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INSTITUTO METODISTA TEOLÓGICO JOÃO RAMOS JÚNIOR – IMTJRJR

ESTRUTURA E FUNCIONAMENTO DA IGREJA METODISTA

RESENHA: WESLEY E O POVO CHAMADO METODISTA

Gladston Sérgio de Paula Santos

Trabalho apresentado ao professor Rev. Wesley


Gonçalves Santos, como requisito da disciplina:
ESTRUTURA E FUNCIONAMENTO DA IGREJA

CONTROLE INTERNO:

PROTOCOLADO PELO IMTJRJ em: ____/____/2014

RECEBIDO PELO PROFESSOR em: ____/____/2014

VISTO: ______________________________________

Belo Horizonte, 12 Maio de 2014


WESLEY E O POVO CHAMADO METODISTA

HEITZENRATER, Richard P. Wesley e o Povo Chamado Metodista. São Bernardo do


Campo/Rio de Janeiro: Editeo/Bennett, 1966.

Na obra “Wesley e o povo chamado Metodista” Heitzenrater reconta a história do

movimento metodista durante o século XVIII, a partir da reforma iniciada por

Henrique VIII na Igreja da Inglaterra, separando-a da igreja de Roma, e a

fundamentando sob a monarquia. A religião do país passou a ser regida por esta

Igreja, e a mesma passou a ser parte ativa da política. Dessa forma, toda decisão

tomada enquanto Igreja era amparada pelo poder da monarquia.

Fica claro que Estado e Igreja caminhavam sobre os mesmos trilhos, porém, mesmo

o Estado ditando as direções e formas da Igreja, as influências da religião no país

vinham dos movimentos calvinista e luterano. Neste mesmo período, surgiu Jacob

Armínius com a teologia do livre arbítrio, expiação universal e a busca pela

santidade, contrariando os luteranos e os calvinistas, agora chamados puritanos,

que embasavam sua doutrina na predestinação.

O autor narra que pequenos grupos começaram a ser formados no intuito de

promover um reavivamento e a busca pela santidade. Esses pequenos grupos foram

chamados de Sociedades Religiosas, e se inspiravam num movimento paralelo da

Alemanha, o Pietismo.

Ao delimitar esses acontecimentos, o autor inicia sua narração a respeito dos

Wesley, que viviam na cidade de Epworth. Samuel Wesley (pai de John Wesley) era

responsável pela paróquia da cidade e Susanna Wesley (mãe de John Wesley) se

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dedicava exclusivamente a educar seus filhos. Quando já maiores, os irmãos John e

Charles Wesley se mudaram para Oxford para estudar, e foi lá aonde se envolveram

com um grupo de jovens na universidade a fim de buscar uma vida de santidade.

O autor escreve que os Wesley tinham como base de sua teologia o arminianismo.

Suas reuniões iniciaram com alguns poucos jovens e seu movimento mais tarde

caracterizou-se como o primeiro surgimento do metodismo.

A obra relata que após a solidificação das reuniões em Oxford, John Wesley viajou à

Geórgia, onde ele reuniu pequenas sociedades. Este acontecimento caracterizou o

segundo surgimento do metodismo, porém, neste empreendimento John Wesley não

obteve êxito devido aos vários conflitos que enfrentou. Em sua volta, adquiriu uma

renovação de fé e segurança em Deus, ao vencer seu medo do mar tendo visto um

grupo de moravianos, em meio à tempestade, em pleno oceano, louvando com

hinos e transbordando segurança e fé. John Wesley percebeu o quanto ainda era

necessário aprimorar sua fé em Deus.

O terceiro surgimento do metodismo aconteceu em Londres, quando em uma visita

a seu irmão, Charles (que se encontrava enfermo), John Wesley se juntou a um

grupo de pessoas que compartilhavam das ideias do metodismo e dos moravianos,

formando a sociedade Fetter Lane. Foi em Londres que mais tarde Wesley comprou

uma fundição e a transformou na sua primeira casa de pregação na cidade. Ali foi

um local onde morou, pregou, hospedou e cuidou de necessitados, além de ter

conduzido uma escola.

O livro traz a marcante experiência do coração aquecido, narrada por Wesley em

seu diário. O evento aconteceu na Rua Aldersgate, no dia 24 de maio de 1738.

