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LE GOFF, Jacques. SCHMITT, Jean-Claude. Feudalismo.

In: Dicionário Temático do


Ocidente Medieval. (Coordenador de Tradução: Hilário Franco Júnior). São Paulo.
Editora EDUSC, 2002. (P. 437 - 455)

Gabrielle Abreu dos Santos

“Os termos feudalidade, feudalismo, Idade Média têm inúmeras conotações


e mesmo entre os medievalistas seu emprego suscita graves discordâncias. Podemos
utilizá-los como sinônimos, ou eles designam realidades distintas? Podemos separar, para
cada um deles, um sentido restrito e um sentido amplo, que seria errado confundir?” P.
437

“[...] as representações contemporâneas da Europa feudo-medieval dependem


fundamentalmente de fraturas que se produziram na segunda parte do século XVIII.
Nossa visão do sistema feudal não é produto e uma evolução mais ou menos acumulativa
ou em ziguezague, mas de uma ruptura da qual resultou um novo quadro de referências
das relações sociais dentro do qual ocorreram somente variações e que usamos ainda
hoje.” P. 437

“Três pontos interligados são de um alcance incalculável para a evolução


posterior da “história da Idade Média [...]” P. 438

“1. Este processo conclui com o nascimento de uma estrutura dominada


“religião”, ao mesmo tempo elemento de representação de uma forma de prática social e
conjunto especifico de instituições e de atividades, cuja articulação ao todo social não
tinha precedente; o uso deste termo para designar ou analisar realidades anteriores ao
século XVIII resulta em contrassensos dramáticos. A ecclesia no sentido próprio
(medieval) do termo desaparecia, e o mito de sua continuidade que os apologistas da fé
perene procuram alimentar é uma barreira intransponível diante de qualquer tentativa de
analise racional da sociedade medieval.” P. 438

“2. Esta mutação foi acompanhada e ao mesmo tempo traduzida por uma
história radicalmente “revista”, incompatível com a que vigorava até então. Gesta Dei,
Providência e Graça deixaram o palco, que passa a ser ocupado pelo longo e heroico
combate da burguesia contra a obscurantismo;” P. 439

“3. Esta mutação foi o resultado de um conflito profundo e violento


polarizado em torno do tema “liberdade de consciência”. Esta noção, fruto do Iluminismo,
continua enraizada nas representações atuais, integrada no alicerce que parece fora de
qualquer exame crítico. Situação que torna delicada a análise de sociedades com ao
medieval, onde tal noção era inconcebível e onde uma instituição ligada a um credo
coativo formava a espinha dorsal da ordem social.” P. 439

“Conjunção importante, que traduzia o aparecimento de uma nova maneira


de encarar as relações sociais do ângulo material, que se denomina liberalismo.
Considera-se em geral que esta doutrina se exprimiu sobretudo através da expressão-
chave “liberdade de comércio”, que levou principalmente à supressão dos pedágios e das
corporações. Tratava-se mais de criar um vasto mercado de mão de obra sem nenhum elo
e sem nenhuma proteção, do que simplesmente deixar circular os cereais; de modo
correlato, era necessário que as terras se tornassem transferíveis e livremente exploráveis,
razão pela qual os domínios da Igreja foram tão rapidamente confiscados e vendidos a
baixo preço.” P. 439

“O fracasso de várias tentativas de reformas feitas pela monarquia francesa


na segunda metade do século XVIII é suficiente para mostrar que muitos elementos
definidos como “entraves” pelos liberais ainda faziam parte das estruturas sociais: os
domínios aristocráticos ainda não estavam bem convertidos em “propriedades”, apesar
do esforço agressivo dos juristas para distinguir e separar “direitos reais” e “direitos
pessoais”; a reação feudal visava reativar formas de taxação que embora tivesses alguns
traços arcaicos pareciam proveitosas.” P. 439

“No verão de 1789, a abolição dos direitos feudais visou antes de tudo firmar
o movimento de transformação dos senhores em proprietários.” P. 439

