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PRÉ-UNIVERSITÁRIO OFICINA DO SABER Aluno(a):

DISCIPLINA: História PROFESSORES: Ana Carolina Rocha, Diogo Alchorne e Fabrício Sampaio.
Data: / / 2020

Idade Média

Idade Média é o nome do período da história localizado entre os anos 476 e 1453. Dividido, para
fins didáticos, em Alta Idade Média (séculos V-X) e Baixa Idade Média (séculos XI-XV). O termo “Idade
Média” começou a ser utilizado pelos humanistas do século XV para caracterizar o período entre a
Antiguidade clássica (greco-romana) e o chamado Renascimento.

A Idade Média é dividida pelos historiadores em duas grandes fases, que são: Alta Idade Média:
século V ao século X e a Baixa Idade Média: século XI ao século XV.

Durante a Alta Idade Média, a Europa passava pelas transformações derivadas da desagregação
do Império Romano e o feudalismo estava em formação. A Baixa Idade Média foi o período auge do
feudalismo e no qual a Europa começou a sofrer transformações oriundas do renascimento urbano e
comercial.

O início da Idade Média correspondeu ao gradual enfraquecimento do Império Romano, a partir do


século III. Nesse período, diversos povos que viviam nas regiões fronteiriças ao império passaram a se
relacionar de modo mais próximo com os romanos. A maioria deles era de origem germânica e vivia entre
os rios Reno e Danúbio (território que corresponde as atuais Alemanha e Áustria).

A partir do século IV, houve um excessivo aumento das levas migratórias em direção ao Império
Romano, em parte pela chegada dos hunos à Europa. Guerreiros de origem mongólica e extremamente
belicosos, os hunos partiram da região centro-asiática em direção à Europa e acabaram colaborando com
o deslocamento de outras tribos germânicas para o território romano. A desagregação do Império Romano
do Ocidente no século V possibilitou a formação de diversos reinos germânicos na Europa.

Desse período destacam-se o processo de ruralização que a Europa viveu entre os séculos V e X,
o fortalecimento da Igreja Católica e a estruturação do sistema feudal, não apenas economicamente, mas
também política e socialmente. A partir do século XI, o renascimento urbano e comercial abre caminho
para a crise do século XIV, que determina o fim da Idade Média.

Por causa das guerras, das invasões territoriais e do predomínio da Igreja, de modo geral, o
período histórico conhecido como Idade Média está associado à ideia de violência ou atraso. Veremos
nessa apostila que essa associação é equivocada. A Idade Média foi um período bastante dinâmico,
marcado por inovações tecnológicas, transformações políticas e sociais e culturais.

A Formação das Sociedades Feudais

O clima de insegurança e de intranquilidade espalhado pela onda de invasões conduziu os cristãos


europeus a construir vilas fortificadas e castelos cercados com grandes estacas. Entre os séculos IX e X,
ondas migratórias para a Europa Ocidental intensificaram o processo de ruralização, o fortalecimento da
nobreza e a expansão da servidão. Nesse processo, novas formas de relação de trabalho foram
estabelecidas. Entre elas, destacou-se o colonato.

Nesse sistema de trabalho, indivíduos livres ou escravos libertos se estabeleciam em lotes de terra
demarcados nas grandes propriedades, devendo entregar parte de sua produção ao proprietário. Além
disso, eram obrigados a pagar taxas, realizar tarefas complementares e trabalhar nas terras do senhor.

Esse movimento em direção às grandes propriedades estava associado à tentativa de fuga dos
camponeses das elevadas taxações do governo romano sobre os donos de terras, ao colapso da
economia mercantil do império e à insegurança crescente da vida nas cidades, especialmente após as
migrações dos povos não romanos, como visto anteriormente.
Nesse cenário de instabilidade, a sociedade romana ruralizou-se e passou a apresentar, de modo
geral, uma divisão básica entre proprietários e camponeses. Nesse processo de divisão, ocorreu um
crescente enrijecimento da hierarquia social.

Outro fator que contribuiu de maneira significativa para esse processo de reclusão social foi à
difusão do cristianismo. Quando essa religião se tornou oficial em Roma, o clero composto de homens
responsáveis pelos rituais da liturgia cristã começou a conquistar privilégios e poderes políticos (na
administração civil) e econômicos (por suas crescentes propriedades rurais).

