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Cantigas de Amigo
Origem: Autóctone/Peninsular
Sujeito Lírico: Amiga/donzela/jovem enamorada
Objeto: Amigo
Características da figura feminina: Simples, popular e apaixonada
Características da figura masculina: Apaixonado, ausente, mentiroso
Ambiente: Natureza, lugares de romaria, casa
Essência da cantiga: Simples, espontânea e popular
Temas:
o Variedade do sentimento amoroso:
Saudosa e expectante pela ausência do amado
Triste e saudosa pela partida do amado
Feliz a dançar com as amigas em romarias, para seduzir
Desconfiada e triste por temer uma traição
Temerosa por mentir à mãe acerca da sua relação com o amado
o Confidência amorosa:
Diálogos com a mãe, irmãs, amigas ou a Natureza sobre os seus
sentimentos em relação ao amado
o Relação com a Natureza:
A Natureza está sempre de acordo com o estado de espírito da jovem
Como é uma confidente, a Natureza é frequentemente personoficada
Linguagem, estilo e estrutura:
o Estrofes breves
o Existência de versos no fim de cada estrofe que servem de refrão
o O esquema rimático é, geralmente, abe/cde/abe/cde, ou seja, as estrofes
estão ligadas por leixa-pren
o Os recursos expressivos são recorrentes, nomeadamente a comparação e
personificação
Cantigas de Amor
Origem: Provençal/ Sul de França
Sujeito lírico: Homem (trovador)
Objeto: Dona/A Senhor
Características da figura feminina: Ser divino, aristocrática
Características da figura masculina: submisso, vassalo, sofredor
Ambiente: Espaços nobres, palacianos
Essência da cantiga: artificial, convencional, aristocrática
Temas:
o Coita amorosa:
Sofrimento amoroso, por a dona não lhe responder, estar ausente e
causar-lhe mais sofrimento que amor
o Elogio da mulher amada:
O objeto é uma mulher da nobreza cujo estatuto social lhe confere um
certo endeusamento
Linguagem e estilo:
o Número variável de estrofes
o Número variável de rimas
o Por vezes apresentam refrão
o Existe progressão de sentido
o Recursos expressivos como a comparação e a personificação
Cantigas de Escárnio e Maldizer
Sujeito poético: Trovador
Ambiente: Não existe espaço concreto para a ação destes poemas
Temas:
o Paródia do amor cortês:
Louvor à mulher amada, mas com ironia e sarcasmo, exaltando as suas
faltas, defeitos e características físicas ou de personalidade
Crítica ao tópico da coita do amor, sugerindo que esta é um fingimento
o Crítica de costumes:
Toda a sociedade medieval é alvo de críticas
Linguagem e estilo:
o Críticas por meio de sátiras e sarcasmos
o Recurso ao calão, trocadilhos e seleção de vocábulos que causem efeitos cómicos
o Recursos expressivos como a comparação, ironia e personificação
De D. Joao I
A crónica de D. João I encontra-se dividida em duas partes:
Primeira – ocupa-se do espaço de tempo desde a morte de D. Fernando até à eleição de
D. João I, um período de grandes tensões políticas e crises económicas e sociais.
Segunda – descreve os acontecimentos ocorridos durante o reinado de D.João I até 1411,
altura em que foi assinado um Tratado de paz com Castela
Capítulo 11
O pajem do palácio vai a cavalo pela cidade de Lisboa a gritar que estão a matar o
Mestre, plano traçado por Álvaro Pais e pelo Mestre de Avis
Os populares ao ouvirem a notícia apressam-se a arranjar armas para ajudar o Mestre
Álvaro Pais, já pronto para o combate, incita à população que venha ajudar o Mestre,
pois este era filho de D. Pedro
Circula pelo povo de que foi a própria rainha, D. Leonor Teles, com a orientação do seu
amante o Conde Andeiro, que mandara matar D. João
Quando os populares chegam e veem as portas fechadas começam a gritar por D. João
e a tentar arrombar e incendiar o Paço
Dentro do Paço soam vozes que afirmam que D. João está vivo e que o Conde Andeiro
está morto
A multidão desconfiada pede para ver o Mestre e confirmar, assim, o Mestre mostra-se
à janela vivo e bem de saúde
O povo exige também a morte de D. Leonor, mas esta consegue fugir com os seus
aliados
O Mestre sai do palácio, acompanhado por Álvaro Pais e os seus cavaleiros e pede aos
populares que regressem a casa, por já terem feito o seu trabalho
Capítulo 115
Após a fuga de Leonor Teles, os castelhanos preparam-se para invadir Lisboa. Neste
capítulo, é, então, iniciado com o Mestre a saber a intenção do rei de Castela e a ordenar
aos homens que recolham grande quantidade de alimentos para sobreviver ao cerco e se
unam todos em Lisboa, de forma a protegerem-se de Castela.
É descrita a cidade cercada por muros robustos, 77 torres, armas, pedras e bandeiras
do seu padroeiro e com homens a guardar as torres. Cada torre tinha um sino, quando
este era tocado, os guardas preparavam-se para combater, bem como os restantes
populares. Todos contribuem e se unem para a defesa da sua cidade e para expulsar os
castelhanos
Capítulo 148
O cerco prolonga-se mais que o previsível e começam a faltar os mantimentos.
As pessoas começaram a comer tudo o que encontravam na Natureza, tentando
poder continuar a combater os castelhanos, mas torna-se cada vez mais difícil
continuas. Ainda assim, corajosos, os portugueses não desistem
O Mestre e o seu Conselho têm pena dos homens, mas nada conseguem fazer para
os ajudar, pois, também eles estão a passar pela privação de alimentos
Fernão Lopes exalta e apela aos futuros portugueses para se inspirarem na
devoção e patriotismo destes cercados obedientes, apesar do enorme sofrimento
O Cerco termina quando a peste começa a atacar os soldados que estão a cercar
Lisboa, obrigando-os a regressar à sua terra
De Ines Pereira
A ação da farsa de Inês Pereira organiza-se em três partes:
Exposição – Inês solteira que mostra o seu desejo de se libertar da mãe
Conflito – Proposta e recusa do casamento com Pêro Marques, casamento com Brás da
Mata e fim do mesmo
Desenlace – Casamento com Pêro Marques e concretização do desejo de Inês
Personagens
Inês Pereira
Rapariga jovem em idade de casar
Farta de estar presa à mãe e de não ter liberdade, acreditando que depois de casar a
obterá
Inês não quer casar com qualquer um, tem de ser um homem bem-falante, discreto e
que saiba tocar e cantar. Casa com um homem assim
Pouco tempo após o casamento, Inês sente-se dececionada com a sua escolha, pois o
marido aprisionou-a, privando-a da liberdade que sonhara.
Quando recebe a notícia da morte do escudeiro, Inês fica feliz e determinada em fazer
de vez a escolha certa: casar com Pero que, ainda que parvo, lhe dará liberdade e a
amará.
Podemos classificar a Inês como sendo arrogante, presunçosa, ignorante, sonhadora e
determinada
Lianor Vaz
É a intermediária entre o pretendente de Inês e a mesma. Receberá muito dinheiro se
Inês se casar com Pero Marques.
