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SEMINÁRIO TEOLÓGICO PRESBITERIANO

REV. JOSÉ MANOEL DA CONCEIÇÃO

RELATÓRIO DE LEITURA

Dois reinos: a igreja e a cultura interagindo ao longo dos


séculos
CAPÍTULOS 5 e 6

Sem. Emerson de Abreu Bezerra

Trabalho apresentado ao Seminário


Teológico Presbiteriano Rev. José
Manoel da Conceição. Matéria:
História da Igreja II. Professor: Rev.
Walter Czinczel.

15 de novembro de 2018
DOIS REINOS: A IGREJA E A CULTURA INTERAGINDO AO
LONGO DOS SÉCULOS
Capítulo 5: A expansão europeia da igreja
Capítulo 6: A igreja sob a monarquia papal

CLOUSE, Robert G.; PIERARD, Richard V.; YAMAUCHI, Edwin M. Dois reinos: a
igreja e a cultura interagindo ao longo dos séculos. São Paulo, Cultura Cristã. 2003

Os textos abordados neste trabalho referem-se aos capítulos 5 - A expansão europeia


da Igreja - e 6 – A igreja sob a Monarquia Papal, do livro proposto para este estudo. O
primeiro trata como se deu a expansão da igreja na Europa, principalmente no Norte e
Leste. No segundo são abordadas as relações de poder entre as monarquias que se
formavam na Europa e os papas, bem como as relações de poder eram disputadas e
assumidas por cada um.

No capítulo 5 os autores iniciam sua exposição discorrendo acerca do processo de


desmantelamento do Império Romano, mostrando como este processo culminou em
vários reinos germânicos hereditários. Tal fato se deu como consequências principais as
disputas internas e as invasões bárbaras.

O que motivou, segundo os autores, as disputas internas foram, num primeiro momento,
a conjuntura de formação do mesmo associadas à insatisfação dos povos visigodos em
relação à ganancia dos oficiais romanos que não honraram o compromisso assumido
por Teodósio I em dispor terra e suprimentos em troca de apoio militar. Culminou, em
396, sob a liderança de Alarico, em uma rebelião contra o império destruindo a Grécia e
a invasão da Itália em 402. Quando Alarico estava por invadir a Itália, as tropas romanas
da fronteira germânica foram chamadas de volta, para defendê-la, permitindo, assim,
que os povos germânicos empreendessem sua migração sem maiores impedimentos,
para o território do Império Romano (IR). A principal tribo foi a dos vândalos.

Os visigodos, adeptos do arianismo, então, se aliaram ao IR, na tentativa de deter o


avanço das tribos germânicas e, por isso, foram recompensados com o território
sudoeste da França e, depois, grande parte da Espanha. Houve tensão entre estes e os
hispanos-romanos adeptos ao catolicismo trinitariano o que provocou diversas batalhas
que culminaram em nova invasão a Roma por parte dos vândalos, arianos, em 455 d.C..

Outras povos também invadiram o IR no século V como os ostrogodos, burgúndios,


francos e os lombardos. Estes, foram os últimos germânicos a entrarem no território do
IR em 568 d.C. Eles dominaram a maior parte da região central e norte da Itália e
impuseram seus costumes nesta região tornando-se rivais do papado pelo controle da
Itália.
No final do século VI, muitos estados hereditários germânicos tinham entrado e ocupado
parte do território do IR ao ocidente. Porém, a cultura romana manteve sua continuidade
à medida que as tribos eram assimiladas em diferentes graus e nominavam serem
cristãs.

Após este relato os autores partem para mostrarem o crescimento e expansão do


cristianismo entre o V e X séculos. Eles mostram como o cristianismo alcançou os
celtas, na Irlanda, os alemães a leste do Reno e os eslavos na Europa central. A missão
na Irlanda começou com o trabalho empreendido pelo missionário Patrício (389-461
d.C). O fervoroso zelo missionário do Cristianismo celta resultou na fundação de
mosteiros na Escócia, Inglaterra, Bélgica, norte da Alemanha, França e até mesmo na
Itália.

Os autores destacam, ainda, o trabalho de homens como Columba (521-97d.C), figura


proeminente do movimento, e Columbano (540-615 d.C), fundador de vários mosteiros
na França. Wynfrith (680-754), conhecido mais tarde como Bonifácio, reconhecido como
o “Apóstolo da Alemanha”. Em seu campo missionário ele dividiu os territórios
germânicos em dioceses e fundou mosteiros de estilo beneditino. Também fundou
escolas. Seu trabalho contribuiu fortemente para o desenvolvimento da Igreja católica,
pois o seu trabalho trouxe grande parte dos povos germânicos para dentro da estrutura
de uma Europa cristã, enquanto suas atividades na Galísia contribuíram para o
fortalecimento dos laços entre a igreja franca e o papado.