“Os juristas haviam ganho a batalha e, pode-se dizer, Adam Smith com eles.
E neste movimento nasceu a economia no sentido que lhe damos, isto é, um mecanismo
social onde o conjunto das operações de produção e de trocas é governado por uma forma
específica de relações sociais que chamamos mercado.” P. 440

“As batalhas do liberalismo engajadas desde o século XVII não eram torneios
contra moinhos de vento: tratava-se de derrubar um sistema social fundado sobre a
dominação e a exploração das massas rurais presas ao solo por uma aristocracia fundiária
hereditária, sistema que reservava ao comércio uma posição lateral e subordinada,
proibindo por consequência qualquer mercado que não fosse setorial e fortemente
controlado. Tentar descobrir neste sistema uma “lógica econômica” no sentido que lhe
damos é uma ilusão ridícula, na medida em que toda a estrutura social estava organizada
precisamente para evitar deixar qualquer autonomia aos mecanismos de “mercado” [...]
se tratava do que podemos chamar de uma lógica do dominium, forma especifica de
dominação bífida, concernindo ao mesmo tempo os homens e as terras, lógica que não
deixou sem combate seu lugar à lógica do mercado [...]” P. 440

“A fratura do liberalismo resulta em uma sociedade na qual o mercado é a


instituição dominante no sentido em que os “mecanismos do mercado” são tidos como a
base da organização social e o fundamento da lógica da evolução.” P. 440

“A dupla fratura do século XIX implodiu a ecclesia e o dominium. A religião


e a Economia impuseram-se e tornaram quase impensável a Idade Média em termos
diferentes dos de anarquia (e noções semelhantes) e/ou gestação lenda e conflituosa da
Europa contemporânea: incoerência e/ou teologia.” P. 441

“O fenômeno mais marcante, e sem dúvida o mais carregado de


consequências, foi o destino inverso das duas fraturas.” P. 441

“O desaparecimento da ecclesia e o nascimento da religião quase não


deixaram traços. Por certo, perduraram conflitos vigorosos: católicos contra protestantes
na área germânica; voltairianos contra ultramontanos na França; mas estas disputas
firmavam precisamente a aceitação tácita e unânime desta nova noção de religião.” P. 441

“Ao inverso, a fratura do dominium suscitou debates e controvérsias e


engendrou uma literatura exuberante. O século XIX europeu foi inteiramente atravessado
por discussões sobre a propriedade, sua natureza e suas origens.” P. 441

“Na segunda metade do século XIX, dos debates sobre a propriedade giravam
em torno do mito da primitiva propriedade coletiva, provocando associações
surpreendentes. Esse mito obscuro possuía a vantagem de oferecer uma base à
contestação do mito contrário, o da eternidade da propriedade individual; ele atraiu
consequentemente alguns pensadores progressistas e uma plêiade de nostálgicos de uma
ordem passada que viram nele um meio de solapar sem muito esforço as pretensões
ingênuas e conquistadoras da ordem burguesa.” P. 442

“Hegel, no seu grande esquema da história, identificava os senhores


medievais como proprietários e Marx fez o mesmo, obstruindo desta maneira o caminho
para uma análise necessária. [...] Revelando as estruturas do “fetichismo de mercadoria”,
Marx chegou a uma crítica decisiva dos fundamentos ideológicos da Economia política,
mas ele não teve nem tempo nem energia para continuar a pesquisa em termos históricos,
legando à posteridade somente o alicerce provisório e sem substância que constitui a
noção indeterminada de “coação extra-econômica”.” P. 442

“Em suma, Marx não produziu nada que poderia ser considerado uma “teoria”
da relação de produção feudal.” P. 443

“O final do século XIX foi marcado por um grave recuo do racionalismo


aplicado ao estudo das sociedades, recuo cujo divórcio entre a História e a Sociologia foi
um dos aspectos mais desastrosos, e quando se considera a medievística do século XX
nas suas linhas mais relevantes fica-se espantado com o pequeno número de inovações
intelectuais.” P. 443

