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Lê atentamente o comentário apresentado.

Poucos homens têm nascido historiadores como Fernão Lopes (…). Além do primor
com que trabalhou sempre por apurar os sucessos políticos, Lopes adivinhou os princípios da
moderna história: a vida dos tempos de que escreveu transmitiu-a à posteridade e não, como
outros fizeram, somente um esqueleto de sucessos políticos e de nomes célebres. Nas crónicas
de Fernão Lopes não há só história: há poesia e drama; há a Idade Média com sua fé, seu
entusiasmo, seu amor de glória.

Alexandre Herculano, Opúsculos, V, Lisboa: Bertrand, 1881, p. 9.

Recorda a Crónica de D. João I escrita por Fernão Lopes e:


- descreve o contexto histórico que serve de pano de fundo à narrativa.
- explicita de que modo as personagens em destaque na crónica contribuem para a
afirmação da consciência coletiva portuguesa num momento de crise.

A Crónica de D. João I, de Fernão Lopes centra-se na crise dinástica de 1383-1385, na


sequência da morte de D. Fernando. Assim, a rainha regente, D. Leonor, alia-se a Castela
pondo em causa a independência de Portugal. No entanto, o povo liderado pelo mestre de
Avis enfrenta a nobreza fiel à rainha e o rei de Castela.
Fernão Lopes relata estes antecedentes de crise, na primeira parte da crónica, e, na
segunda parte, refere os acontecimentos mais marcantes do reinado de D. João I, dando a
conhecer personagens com impacto nos destinos de Portugal. Assim, destaca
personagens individuais como o Mestre de Avis (acarinhado e apoiado pelo povo, revela-
se um líder resoluto e solidário), o Conde de Andeiro (traidor), D. Leonor (“aleivosa e
geradora de ódios), Álvaro Pais (o burguês que espalha pelas ruas de Lisboa que estão a
matar o Mestre, influenciando o povo a correr em seu auxílio). Ao lado destes surge uma
figura coletiva, o povo, que age em conjunto e apoia incondicionalmente o Mestre. Deste
modo, os atores individuais e coletivos da obra permitem ao leitor verificar que foi a
unidade e o esforço conjunto que permitiu manter Portugal independente do domínio
castelhano.
Concluindo, a consciência coletiva portuguesa surge perfeitamente expressa nesta
crónica na força de vontade do povo e do seu líder, o futuro rei D. João I.

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A Crónica de D. João I, de Fernão Lopes, fornece-nos retratos diferentes de uma sociedade
em transformação. (consciência coletiva)

Na Crónica de D. João I está patente a importância do povo no rumo dos acontecimentos


políticos, como se verifica no capítulo XI.

Efetivamente, ao longo dos excertos lidos nas aulas, verifica-se a existência de um desejo
Conscieência coletiva

de mudança e a luta pela mesma, pois não se quer ficar refém de Castela. Assim, esta crónica
representa a legitimação da dinastia de Avis, através da força do povo, habilmente conduzido
por Álvaro Pais. Na verdade, a “arraia-miúda” foi força motriz da revolução, pois representava
todos aqueles que queriam preservar a independência de Portugal. Aliás, a crescente noção
de identidade nacional e consciência da sua singularidade é visível através da ação do povo
que, pela primeira vez, se une em prol do mesmo objetivo: a defesa da pátria, na figura de
Mestre de Avis, irrompendo pelas ruas de Lisboa à sua procura. Pela primeira vez, ouve-se a
voz do povo e a vontade expressa na defesa das fronteiras do reino: pegam em armas para
ajudar e apoiar aquele que ele (povo) considera ser o seu salvador. Esta defesa em torno de
um ideal comum, que congrega a classe mais baixa da sociedade e até então «sem voz» é sinal
de mudança daquilo que a sociedade em geral, e não só os nobres reconhecem como «seu» o
território a que pertencem e conseguem ver mais além do que o pedaço de terra onde
nascem e morrem.

......... Em suma, nesta crónica assiste-se à força de ânimo que um povo pode ter perante a
adversidade quando tem um ideal.

A Crónica de D. João I, de Fernão Lopes, apresenta-nos um panorama da sociedade


portuguesa dos séculos XIV e XV.

Redija um texto expositivo, entre 100 a 150 palavras, onde refira acontecimentos que
considera relevantes, tendo em conta
 os atores individuais e coletivos;
 a afirmação da consciência coletiva, de que a obra é ilustrativa.

Na Crónica de D. João I, Fernão Lopes narra os acontecimentos políticos e sociais


ocorridos no período que se inicia com a morte de D. Fernando e a consequente crise
de 1383-85, e que abrange todo o reinado de D. João I.

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D. Leonor Teles, Conde Andeiro, D. João, Álvaro Pais são os atores individuais cujos
comportamentos e atitudes são retratados com maior pormenor e vivacidade dada a
sua importância nos acontecimentos retratados. No entanto, é o povo que é a força
motriz de episódios como a morte do Conde Andeiro ou como o cerco à cidade de
Lisboa, que revela uma consciência coletiva que se sobrepõe a interesses individuais,
que atua com determinação e resiliência na defesa da independência, assumindo,
desta forma, o estatuto de ator coletivo.
Em suma, nesta crónica assiste-se à força de ânimo de um povo perante a
adversidade quando tem um ideal.

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