No processo de expansão, o cristianismo teve que resistir a vários ataques dentre eles o
dos vikings, dos magiares e dos muçulmanos. Os ataques vikings foram tanto por
batalhas quanto economicamente, através de relações comerciais com Europa oriental.
Os magiares era um povo finoúgrico, proveniente da Ásia, que havia se mudado para a
parte central do Danúbio. Durante um bom tempo atacaram a porção oriental. Ambos os
grupos acabaram se convertendo à fé cristã.

Outro fato importante citado pelos autores foi o surgimento e expansão do islamismo e a
formação do Império Árabe. Estes fatos c afetou consideravelmente a conformação de
toda a bacia do Mediterrâneo principalmente o norte da África e o Oriente Médio. Estes
fatos, segundo os autores, influenciaram o cristianismo, embora não se possa dizer
exatamente como. Eles afirmam que os ataques muçulmanos, além enfraqueceram o
Império Bizantino, também, contrinuiram para a formação do Império Carolíngeo na
Europa, e todas as consequências decorrentes dele. Ao contrário dos vikings e dos
magiares, este grupo não se converteu ao cristianismo..

No capítulo 6 - “A Igreja sob a monarquia papal”, os autores discorrem acerca das


relações de poder entre o IR do ocidente e o papado, pelo controle da Europa.

Primeiro é apresentado, como se deu o desenvolvimento e fortalecimento do papado até


chegar em Gregório I, “o Grande”, considerado o fundador do papado medieval. O
trabalho desenvolvido por Gregório determinaram precedentes importantes para os
papas posteriores, uma vez que ele se envolveu profundamente em questões seculares
assumindo na Itália o papel que antes era desempenhado pelo imperador oriental. Suas
relações, tanto com as partes orientais quanto ocidentais do mundo romano,
contribuíram para isso. Ele também liderou a atividade missionária no Ocidente, além de
ter um consistente, e influente, trabalho como escritor. Seu trabalho aceca das verdades
cristãs, contribuíram para o entendimento do povo instruído daquela época. É
ressaltado, ainda que, a sua própria vida piedosa era um exemplo para todos. É tido
como um dos quatro grandes pais da igreja junto com Ambrósio, Agostinho e Jerônimo.

Em seguida, os autores, discorrem acerca da crise do papado nos séculos VII e VIII. Os
papas deste período estavam divididos entre identificar-se com a antiga civilização do
Oriente a com os novos poderes do Norte.

Logo em seguida é abordada a relação do papado com os reis da dinastia carolíngia. Os


autores fazem uma breve introdução acerca dos carolíngios iniciada por Pepino I
culminando em Carlos Magno. Os primeiros não eram efetivamente monarcas. Eles
atuavam como governantes de fato dos merovíngios. O último foi quem efetivamente
tornou-se, com apoio e coroação do papa Leão III como imperador do IR do ocidente.

Os autores passam, então, a destacar a atuação de Carlos Magno. Também conhecido


como, Carlos, O Grande é considerado como o maior dos governantes carolíngios e o
mais importante da Idade Média. Seus exércitos atuaram em mais de 50 batalhas.

Em 773 Carlos Magno derrotou os lombardos e tornou-se seu rei. Ele conquistou a
Bavária e a Áustria e subjugou os ferozes pagãos saxões que viviam entre os rios Reno
e Elba. No natal de 800 o papa Leão III, inesperadamente colocou uma corou imperial
em sua cabeça, e prestou-lhe homenagem.

Carlos Magno tornou-se imperador e exercia seu reinado do seu palácio em Aachen. Ele
reinou sobre Roma e a maior parte do Oeste do antigo IR. Sua relação com a igreja e
com o papado, em função de sua devoção, favoreceram grandemente à igreja.

Em seguida os autores, abordam a Alemanha e a dinastia saxônica. Eles mostram como


foi o processo de divisão do reino do Leste e como contribuiu para a formação da
dinastia de Henrique I, duque da Saxônia, que durou de 919 a 1024. O sucessor de
Henrique I, seu filho Otto I, é tratado de forma particular. Ele foi responsável por
estabelecer uma monarquia efetiva na região, principalmente no que diz respeito à sua
política externa. Esta tinha três aspectos principais: enfraquecimento e divisão da da
França; lançou-se à expansão para o leste; Buscou ganhar e manter o poder sobre a
Itália.

Outro aspecto abordado pelos autores foi relação entre Otto I e o papado. Esta era bem
conflituosa. Em 963 d.C. ele convocou um sínodo em Roma em que depôs o papa João
XII, um papa fraco e impopular. Em seu lugar, Otto colocou um papa que correspondia
melhor às suas expectativas
O herdeiro Otto foi seu filho de três anos, chamado Otto III. Que foi educado pela sua
mãe, quase como um príncipe Bizantino. Assume o trono em 904. Seus plano era fazer
de Roma sua capital. Construiu um magnífico palácio e nomeou o maior estudioso de
sua época, Gerbert de Aurillac (cerca de 945-1003) para ser o papa Silvestre III. Ele
tinha um sonho de formar uma grande comunidade cristã com a igreja e o império unidos
e governados de Roma. Políticamente não tinha como se concretizar pois não tinha uma
base real de poder na Itália e os romanos não o aceitariam. Morreu cedo, aos 21 anos e
foi sucedido por Henrique II. Este procurou manter sua posição na Alemanha e não pode
dominar a Itália.