Podemos classificá-la como casamenteira, sensata, boa conselheira e preocupada com o
futuro de Inês
Pero Marques
Camponês rico que se apresenta como pretendente de Inês, mas que é rejeitado por ela.
Apesar da primeira recusa, insiste no amor com a rapariga e promete não se casar até
que Inês o aceite
Podemos classificá-lo como honesto, bem-intencionado, ingénuo, ignorante e traído
Brás da Mata (escudeiro)
Escudeiro pobre, embora se tente fazer de rico perante a sociedade
Quando vai para a guerra deixa Inês e o seu criado sem dinheiro
Podemos classificá-lo como desonesto, ambicioso, calculista e que vive das aparências.
Depois do casamento revela-se autoritário e agressivo
Judeus Casamenteiros
É lhes atribuída a missão de encontrar marido para Inês
Os seus nomes são Latão e Vidal e atuam como uma única personagem
Podemos classificá-los como oportunistas, sem escrúpulos, aldrabões, gananciosos,
desonestos, falsos e astutos
Ermitão
O ermitão torna-se ermita devido a uma paixão antiga por Inês Pereira. Quando já era
religioso envolve-se com ela violando, assim, o voto de castidade
Podemos classificá-lo como solitário, triste, rancoroso e magoado
Moço
É o criado do Escudeiro
Denuncia o verdadeiro caráter do seu amo, queixando-se da pobreza e da fome a que é
sujeito
Fica triste, apesar de tudo com a notícia da morte do seu amo
É despedido por Inês
Fernando e Luzia
Amigos de Inês que vêm ao seu primeiro casamento trazidos pela mãe
São eles que animam a festa
Tempo:
Personagem que dá o nome à feira
Ao invés de vender na sua banca realiza trocas diretas
Pede a Deus que lhe envie um anjo
Serafim:
Anjo da hierarquia mais alta, sendo, por isso, dos mais poderosos
Possui seis asas: duas para voar, duas a cobrir os pés e duas a cobrir a cara
Bastante ligado ao louvor e glorificação de Deus
Diabo:
Personagem que tenta vender mercadorias não relacionadas com o bem e com os bons
costumes
Símbolo do Inferno
Responsável pela revolta dos anjos contra Deus
Roma:
Primeira cliente e compradora da Feira
Roma tem de mudar de vida e acaba junto a Serafim a pedir-lhe paz
Vicente e Mateus:
São dois homens que tentam atrair as mulheres
Tentam obter prazeres carnais
Acabam por abandonar a feira sem satisfazer os seus desejos
Resumo
Começando com um monólogo de Mercúrio, deus do comércio, o auto continua com os
preparativos para uma feira. A loja do Tempo e de um Serafim vende as virtudes enquanto que a
loja do Diabo vende os vícios.
A figura alegórica de Roma (do Papado) pretende comprar "paz, verdade e fé", mercadorias que
só podem ser compradas "a troco da santa vida" e não "a troco de perdões". A peça continua
com a entrada em cena de dois camponeses que pretendem vender as suas consortes.
O auto termina com uma dança diante do presépio feita por rapazes e raparigas.
Camoniana
Temas
Representação da amada:
Nas redondilhas:
o A amada é de qualquer classe social, privilegiando-se a origem popular
o Geralmente, o sujeito poético e a amada pertencem à mesma classe social
o Amada bela, encantadora, é detalhada a roupa, objetos e sentimentos
o Possibilidade de relacionamento físico
Nos sonetos:
o A amada, geralmente, pertence a uma classe social alta
o Mulher de pele branca, olhos claros, cabelo louro e indumentária elegante
o O sujeito poético é seu submisso
o Amor platónico
Representação da Natureza:
A Natureza pode formar a beleza da amada
A Natureza pode estar dependente dos sentimentos tristes, dolorosos e sombrios do
sujeito poético
Desconcerto:
Neste tema o sujeito poético mostra a consciência que tem sobre o mundo ao nível social
e moral:
o Errada distribuição dos prémios e castigos
o Contrastes entre a riqueza e a miséria
o Crescente interesse dos homens pelos valores materiais
Mudança:
O sujeito poético tem consciência da irreversibilidade do tempo:
o Renovação cíclica da Natureza
o Mudança da vida e das coisas
Tópicos de análise
Matéria épica:
Camões propõe-se a narrar a viagem marítima dos portugueses até à Índia e contará os
feitos gloriosos dos navegadores. (Preposição)
Sublimidade do canto:
Para louvar e cantar os feitos dos portugueses, Camões recorre às ninfas do Tejo
invocando-as, para que lhe deem inspiração. A intenção do poeta é fazer com que o povo
português seja o mais grandioso. (Invocação)
Mitificação do herói:
O herói é o povo português, simbolizado por Vasco da Gama. Através dos seus feitos
gloriosos os Portugueses são elevados a um nível mítico.
Reflexões do poeta:
Camões exprime as suas opiniões críticas sobre os factos que vai narrando. Assim,
através do acompanhamento da viagem, das conquistas e das proezas dos navegadores,
o poeta tece comentários críticos à ambição desmedida por dinheiro e fama, à falta de
cultura e de apreço pelas artes, à corrupção do ouro e aos comportamentos negativos
dos portugueses.
Resumo
Canto I (reflexão sobre a fragilidade da condição humana)
Perigos a que o homem está sujeito (em terra e no mar)
Incerteza da vida humana
Canto V (crítica ao desprezo das artes)
Importância do louvor aos feitos heróicos que imortalizam os heróis e incentivam as
gerações futuras a não esquecer do passado
Lamenta a falta de cultura dos portugueses
Movido pelo amor à pátria Camões garante continuar a cantar as obras dos portugueses
Exposição (desenvolvimento):
Expor o assunto do sermão
Expor as partes do sermão
Capítulo 2 – Retoma o conceito predicável e para retomar o assunto e divide a sequência do
sermão em 2 partes:
◦ Louvores às virtudes (gerais e particulares)
◦ Repreensão aos vícios (gerais e particulares)
Louvores aos peixes em geral
Obediência
Ordem
Tranquilidade
Atenção
Estes louvores demonstram e enaltecem as qualidades dos peixes comparativamente ao Homem.
O Homem é apresentado como sendo pior que os peixes.
Aristóteles diz que todos os animais à exceção dos peixes se domesticam. Padre António Vieira diz
que os peixes não se domesticam, pois vivem longe dos homens, tendo assim maior liberdade e
não tomando tudo como garantido, lutando para sobreviver.