Esses representantes da Igreja eram considerados responsáveis pela salvação de todas as


pessoas, ou seja, a via de comunicação essencial entre o céu e a Terra. À medida que ganhou força e
prestígio produções intelectuais, entre outros fatores.

Economia e organização do feudo

No aspecto econômico, podemos dizer que o feudalismo era um sistema baseado na produção
agrícola e na exploração servil dos camponeses. Com o fim do Império Romano, a Europa Ocidental
ruralizou-se e as pessoas empobrecidas passaram a estabelecer-se nas cercanias de grandes
propriedades rurais, à procura de comida e proteção.

Dessa situação criou-se a relação de dependência entre o senhor feudal e o camponês que
compunham a maioria da população e trabalhavam nos domínios senhoriais sob o regime de servidão. Os
camponeses trabalhavam também na manufatura de objetos a mando do senhor feudal.

O senhor feudal, dono das terras, permitia que o camponês ficasse nelas, desde que este as
cultivasse e entregasse parte do que tinha sido produzido àquele. O camponês era sujeito a uma série de
tributos a serem pagos aos senhores feudais, tais como a corveia, a talha e a banalidade. O senhor feudal,
por sua vez, tinha como obrigação proteger aqueles instalados em sua propriedade.

O castelo (também fortaleza) era o centro da propriedade. Nele morava a família senhorial e seus
dependentes, como cavaleiros e nobres. No senhorio eram produzidos leguminosas, queijos, vinhos,
manteiga, tecidos, diversos utensílios domésticos, entre outros artigos necessários à subsistência.

Relações e sociedades feudais

À medida que o poder central de Roma se enfraquecia, os grandes proprietários de terras se


fortaleciam. Dessa maneira, o poder regionalizou-se, ou seja, deixou de ser centralizado no império e
distribuiu-se entre os proprietários de terras. Nesse contexto, os proprietários de terras assumiram a
responsabilidade pela defesa de seus domínios e de todos os que neles viviam, consolidando as relações
de dependência pessoal.
No aspecto político, a vassalagem era uma das grandes manifestações do feudalismo. Essa
estrutura surgiu por volta do século VIII e estabelecia as relações de poder entre rei e nobres de cada
reino que teve ampla difusão durante o Império Carolíngio.

Derivada do comitatus, a vassalagem era um acordo de fidelidade estabelecido entre dois homens:
aquele que mais precisava de amparo, o dependente, chamado vassalo, e um senhor, o suserano,
geralmente grande proprietário de terras.

Esse acordo de mutualidade era firmado em uma cerimônia marcada por dois momentos especiais:
o da homenagem (o juramento pessoal) e o da investidura (o recebimento do bem). O vassalo recebia um
benefício, um bem ou direito cedido em troca de fidelidade e várias obrigações, principalmente militares.

Na maioria das vezes, esse benefício, o feudo compunha um conjunto de terras cedidas por um
aristocrata a outro. Os vassalos que recebiam os feudos se tornavam senhores feudais.

A sociedade feudal era estamental, isto é, dividida em classes com funções muito bem definidas, e
na qual a ascensão social era bastante difícil. Nela existiam três grandes classes sociais:

- Nobreza (bellatores): classe privilegiada, detentora de terras, que tinha como função, dentro da ideologia
medieval, proteger a sociedade;

- Clero (oratores): membros da Igreja Católica que cumpriam funções religiosas. Também era uma classe
privilegiada, uma vez que a Igreja detinha riqueza, poder e terras;

- Camponeses/ Campesinato: grupo empobrecido que sustentava a sociedade feudal por meio de seu
trabalho e dos altos impostos que pagavam.

Mulheres e crianças

As mulheres ocupavam uma posição inferior na sociedade medieval. Em um mundo religioso,


patriarcal e militar, eram inferiorizadas por serem consideradas frágeis, julgadas responsáveis pelo pecado
original e por estarem associadas à imagem da Eva pecadora. Assim, para salvar-se, a mulher devia
seguir o exemplo da constância, da castidade e da virgindade, espelhando-se na Virgem Maria.

