que a fonte não é um relato exato do que aconteceu, mas é importante
destacar que nenhuma pode ser, pois justamente por ser feita no calor do momento ela
possui uma ideologia de quem escreveu, uma intenção, um objetivo, logo faz parte da
análise as razões da escrita desse material.
Com o texto, no geral, podemos inferir que havia a necessidade de enaltecer o cristianismo
e seus mártires, bem como ‘vilanizar’ os muçulmanos, que representavam não só um perigo
a fé, bem como um perigo político pelas constantes incursões militares dos mesmos para
conquistar território, ainda durante o feudalismo (possível período em que o texto foi escrito)
logo era de bom tom divulgar para que todos odiassem e combatessem essa ameaça.
Carlos Magno iniciou em seu governo a consolidação e a organização do Reino Franco,
com medidas administrativas que transformaram o Reino em Império, como veremos a seguir.
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Unidade: A Evolução do Reino Franco
O Império Carolíngio
Carlos Magno, filho de Pepino, o Breve, deu continuidade à aliança com a Igreja e a política
guerreira dos Francos.
Iniciando, dessa forma, uma política expansionista que serviria não só para aumentar seu
território, como também para divulgar a fé cristã. Em retribuição, a Igreja coroou Carlos como
Imperador romano, em 800 d.C. Recebendo, dessa forma, o nome Magno.
Carlos Magno criou, por conta da extensão do território, uma série de medidas políticas-
administrativas dentre as quais podemos citar:
··controle dos tribunais;
··padronização do sistema de cunhagem de moeda;
··mudança da corte de Paris para a atual Alemanha;
··uso crescente do registro em documentos escritos.
Marcas
Ducados
Repare que as relações de suserania e vassalagem já estavam postas. Agora, você conhece
essa relação??? Esse tipo de organização política e econômica irá se manter também durante
o Feudalismo, ela está pautada no juramento de fidelidade, que não vinha de graça, quem
recebia as terras era um vassalo e, em troca, jurava fidelidade ao suserano.
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Mas o que estava imposto nessa fidelidade? Eles faziam um acordo? Era como um contrato
de papel passado no cartório? Observe essa imagem:
Carlos Suserano do
Suserano
Magno servo
Conde
Vassalo do
Suserano do marquês
Marquês
Duque
Vassalo do
Carlos Magno
Vassalo de
Suserano do todos os
conde Servo
Marquês outros
Vassalo do nobres
duque
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Unidade: A Evolução do Reino Franco
Será que o servo, não sendo nobre, recebia terras? O servo prestava serviços, em troca
recebia proteção, alimento e moradia. Essa troca também era conhecida como vassalagem,
mas estes não recebiam terras porque ela representava poder e riquezas, sendo destinada
apenas aos nobres e ao clero.
Estes administradores do reino (condes, marqueses e duques) eram supervisionados por um
alto funcionário do Imperador, o missi dominici, que resolvia os problemas locais e ouvia a
população, mas, na verdade, o principal objetivo dele era manter a fidelidade ao Imperador.
Essas estruturas tinham como objetivo manter o controle sobre todo o território franco.
Mendonça (1985, p. 74) nos fala um pouco mais sobre a importância dos missi
dominici: “A ameaça constante de insubordinações e revoltas contra o poder central foi
parcialmente sanada por intermédio da nomeação de agentes diretos do rei – os missi
dominici. Estes, situados paralelamente à hierarquia dos demais funcionários, eram
encarregados de supervisionar localmente o cumprimento das ordens reais, bem como
de renovar a fidelidade dos vassalos e coibir seus abusos e desmandos de poder.”
Mas, para que esse sistema funcionasse, Carlos Magno exigia desses altos funcionários uma
formação de excelência; por isso, estimulou a criação de escolas. Mas será que essas escolas
eram para toda a população? Claro que não, a educação se reservava apenas para a nobreza
e para os clérigos.
Esse movimento causou intensas mudanças culturais, pois além de estudarem a bíblia, ainda
tinham aula de gramática, retórica, dialética, matemática, astronomia, música e medicina.
