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IDADE MÉDIA OCIDENTAL

Para entender a vida na Idade Média temos que pensar que naquela época a ligação entre os povos era muito
difícil, pois os meios de comunicação e transporte eram muito precários. Não havia telefone, e-mail, trem, carros,
aviões e as naus eram a vela. Até que um povo soubesse o que se passava com outro eram necessários dias e dias,
ás vezes meses, dependendo da distância.

Para começar, vamos dividir a Idade Média em Idade Média Ocidental e Idade Média Oriental, iniciando nosso
estudo pela Ocidental.

A história da Idade Média Ocidental começa com o fim do Império Romano do Ocidente e compreende a história
da região da Europa e a formação dos países europeus.

Quando falamos em ocidente, falamos da Europa, pois na Idade Média as Américas e a Oceania não tinham sido
descobertas.

A história da Idade Média Oriental compreende a história do Império Romano do Oriente, que continuou até o ano
de 1453, também chamado de Império Bizantino, com capital na cidade de Constantinopla, antiga Bizâncio, daí o
nome do império.

A Idade Média Ocidental conta a história do mundo ocidental após a queda do Império Romano do Ocidente.
Quando falamos em ocidente, falamos da Europa, pois na Idade Média as Américas e a Oceania não tinham sido
descobertas, seus povos viviam em um estágio neolítico.

No final do século V, o mundo ocidental estava dividido entre povos civilizados e povos bárbaros.
Os povos civilizados eram os gregos, macedônios e romanos, enquanto os povos bárbaros eram aqueles que viviam
fora das fronteiras do império romano do ocidente e não falavam o latim.

Estes povos eram as tribos, dos hunos, dos godos, divididos em ostrogodos e visigodos, e dos germânicos, que se
subdividiam em saxões, alamanos, suevos, alanos, bávaros, francos, anglos, frísios, lombardos, hérulos e vândalos,
que viviam em guerra com os povos da fronteira ocidental do império.

Em 476, Odoacro, rei da tribo germânica dos hérulos, venceu o imperador Rômulo Augusto, pondo fim ao Império
Romano do Ocidente,

Este fato histórico marca o começo da Idade Média, que foi dividido em duas fases: Alta Idade Média e Baixa Idade
Média. A primeira começou no século V e foi até o século X, quinhentos anos, portanto e a segunda teve início no
século XI e durou até o século XV, outros quinhentos anos.

Uma outra classificação muito comum divide a era em três períodos: Idade Média Antiga (ou Alta Idade Média ou
Antiguidade Tardia) que decorre do século V ao X;
Idade Média Plena (ou Idade Média Clássica) que se estende do século XI ao XIII;
Idade Média Tardia (ou Baixa Idade Média), correspondente aos séculos XIV e XV.

Alta Idade Média

Século V a Século X
A Alta Idade Média foi marcada pela formação e expansão do feudalismo, organização social e política dos povos
bárbaros (formação dos reinos bárbaros) e expansão da Igreja Católica.

Na Alta Idade Média, a Europa ainda convivia com as transformações oriundas do esfacelamento do Império
Romano do Ocidente, o que levou a se criar um novo sistema econômico, o feudalismo, que foi o processo de
ruralização de economia. A Igreja Cristã, até então só conhecida no Império Romano, do qual era a religião oficial,
passou a conquistar os povos bárbaros e a se desenvolver.

Enquanto os povos que viviam no Império Romano do Ocidente eram civilizados, moravam nas cidades e viviam
sob a direção do Estado, os bárbaros não conheciam a forma de governo como Estado e estavam organizados em
tribos, que estavam assim distribuídas, os Anglo-Saxões, onde é, hoje, a Inglaterra; os saxões, onde, hoje, é a
Dinamarca; os Francos, na atual França; os Burgúndios, na atual Alemanha; os Alamanos, onde é, hoje, a Polônia;
os Visigodos, na atual Espanha; os Ostrogodos, na atual Itália; os Suevos, onde é, hoje, Portugal, os Lombardos no
atual norte da Itália e os Vândalos, na África do Norte.

