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19/02/2024, 09:35 Idade Média – Wikipédia, a enciclopédia livre

Igreja Ortodoxa, era distinta em termos de práticas, liturgia e


língua da sua congénere ocidental, que viria a tornar-se na
Igreja Católica. As diferenças teológicas e políticas tornam-se
cada vez mais vincadas, e em meados do século VIII a
abordagem de matérias como a iconoclastia, o casamento de
sacerdotes e a separação de poderes entre a Igreja e o Estado
era de tal forma contrastante que as diferenças culturais e
religiosas eram já em maior número do que as semelhanças.[59]
A separação formal ocorre em 1054, quando o Papado de Roma
e o patriarcado de Constantinopla se confrontam abertamente
e se excomungam mutuamente, facto que está na origem da
cisão da cristandade em duas igrejas – a Igreja Católica
Romana e a Igreja Ortodoxa Oriental.[60]

A estrutura eclesiástica do Império Romano no ocidente


Iluminura do século XI
sobreviveu relativamente intacta às invasões bárbaras, mas o
representando o Papa Gregório I
papado pouca autoridade exercia, sendo raros os bispos
ocidentais que procuravam no papa liderança religiosa ou
política. A maior parte dos papas anteriores a 750 debruçava-se
sobretudo sobre questões bizantinas e teológicas orientais. A grande maioria das mais de 850
cartas hoje conservadas do papa Gregório I dizem respeito a assuntos em Itália ou Constantinopla.
A única região da Europa Ocidental onde o papado exercia influência era a província romana da
Britânia, para onde Gregório envia em 597 a missão gregoriana com o intuito de converter os
Anglo-saxões ao cristianismo.[61] Os missionários irlandeses, que entre os séculos V e VII foram os
mais ativos na Europa ocidental, foram autores de várias campanhas de cristianização, primeiro
nas Ilhas Britânicas e depois no continente. Contando entre si monges como São Columba e São
Columbano, não só fundaram um imenso número de mosteiros, mas também foram os
responsáveis pela divulgação do latim e do grego e autores profícuos de obras seculares e
religiosas.[62]

Durante a Alta Idade Média assiste-se à implementação do monaquismo no Ocidente, inspirado


sobretudo pela tradição monástica dos Padres do Deserto Sírios e Egípcios. São Pacómio foi
durante o século IV um dos pioneiros do cenobitismo, o monaquismo praticado em redor de uma
comunidade espiritual. Os ideais monásticos são rapidamente difundidos do mediterrâneo para a
Europa durante os séculos V e VI através da documentos hagiográficos como a A Vida de
Antão.[63] São Bento de Núrsia foi o autor da Regra de São Bento, extremamente influente no
monaquismo ocidental durante todo o século VI, onde são descritas em detalhe as
responsabilidades administrativas e espirituais de uma comunidade de monges, liderada por um
abade.[64] Os mosteiros exerceram uma influência profunda na vida religiosa e política da Alta
Idade Média, tutelando vastas regiões em nome de famílias poderosas, atuando como centros de
propaganda e de apoio monárquico em regiões recentemente conquistadas, e organizando missões
de evangelização.[65] Eram também o principal, e por vezes único, centro de educação e literacia
em determinada região, copiando também muitos dos manuscritos sobreviventes dos clássicos
romanos.[66] Os monges, como São Beda, foram também autores de inúmeras novas obras de
história, teologia, botânica e vários outros temas.[67]

A Europa Carolíngia

Sob o domínio da dinastia merovíngia durante os séculos VI e VII, o reino dos Francos no norte da
Gália segmentar-se-ia nos reinos da Austrásia, da Nêustria e Borgonha. O século VII representou
um período instável de guerra civil entre a Austrásia e a Nêustria.[68] A situação foi explorada por
Pepino de Landen, mordomo do palácio que se tornaria governante de facto nos bastidores da
coroa. A sua linhagem herdou sucessivamente o cargo, atuando como conselheiros e regentes. Um
https://pt.wikipedia.org/wiki/Idade_Média 8/38

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