Na sociedade rigidamente hierarquizada da Idade Média, a origem social das mulheres


determinava seu cotidiano. As camponesas, além dos cuidados com a casa e com os filhos, eram
responsáveis por fiar, tecer e auxiliar nas colheitas.

Na aristocracia, o matrimônio, institucionalizado pela Igreja desde o século XI, garantiu aos nobres
o enriquecimento das linhagens, e aos reis, as sucessões do trono por meio da união com as damas mais
destacadas da nobreza. Mesmo nesse meio social, poucas mulheres eram alfabetizadas, como mostra o
trecho a seguir.

“Se a sociedade medieval era em geral iletrada, o acesso às letras e ao saber formal estava
praticamente vedado às mulheres. Entretanto, embora em pequena quantidade, houve mulheres letradas
na Idade Média e um discurso propriamente feminino. Não obstante, é difícil considerá-lo expressão dos
anseios de todas elas. O domínio da leitura e da escrita coube a pouquíssimas, em geral, às religiosas ou
damas da alta sociedade.” MACEDO, José Rivair. A mulher na Idade Média. 5. ed. São Paulo: Contexto,
2013. p. 85-86. (Coleção Repensando a história).

Aparentemente não existia, na Idade Média, a ideia de infância como a concebemos hoje. Na
iconografia medieval, as crianças eram representadas frequentemente como pequenos adultos. Tão logo
pudessem, eram encaminhadas para o trabalho nas lavouras ou iniciavam o aprendizado de algum ofício;
nas famílias aristocráticas, os meninos começavam os treinos militares muito jovens.

Tributos ou Taxas

- Córveia: Esta obrigação correspondia ao pagamento através de serviços prestados nas terras ou
instalações do senhor feudal. De 3 a 4 dias por semana, o servo era obrigado a cumprir diversos trabalhos
como, por exemplo, fazer a manutenção do castelo, construir um muro, limpar o fosso do castelo, limpar o
moinho, etc. Podia também realizar trabalhos de plantio e colheita no manso senhorial (parte das terras do
feudo de uso exclusivo do senhor feudal).

- Talha: Era uma obrigação pela qual o servo deveria passar, para o senhor feudal, metade de tudo que
produzia nas terras que ocupava no feudo. Se colhesse 20 quilos de batata, 10 quilos deveriam ser
separados para o pagamento da talha.

- Banalidades: taxas pagas pela utilização do moinho e forno do senhor feudais.

- Mão morta: o servo devia pagar ao senhor feudal para permanecer no feudo quando o pai morria.

- Casamento: taxa para cobrir despesas do casamento da filha do senhor feudal.

- Tostão de Pedro (10% da produção), que o servo devia pagar à Igreja de sua região.

Igreja Católica e o seu poder.

Dominando o cenário religioso e detentora de todo o poder espiritual, a Igreja Católica influenciava
o modo de pensar, a psicologia e as formas de comportamento. A própria organização da sociedade
medieval (dividida em Clero, Nobreza e Servos) era um reflexo da Santíssima Trindade.

Diante disso, tinha também grande poder econômico, pois possuía terras em grande quantidade e
até mesmo servos trabalhando, passou a controlar grande parte dos territórios feudais, se transformando
em importante chave na manutenção e nas decisões do poder nobiliárquico.

A própria exigência do celibato foi um importante mecanismo para que a Igreja conservasse o seu
patrimônio. O crescimento do poder material da Igreja chegou a causar reações dentro da própria
instituição.

A Igreja também teve grande monopólio sob o mundo letrado daquele período. Exceto os membros
da Igreja, pouquíssimas pessoas eram alfabetizadas ou tinham acesso às obras escritas. Por isso, muitos
mosteiros medievais preservavam bibliotecas inteiras onde grandes obras do Mundo Clássico e Oriental
eram preservadas.

São Tomás de Aquino e Santo Agostinho, por exemplo, foram dois membros da Igreja que
produziram tratados filosóficos que dialogavam com os pensadores da Antiguidade. Os monges viviam em
mosteiros e eram responsáveis pela proteção espiritual da sociedade, passavam grande parte do tempo
rezando e copiando livros da bíblia.