Essa grande diferença de modo de vida, em que os bárbaros não tinham um estado formado e não tinham cidades
em seus lugares de origem, os levou a preferirem viver na zona rural e se formarem em grupos sob o comando de
um líder. Esses líderes moravam em extensas faixas de terra, onde eram senhores e dominavam os seus
seguidores. Com o tempo os lideres construíram castelos que eram verdadeiras fortalezas, onde moravam e
acolhiam seus servos em caso de guerra. Isto deu origem ao feudalismo. Como não tinham uma religião forte, os
senhores feudais absorveram a religião crista, que passou a dominar durante toda a Alta Idade Média.

Podemos ver, então, que neste novo período em que a Europa Ocidental passou a ser ocupada pelos povos
bárbaros houve uma mistura das características latinas e germânicas que deu origem a uma nova forma de
organização política, socioeconômica e religiosa: a formação dos reinos “bárbaros”, o feudalismo e a expansão
do cristianismo.

Feudalismo

É uma forma de organização social, política, econômica e cultural baseada na posse da terra.

É chamado de feudalismo porque vem da palavra feudo que significa o direito de alguém sobre um bem, neste
caso, a terra. As faixas de terra, onde viviam os líderes eram chamadas feudos e esses líderes, que eram os
proprietários, eram chamados de senhores feudais, que dominavam todo o feudo e as pessoas que moravam nelas,
os servos. Era o senhor feudal quem formava seus exércitos particulares. As condições de vida no feudalismo eram
rudes mesmo para os senhores feudais e a dos servos, então, era miserável, pois não tinham nem mesmo a
liberdade. Ambos, senhores feudais e servos não sabiam ler, apenas o clero, formado pelos religiosos, tinha acesso
ao estudo. As pessoas que detinham a posse da terra podiam fazer delas o que quisessem, inclusive doá-las. Os
donos de terras podiam doar parte de suas terras a outras pessoas em troca de certos deveres, como fidelidade e
trabalho. Esta doação era acompanhada do compromisso de proteção a quem recebia as terras. Os que doavam as
terras eram chamados suseranos e as pessoas que as recebiam eram chamadas de vassalo. O vassalo devia
fidelidade e trabalho ao suserano e o suserano devia proteção ao vassalo. Os que possuíam as terras eram nobres
chamados de senhor feudal. Os títulos de nobreza eram, visconde, conde, marques, duque, príncipe e rei. Este
sistema formava uma rede de suserania e vassalagem, sendo que o suserano maior era o rei. O feudo era cedido
por um poderoso nobre senhor a um outro nobre em troca de obrigações e serviços. Quem concedia a terra era
o suserano e quem a recebia era o vassalo.

Cavalaria medieval

Os senhores feudais envolviam-se em guerras para aumentar suas terras e poder, formando exércitos próprios
constituídos pelos cavaleiros. A guerra era muito comum e os senhores feudais e reis necessitavam de cavaleiros
para fazer a proteção do feudo ou conquistar novas terras e riquezas. Quanto mais cavaleiros possuía um nobre,
maior seria o seu poder militar.
Igreja Católica

Outra grande característica da Alta Idade Média foi a imensa influência que a religião católica exercia sobre todos.

O teocentrismo, a crença de que Deus é o centro de todas as coisas, era a base da cultura religiosa.

Em todos os aspectos da vida medieval, a fé inspirava e determinava os mínimos atos da vida cotidiana. Reis eram
coroados ou destronados com uma palavra do Papa. Ela dominava o cenário religioso e político e influenciava o
modo de pensar, a psicologia e as formas de comportamento na Idade Média.

A igreja também tinha grande poder econômico, pois possuía terras em grande quantidade e até mesmo servos
trabalhando. Os monges viviam em mosteiros e eram responsáveis pela proteção espiritual da sociedade.
Passavam grande parte do tempo rezando e copiando livros e a Bíblia.

A vida monástica e as ordens religiosas começaram a surgir na Europa a partir de 529, quando São Bento de Múrcia
fundou o mosteiro no monte Cassino, na Itália e criou a ordem dos beneditinos.

Os monges viviam em mosteiros e eram responsáveis pela proteção espiritual da sociedade. Passavam grande
parte do tempo rezando e copiando livros, principalmente a Bíblia.

Os mosteiros eram os únicos lugares onde se conservava a cultura antiga. O trabalho dos monges copistas, que
passavam a vida inteira copiando obras da Antiguidade, preservou essa cultura.

Junto às catedrais de algumas cidades começaram a surgir, no século XII, escolas que se chamaram universidades.