O renascimento cultural promovido por Otto III, teve grande importância. A redescoberta
das ciências naturais, principalmente pela influencia de Gerbert.

Na sequencia os autores abordam a relação da Igreja com a Inglaterra normanda. Foi


um período conturbado. Muitos reis tiveram diferentes posturas frente ao papado. Em
alguns momentos esta relação estava mais próxima, como no caso de Guilherme, “o
Conquistador”. Em outros momentos eles se opunham como ocorrera com Guilherme II
(1087-1100 d.C), e Henrique I (1100-35 d.C.)

Este último mostrou-se um dos governantes mais competentes da história da Inglaterra.


Controlava vastas regiões que iam da Irlanda até a França. Henrique nomeou seu
tenente e amigo, Becket arcebispo de Canterbury esperando, com isso, evitar conflitos
com as autoridades eclesiásticas e ganhar o apoio da igreja em seu trabalho de
reconstrução do governo. Foi um erro. Becket deixou o apoio total à autoridade real e
passou a lutar pelos direitos da igreja. Ele experimentou uma conversão real ao
cristianismo. Henrique tentou obter o controle das cortes da igreja eliminando o
“beneficio do clero”. O clero poderia ser julgado por uma corte secular. Após muitos
anos de conflito Henrique foi forçado, a fazer uma penitência pública e reconhecer o
controle da Igreja sobre suas atividades

Outro reinado abordado pelos autores foi a França. A nova dinastia estabelecida em 987
por Hugo Capeto, duque de Orleans, que governou até 1328, teve sua relação com a
igreja marcada pela atuação do abade Suger de S. Dennis, um importante defensor da
monarquia. Ele foi conselheiro das finanças de Luís VI e atuou como regente enquanto o
rei participava da Segunda Cruzada.

Os autores discorrem ainda sobre a relação do papado com o império. Em um período


de forte desintegração Nicolau I transforma o papado numa das principais forças da
Europa ocidental.

Abordam, ainda, um período sombrio na história do papado chamado de “pornocracia”


este período foi marcado por pontífices mundanos cercados ou dominados por amantes.
Em 1024 o império tem seu poder reafirmado. Henrique III convoca um concilio da Igreja
e depõe um papa imoral e elegeu o primeiro de uma série de indivíduos competentes.
O seu sucessor, Henrique IV, tornou-se imperador em 1056. Ele viu-se diante de um
movimento pela reforma papal. Este foi liderado por figuras competentes. Eles
incentivaram o papa Nicolau II a emitir um decreto em 1059 afirmando que os papas
deveriam ser escolhidos por um colégio de cardeais e não pelo imperador.

Em 1073, Hildebrando, foi eleito papa Gregório VII. Durante seu pontificado o conflito
Igreja-Estado viveu seu momento mais intenso. Hidelbrando ordenou a todos os bispos
que proibissem sacerdotes casados de celebrarem a missa. Este fato levou a
controvérsia das “investiduras”. A questão só acabou com o Pacto de Worms, acordo
entre Henrique V e o papado no ano de 1122.

Em seguida, os autores abordam, a relação do papado, representado pelo papa


Inocêncio III, com a dinastia alemã, e a dinastia alemã dos Hohenstaufens, cujo principal
representante foi Frederico I. Ele renovou o poder e a unidade do império na Alemanha.
O papa Inocêncio III exercia grande influência na política da época. Para ele o “O papa
tem uma posição entre Deus e os homens”. Partindo deste pressuposto ele pautou suas
ações até o ponto de convencer o rei francês a invadir a Inglaterra após o confisco das
terras da igreja confiscadas pelo o rei João.

Quando o imperador Otto IV invadiu a Sicília, tornou-se uma ameaça concreta aos
Estados Papais, Inocêncio III o excomungou e em 1212 garantiu a eleição de Frederico
II em seu lugar. Contudo, esse ato tornou-se um problema uma vez que Frederico II
praticamente deu a independência para os príncipes alemães a fim de que pudesse
concentrar-se em controlar a Itália resultando numa luta por sobrevivência com o papa
que tentou aniquilar o seu poder. Após a morte de Frederico, em 1250, o papado pôs-se
a exterminar a dinastia dos Hohenstaufen, até a execução de Conradin, o último desta
linhagem. Por fim, os autores afirmam que o triunfo papal gerou instabilidade tanto na
Itália quanto na Alemanha.

Por último, os autores, apresentam brevemente o como se deu a reconquista cristã da


Espanha sob o domínio muçulmano. Foi um processo de muitas batalhas que resultou
na fragmentação da região em vários reinos como os de Castela, Navarro, Leão e
Aragão. Estes começaram um contra-ataque aos mouros que ficou conhecido como a
Reconquista.

Enfim, os autores traçam uma visão geral de como as forças da igreja e dos estados
mudaram e como um influenciou o outro. As relações de força e harmonia forjaram e
estruturaram a região e a religião.

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