Cruzadas

As Cruzadas foram expedições militares organizadas com o objetivo de reconquistar os territórios


ocupados pelos islâmicos. Em 1095, o papa Urbano II conclamou a realização de uma expedição para
ocupar Jerusalém e garantir a livre circulação dos cristãos.
Esse chamado, no entanto, continha outras motivações. Urbano II desejava fortalecer e reunificar a
cristandade que, desde o Cisma do Oriente de 1054, estava dividida entre a Igreja Católica Apostólica
Romana e a Ortodoxa. Além disso, o crescimento da população europeia causou o problema da falta de
terras.

Ademais, nesse período, o feudo era herdado somente pelo filho mais velho do senhor feudal,
permanecendo todos os outros sem propriedades. Por isso, os conflitos por terras eram constantes. O
movimento das Cruzadas foi motivado, portanto, pela união de interesses da Igreja e da aristocracia
feudal.

Depois de praticamente dois séculos de conflito, os objetivos religiosos das Cruzadas não foram
alcançados: os muçulmanos retomaram a cidade de Jerusalém e os cristãos não conseguiram manter
seus domínios no Oriente.

Consequências das Cruzadas

Se, por um lado, os cristãos não conseguiram conquistar definitivamente Jerusalém, por outro, o
contato entre Ocidente e Oriente dinamizou ainda mais a Europa, contribuindo para as diversas mudanças
ocorridas na sociedade medieval a partir dos séculos XI e XII.

Com essas campanhas militares, os mercadores enriqueceram, pois aproveitaram as viagens para
criar oportunidades de negócios e estabelecer novas rotas comerciais, principalmente pelo Mar
Mediterrâneo. A expansão das atividades comerciais, por sua vez, impulsionou o crescimento urbano. O
aumento do intercâmbio, contudo, não se restringiu ao comércio.

Os contatos entre os cruzados e as civilizações bizantina e islâmica possibilitaram aos povos do


Ocidente tomar conhecimento dos estudos islâmicos nas áreas de astronomia, matemática e medicina.
Obras de ciência e filosofia greco-romanas, traduzidas pelos árabes, voltaram a ser conhecidas no mundo
cristão. A presença da cultura islâmica se estendeu a muitos outros campos, das táticas de combate à
culinária (com a introdução das especiarias e de outros temperos orientais).

Aumento da produção agrícola e crescimento demográfico.

As transformações ocorridas na sociedade medieval deveram-se, em grande parte, ao considerável


crescimento demográfico no Ocidente europeu a partir do século XI. Tal aumento populacional decorreu
de vários fatores: a ausência de epidemias, o fim das guerras contra os chamados “povos bárbaros” e o
aumento da produção agrícola, favorecido pelas condições climáticas e pelo desenvolvimento de
inovações tecnológicas e de métodos de cultivo.

Entre as principais inovações aplicadas à produção agrícola destacou-se a atrelagem dos animais
de tração pelo dorso, e não mais pelo pescoço, o que permitia a eles suportar mais peso. Essa mudança
possibilitou a substituição do arado de madeira pela charrua de ferro, instrumento que revolvia o solo mais
profundamente, tornando-o mais fértil. Aprimoraram-se os moinhos hidráulicos, melhorando o processo de
moagem dos grãos para fabricação de farinha e o bombeamento de água para irrigação das plantações.
A principal inovação no método de cultivo foi a introdução da rotação trienal de culturas, técnica
que consistia em dividir uma área agrícola em três partes. A cada ano, uma parte ficava em repouso,
enquanto nas outras duas se cultivavam produtos diferentes. Ao final de três anos, a alternância entre
cultivos e descanso possibilitava a revitalização do solo, o controle de pragas e, consequentemente, o
aumento da colheita.

O aumento da produção e a geração de excedentes agrícolas, além do crescimento populacional,


propiciaram a revitalização das atividades comerciais, dinamizando a economia e impulsionando a
urbanização do Ocidente europeu.

Crescimento urbano, especialização do trabalho e expansão comercial.