As universidades foram uma das instituições mais importantes e significativas da época medieval, inclusive porque
não existia um modelo equivalente nas outras civilizações vizinhas, judias, árabes, ou outras anteriores. Com as
universidades, o ensino e a cultura deixaram de ser privilégio apenas dos membros da Igreja, ampliando-se o
campo de estudos com a criação das faculdades de Teologia, Direito, Medicina, Filosofia, Literatura, Ciências e
Matemática.
São desta época inúmeras e tradicionais universidades como as de Bolonha, Paris e Oxford.
Dentre as universidades medievais, aquelas que se situavam no sul da Europa receberam uma forte influência das
civilizações bizantina e árabe.

Graças ao desenvolvimento cultural promovido pelas universidades, as obras da Antiguidade greco-romana


começaram a ser estudadas e traduzidas. Entre elas estão as obras do filósofo grego Aristóteles, que influenciaram
o pensamento religioso do final da Idade Média.
No campo das ciências, embora tardiamente, aconteceu um crescimento científico com reflexos no presente.

A educação era para poucos, pois só os filhos dos nobres estudavam. Grande parte da população medieval era
analfabeta e não tinha acesso aos livros.

Ela era marcada pela influência da Igreja, ensinando o latim, doutrinas religiosas e táticas de guerras. No geral, a
cultura medieval foi fortemente influenciada pela religião.

O homem medieval, de modo geral, não sabia ler nem escrever. Os homens da igreja eram os mais instruídos, que
controlavam todas as atividades artísticas, literárias e científicas da época.
Formação da sociedade

Outra característica da Alta Idade Média foi a divisão de classes em classes hierarquizada e estática, isto quer dizer
que a sociedade medieval era dividida em classes sociais superiores e inferiores e a mobilidade social era
praticamente inexistente.

Em seguida vinham, a nobreza feudal (senhores feudais, condes, duques, viscondes e cavaleiros), que era
detentora de terras e arrecadava impostos dos camponeses e o clero (cardeais, arcebispos, bispos e monges), que,
também tinha um grande poder, pois era responsável pela proteção espiritual da sociedade e era isento de
impostos e arrecadava o dízimo. Os cavaleiros, os bispos e os monges pertenciam a estas classes sociais, porém
com menor importância.

A última camada da sociedade era formada pelos camponeses, servos, pequenos artesãos e soldados. Os servos
deviam pagar várias taxas e tributos aos senhores feudais, tais como: corveia (trabalho de 3 a 4 dias nas terras do
senhor feudal), talha (metade da produção), banalidades (taxas pagas pela utilização do moinho e forno do senhor
feudal).

Não existe uma data específica que marca o fim deste período. Uma série de mudanças que ocorreram na Europa
no século X é responsável pela modificação estrutural, econômica e cultural que deu início ao enfraquecimento do
feudalismo. Estas mudanças na economia feudal, baseadas no reaparecimento do comércio e na volta a vida das
cidades, que aconteceram a partir do século XI, deram início ao fim da Alta Idade Média.

Baixa Idade Média

Século XI a Século XV

No século XI, começa a história da Baixa Idade Média e uma das primeiras novidades para gerar as mudanças que
se seguem foi o fim das invasões bárbaras; todas as terras já estavam ocupadas por reinos já estruturados.

Com a vida mais calma, a população foi crescendo e tendo maiores necessidades de alimentos, a produção dos
feudos foi ficando pequena para alimentar toda a população.

Começa a crise no feudalismo, além de outros eventos que marcam o início da Baixa Idade Média, como o
renascimento comercial europeu, a formação das monarquias europeias, as cruzadas, a expansão das sociedades
cristãs e a formação da cultura medieval. Estas circunstâncias, que geraram a mudança de vida dos povos da Idade
Média estão todas relacionadas entre si, mas o papel principal coube às mudanças no feudalismo, por ser em torno
dele que tudo girava.

Vários fatores concorreram para o declínio do feudalismo. Tudo começou com o aumento da população, que tinha
mais necessidade de produzir alimentos. A melhoria de técnicas e ferramentas agrícolas aumentou a produção
além das necessidades dos feudos, o que levou ao comércio do excedente. Era a volta às atividades comerciais.

Também, com o aumento da população nos feudos, começou o êxodo para as cidades. Os novos moradores se
dedicaram a produzir coisas como tecidos, cerâmicas, joias, que precisavam ser comerciadas. Era o crescimento
dos burgos, o aparecimento dos artesãos e o aumento do comércio.