“A medievística ocidental do século XX, apesar de pungentes negações, foi


marcada sobretudo por um sufocante positivismo. Utilizando as aquisições práticas do
século XIX (catálogos, inventários, edições de textos, repertórios de todos os tipos), a
maioria dos medievalistas empregou toda a sua energia em trabalhos descritivos que
permitiram o fato de esclarecer um pouco vários aspectos da Europa medieval.” P. 443

“Tendo aparecido no século XVIII no contexto de queda de uma ordem


antiga, a noção de feudalismo (dizia-se então em francês régime féodal, em inglês
feudalismo e atestado em 1794) traduzia a concepção de uma ordem global no exato
momento em que uma dupla fratura conceitual rompia a possibilidade de uma
aproximação direta da coerência desta forma de organização social, considerada então
caduca.” P. 444

“A própria noção de Europa feudal nasceu em um contexto que fazia dela um


objeto contrastante, colocado a priori como exterior a qualquer dinâmica; este contexto
evoluiu, mas sua estrutura permaneceu estável: o sistema de representação atual continua
sendo um forte obstáculo a toda aproximação racional deste objeto;” P. 445

“[...] a definição de relações feudais como relações “puramente pessoais”, ou


qualquer forma de distinção entre “senhorio fundiário” e “senhorio banal” são contra-
sensos, já que é a fusão destes dois aspectos que constituía o núcleo daquela organização
social.” P. 445
“[...] qualquer quadro da sociedade medieval que coloque a ecclesia em outra
parte que não seja o centro do dispositivo resulta em uma visão truncada, desequilibrada
e totalmente irrealista desta sociedade, a partir da qual todas argumentações são meras
ficções mais ou menos pitorescas.” P. 445

“A análise historiográfica mostra a necessidade de recuperar o pleno uso das


noções ocultas pela culpa fratura do século XVIII, de examinar as estruturas às quais elas
remetem, de corrigir os efeitos perversos dos destinos opostos destas duas fraturas e de
tentar mostrar como elas podem servir a um esquema de reconstrução da lógica geral da
sociedade europeia durante a “longa Idade Média” definida por Jacques Le Goff.” P. 445

“Nós propomos chamar de dominium uma relação social original constituída


pela simultaneidade e unidade de dominação sobre os homens e suas terras. [...]
Dominação é um vocábulo límpido, cujo sentido seria evidente, como não o é também
seu sinônimo parcial, “poder”. Dominação implica uma relação desigual e assimétrica,
uma relação de força exercida em um sentido único, traduzindo-se em uma certa
vantagem tirada pelo dominante dominada.” P. 445

“Simultaneidade não significa confusão. Mesmo nas épocas consideradas


mais “obscuras” da Europa medieval, existia uma divisão do trabalho e uma distinção das
funções desenvolvidas. [...] Mas o grupo dos que exerciam os poderes que acabamos de
lembrar brevemente, era quase o mesmo grupo dos que detinham a terra sem trabalha-la
diretamente.” P. 446

“Na maior parte da Europa até o século XVII, a produção era essencialmente
agrária e a riqueza provinha de uma expropriação direta sobre os agricultores. Ao
contrário da sociedade antiga, a sociedade medieval europeia estava organizada para
limitar a amplitude do artesanato, restringir a intensidade das trocas e proibir qualquer
interferência entre o comercio e a organização social [...]” P. 446

“Assim, as formas de organização da classe dominante só podiam ser


diferentes, e estruturas muito complexas foram instauradas para assegurar segundo outras
modalidades a coesão desse pequeno grupo em espaços muito vastos, assim como para
assentar uma dominação estável e facilmente reprodutível sobre as populações agrícolas.”
P. 446/447
“[...] o imperativo categórico era fixar os homens ao solo por meio de
mecanismos eficazes sem ter necessidade de recorrer à violência física. A aristocracia,
em todos os seus componentes, não poderia se reproduzir caso a população dos espaços
cultivados (consequentemente ausência de rendas) e perigo mortal para os poucos
numerosos grupo dominantes.” P. 447

“A ecclesia foi a instituição dominante do sistema feudal europeu.


