Você está na página 1de 3

Questão 01 – CONTEÚDO

As pessoas do Rio de Janeiro se fazem transportar em cadeirinhas bem douradas sustentadas por negros. Esta
cadeira é seguida por um ou dois negros domésticos, trajados de librés mas com os pés nus. Se é uma mulher que se
transporta, ela tem frequentemente quatro ou cinco negras indumentadas com asseio; elas vão enfeitadas com muitos
colares e brincos de ouro. Outras são levadas em uma rede. Os que querem andar a pé são acompanhados por um
negro, que leva uma sombrinha ou guarda-chuva, como se queira chamar.
LARA, S. H. Fragmentos setecentistas. São Paulo: Companhia das Letras, 2007 (adaptado).

Essas práticas, relatadas pelo capelão de um navio que ancorou na cidade do Rio de Janeiro em dezembro de 1748,
simbolizavam o seguinte aspecto da sociedade colonial:
A A devoção de criados aos proprietários, como expressão da harmonia do elo patriarcal.
B A utilização de escravos bem-vestidos em atividades degradantes, como marca da hierarquia social.
C A mobilização de séquitos nos passeios, como evidência do medo da violência nos centros urbanos.
D A inserção de cativos na prestação de serviços pessoais, como fase de transição para o trabalho livre.
E A concessão de vestes opulentas aos agregados, como forma de amparo concedido pela elite senhorial.

Comentário:
O texto datado de 1748, auge da atividade mineradora no Brasil colonial, aponta para o cotidiano de uma sociedade
escravista, profundamente hierarquizada. Quando era transportada uma mulher branca, conforme relato, era necessário
utilizar escravas bem-vestidas e limpas.

Questão 02 – CONTEÚDO
Associados a atividades importantes e variadas na evolução das sociedades americanas modernas, os africanos
conseguiram impor sua marca nas línguas, culturas, economias, além de participar, quase invariavelmente, na
composição étnica das comunidades do Novo Mundo. A sua influência alcançou mais fortemente as regiões do
latifúndio agrícola, em comunidades cujo desenvolvimento ocorreu às margens do Atlântico e do mar das Antilhas, do
sudeste dos Estados Unidos até a porção nordeste do Brasil, e ao longo das costas do Pacífico, na Colômbia, no
Equador e no Peru.
KNIGHT, F. W. A diáspora africana. In: AJAYI, J. F. A. (Org.). História geral da África: África do século XIX à década de 1880. Brasília: Unesco,
2010 (adaptado).

Uma das contribuições do evento descrito no texto para o continente americano foi o(a)
A fim da escravidão indígena.
B declínio de monoculturas locais.
C introdução de técnicas produtivas.
D formação de sociedades estamentais.
E desvalorização das capitanias hereditárias.

Comentário:
A questão pode ser resolvida por eliminação. Somente a alternativa [C] dialoga com o texto. Os africanos deixaram marcas
profundas na América, em todas as dimensões da vida social: música, comida, religião, cultura, artes, economia, a introdução
de técnicas produtivas etc.
Questão 03 – CONTEÚDO
TEXTO I
O príncipe D. João VI podia ter decidido ficar em Portugal. Nesse caso, o Brasil com certeza não existiria. A Colônia
se fragmentaria, como se fragmentou a parte espanhola da América. Teríamos, em vez do Brasil de hoje, cinco ou seis
países distintos. (José Murilo de Carvalho)

TEXTO II
Há no Brasil uma insistência em reforçar o lugar-comum segundo o qual foi D. João VI o responsável pela unidade
do país. Isso não é verdade. A unidade do Brasil foi construída ao longo do tempo e é, antes de tudo, uma fabricação
da Coroa. A ideia de que era preciso fortalecer um Império com os territórios de Portugal e Brasil começou já no século
XVIII. (Evaldo Cabral de MeIlo)
1808 – O primeiro ano do resto de nossas vidas. Folha de S. Paulo, 25 nov. 2007 (adaptado).