Os artesãos e os comerciantes começaram a enriquecer, formando uma nova classe social, a burguesia. Estes ricos
comerciantes e artesãos passaram a financiar os exércitos dos reis em troca de proteção fiscal no seu comércio. Era
o aumento do poder real, os senhores feudais prestavam vassalagem ao rei, o que lhe dava prestígio e poder.
Era o declínio do feudalismo, quando os nobres senhores de terra passaram a reconhecer a autoridade real, que
agora tinha um outro aliado, a classe burguesa. Era o começo das monarquias europeias.

Na Alta Idade Média a Igreja Católica detinha grande poder, a ponto de influenciar a própria monarquia. Era a
formadora do pensamento social e cultural. Este poder e influência continuaram até meados da Baixa Idade Média;
no século XII, como já vimos, foram criadas as universidades, responsáveis pela transferência do saber.

Mesmo com tamanho poder e influência, a Igreja começou a ser minada em vários setores, devido a vários abusos
e discrepâncias religiosas, como a simonia, que era a venda de artefatos falsos como se fossem relíquias, pedofilia,
abuso de poder e a venda de indulgências.

Outros episódios também influenciaram no declínio da Igreja Católica, foram o Cisma do Oriente, a questão das
investiduras e o Cisma do Ocidente.

Cisma do Oriente

O Império Romano do Oriente, com capital em Bizâncio, continuava de pé, após a queda do Império Romano do
Ocidente. Em Bizâncio se praticava o cristianismo, porém com algumas diferenças na forma como era praticado no
Ocidente. No Oriente se manteve a estrutura antiga, com o imperador como chefe da igreja. No Ocidente, com a
queda do imperador, o chefe da igreja passou a ser o bispo de Roma, com o título de Papa. Surgiu, então, um
impasse sobre a autoridade das duas igrejas, que terminou com a separação, ficando a Igreja do Ocidente dirigida
pelo Papa e a do Oriente pelo imperador, com o nome de Igreja Ortodoxa. Isto foi o Cisma do Oriente.

Questão das investiduras

Investidura é o ato de investir alguém de autoridade e poder.

Outro problema da Igreja na Baixa Idade Média foi a disputa para decidir quem iria dar a investidura para uma
autoridade episcopal (bispo, arcebispo ou papa).

Os reis ou senhores feudais do Sacro Império Romano Germânico interferiam na escolha dos dignitários da igreja,
o que não agradava ao papa Gregório VII, que entendia ser esta escolha uma prerrogativa sua.

Esta querela durou de 1075 a 1122, tempo durante o qual a Igreja foi enfraquecida pelas decisões do Sacro Império
Romano Germânico.

Cisma do Ocidente

Novamente, um conflito entre a Igreja e o Sacro Império veio abalar a força do catolicismo. Foi o conflito entre o
papa Bonifácio VIII e o rei francês, Felipe, o Belo, ainda uma continuação da questão das investiduras. A escolha de
um prelado papal não agradou ao rei da França, que aprisionou o papa, conservando-o prisioneiro até sua morte.
Felipe, o Belo pressionou para que a escolha do novo papa fosse o bispo de Bordeaux, cidade francesa, que mudou
a sede do papado de Roma para Avignon. De 1307 a 1417, o conflito continuou com papas ora governando em
Roma, ora em Avignon e foi chamado Cisma do Ocidente.

Cruzadas
A fim de combater o declínio, a Igreja criou as Cruzadas, que eram expedições para libertar Jerusalém do poder dos
muçulmanos, os tribunais religiosos, como o Tribunal da Inquisição, para julgar as heresias, seitas, bruxarias e ritos
pagãos e as instituições religiosas como a Ordem dos Beneditinos.

As Cruzadas não interferiram no declínio da Igreja, mas tiveram consequências econômicas, históricas, geográficas
e culturais: os senhores feudais perderam poder aquisitivo com os gastos das Cruzadas, o comércio entre o Oriente
Médio e a Europa, pelo Mediterrâneo, foi restabelecido; o poder real foi fortalecido com o empobrecimento dos
senhores feudais e muito da cultura oriental foi absorvida pelo ocidente.