Confirmação (desenvolvimento):
Parte mais longa do sermão
Pode conter conceitos ou comparações de difícil compreensão
Pretende comover os ouvintes e influenciá-los através do poder emotivo
Capítulo 3 – Louvores aos peixes em particular
o Peixe de Tobias:
Virtudes do peixe – o fel do peixe curava a cegueira e o seu coração
expulsava os demónios
Comparação com Santo António – Santo António fazia os homens ver a
virtude e afastar-se do pecado
Crítica ao homem – os homens não queriam ver a verdade e agiam com
maldade
o Rémora:
Virtudes do peixe – apesar de ser pequeno, consegue determinar o
rumo de uma nau
Comparação com Santo António – a língua de Santo António era uma
rémora na terra, tinha força para dominar os homens
Crítica ao homem – os homens deixam-se levar pelo orgulho e pela inveja
o Torpedo:
Virtudes do peixe – faz tremer o braço dos pescadores através de uma
descarga elétrica na sua cana de pesca para os impedir de pescar
Comparação com Santo António – Santo António também fazia os
homens “tremer” e arrependerem-se
Crítica ao homem – os pescadores representam aqueles que se
aproveitam do poder para satisfazer a sua ganância
o Quatro-olhos:
Virtudes do peixe – tem 2 pares de olhos: um para olhar para cima
(para o céu - o bem) e outro para olhar para baixo (para o inferno – o
mal)
Comparação com Santo António – Santo António também ensina aos
homens o que é o céu e o que é a terra
Crítica ao homem – criticar os homens que não distinguem o bem e o
mal
Capítulo 4 – Repreensões aos peixes em geral
o “Os peixes comem-se uns aos outros”
Argumento de autoridade: Santo Agostinho
o Ignorância e cegueira dos homens
Peroração (Conclusão):
Enumerar os seus melhores argumentos e ampliá-los
Capítulo 6 – conclusões finais
o A condição dos peixes é superior à dos outros animais
o A condição dos peixes é superior à do pregador
o Apelo aos ouvintes
o Não consegue cumprir a sua função
Objetivos da eloquência/sermão
Decere (ensinar):
Divulgação do Evangelho
Expor conceitos da doutrina
Delectare (agradar):
Agradar aos ouvintes
Movere (mover):
Levá-los a pensar e influenciar o comportamento dos ouvintes
Luis de Sousa
Classificação da obra
Tragédia (“pela índole”)
Personagens em número reduzido
Personagens nobres (social e moralmente)
Ação sintética, confluindo para o desenlace trágico
Concentração temporal
Concentração espacial
Indício do coro da tragédia clássica em Telmo e Frei Jorge
Presença de indícios trágicos
Estrutura da obra
Externa
Ato I (12 cenas)
Ato II (15 cenas)
Ato III (12 cenas)
Interna
Exposição (Ato I cenas 1 e 2), preparação da ação – Anúncio de informações sobre as
personagens e suas ações no tempo, fundamentais para a evolução da intriga
Conflito (Ato I cena 3 – Ato III cena 9), desenvolvimento da ação – Surge inicialmente
ligado a D. Madalena, e vai-se alastrando, sendo Manuel Coutinho o último a participar
através da angústia e desespero. O ponto-chave é o reconhecimento do Romeiro e,
consequentemente, o drama interior de um pai que vê a sua filha condenada a não ter
nome nem família
Desenlace (Ato III cenas 10 a 12), apresentação da catástrofe – Desfecho fatal da
ação, com a morte física ou moral dos heróis
Dimensão trágica
Subordinação ao destino inexorável
Protagonista como pessoa justa, sem culpa, que cai num estado de infelicidade
Crescendo da intensidade dramática no decorrer da ação
Reminiscência do coro na personagem de Telmo
Concentração do espaço e do tempo
Elementos da tragédia:
D. Madalena apaixona-se por D. Manuel quando era casada com D. João
D. Manuel incendeia o palácio
Conflito interior de D. Madalena, que se intensifica ao longo da ação
Chegada do Romeiro e reconhecimento da sua identidade
Morte de Maria e entrada de D. Madalena e D. Manuel no convento
Crenças sebastianistas de Maria e Telmo
Destruição do retrato de D. Manuel no incêndio
Mudança de cenário do Ato I para o Ato II
Concentração do tempo:
Casamento de D. Madalena com D. João (sexta-feira)
Paixão de D. Madalena por Manuel Coutinho (sexta-feira)
Batalha de Alcácer Quibir (sexta-feira)
Casamento de D. Madalena e D. Manuel (7 anos após a Batalha)
Regresso de D. João (14 anos após a Batalha
Concentração do espaço:
Palácio de Manuel de Sousa Coutinho (luxuoso, iluminado, elegante)
Palácio de D. João de Portugal (espaço antigo, melancólico e escuro)
Parte de baixo do palácio de D. João (espaço amplo sem decoração)
Personagens
D. Madalena Manuel Maria D. João Telmo Frei Jorge
Coutinho
Nobre Nobre Nobre Nobre Nobre de Racional
Romântica Bondoso Frágil Íntegro caráter Conselheiro
Emotiva Altruísta Sentimental Honrado Confiável Intransigente
Íntegra Patriota Emotiva Patriota Honrado Preocupado
Reta Racional Patriota Rígido Humilde com a
Vulnerável Honrado Supersticiosa Desencantado Sensível família
Frágil Vulnerável Astuta Atormentado
Supersticiosa Intransigente Carinhosa
Resumo
Ato I – Palácio de Manuel Coutinho (Almada)
Assunto Indícios trágicos
Cena I Madalena lê “Os Lusíadas”, o episódio de Inês de Castro Associação das vivências
Monólogo de Madalena e compara-se a Inês. Sente-se infeliz porque os medos de D. Madalena ao
não a deixam viver momentos de felicidade. episódio trágico de Inês
de Castro de Os
Lusíadas.
Cena II Telmo conversa com Madalena e aflige-a com A simbologia do número 7
Madalena e Telmo recordações do passado. associado ao tempo –
Nesta cena todas as personagens são apresentadas. mistério e fatalidade.
Ocorre uma analepse: recuo de 21 anos até à batalha O sebastianismo de
de Alcácer Quibir (1578), 7 anos de busca (1585), 2º Telmo, ligado à figura de
casamento de Madalena, nascimento de Maria (1599) e D. João de Portugal.
presente da ação.
Telmo confessa-se crente do regresso de D. João.
Madalena pede a Telmo que não fale de assunto
relacionados com a batalha e D. Sebastião com Maria.
Madalena está preocupada com a demora de Manuel
que foi a Lisboa e ainda não apareceu, pedindo a Telmo
que vá junto de Frei Jorge saber notícias
Cena III Maria evidencia a sua cultura e gosto pela leitura. Pede A crença sebastianista
Madalena, Telmo e Maria a Telmo o livro da ilha encoberta, mostrando-se crente de Maria (que pressupõe
no sebastianismo. a vida de D. João de
Madalena tenta levar a filha a não acreditar em Portugal).
fantasmas nem fantasias do povo A doença de Maria
Há um pequeno conflito de Maria com Telmo e a mãe (tuberculose).
pois ambos não querem ouvir falar de D. Sebastião, o
que causa estranheza a Maria
Cena IV Maria não consegue entender a preocupação dos pais A imaginação prodigiosa
Madalena e Maria com ela. Madalena não pode revelar a causa. de Maria.
Sem querer, Maria martiriza a mãe afirmando que lê os As flores simbolizam a
olhos, as estrelas e sabe muitas coisas, mostrando-se brevidade da vida
muito imaginativa. As flores de Maria
Madalena não responde às questões da filha tentando murcham
desviá-la pedindo-lhe que fale do seu jardim.