Mesmo durante a Alta Idade Média, comerciantes e artesãos asseguraram, ainda que em bases
precárias, a produção e a circulação de bens entre os domínios senhoriais. Esses indivíduos habitavam
lugares fortificados chamados burgos; por isso, ficaram conhecidos como burgueses.

Os burgos formaram-se nos domínios senhoriais e permaneceram, durante breve período, sob o
controle dos senhores feudais, mas logo conquistaram autonomia. No século XIII, muitos burgos
transformaram-se em cidades importantes, apesar de o desenvolvimento comercial não ter alterado o
caráter essencialmente agrícola da sociedade medieval.

Nesse contexto, ocorreram mudanças no mundo do trabalho. A partir do sécul XII, algumas
obrigações servis foram abolidas, e os camponeses passaram a pagar os tributos com dinheiro ou com o
excedente agrícola, tornando as relações feudais mais maleáveis. Com isso, alguns servos abandonaram
as lavouras e se especializaram na produção artesanal ou no comércio, reforçando as atividades
produtivas no meio urbano.

Desenvolveram-se nos burgos as corporações de ofício, responsáveis pela produção e pela


distribuição de determinadas mercadorias. Essas associações, formadas por mestres de ofício e
aprendizes, reuniam profissionais do mesmo ramo ou cidade. Seus objetivos eram evitar a concorrência
entre os artesãos, controlar os preços e adequar a produção à demanda do mercado.

Nos burgos, viviam também banqueiros e cambistas. Além de se dedicar ao comércio, esses
burgueses emprestavam dinheiro a juros, contrariando as normas da Igreja Católica, que proibia a usura.
A cidade era, portanto, um centro de trocas, o embrião de uma economia monetária em desenvolvimento.

Burgos

O crescimento populacional, a produção de excedentes agrícolas, a especialização do trabalho e o


aumento das atividades manufatureiras provocaram uma expansão comercial. Esse fato, por sua vez,
contribuiu para impulsionar o crescimento urbano na Europa Ocidental.

Antigas rotas marítimas e terrestres foram restabelecidas e outras foram criadas, ampliando as
atividades comerciais de curta e longa distâncias. As feiras que ocorriam na região de Champagne atraíam
negociantes de várias partes da Europa.

Renascimento Comercial e Urbano.

Diante do aumento da produção agrícola, crescimento demográfico e crescimento urbano, o


renascimento comercial e urbano é o resultado dessas mudanças significativas que aconteceram na
Europa durante a Baixa Idade Média.
O historiador Jacques Le Goff estabelece que o desenvolvimento urbano deu origem a um
sentimento de pertencimento entre o local e a pessoa nele estabelecida, o que ele define como
“patriotismo citadino”|1|. As cidades, no entanto, ainda eram dependentes das zonas rurais, uma vez que
os alimentos que garantiam a sobrevivência nela vinham do campo. É importante considerar que o
crescimento urbano não pode ser superestimado, uma vez que a população citadina durante a Idade
Média nunca ultrapassou 20% de toda a população da Europa Ocidental.

O crescimento das cidades foi impulsionado ao mesmo tempo em que impulsionou o


desenvolvimento do comércio. Ele atraiu comerciantes que se instalavam nos arredores delas e vendiam
suas mercadorias. O crescimento urbano garantiu o desenvolvimento de muitas cidades na Europa, sendo
Paris, com 200 mil habitantes, a maior delas. Outras cidades importantes, por exemplo, foram Florença,
Veneza, Londres e Barcelona.

Na medida em que as cidades cresciam, uma demanda contínua por diferentes mercadorias dava
possibilidade para que os comerciantes fixassem-se nos arredores da cidade. Eles vendiam itens de luxo,
itens essenciais para o estilo de vida urbano e também itens básicos para a sobrevivência, como alimento.

Muitos comerciantes preferiam seguir a vida itinerante por meio da navegação fluvial, não obstante,
o crescimento do comércio e a localização geográfica de muitas cidades contribuíram para que muitos
outros investissem em rotas marítimas. A abertura do comércio oriental, por meio das Cruzadas, garantiu
acesso a mercadorias de luxo e intensificou o enriquecimento da classe mercantil das cidades italianas.