No século XIV, mais precisamente no ano de 1348, teve início a maior pandemia já vista em todo o mundo, a Peste
Negra, que exterminou um terço da população europeia. Ela teve início na Ásia Oriental, precisamente na China e
se espalhou pelo continente europeu.

Enfim, chegamos ao século XV, data que marca o fim da Idade Média e o começo da Idade Moderna. No ano de
1453 os otomanos tomam Constantinopla e põe fim ao Império Romano do Oriente.

Cultura na Idade Média

Durante muito tempo, a Idade Média foi considerada um período de ignorância e superstições, tendo sido inclusive
chamada de “Idade das Trevas”.

Realmente, nesse período, houve um declínio nas atividades artísticas, literárias e científicas, mas seria um exagero
classificá-lo como um período de trevas.

Em vários lugares da Europa havia os alquimistas, que trabalhavam incansavelmente, procurando, entre outras
coisas, transformar chumbo em ouro e descobrir o elixir da vida eterna.
Faziam suas experiências escondidos em torres e subterrâneos, pois eram considerados bruxos e, como tal,
corriam sérios riscos de serem apanhados e levados a um tribunal da Igreja.
Do seu paciente trabalho ficou uma herança importante para a ciência: os alquimistas descobriram muitos
elementos químicos e ligas metálicas. Eles foram os precursores dos químicos modernos.

Figura de um alquimista da Idade Média

Foi criada uma corrente filosófica, chamada escolástica, que consistia em explicar a existência de Deus e os
dogmas da Igreja através da razão. Era a união da filosofia (razão) com a teologia (fé).

A ciência que se desenvolveu a partir da filosofia escolástica criou o método científico de observação, hipótese,
experimentação e verificação independente.

Foi com essa visão que sábios medievais se lançaram em busca de explicações para os fenômenos do universo e
conseguiram avanços importantes em áreas como a metodologia científica e a física.

Este é o método científico utilizado até hoje.

Esses avanços foram repentinamente interrompidos pela Peste Negra e são virtualmente desconhecidos pelo
público contemporâneo, que muitas vezes ainda está preso ao rótulo do período medieval como uma suposta
“Idade das Trevas”.
Depois de superado o abalo de desastres como a Peste Negra, o Ocidente pôde demonstrar um crescimento
científico exuberante.

Os avanços na ótica, obtidos durante a Idade Média, logo iriam gerar aparelhos como o microscópio e o telescópio.
Esses dois instrumentos juntamente com a prensa móvel, (fruto medieval), são vistos por muitos como os
equipamentos mais importantes já criados para o avanço do conhecimento humano.

Na astronomia, a ciência da Idade Média deu sua maior contribuição científica, com a teoria de que o Sol é o centro
do universo. Apesar de perseguida pela Igreja, que garantia que a Terra era o centro do universo, esta é a tese que
permanece até hoje.

A invenção da bússola facilitou as grandes navegações, permitindo os grandes descobrimentos.

A arte medieval era fortemente marcada pela religiosidade da época. Elas retratavam passagens da Bíblia e
ensinamentos religiosos. As pinturas medievais e os vitrais das igrejas eram formas de ensinar à população um
pouco mais sobre a religião.

Com a queda do Império Romano, técnicas artísticas da Grécia antiga acabaram perdidas, entre elas estava muito
do que se sabia sobre a noção de perspectiva, então, a pintura medieval passa a ser predominantemente
bidimensional, e as personagens retratadas eram pintadas maiores ou menores de acordo com sua importância. A
pintura bidimensional levava em conta apenas a largura e a altura da figura.

Outras expressões artísticas da Idade Média foram a música e a literatura. Na música destacavam-se a música
religiosa e o trovadorismo. Na lírica medieval, os trovadores eram os artistas de origem nobre, que compunham e
cantavam, com o acompanhamento de instrumentos musicais, as cantigas (poesias cantadas). Estas cantigas
foram manuscritas e reunidas em livros, conhecidos como Cancioneiro. O tema dos trovadores eram a exaltação
aos feitos guerreiros, às damas e ao amor.

Figura de um trovador na Idade Média

A literatura desta época era composta de escritos religiosos bem como de obras seculares.
Grandes clássicos da literatura mundial fazem parte desta época, como a Divina Comédia, de Dante e Don Quixote
de la Mancha, de Miguel de Cervantes.