Cena V Frei Jorge dá a notícia de que os governadores saíram O ouvido muito apurado
Jorge, Madalena e Maria de Lisboa e querem hospedar-se na casa de Manel. de Maria (sintoma da sua
Maria mostra-se entusiasmada, dando asas à grave doença).
imaginação, idealismo e patriotismo
Madalena revela alguma individualidade, ingenuidade e não
revela sentido patriótico
Novos sinais da doença de Maria: ouve a voz do pai e
percebe que vem angustiado
Cena VI Miranda anuncia a chegada de Manuel Coutinho, o que A audição sensível de
Jorge, Madalena, Maria e confirma os sinais da doença de Maria Maria caracterizada por
Miranda Madalena e Frei Jorge ficam preocupados, destacando Frei Jorge como um
a agudez do ouvido de Maria “terrível sinal”.
Cena VII É noite fechada, Manuel entra agitado dando ordens aos O terror de D. Madalena.
Jorge, Madalena, Maria, seus criados. Madalena fica preocupada. A instalação (no palácio
Miranda e Manuel Manuel confirma as notícias dadas por Frei Jorge e diz de D. João) “quase
que têm de sair imediatamente daquela casa. Após o debaixo dos mesmos
anúncio Maria fica eufórica e Madalena assustada, telhados” de Frei Jorge
tentando contrariar Manuel (prenúncio da tomada do
hábito).
Cena VIII Nesta cena contrasta a linguagem serena e decidida de A preparação da
Madalena e Manuel Manuel com a linguagem emotiva e assustada de mudança para o palácio
Madalena de D. João de Portugal,
Manuel mostra-se um herói clássico, patriota. Para ele símbolo do reviver dos
não há razões para não mudar para o palácio que fora fantasmas do passado.
de D. João
Madalena é uma heroína romântica que age pelo
coração e está crente de que vai morrer infeliz naquela
casa.
Manuel tenta chamá-la à razão e pede-lhe que atente
na sua condição social, o ajude e apoie neste momento
da vida
Cena IX Anúncio, por Telmo, da chegada dos governadores
Todos espanhóis a Almada e início das movimentações
destinadas à saída de casa e mudança de palácio.
Cena X Partida das damas e verificação dos preparativos para
Todos a mudança por Manuel.
Cena XI Manuel compara a situação com acontecimento ligados a A possibilidade de morte
Manuel, Miranda e outros seu pai e teme que lhe aconteça o mesmo. Mostra-se de Manuel de Sousa por
criados um homem de intensos valores. causa do incêndio que ele
próprio ateia e o
reconhecimento da
fragilidade
Cena XII Concretiza-se o incêndio. A destruição do retrato
Manuel, criados, Telmo, Ao não conseguir salvar o palácio Madalena pede de Manuel de Sousa,
Jorge, Madalena e Maria desesperadamente que salvem o retrato do marido. consumido pelas chamas.
Ato II – Palácio de D. João de Portugal
Assunto Indícios trágicos
Cena I Maria pretende conversar com Telmo, para que este A referência aos versos
Maria e Telmo lhe revele a identidade do retrato que tanto assustava a
de Menina e Moça, de
mãe Bernardim Ribeiro.
O incêndio no palácio causou impressões diferentes Os presságios de D.
entre Maria e Madalena; Maria ficou fascinada e Madalena, perturbada com
Madalena ficou doente, ligando o incêndio à perda do a perda do retrato de
marido, sendo a destruição do retrato um indício. Manuel de Sousa no
As atitudes estranhas da mãe perante o quadro de D. incêndio (“prognóstico fatal
João deixam Maria curiosa. de uma perda maior que
Telmo alterou a sua posição face a Manuel depois do está perto”) e pela
incêndio, admirando-o pelo seu patriotismo e lealdade.presença do retrato de D.
Quando Maria questiona Telmo sobre a identidade do João de Portugal.
retrato este não lhe responde Os agouros de Maria (“há
grande desgraça a cair
sobre meu pai… decerto!
e sobre a minha mãe
também, que é o mesmo.”)
Cena II Manuel de Sousa entra e revela a identidade do retrato. O estado febril de Maria;
Maria, Telmo e Manuel Refere-se a D. João de Portugal admirando as suas A designação de
qualidades e sem ciúmes. “feiticeira” atribuída por
Manuel está coberto com uma capa pois está a fugir Manuel à filha.
dos governadores.
Maria confessa ao pai as suas capacidades intuitivas.
Cena III Conversam sobre a vida e Manuel confessa que com A visão do palácio, por
Manuel e Maria aquela capa parece uma fraude. Manuel, como um
Maria não controla as emoções diante o retrato de D. convento: “para frades
João admirando-o pela sua coragem e liga-o a D. não nos falta senão o
Sebastião, mas ama os seus pais. hábito…”.
Nesta cena Manuel é meigo, carinhoso e afetivo com a As referências de Manuel
filha. à morte.
Cena IV Frei Jorge sugere a Manuel que o acompanhe a Lisboa O exemplo de Joana de
Maria, Manuel e Frei para agradecer ao arcebispo, pois foi ele quem interviu Castro (Soror Joana), que,
Jorge junto dos governadores. com o marido, D. Luís de
Manuel decide acompanhá-lo a Lisboa, pois precisa de Portugal, Conde de Vimioso,
conversar com a abadessa. seguiu a vida religiosa.
Maria quer ir com o pai e conhecer a tia Joana. Quer
levar consigo Telmo, Jorge e Doroteia.
Cena V Madalena já está melhor e reage mal à ida de Manuel a As alusões à “sexta-feira”.
Madalena, Jorge, Manuel e Lisboa, não querendo que a filha a deixe só.
Maria É um dia terrível para Madalena, o aniversário da
batalha.
Perante toda a confusão, é frei Jorge quem resolve a
situação, comprometendo-se a ficar com Madalena.
Madalena está cheia de agouros e medos fatais ligados
ao passado.
Tudo faz pressentir que algo fatal está para acontecer
Cena VI Manuel confirma que Maria precisa de espairecer.
Manuel, Madalena e Jorge Madalena diz que não quer que Telmo fique.
Cena VII Madalena está preocupada, assustada e temerosa. A sugestão do carácter
Manuel, Madalena, Jorge e Chora e pede a todos que não se afastem de Maria e a definitivo da despedida de
Maria protejam. D. Madalena e Manuel:
A despedida é dolorosa e dramática. “Vão, vão… adeus! Adeus,
esposo do meu coração!”
Cena VIII Madalena volta a evidenciar a sua capacidade para não A referência ao caso dos
Manuel, Madalena e Jorge sentir medo. Condes de Vimioso, que
A despedida é dramática, voltam a referir a condessa optaram pela vida religiosa.
de Vimioso e paira no ar a fatalidade.
Cena IX Frei Jorge sente-se só, contagiado pela atmosfera O comentário de Frei
Monólogo de Jorge trágica. Jorge: “o coração lhes
adivinha desgraça”.