Entendemos por instituição uma forma social de organização pensada como estável e
perene, fundada sobre regras de funcionamento explícitas, distribuindo a seus membros
ou aos indivíduos relacionados a ela papéis diferenciados, articulados uns aos ouros. A
ecclesia era uma instituição dominante na medida em que todos os habitantes da Europa
medieval estavam obrigatoriamente relacionados om ela, que as regras ditadas por ela
tinham valor geral (pan-europeu) e coativo, e que, acessoriamente, nem de longe suas
posses fundiárias e sua capacidade de acumulação material tinham equivalente.” P. 447

“Ecclesia, église, Kirche, church ou igreja, designavam ao mesmo tempo o


conjunto de cristãos, a hierarquia do clero e um edifício.” P. 447

“Na sua composição e extensão, a ecclesia identificava-se à sociedade da


Europa medieval na sua totalidade (exceto os grupos judeus) e pertencer à ecclesia não
era uma opção. Ela dispunha de uma copiosa série de procedimentos dissuasivos contra
qualquer contestação: as rejeições individuais conduziam à excomunhão; as rejeições
coletivas, rapidamente colocadas na categoria de heresia, desencadeavam uma repressão
brutal, em que o “braço secular” estava antecipadamente desculpado de todos os excessos
imagináveis.” P. 447

“A característica globalizadora, obrigatória e hierárquica da ecclesia era


única, e não há dúvida: enquanto instituição dominante a ecclesia constituía a armadura
do sistema de dominação medieval, e deve-se reconhecer no alto clero a fração superior
da classe dominante feudal.” P. 447

“Do século IV ao CVI, do arianismo ao calvinismo, a maioria das grandes


batalhas internas do sistema feudal, todas as que questionaram na sua organização, foram
pensadas em termos cristológicos: divindade do Cristo, monofisismo, querela das
imagens, filioque, catarismo (negação pura e simples!), presença real e transubstanciação.
Evidentemente, é necessário juntar a estas concepções cristológicas o conjunto de
elementos que definem os objetos do culto: a Trindade, a Virgem e os santos.” P. 448
“Desde o final do século IV, a eucaristia devia ser celebrada sobre um altar
que incluísse relíquias. Estes dois objetos eram a figura privilegiada e exclusiva o elo e a
ecclesia, constituía e reproduzia entre o espiritual e o material, entre Deus e os homens
pecadores [...] a relíquia era o objeto material que trazia a marca dessa intervenção divina;
quanto à hóstia, era o objeto oferecido aos fiéis e que a ação sacralizadora do clérigo
transformava em corpo de Deus, traduzindo assim o monopólio de sua ação de
restabelecimento do lado entre os homens e Deus.” P. 448

“Estes dois objetos estritamente ligados aos altares, encerravam todo o


sagrado medieval, no sentido em que eles formavam o ponto de passagem obrigatório do
elo salvífico de Deus e dos homens.” P. 448

“A ecclesia dispunha por outro lado de uma vasta base fundiária, entre um
quinto e um terço das terras que, subtraídas das heranças e outas transmissão, reforçavam
a permanência das estruturas fundiárias, sistema de estabilidade cujas rendas
asseguravam à instituição e ao culto um fausto material e recursos intelectuais que os
sustentavam com muita eficiência.” P. 449

“A excepcional longevidade do sistema feudal europeu deve-se talvez à


surpreendente simplicidade do esquema sobre o qual repousava: afastando a priori os
fatores de instabilidade e atribuindo a prioridade à fixação espacial dos homens, o sistema
feudal definia para si um objetivo que poderia resultar em estagnação ou em involução.”
P. 449

“[...] as próprias condições de aparecimento da noção de sistema feudal (na


segunda metade do século XVIII), condições extremamente conflituosas, impediram a
compreensão de qualquer dinâmica desta forma de organização social, pensada então
como sendo ao mesmo tempo artificial e anárquica.”. P. 449

“Do início do século IV a meados do V, o Ocidente romano vive


simultaneamente os últimos vislumbres da cidade antiga e a instalação dos elementos de
base da estrutura feudal.” P. 449