A sociedade medieval conheceu importantes inovações técnicas, principalmente entre os séculos VII e X. Foi nesse
período que se inventou a charrua (arado pesado de ferro) e o sistema de rotação de culturas em três
campos. Desenvolveram-se novos métodos de atrelar os animais e a integração entre a agricultura e a criação de
gado, que possibilitava a adubação das terras com o esterco dos animais.

Além disso, difundiu-se o uso dos moinhos de água (já conhecidos na Antiguidade Oriental, mas até então não
utilizados na Europa) para moagem de grãos como o trigo e a cevada e para outros fins. Também o moinho de
vento foi aperfeiçoado, de modo que as pás se movessem aproveitando o vento de qualquer direção.

A partir do século X, desenvolveu-se ainda a extração mineral, devido à necessidade de pedras para a construção
dos castelos e de metais para a fabricação de armas e instrumentos agrícolas.

Estilo de vida na Idade Média


Como o Período Medieval foi bastante longo (aproximadamente mil anos), todos os aspectos da vida cotidiana,
como moradia, vestuário, alimentação, costumes e regras passaram por mudanças importantes e variaram muito
de um lugar para o outro. É importante, portanto, falar sobre o estilo de vida daqueles tempos, como veremos
abaixo.

População e expectativa de vida

A população se concentrava no campo e o número de habitantes era pequeno devido ao elevado número de
mortes, a expectativa de vida não passava dos quarenta anos. Os historiadores calculam que, de cada 100 crianças
nascidas vivas, 45 morriam ainda na infância. Era comum a morte de mulheres durante o parto e os homens jovens
morriam nas guerras ou vítimas de doenças para as quais ainda não se conhecia uma cura.

Cavaleiros

Os cavaleiros eram nobres que se dedicavam à guerra. A lealdade a seu senhor e a coragem representavam as
principais virtudes de um cavaleiro.

Por muito tempo, para ser cavaleiro, bastava possuir um cavalo e uma espada. Em troca de serviço militar a um
senhor, o cavaleiro recebia seu feudo, onde erguia uma fortaleza. Pouco a pouco, porém, as exigências para se
tornar um cavaleiro foram se tornando mais rigorosas: além de defender o seu feudo e o de seu senhor, ele deveria
professar a fé católica e honrar as mulheres.

O jovem nobre iniciava a aprendizagem aos 7 anos, servindo como pajem na casa de um senhor, onde aprendia
equitação e o manejo das armas. Aos 14 anos, tornava-se escudeiro de um cavaleiro. Depois do tempo de
aprendizagem, se o jovem fosse considerado preparado e digno, estava pronto para ser armado cavaleiro.

A burguesia

O termo burgo remonta à Idade Média e era o nome dado a cidades que eram protegidas por fortalezas. Dessa
palavra procedem o adjetivo “burguês”, que designava o habitante do burgo e o substantivo burguesia, que se
refere à condição de burguês.

Como já vimos, com o aumento da população nos castelos feudais, as pessoas passaram a viver nas cidades e se
dedicavam ao artesanato e ao comércio destes artesanatos e do excedente da produção agrícola dos feudos.

De início, os comerciantes e os artesãos eram pobres e não sonhavam com enriquecer nem, muito menos, com
tomar o poder, porém, quase no fim da Idade Média, começaram a emergir como uma força econômica, formando
uma nova classe social rica e consequentemente poderosa, eram os burgueses. Apesar de não serem nobres, os
burgueses tinham um rico modo de vida, e muitas vezes mais rico do que o dos nobres.

Com o aumento do comércio, os burgueses tinham necessidade de uma moeda única e um controle fiscal das
vendas e por isso precisavam do apoio dos reis. Em troca dessas vantagens, financiavam os exércitos reais que
passaram a ser independentes dos senhores feudais e a ter poder.

Matrimônio

Não existia o contrato de casamento civil, havia apenas um contrato entre as famílias dos noivos.
Em geral, mas principalmente entre os nobres, o casamento era negociado pelas famílias de acordo com o seu
interesse em aumentar a posse de terras, a riqueza e o poder, ou para fortalecer alianças militares. Os noivos não
participavam desses acertos e, em muitos casos, só se conheciam no dia da cerimônia (a mulher, com cerca de 12
anos, e o homem com mais do dobro da idade dela). O casamento por amor, de verdade, só passou a existir na
Europa por volta do século XVII.