Cena X Madalena confessa a Jorge que é o dia que mais tem O tempo da ação:
Jorge e Madalena receado na sua vida. aniversário de todas as
-Anos que casou a primeira vez desgraças (“Hoje é o dia da
-Anos que se perdeu D. Sebastião e D. João minha vida que mais tenho
-Anos que conheceu Manuel receado…”)
Madalena considera-se uma pecadora por ter conhecido
Manuel com D. João vivo e por o ter amado assim que o
viu.
Cena XI A conversa é interrompida por Miranda que anuncia a O secretismo e a
Madalena. Jorge e Miranda chegada de um Romeiro. importância do recado que
Madalena desvaloriza, mas Miranda diz que ele traz um o Romeiro traz.
recado que só dará a ela.
Madalena dá ordem que mande entrar o Romeiro.
Cena XII Reflexão e comentário de Frei Jorge sobre o
Madalena e Jorge comportamento de muitos falsos peregrinos que se
aproveitam da caridade dos fiéis.
Cena XIII Miranda apresenta o Romeiro. A resposta do Romeiro: “A
Madalena, Jorge e Jorge apresenta-o a Madalena e pergunta se é ela a mesma.”
Miranda quem ele deseja falar.
O Romeiro confirma
Cena XIV É nesta cena que se atinge o clímax da ação. Clímax da ação trágica: a
Madalena, Jorge e O Romeiro dá-se a conhecer gradualmente. revelação de que D. João
Romeiro Madalena, ingenuamente não reconhece D. João de Portugal está vivo.
Como ninguém o reconhece ele desdobra a sua
personalidade.
Com a revelação do recado, Madalena apenas
compreende que D. João está vivo, assim, Maria é
ilegítima e Manuel já não é seu marido.
Ao longo da cena todos percebem que o Romeiro é D.
João menos Madalena.
Cena XV O Romeiro identifica-se como Ninguém apontando para o Identificação de D. João de
Jorge e Romeiro retrato. Portugal.
Resumo
Capítulo 1 “O Cego”
6 de janeiro de 1401: dia soalheiro de inverno
O povo reúne-se no adro do Mosteiro da Batalha para ver o auto de adoração dos reis
magos
Os frades Frei Lourenço de Lampreia e Frei Joane avistam e conversam com Mestre
Afonso que se encontra ofendido por o rei lhe ter retirado o cargo de mestre das obras
do Mosteiro devido ao facto de ele estar cego, surdo e coxo
A construção é entregue a Mestre Ouguet que altera a planta para a abóboda da casa
do capítulo inicialmente desenhada por Afonso
Chegada do rei D. João I
Capítulo 3 “O Auto”
Representação do Auto
Ouguet interrompe o Auto aos gritos, ofendendo todos, especialmente Mestre Afonso e
os que estão a seu lado acusando-os de feitiçarias
Todos consideram que ele está possuído pelo Diabo, então Frei Lourenço realiza um
exorcismo
Ouguet adoece após o exorcismo
A Abóbada desmorona
A angústia existencial
Desejo de alcançar um mundo perfeito e a frustração de não conseguir
Luta interior entre o sentimento e o pensamento
Complexidade interior: luta entre a extrema imaginação e a razão
Por não encontrar um equilíbrio na sua mente é arrasado pelo pessimismo
A angústia transforma-se em estoicismo
Crítico de tudo e de si mesmo, o que demonstra o seu desequilíbrio
Linguagem, estilo e estrutura
Utilização de sonetos do estilo clássico com versos decassilábicos, rima interpolada e cruzada e, onde
o último terceto é a conclusão (chave d’ouro)
Utiliza o discurso conceptual:
Conceitos destacados a maiúsculas
As ideias transformam-se em imagens e as imagens concretas em imagens abstratas
Passagem do particular para o geral
Sublimação da experiência humana em formas superiores de pensamento
Utilização de personagens alegóricas
Interrogações retóricas
Frequente utilização de alegoria, personificação, apóstrofes e metáforas
Verde
Temas
A representação da cidade e dos tipos sociais
Cesário apresenta sobretudo lugares de Lisboa por onde passa a caminho do trabalho
Nesses lugares mostra aos leitores os membros do povo e os trabalhadores em condições
miseráveis
Escreve poemas em que o centro é o campo e a burguesia por onde deambula/passeia
Deambulação e imaginação: o observador acidental
À medida que vai caminhando de sua casa até à loja onde trabalha com o seu pai, Cesário
Verde vai registando no seu olhar tudo o que vê
Por vezes passa da realidade que vê àquilo que ela lhe lembra e, então, vamos para o plano
da imaginação.
Perceção sensorial e transfiguração poética do real
Através dos 5 sentidos o poeta regista em verso tudo quanto absorve enquanto caminha.
Juntando às sensações um toque de imaginação poética e de pintor, Cesário transforma
mentalmente vegetais e frutos em partes do corpo humano
Imaginário Épico (em Sentimento dum Ocidental)
Poema dividido em 4 partes: “Avé-Marias”, “Noite Fechada”, “Ao Gás” e “Horas Mortas”
O poeta denuncia a realidade decadente e antiépica do final do século XIX
Utilizando as marcas do género épico, Cesário Verde faz críticas e louvores às qualidades
lusitanas, isto é, escolhe um tema de interesse universal cantando com linguagem erudita
Consciente das injustiças sociais que testemunha ao circular por Lisboa, especialmente as
que opõem os muito ricos aos muito pobres, Cesário apela a um futuro glorioso construído
no presente e respetivo no futuro
A mulher, objeto de sentimentos diversos
Mulher da cidade – produto de convenções citadinas. Trata-se de uma mulher fatal, fria,
distante, sedutora, perigosa e dominadora. Personifica a morte. Por outro lado, também
demonstra a mulher vítima social, das injustiças que a sociedade tem.
Mulher do campo – mulher da cidade, mas que não lhe pertence, surgindo natural,
autêntica e associada ao calor e ao sol, transportando a pureza campestre
Mulher da cidade = símbolo da humilhação e da perdição
Mulher do campo = mulher-anjo, símbolo da redenção
Linguagem e estilo
Utilização frequente de rima cruzada e interpolada
Utilização de quadras e quintilhas
Versos decassilábicos e alexandrinos
Frequente utilização de comparações, metáforas, enumerações, hipérboles, sinestesias e
usos expressivos do adjetivo e do advérbio
Ortonimo
O fingimento artístico
O ortónimo escreve de acordo com o seguinte processo:
Sente – sentimento, coração
Pensa sobre o que sentiu – fingimento, intelectualização e transformação mental do que
sentiu
Escreve
O que está escrito não é, por isso, resultado de uma sensação pura, mas de uma transformada pelo
pensamento
Brasão – simboliza o passado que não se pode mudar e que deu a Portugal qualidades
guerreiras, políticas e morais
Campo – simboliza a vida terrena, na qual há espaço para a criação humana
Castelo – símbolo de proteção e segurança
Quinas – símbolo da espiritualidade dos portugueses
Coroa – remete para o poder do herói
Timbre – significa a escolha de um povo, o povo português
Grifo – simboliza a conjugação de dois espaços: a terra e o céu. O ser humano cria e tem
também uma missão sobrenatural para além da vida terrena
Segunda parte: Mar Português
Diz respeito ao período dos Descobrimentos e tem relação com o presente de Pessoa, pois
ele deseja que o agora de Portugal seja como o seu passado. É a concretização do sonho
Símbolos
Padrão – sinal de que as terras descobertas pelos portugueses eram por eles tornadas
também cristãs
Mostrengo – simboliza todos os perigos, medos, angústias e sofrimentos dos portugueses
no mar
Nau – símbolo de aventura no mar e do pioneirismo português na tentativa de descobrir
novos mundos
Ilha – é o lugar da recompensa, onde tudo é perfeito
Terceira parte: O Encoberto
Diz respeito ao futuro de Portugal, sendo que nesta parte se referem profecias sobre a
nossa pátria. Corresponde ao declínio do império português.