“Este também foi o período de instalação das estruturas eclesiásticas. Desde


a ecclesia reconhecida por Constantino, Cristo foi proclamado Deus (Nicéia, 325); o
monasticismo nasceu e imediatamente se reforçou.” P. 450
“Neste momento, na maior parte do Ocidente, a aristocracia tinha se
reestruturado inteiramente com a ajuda dos eclesiásticos que a partir de então
asseguravam o essencial da coesão aristocrática. A organização de um novo sistema de
produção e de trocas caminhava de forma exatamente paralela à instalação da ecclesia.
Esta bela convergência raramente é observada: todo esboço de estudo do sistema feudal
que não considerar este período (e a Alta Idade Média) continua fatalmente incompleto.”
P. 450

“Um sistema hierarquizado instalou-se em poucos séculos, criando uma nova


geografia sagrada, geografia de certa maneira ativa pois traduzia-se em amplos e
permanentes vaivém por meio dos quais os fiéis interiorizavam profundamente a
articulação do espaço.” P. 450

“A tendência a uma homogeneização geral resultou antes de tudo de dois


movimentos de erosão das estruturas não espaciais: os estatutos pessoais e o parentesco.
O que a historiografia tradicional qualifica de “personalidade das leis” era uma forma de
relações sociais resultando principalmente das Volkerwanderungen [“migrações, N.T.].
Distinções práticas secundárias serviam de sinalizadores permitindo fragmentar a
população.” P. 451

“Mas o movimento mais importante e de impacto mais decisivo em toda a


evolução social da Alta Idade Média tocou as estruturas de parentesco no sentido próprio
e em três aspectos principais: a supressão do divórcio e da adoção, a extensão do número
de “graus proibidos” para a escolha do cônjuge e o nascimento e a afirmação do
parentesco espiritual.” P. 451

“O parentesco espiritual era um puro artefato controlado pela ecclesia: a


extensão do parentesco espiritual reforçava o domínio eclesiástico.” P. 452

“[...] pode-se mostrar em quê o encelulamento dos séculos XII-XIII constituiu


uma verdadeira síntese: fixação definitiva da rede de igrejas paroquiais, fixação dos
cemitérios em torno dos lugares de culto, fixação da aristocracia (topo-linhagens),
enfraquecimento de elos de parentesco carnal, desaparecimento dos estatutos
independentes de ligação com a terra e, para coroar o conjunto, aderências destes grupos
de parentesco espiritual a um lugar de culto que são as comunidades paroquiais,
frequentemente duplicadas e reforçadas por confrarias. Esta reestruturação geral produzia
ela mesma um fortalecimento substancial das formas de controle e dominação, o que
permitiu aumentar as taxas, passar a um sistema agrário menos extensivo e enfim
conceder um lugar menos desprezível às operações de troca e de comércio, assim como
aos grupos que as efetuavam.” P. 452/453

“Assim, foi simplesmente a dinâmica intrínseca ao sistema feudal que


produziu elementos bem conhecidos como a homogeneização da população dominada, a
melhora das técnicas e o lento aumento da produção, o fortalecimento das categorias
sociais ligas às atividades urbanas.” P. 453

“Esta fase terminal foi o momento de aparecimento de uma série de


fenômenos de bloqueio e de involução, visando a conservação das formas de dominação
que se tornavam obsoletas.” P. 453

“Ao dominium e à instituição eclesiástica foram opostas duas reivindicações,


liberdade de comércio e liberdade de consciência.” P. 454

“[...] a noção de feudalismo soa antes de tudo como o apelo a uma escolha da
qual é inútil pretender se esquivar: ou nos acomodamos ao espírito da síntese mais
difundido, o do senso comum [...] ou então percebemos a necessidade prévia de esclarecer
a lógica geral de uma civilização para poder compreender o sentido de seus elementos e
procuramos construir noções e hipóteses que permitem, lenta e laboriosamente, apreender
fragmentos de coerência nesta civilização, evitando, desta forma, atribuir relações que lhe
são alheias.” P. 454

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