Sem contar no movimento conhecido como Renascimento Carolíngio, que por intermédio dos
monges copistas salvaguardaram milhares de documentos, possibilitando que hoje historiadores
tivessem acesso a fontes primárias que para esse período são extremamente escassas.
Carlos Magno conseguiu manter seu domínio territorial e político durante todo o reinado,
mas será que ele permaneceria? O que aconteceu após a sua morte?
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O fim do Império Carolíngio
Após a morte de Carlos Magno, seu filho Luís, o Piedoso, não conseguiu administrar o
território como seu pai. Após a sua morte seus filhos, disputaram, por meio de uma guerra
que durou três anos, o território do Império.
Após essa batalha, estabeleceram um acordo conhecido como Tratado de Verdum – no
qual, o Império fora dividido em três partes:
··Carlos, o calvo ficou com a parte direita ou ocidental;
··Lotário com a central; e
··Luís, o germânico, ficou com a parte esquerda ou Oriental.
Fonte: Mello, José Roberto. O Império de Carlos Magno. São Paulo: Ática, p. 56
Mello (1990, p. 6) autor do livro ‘O Império de Carlos Magno’ já nos dá o indicativo dessa
movimentação: “(...) como marco inicial da civilização em formação no Ocidente após as
invasões bárbaras dos séculos V e VI, conhecidas por nós como civilização medieval. Vamos
Diálogo com o Autor
encontrar sintetizadas nele todas as principais características da nova civilização, desde o
deslocamento geográfico, centrado no mediterrâneo durante a antiguidade, para o continente,
agora com sentido norte-sul, até suas bases econômicas, políticas e culturais.”
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Unidade: A Evolução do Reino Franco
Quando falamos de povos bárbaros, logo nos vêm à mente a violência, a insubordinação e
até mesmo a ignorância. Não conseguimos imaginar que, apesar de o Império Romano estar
enfraquecido, eles foram dominados por esses povos. Como duvidar de suas habilidades?
Diferentemente do que pensamos, os povos bárbaros tinham organização política, social,
econômica e cultural. Foram ainda mais inteligentes, se observarmos que eles aglutinaram as suas
estruturas alguns hábitos romanos, que favoreceram ainda mais sua expansão territorial e política.
O Reino Franco é a prova de que essa transição não foi feita somente por meio da
belicosidade, mas também de muitas estratégias, tais quais: a união com o Império no início
da formação do Reino Franco e da aliança com a Igreja Católica em expansão.
Sua evolução se deu, principalmente, no governo de Carlos Magno, que elevou o reino a
Império cristão, organizou e fortificou o seu território e, por fim, manteve seu domínio durante
todo seu reinado.
Agora, eu te pergunto, quem é o bárbaro?
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Sintetizando
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Unidade: A Evolução do Reino Franco
Material Complementar
Vídeos:
Para facilitar a visualização do processo de conquista e de fortalecimento do Reino
Franco, e também de suas dinastias você pode assistir a essa série produzida pela THC
no youtube: https://youtu.be/YD1fT_ymYeM
Dessa mesma série, foram produzidos documentários sobre os outros povos bárbaros, se
quiser complementar o seu estudo é uma boa pedida.
Leitura:
No site da Unicamp, está disponível a obra conhecida como ‘Carlos Magno e os Doze
pares de França’, que conta a trajetória de Carlos Magno de forma heroica. Esse texto
escrito durante a Idade Média foi traduzido para o português de Portugal por Jerônimo
Moreira de Carvalho em 1728. Vale a pena conferir:
http://www.caminhosdoromance.iel.unicamp.br/biblioteca/0045/
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Referências
GOFF, Jacques Le. A Civilização do Ocidente Medieval. Lisboa: Editorial Estampa, 1994.
(Vol. 1).
MELLO, José Roberto. O Império de Carlos Magno. São Paulo: Ática, 1990.
MENDONÇA, Sonia Regina de. O Mundo Carolíngio. São Paulo: Brasiliense, 1985.
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Unidade: A Evolução do Reino Franco
Anotações
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