Símbolos
Noite – simboliza tudo o que é imóvel ou tudo o que está à espera da altura certa para
florescer
Manhã – simboliza o início de uma nova vida, bem como a glória e a luz
Nevoeiro – é uma fonte de incerteza, pois é símbolo de tristeza e confusão. No entanto,
significa ainda esperança no futuro e no regresso de D. Sebastião
Tópicos de análise
Sebastianismo
Crença no regresso de el-rei D. Sebastião desaparecido na batalha de Alcácer Quibir em 1578. O
regresso aconteceria numa manhã de nevoeiro, de onde surgiria el-rei no seu cavalo branco. Este
mito revela poder, ânimo e esperança de que os portugueses dos séculos seguintes pudessem
inspirar-se na valentia e patriotismo do rei jovem, fazendo de Portugal uma nação novamente
grandiosa.
Imaginário Épico
Exalta o Portugal conquistador, descobridor e lutador, qualidades que o levaram a feitos gloriosos à
escala universal, designadamente nas Descobertas. Pessoa comenta estes feitos, verbalizando ideias
e sentimentos críticos: os portugueses podem continuar a ser grandes obreiros de glória, não já de
descoberta geográfica, mas de descobertas intelectuais, científicas e espirituais, de forma a formar
o Quinto Império
Para demonstrar isto esta obra é dividida em três partes:
Primeira – primórdios da nação, desde a Antiguidade até ao fim da Idade Média
Segunda – tempo magnífico dos Descobrimentos
Terceira – presente e futuro de um Portugal envolto em inércia, apatia e indiferença
O herói coletivo desta obra é, Portugal, o povo português que movido pelo sebastianismo pode ser
novamente grandioso e superior. Este heroísmo está espelhado em figuras históricas que Pessoa
lembra e exalta para despertar os portugueses da sonolência e apatia
Exaltação patriótica
Recuperação de toda a história de Portugal desde os mitos iniciais que envolvem Luso e Ulisses,
passando pela Idade Média, pelo período histórico e seus correspondentes heroicos - Os
Descobrimentos, chegando ao Portugal do século XX a quem Pessoa tenta reavivar e inspirar
Contemporaneos
O que é um conto?
Um conto é um género textual marcado pela narrativa curta, escrita em prosa e de menor
complexidade em relação aos romances.
Características do conto
Enredo único - os contos focam-se num enredo que não se desdobra em tramas
menores. Muitas vezes a história gira em torno de uma única situação
Simplicidade - os contos não costumam exigir grandes interpretações por parte do leitor
Curto espaço de tempo - é comum a história se passar num só dia
Início próximo do fim - os contos não se dedicam à introdução do ambiente e das
personagens, por isso, a história inicia próxima do clímax e do desfecho
Poucos personagens
Final súbito - não há uma fase da narrativa em que podemos acompanhar as
consequências da resolução do conflito
Objetivo único - por não possuir desdobramentos, o conto pretende causar um
sentimento único no leitor ou simplesmente contar uma história.
George
Tempo:
Espaço físico:
Espaço psicológico:
Espaço sociopolítico:
Tema central:
Personagens individuais:
Personagem coletiva:
Resumo:
Contemporaneos
Figurações do Poeta Poeta fragmentado
Sofredor
Ser pensante
Dicotomias consciência/inconsciência e
razão/pensamento
Ser/não ser
Existencialista (o ser humano é o centro da vida)
Niilista (duvida das interpretações da realidade feitas
pela ciência e pela religião)
Existencialismo: centralidade do ser humano, único capaz de dar sentido à sua vida. O centro é,
portanto, o indivíduo e a sua interpretação da própria existência, em luta pela liberdade e
individualidade.
Niilismo: dúvida absoluta em relação a interpretações da realidade provenientes da ciência e da
religião, com os seus valores e as suas convicções.
Miguel Torga
Temas
Desespero humanista - o sujeito poético está revoltado e inconformado com a vida
humana, a existência da mesma, o destino, a morte e o meio onde vive. Ou seja,
preocupa-se com as limitações do homem, apesar de colocar de lado as suas inquietações
para dar esperanças às vítimas de injustiças
Problemática religiosa - sujeito poético revoltado contra Deus, mas que em parte
alguma se demonstra ateu. É um indivíduo perturbado com a ausência de um Deus que ele
possa ver e sentir, fazendo-o questionar sobre a sua existência
Sentimento telúrico - o sujeito poético é muito ligado à terra, um lugar que para si liga o
homem com a divindade. o Homem deve ser fiel à terra, à pátria, ao país. A terra é
apresentada como sendo um ventre, um gerador de vida, que o homem deve respeitar e
se orientar
Características da escrita
Estrofes irregulares
Uso da rima
Antíteses
Metáforas
Personificações
Alegorias
Anáforas
Comparações
Adjetivações
Eugénio de Andrade
Temas
Amor
Natureza
Causas dos anos 40 do século XX
Consciência da passagem do tempo muitas vezes associado à passagem das estações do
ano e à aproximação da velhice ou da morte
Características da escrita
Vocabulário simples, mas carregado de sentimentos
Palavra certa no lugar certo (que faz com que para ele o processo de arte poética seja
uma tarefa árdua e complexa)
Poesia associada à luz, límpida e pura
Verso livre
Métrica irregular
Metáforas
Do Convento
Resumo
Capítulo 1
Ida de D.João V ao quarto da sua mulher, devido ao seu desejo e necessidade de
ter um filho.
Vinda do frade franciscano, Frei António de S.José e do bispo D.Nuno Cunha, que
dizem ao rei que só terá descendentes se mandar construir um convento
franciscano em Mafra
O rei promete construir o convento se a rainha tivesse um filho no espaço de
um ano
Capítulo 2
Reflexão do narrador sobre os milagres franciscanos em Portugal
Confirmação da gravidez da rainha
Desejo antigo dos franciscanos de construir um convento em Mafra
Capítulo 3
Crítica de hábitos religiosos como a quaresma e os sacrifícios corporais a que o
povo se sujeita
Sonho da rainha com o cunhado
Capítulo 4
Regresso de Baltasar Sete-sóis a Lisboa, vindo da guerra em Espanha onde
perdeu a mão esquerda.