O desenvolvimento comercial impulsionou a utilização das moedas como forma de pagamento. A


cunhagem de moedas foi retomada por Gênova a partir de 1252 e, logo em seguida, foi copiada em outras
regiões da Europa. Assim, o poder das cidades e mesmo dos reinos europeus passou cada vez mais a
sofrer a influência dos burgueses.

Declínio da Idade Média

O fim da Idade Média tem relação com o renascimento urbano e comercial que a Europa
experimentou a partir do século XI. Novas técnicas agrícolas permitiram o aumento da produção de
víveres, gerando um excedente que pôde ser comercializado. O aumento na produção de alimentos
garantiu um aumento populacional, mas também do comércio e, consequentemente, da circulação de
moeda.

Com o aumento populacional, o número de pessoas mudando-se para as cidades aumentou e a


quantidade de comerciantes ao redor delas também. O século XIII intensifica esse processo de êxodo
rural, pois as produções agrícolas ruins fizeram com que muitos buscassem sobreviver nas cidades.

A Peste Negra causou a morte de cerca de 1/3 da população europeia ao longo do século XIV. O
século XIV é quando os historiadores estipulam a fronteira final da Idade Média. Trata-se de um século de
crise, caracterizado por guerras que causaram destruição e geraram mais fome, e isso resultou na Peste.

A fome gerou grandes revoltas de camponeses, sobretudo a partir do século XIII, e o crescimento
urbano colocou fim no isolamento feudal. Revoltas também aconteceram nas grandes cidades,
principalmente pela falta de empregos. Novas estruturas de poder começaram a surgir, a organização
política dos reinos modificou-se e, assim, surgiram os Estados nacionais.

O enfraquecimento do feudalismo e o fortalecimento do comércio resultaram no mercantilismo.


Quando Constantinopla cai e o comércio com o Oriente fecha-se, a Europa volta-se para o Oeste. A
exploração do Oceano Atlântico abriu novas fronteiras e consolidou o fim da Idade Média.

EXERCÍCIOS

1- Enem 2014. Sou uma pobre e velha mulher, Muito ignorante, que nem sabe ler. Mostraram-me na igreja
da minha terra Um Paraíso com harpas pintado E o Inferno onde fervem almas danadas, Um enche-me de
júbilo, o outro me aterra. VILLON, F. In: GOMBRICH, E. História da arte. Lisboa: LTC, 1999.
Os versos do poeta francês François Villon fazem referência às imagens presentes nos templos católicos
medievais. Nesse contexto, as imagens eram usadas com o objetivo de:

(A) refinar o gosto dos cristãos.

(B) incorporar ideais heréticos.

(C) educar os fiéis através do olhar.

(D) divulgar a genialidade dos artistas católicos.

(E) valorizar esteticamente os templos.

2- Enem 2011. Se a mania de fechar, verdadeiro habitus da mentalidade medieval nascido talvez de um
profundo sentimento de insegurança, estava difundida no mundo rural, estava do mesmo modo no meio
urbano, pois que uma das características da cidade era de ser limitada por portas e por uma muralha.
DUBY, G. et al. “Séculos XIV-XV”. In: ARIÈS, P.; DUBY, G. História da vida privada da Europa Feudal à
Renascença. São Paulo: Cia. das Letras, 1990 (adaptado).

As práticas e os usos das muralhas sofreram importantes mudanças no final da Idade Média, quando elas
assumiram a função de pontos de passagem ou pórticos. Este processo está diretamente relacionado
com:

(A) o crescimento das atividades comerciais e urbanas.

(B) a migração de camponeses e artesãos.

(C) a expansão dos parques industriais e fabris.

(D) o aumento do número de castelos e feudos.

(E) a contenção das epidemias e doenças.

Referências:

Sites: https://brasilescola.uol.com.br/historiag/idade-media.htm

https://www.suapesquisa.com/feudalismo/talha_corveia_banalidades.htm

https://descomplica.com.br/gabarito-enem/questoes/2014/primeiro-dia/sou-uma-pobre-e-velha-mulher-
muito-ignorante-que-nem-sabe-ler-mostraram-me-na-igreja-da-minha/

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