Geralmente, nas famílias nobres, só o filho mais velho se casava, e os outros se tornavam membros do clero ou
cavaleiros errantes, que partiam para as guerras ou em busca de aventuras e fortuna, já que toda a herança dos
pais era reservada para o filho primogênito. As mulheres que não se casavam iam para conventos ou se tornavam
damas de companhia das casadas.

O matrimonio só se tornou um sacramento da Igreja a partir de 1439, por decisão do Concílio de Florença, que
também tornou o casamento indissolúvel e proibiu a poligamia e o concubinato.

Saúde

A saúde era muito precária devido à falta de higiene e de um sistema de esgoto, as fezes eram jogadas a céu aberto
o que ocasionava pestes e doenças endêmicas. As principais doenças eram tuberculose, sífilis e infecções em geral.

Mais dramática ainda era a situação das crianças, muitas vezes abandonadas em estradas, bosques ou mosteiros
pelos pais, que não tinham como sustentá-las. Além disso, havia também grande número de órfãos, devido ao
elevado índice de mortalidade no parto: a falta de higiene provocava a chamada febre puerperal, que causava a
morte da mãe, e a incidência de blenorragia (doença sexualmente transmissível) muitas vezes contaminava o filho,
causando cegueira.

Superstições

Na sociedade medieval, profundamente dominada pela religiosidade e misticismo, era senso comum interpretar o
surgimento de doenças e epidemias como sendo resultados da ira divina pelos pecados humanos.

Numa população supersticiosa, que interpretava todos os acontecimentos naturais como expressão da vontade
divina, a doença era vista como punição pelos pecados. Para se livrar desses pecados, as pessoas faziam então
penitências, compravam indulgências e procuravam viver de acordo com os mandamentos da Igreja. Mas, como
nem sempre conseguiam manter uma vida regrada, casta e desapegada das coisas e prazeres materiais, homens e
mulheres viviam em constante preocupação com a morte e com o julgamento de Deus.

A vida como ela era

Nas famílias camponesas, todos trabalhavam muito. Além de cuidar das terras do senhor do feudo, homens,
mulheres e crianças faziam à colheita, moíam os grãos e construíam pontes, estradas, estábulos e moinhos. Ao
mesmo tempo, cultivavam seus lotes e cuidavam dos animais e dos trabalhos artesanais e domésticos.

Os camponeses viviam em cabanas cobertas de palha, com piso de terra batida e a área interna escura, úmida e
enfumaçada. As cabanas tinham apenas um cômodo, e os móveis resumiam-se à mesa e bancos de madeira e os
colchões eram de palha.

A alimentação era quase sempre pão escuro e uma sopa de vegetais, legumes e ossos.
Aos nobres, entretanto, não faltava uma grande variedade de peixes e carnes, quase sempre secas e salgadas, para
se conservar durante o inverno. No verão, para disfarçar o gosto ruim e o mau cheiro da carne estragada, a comida
era cozida com especiarias e temperos fortes, raros e exóticos, que vinham do Oriente, custavam caro e eram
difíceis de obter, daí a razão da busca pelo caminho das Índias. O açúcar, outra raridade, era considerado um luxo e
usado até como herança ou para pagamento de dotes. O vinho era consumido em grande quantidade em quase
todas as regiões, e os habitantes do norte da Europa também costumavam consumir a cerveja.

As festas, em especial as de casamento, duravam dias com bebida e comida farta e diversificada. Havia também
apresentação de cômicos, acrobatas, dançarinos, trovadores, cantadores e poetas, para diversão dos convidados.

Os jogos e a bebida, bastante comuns nas tavernas de todas as cidades, atraíam os homens que consumiam muito
vinho, jogavam dados e se envolviam em brigas e confusões. Por isso, os padres amaldiçoavam as tavernas,
apontadas como antros de perdição, mas nem por isso conseguiram acabar com elas. Ao contrário, esses costumes
se acentuaram cada vez mais, com o crescimento dos centros urbanos. Sujas e barulhentas, sem esgoto e sem
água tratada, as cidades se tornaram focos de contágio e disseminação de doenças e pestes.

Nas cidades, aglomeravam-se e conviviam todos os tipos de pessoas e profissões: ricos, comerciantes, taberneiros,
artesãos, padeiros, relojoeiros, joalheiros, mendigos, pregadores, vendedores ambulantes, menestréis, etc. E na
periferia das cidades, bastante discriminados pela maioria da população, viviam outros grupos: judeus,
muçulmanos, hereges, leprosos, homossexuais e prostitutas, muitas vezes perseguidos e reprimidos pela
Inquisição, a partir do século XII.