Viagem de Baltasar de até Lisboa
Capítulo 5
Descrição de um auto da fé
Sebastiana Maria de Jesus, mãe de Blimunda, é acusada de ser feiticeira e
cristã-nova
Primeiro encontro de Baltasar e Blimunda e do padre Bartolomeu Lourenço com
os dois
Consumação do amor entre Baltasar e Blimunda
Capítulo 6
Crítica à economia portuguesa e apresentação da carência de alimentos instalada
em Lisboa
Reencontro do padre com Baltasar e pedido de ajuda por parte do padre para a
concretização do projeto da passarola
Depois de muitas dúvidas Baltasar aceita a parceria com o padre Bartolomeu e
os dois vão a S.Sebastião da Pedreira ver a passarola
Capítulo 7
Falta de dinheiro para a construção da passarola
Nascimento da filha dos reis D.Maria Xavier Francisca Leonor Bárbara e batizado
da mesma
Morte de frei António de São José
Capítulo 8
Revelação do segredo de Blimunda a Baltasar: em jejum ela consegue ver o
interior das pessoas
Nascimento do segundo filho do rei D.Pedro
Ida do rei a Mafra para escolher o local da construção do convento
Capítulo 9
Blimunda e Baltasar mudam-se para a quinta do duque de Aveiro, de forma a ser
mais fácil ajudarem na construção da passarola
Após problemas com a inquisição o padre Bartolomeu Lourenço parte para a
Holanda
Baltasar e Blimunda apesar de terem ficado responsáveis pela continuação da
passarola resolvem ir trabalhar para as obras do Convento de Mafra
Antes de partirem para Mafra assistem a uma tourada no Terreiro do Paço
Capítulo 10
Regresso de Baltasar a casa da sua família, apresentação de Blimunda e
explicação de como perdeu a mão esquerda aos seus pais
Venda de terras do pai de Baltasar ao rei para para a construção do convento
Morte do segundo filho da rainha e do sobrinho de Baltasar
Nova gravidez da rainha
Doença do rei e tentativa de aproveitamento do infante D. Francisco (irmão do
rei) da rainha.
Capítulo 11
Regresso do padre a Portugal após três anos na Holanda
O padre dirige-se à quinta em S.Sebastião da Pedreira onde encontra a passarola
completamente abandonada
Reencontro do padre com Blimunda e Baltasar em Mafra
O padre pede para os três voltarem a trabalhar em conjunto
Bartolomeu parte rumo a Coimbra e enviará uma carta quando for altura de
Baltasar e Blimunda partirem para Lisboa (Baltasar construirá a máquina e
Blimunda com os seus poderes recolherá vontades)
Capítulo 12
O padre escreve a Baltasar e Blimunda para que se dirijam a Lisboa
Início das festividades do início da construção do convento no dia 17/11/1717 com
o lançamento da primeira pedra
Após uma semana da inauguração Baltasar e Blimunda partem para Lisboa
Capítulo 13
Baltasar constrói a forja e o fole e Blimunda recolhe vontades
O padre Bartolomeu estima que sejam necessárias pelo menos duas mil vontades
para fazer voar a passarola
Os três trabalham na passarola durante quase um ano inteiro
Capítulo 14
O rei apoia a criação da passarola e exprime o seu desejo de voar nela
O maestro Domenico Scarlatti vem de Itália para das aulas à infanta
Um dia Scarlatti e o Padre Bartolomeu vão até S.Sebastião da Pedreira e
Bartolomeu revela o seu segredo
Capítulo 15
Chega a Portugal uma epidemia de cólera e febre amarela
Blimunda trabalha dia e noite na recolha de vontades. Após recolher as 2 mil
necessárias está exausta e cai gravemente doente, Baltasar nunca a abandona
Scarlatti também preocupado visita-a regularmente
A passarola fica pronta, mas o padre não quer informar o rei sem antes testá-la
Capítulo 16
O capítulo inicia com críticas às maneiras de fazer justiça no reino, onde o poder
e a riqueza se sobrepõem sempre àqueles que não têm posses
A passarola já finalizada aguarda em S.Sebastião da Pedreira para ser mostrada
ao rei
Um dia o padre chega em pânico e diz a Baltasar e Blimunda para fugirem com
ele na passarola, pois soube que o Santo Ofício a considera uma arte demoníaca.
Levantam os três voo na máquina.
Por dificuldades têm de aterrar em Monte Junco, onde o padre acaba por
desaparecer
Sem conseguirem encontrar o padre Blimunda e Baltasar escondem a máquina
entre ramagens e rumam para Mafra onde fingem vir de Lisboa com uma
procissão que andava na rua
Capítulo 17
Baltasar e Blimunda instalaram-se na casa da família de Sete-Sóis
Baltasar vai pedir emprego no convento e é aceite
Baltasar vai a Monte Junco e a passarola encontra-se no mesmo sítio
Scarlatti visita as obras do convento e procura Baltasar e Blimunda informando-
os que o padre morreu em Espanha
Capítulo 18
Devido aos recursos oriundos das colónias, o rei D.João V tem riqueza para
adornar o convento
Os trabalhadores do convento reúnem-se numa taberna e contam histórias das
suas vidas
Capítulo 19
Baltasar passa a ser condutor de juntas de bois
Transporte de uma grande pedra desde Pero Pinheiro até Mafra
Descrição da pedra e do seu transporte doloroso
Morte por esmagamento de Francisco Marques
Capítulo 20
Baltasar e Blimunda vão ver e fazer manutenção à passarola em Monte Junto
Morte do pai de Baltasar
Capítulo 21
Desejo de D.João de contruir uma basílica em Mafra como a de S.Pedro em Roma
Devido à incapacidade de realizar esta réplica o rei decide aumentar a capacidade
do convento de 80 para 300 frades
D.João V com medo de morrer antes da sagração da basílica ordena que a
inauguração seja no dia 22 de outubro de 1730, dia do seu 41º aniversário
Para conseguir realizar tudo no prazo estipulado, o número de trabalhadores é
aumentado
Capítulo 22
Este capítulo incide nas famílias reais portuguesa e espanhola
A Infanta Maria Bárbara casa com o príncipe D.Fernando de Castela e D.José de
Portugal casa com Mariana Vitória
Maria Bárbara vai para Espanha sem nunca ter visitado o convento que estava a
ser construído em sua honra
Capítulo 23
Cortejo de estátuas de santos em direção a Mafra nas vésperas da sagração do
convento
Depois de 6 meses Baltasar quer ir ver a passarola, sem Blimunda e ela ficou
preocupada
No dia seguinte, Baltasar chega ao Monte Junto e entra na Passarola, no
entanto, pisou num lugar errado e acionou o mecanismo de ascensão da máquina
Capítulo 24
Baltasar não regressou e Blimunda fica desesperada
Blimunda parte à sua procura em Monte Junto, mas não havia sinal de Baltasar nem da
passarola
Encontra um frade que tenta violá-la e mata-o com o espigão de Baltasar que se
encontrava no local
Volta a Mafra pensando que se podiam ter desencontrado
Inauguração do convento
Capítulo 25
Blimunda procurou Baltasar durante 9 anos, passando várias vezes pelos mesmo
lugares e perguntando se alguém o tinha visto
Na sétima vez que passou por Lisboa encontrou-o a ser queimado num Auto de
Fé. Blimunda que estava em jejum recolheu-lhe a vontade. pois ele pertencia-lhe
Linhas de ação
Construção do convento: a epopeia do trabalho
A promessa do rei de mandar construir o convento de Mafra se a rainha lhe der
um herdeiro
Cumprimento da promessa
Expansão do tamanho do convento
Antecipação da inauguração do convento para o dia do 41º aniversário do rei
Visão Crítica
Narrador crítico e subjetivo
Ridicularização e remoção da sacralidade do poder régio e do poder religioso
Solidariedade para com os oprimidos:
o a crítica e o olhar sarcástico enfatizam a escravidão a que foram
sujeitos 40 000 portugueses, para alimentar o sonho de um rei
megalómano ao qual se atribui a edificação do Convento de Mafra;
o resgate do esquecimento histórico dos verdadeiros heróis da construção
do convento
Valor Aspetual
Adversativa mas
Disjuntiva ou
Conclusiva logo
Explicativa pois
Temporal quando/enquanto
Condicional se/caso
Final para
Comparativa como
Concessiva embora/conquanto
Subordinada adjetiva Relativa restritiva não está entre vírgulas
Restritiva quem
Sequências Textuais
Narrativa Uma sombria tarde de dezembro, degrande chuva, Afonso da
Relato de acontecimentos, Maia estava no seu escritório lendo, quando a porta se abriu
reais ou fictícios com a violentamente, e, alçando os olhos do livro, viu Pedro diante de
participação de personagens si. Vinha todo enlameado, desalinhado, e na sua face lívida, sob
cuja ação é contada por um os cabelos revoltos, luzia um olhar de loucura. O velho ergueu-
narrador se aterrado. E Pedro sem uma palavra atirou-se aos braços do
pai, rompeu a chorar perdidamente.
