A afirmação da consciência coletiva do povo está presente ao longo de toda a
crónica de Fernão Lopes. O primeiro tem um papel preponderante no rumo da história de Portugal.
Assim, podemos apontar o papel que a população teve aquando da iminência
de perder a independência para Castela. Esta concentrou-se e juntos decidiram garantir que o Mestre fosse aclamado rei de Portugal, evitando assim, que a D. Beatriz, herdeira legítima do trono, casada com o rei de Castela, tomasse posse e, consequentemente, perdêssemos a independência para aquele reino.
Além disso, ao longo da crónica é visível a consequência dos populares
face as dificuldades económicas pelas quais o reino de Portugal passa, as ações que têm de ser levadas a cabo caso sejam invadidos pelo país vizinho e a forma como se organizaram na defesa ao cerco a Lisboa. Perante estas dificuldades é de realçar a forma como toda a população se organiza para as diversas atividades. Veja-se o facto de se constituírem grupos, com diferentes funções, para assegurar a defesa da cidade; outros encarregavam-se de trazer diversos mantimentos para dentro das muralhas, caso fosse necessário, a alimentação estaria assegurada: por fim, é de realçar a força de vontade de todos em garantir a defesa e segurança do Mestre , exigindo, inclusive, que este se mostrasse, assegurando que ele estava realmente vivo.
Em suma, e pelo exposto, ficou evidente que a entreajuda dos populares
salvou a vida ao Mestre e garantiu a manutenção da independência de Portugal.