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O povo de Lisboa é uma das personagens da Crónica de D. João I que se reveste de uma
importância capital para o desenrolar dos acontecimentos que culminarão no início da dinastia
de Avis para o que teve se ultrapassar provações de grandes proporções. Por isso, é considerado
uma personagem épica e coletiva.
Uma personagem épica é aquela que realiza ações em grande escala, de superação, e uma
personagem coletiva é aquela que representa um grupo de indivíduos que age por uma só
vontade e é animada por sentimentos, interesses e objetivos comuns.
No capítulo 11 da Crónica, encontramos a população de Lisboa a agir corajosamente e em
comunidade para tentar salvar o Mestre de Avis, que, aparentemente, se encontrava em perigo,
ameaçando incendiar os Paços da Rainha e mostrando, de seguida, uma enorme alegria por ele
estar salvo.
No capítulo 115 é mostrado mais uma vez o seu espírito do comunidade, quando os habitantes
da cidade se reparam para o cerco castelhano e oferecem a sua ajuda militar e civil para o que
for necessário.
Ainda no capítulo 148, em “Esforçavom-se uus por consolar os outros, por dar remedio a seu
grande nojo…”, observamos também que, apesar de todas as gentes de Lisboa atravessarem um
período muito complicado com o cerco do inimigo, tentavam, porém, ajudar o próximo nem que
fosse com algumas palavras de consolo.
Podemos, então, concluir da leitura dos diversos capítulos da Crónica de D. João I que o povo de
Lisboa tem um papel ativo e decisivo neste período da História de Portugal, e que Fernão Lopes
evidencia isso, mostrando a enorme consciência de comunidade deste povo, e que o desfecho
dos acontecimentos advém do empenho, da sua força defensiva e anímica e da sua motivação
coletiva, que levam esta massa de gente anónima a prevalecer sobre tanto sobre o inimigo
quanto sobre a sua própria humanidade