(Os Maias)
Descritiva Depois, o sol desanda para trás da casa. Começa a acercar-se
Predomina uma espécie de a tardinha. Batola, que acaba de dormir a sesta, já pode vir
pausa da ação, para o sentar-se, cá fora, no banco que corre ao longo da parede. A
narrador fornecer detalhes seus pés, passa o velho caminho que vem de Ourique e
sobre as categorias da continua para sul. Por cima, cruzam os fios de eletricidade que
narrativa vão para Valmurado, uma tomada de corrente cai dos fios e
entra, junto das telhas, para dentro da venda.
(Sempre é uma companhia)
Argumentativa Com os Voadores tenho também uma palavra, e não pequena a
Integra um texto queixa. Dizei-me, Voadores, não vos fez Deus para peixes? Pois
argumentativo e tenta porque vos meteis a ser aves? O mar fê-lo Deus para vós, e
convencer o leitor em relação o ar para elas. Contentai-vos com o mar, e com nadar, e não
a algo queirais voar, pois sois peixes. [.. ]
Grande ambição é que sendo o mar tão imenso lhe não basta a
um peixe tão pequeno todo o mar,
e queira outro elemento mais largo. Mas vede, peixes, o
castigo da ambição. O Voador fê-lo Deus peixe, e ele quis ser
ave, e permite o mesmo Deus que tenha os perigos de ave, e
mais os de peixe.
(Sermão de Santo António)
Explicativa O sistema é simples e, pode dizer-se com propriedade,
Serve para explicar, luminoso. Um homem pedala numa bicicleta erguida a dez
caracterizar ou informar centímetros do chão por suportes de ferro. A corrente faz
sobre algo em concreto ou girar uma imã dentro de uma bobina. A energia gerada vai
abstrato acender as luzes de um semáforo, comutadas pelo ciclista.
(Famílias Desavindas)
Dialogal -António-murmura ela, adiantando-se até ao meio da venda.-Eu
Diálogo entre pelo menos dois queria pedir-te uma coisa…
interlocutores que discutem Suspenso, o homem aguarda. Então, ela desabafa,[.. ]
ou concluem sobre -Olha…Se tu quisesses, a gente ficava com o aparelho.
determinado assunto Sempre é uma companhia neste deserto.
(Sempre é uma companhia)
Intertextualidade
Epígrafe Indicação do autor original
Excerto de um texto colocado no início de uma obra que Entre aspas ou em itálico
estabelece uma ligação com o que virá seguidamente Surge no início do livro
Citação Entre aspas ou em itálico
Uso direto de palavras que pertencem a outros autores Indicação do autor original
Surge no corpo do texto
Alusão Vocabulário diferente do original, mas
Breve referência, direta ou indireta, a algo ou alguém conceitos e expressões típicas do
que o leitor pode identificar autor que alude
Paráfrase Uso de sinónimos,
Adaptação de palavras de outro autor pelo narrador hiperónimos/hipónimos e palavras
atual, servindo-se das mesmas ideias ou de alguns parónimas
vocábulos, sem fazer colagem ou plágio. Ou seja, é dizer Seleção de alguns mas poucos
o mesmo mas usando um discurso original vocábulos identificadores do autor
original
Paródia Uso de personagens específicas
Recurso textual que se serve de uma ideia ou de um desse outro autor ou texto
conceito para o ridicularizar Alteração dos seus comportamentos
para provocar riso
Imitação Criativa Uso de expressões do texto a ser
Recriação de um texto, com originalidade, mas sem o recriado
ridicularizar ou criticar
Funções Sintáticas
Sujeito - nome ou pronome a quem é dirigida a frase
Simples - grupo nominal simples
Composto - mais do que 1 grupo nominal
Nulo subentendido - não está explícito na frase
Nulo Indeterminado - não é especificado, substitui-se por alguém
Predicado - função sintática desempenhada pelo grupo verbal
Vocativo - serve para chamar ou interpelar alguém
Complemento direto - está contido no predicado. Pode ser substituído por o/a, os/as ou uma
oração subordinada substantiva completiva
Complemento indireto - está contido no predicado. Pode ser substituído por lhe/lhes
Complemento oblíquo - está contido no predicado. Não pode ser substituído
Complemento agente da passiva - está presente numa frase passiva. Indica-se por pelo/pela,
pelos/pelas e por
Complemento do nome - selecionado pelo nome. Pode ser constituído por um grupo preposicional,
oracional ou adjetival
Complemento do adjetivo - selecionado pelo adjetivo. Pode ou não ser constituído por um grupo
preposicional ou oracional
Complemento do advérbio - selecionado pelo advérbio.
Predicativo do sujeito - aparece depois de um verbo copulativo
Predicativo do complemento direto - predica algo acerca do complemento direto. Pode ser um
grupo nominal, adjetival ou preposicional
Modificador - acrescenta informações não obrigatórias à frase
Restritivo do nome - restringe o nome e não está entre vírgulas
Apositivo do nome - introduz uma explicação adicional e tem de estar entre vírgulas
Do verbo -
Da frase -
NOTA:
Marcas da intertextualidade como a citação e a alusão também podem ser reprodução do
discurso no discurso.