A maioria da população era analfabeta, e a língua falada era a da região. Como não sabiam ler, essas pessoas só
tinham acesso à literatura por meio de artistas que se apresentavam em público para ler e contar histórias,
declamar poesias ou cantar e encenar espetáculos de teatro nas praças, ruas e tavernas das aldeias e cidades,
muitas vezes durante as festas.

As moradias dos nobres também se modificaram bastante, ao longo do tempo. Até o século XII, seus castelos se
resumiam a uma torre, onde habitava a família do senhor, e eram feitos de madeira, sendo por isso mesmo muito
vulnerável a incêndios e a ataques de invasores. A partir dos anos 1200, tornaram-se comuns as construções em
pedra e tijolos e os castelos ganham novas dependências, como celeiros, estábulos, muralhas, fossos e torres de
vigia, para sua defesa. A mobília também se sofisticou e os nobres passaram a usar tapeçaria e pratarias vindas do
Oriente.

Vestuário

As roupas e os sapatos da época eram bastante volumosos e escondiam quase inteiramente o corpo,
especialmente o da mulher. As mais jovens até chegavam a revelar o colo, mas a Igreja sempre desaprovou os
decotes. Pode-se dizer também que já existia moda, naquele tempo, com a introdução de novidades na forma de
vestidos, chapéus, sapatos, joias, etc.

Vestuário básico das mulheres incluía roupa de baixo, saia ou vestido longo, avental e mantos, além de chapéus
com formas as mais variadas (imitando a agulha de uma torre, borboletas, toucas com longas tiras) e exagerados
(em alguns locais foi preciso alterar a entrada das casas para que as damas e seus chapéus pudessem passar). Na
época, cabelos presos identificavam a mulher casada, enquanto as solteiras usavam cabelos soltos.

As cores mais usadas pelas mulheres eram o azul real, o bordô e o verde escuro. As mangas e as saias dos vestidos
eram bufantes e compridas. As mais ricas usavam acessórios, como leques e joias.

Para os homens, o vestuário se compunha de meias longas, até a cintura, culotes, gibão (uma espécie de jaqueta
curta), chapéus de diversos tamanhos e sapatos de pontas longas. Os tecidos variavam de acordo com a condição
social dos cavaleiros, o clima, a ocasião e local e, nos dias de festa, por exemplo, usavam ricas vestimentas,
confeccionadas com tecidos orientais, sedas, lã penteada e veludo.

Castelo da época do feudalismo

Os senhores feudais moravam em castelos fortificados, erguidos em meio às suas terras. Até o século X, eram,
geralmente, de madeira. Com o enriquecimento dos senhores feudais, os castelos passam a ser construídos de
pedra, formando verdadeiras fortalezas. Dentro dele viviam, monotonamente, o senhor, sua família, os seus
domésticos e, em caso de guerra, todos os vassalos que ali se abrigavam do inimigo comum. O interior do castelo
era amplo, mas frio, espartanamente mobiliado, oferecendo pouca comodidade. As únicas diversões eram,
especialmente nos dias chuvosos, os cânticos dos jograis e as graças dos bufões. Em dias de sol, periodicamente, o
senhor do castelo saía à caça, ou promovia torneios com cavaleiros vizinhos, disputando alegremente o jogo das
armas.

O lendário cinturão da castidade

Era um artefato de ferro ou de couro que os homens colocavam em suas mulheres e que tinha uma tranca (ou uma
espécie de cadeado) para impedir que elas, na ausência de seus maridos, mantivessem relações extraconjugais. O
cinto de castidade tinha apenas um orifício (não dois como desenham muitos historiadores e artistas plásticos que
tentam resgatar o mito dessa odiosa peça) por onde saiam às fezes e a urina da mulher. O grande problema era
que, por não poderem fazer sua higiene, as mulheres acabavam vítimas de infecções urinárias graves por
Escherichia coli, uma bactéria que é constituinte da flora normal do intestino, mas que no sistema urinário causa
uma infecção gravíssima e que pode causar nefrite, nefrose e levar à morte. Muitas morriam ainda muito jovens
por causa desse tipo de costume.

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