Wesley foi a uma reunião de oração sem vontade alguma. Porém, sem qualquer
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aparato ou artifício, ele sentiu seu coração estranhamente aquecido. Depois daquele

momento, sua vida e seu ministério mudaram. Foi também em Londres, que algum

tempo depois John Wesley construiu uma nova capela na City Road, local que

passaria a ser o centro do movimento metodista.

A convite de George Whitefield, Wesley foi a Bristol organizar uma sociedade e

iniciou ali o reavivamento. A partir desse momento, Wesley passaria a pregar ao ar

livre, depois de ver Whitefield falar para cerca de trinta mil pessoas. Em Bristol o

movimento só crescia, a ponto das sociedades não caberem mais nas casas. Foi

construído então um salão para abrigar as duas maiores sociedades de Bristol, elas

vieram a ser chamadas de Sociedade Unida.

O autor escreve as muitas divisões que vieram a existir entre os metodistas,

contrariando muitas vezes a John, além das várias disputas e tensões entre os

Wesley, os calvinistas, morávios e outros. Justificação e santificação eram os

alicerces dos Wesley em sua caminhada, pregando amor ao próximo, visitando

prisões, atendendo viúvas, doentes e todos os empobrecidos, tanto material quanto

espiritualmente. Por perceber as necessidades das pessoas, devido à precariedade

da saúde pública e recursos da medicina, John Wesley escreveu um livro medicinal.

É óbvio que muitas críticas também vinham dos Clérigos da Igreja, assim como de

toda parte. Os Wesley foram proibidos de pregar nas igrejas, levando John a dizer

que o mundo era sua paróquia. As respostas de Wesley muitas vezes vinham

através de publicações em jornais e panfletos de sua autoria, suas ações

esclareciam que sua intenção era pregar o evangelho.

O movimento continuava a crescer na Inglaterra. John Wesley desenvolveu então as

conexões entre as várias sociedades, nomeando pregadores locais e itinerantes,


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criou circuitos, e por meio de conferências, as decisões a respeito do movimento

eram tomadas. Muitas mensagens em relação aos metodistas e ao Reino de Deus

foram publicadas nesta época. Iniciou-se, assim, a consolidação do movimento

metodista.

Heitzenrater descreve Wesley como sendo muito exigente com seus líderes e

pregadores, orientando-os sempre a se doarem ao máximo à obra de Deus. Era

rigoroso na disciplina, e radical a ponto de que entendendo ele que se alguém não

estava de acordo com as diretrizes, este era excluído.

Nota-se uma perseverança exemplar dos metodistas, mesmo diante de muitas

tensões, polêmicas teológicas, desavenças desencadeadas por outros reavivalistas,

resistência do próprio povo ao movimento, chegando inclusive à agressões, os

irmãos Wesley e seus companheiros do movimento metodista nunca desistiram.

A obra relata que na América o metodismo cresceu de forma vertiginosa, e com este

crescimento surgiu à necessidade de clérigos para ministrar ali os sacramentos. E

indo contra seu irmão e a Igreja, John Wesley ordenou dois superintendentes para

ministrar ali tais rituais, além da missão de liderar o movimento metodista em solo

americano. Apesar de nunca ter sido a intenção de John Wesley e ter-lhe causado

tamanho desgosto, mais tarde a igreja da América veio a se separar da Igreja da

Inglaterra.

Em um salto histórico, ao final da obra encontra-se um John Wesley já com idade

avançada e mesmo com todas as dificuldades impostas por essa condição, ele

ainda trabalhava com todas as suas forças. Seu irmão e companheiro de ministério,

Charles Wesley (e provável substituto) já havia falecido, levando John a declarar que

estava neste momento sozinho. Preocupado com o metodismo depois de sua


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partida, sabendo que ele era o centro da união, desenvolveu um estatuto contendo

os cem pregadores por ele nomeados, que fariam parte da conferência que regeria o

metodismo depois de sua morte. E neste dia, quando enfim John Wesley

descansou, muitos vieram para assistir seu funeral, porém, somente uns vinte

amigos mais próximos participaram da cerimônia.

Wesley deixou a herança do amor, amor ao próximo, à busca pela justificação e o

desenvolvimento da perfeição cristã.

Nota-se a intenção do autor em expressar que Wesley não trabalhou sozinho, ao

contrário, dividiu sua missão com seu irmão e companheiros e companheiras que

foram acrescentados no caminho. O seu desejo era de reformar a nação, a Igreja e

disseminar o amor e a santidade bíblica.

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