Em 2008, foi comemorado o bicentenário da chegada da família real portuguesa ao Brasil. Nos textos, dois importantes
historiadores brasileiros se posicionam diante de um dos possíveis legados desse episódio para a história do país. O
legado discutido e um argumento que sustenta a diferença do primeiro ponto de vista para o segundo estão associados,
respectivamente, em:
A Integridade territorial – Centralização da administração régia na Corte.
B Desigualdade social – Concentração da propriedade fundiária no campo.
C Homogeneidade intelectual – Difusão das ideias liberais nas universidades.
D Uniformidade cultural – Manutenção da mentalidade escravista nas fazendas.
E Continuidade espacial – Cooptação dos movimentos separatistas nas províncias.

Comentário:
Os textos versam sobre a unidade territorial brasileira, buscando entendê-la – ou não – como legado da vinda da Família
Real para o Brasil. O primeiro fragmento afirma ser um legado e o segundo fragmento refuta essa ideia.

Questão 04 – CONTEÚDO
A vinda da família real deslocou definitivamente o eixo da vida administrativa da Colônia para o Rio de Janeiro,
mudando também a fisionomia da cidade. A presença da Corte implicava uma alteração do acanhado cenário urbano
da Colônia, mas a marca do absolutismo acompanharia a alteração.
FAUSTO, B. História do Brasil. São Paulo: Edusp, 1995 (fragmento).

As transformações ocorridas na cidade do Rio de Janeiro durante o período apresentado pelo texto estavam limitadas
à superfície das estruturas sociais porque a
A pujança do desenvolvimento comercial e industrial retirava da agricultura de exportação a posição de atividade
econômica central na Colônia.
B emergência das práticas liberais, com a abertura dos portos, impedia uma renovação política em prol da formação
de uma sociedade menos desigual.
C expansão das atividades econômicas e o desenvolvimento de novos hábitos conviviam com a exploração do
trabalho escravo.
D dinamização da economia urbana retardava o letramento de mulatos e imigrantes, importante para as necessidades
do trabalho na cidade.
E integração das elites políticas regionais, sob a liderança do Rio de Janeiro, ensejava a formação de um projeto
político separatista de cunho republicano.

Comentário:
De fato, a despeito de todas as mudanças promovidas por d. João VI no Brasil, a herança escravocrata não sofreu alterações
durante a presença do monarca português aqui. Então, enquanto crescíamos economicamente, em termos sociais não
ocorreram alterações significativas.
Questão 05 – CONTEÚDO
Depois da Independência, em 1822, o país enfrentaria problemas que com frequência emergiram durante a
formação dos Estados nacionais da América Latina. Em muitas regiões do Brasil, essas divergências foram
acompanhadas de revoltas, inclusive contra o imperador D. Pedro I. Com a abdicação deste, em 1831, o país
atravessaria tempos ainda mais turbulentos sob o regime regencial.
REIS, J. J. Rebelião escrava no Brasil: a história do Levante dos Malês em 1835. São Paulo: Cia. das Letras, 2003 (adaptado).

A instabilidade política no país, ao longo dos períodos mencionados, foi decorrente da(s)
A disputas entre as tendências unitarista e federalista.
B tensão entre as forças do Exército e Marinha nacional.
C dinâmicas demográficas nas fronteiras amazônica e platina.
D extensão do direito de voto aos estrangeiros e ex-escravos.
E reivindicações da ex-metrópole nas esferas comercial e diplomática.

Comentário:
Um problema comum no processo de formação do Estado Nacional na América como um todo foi a questão política, a questão
do poder, sobretudo em países com dimensão continental como o Brasil. O debate girava em torno da Centralização do Poder
(unitarismo) ou do Federalismo com maior autonomia para os estados. Gabarito [A]. Essa foi a grande diferença entre os
dois partidos políticos no Brasil: o Partido Liberal defendia o federalismo enquanto o Partido Conservador defendia a
centralização do poder.

Questão 06 – CONTEÚDO
A Confederação do Equador contou com a participação de diversos segmentos sociais, incluindo os proprietários
rurais que, em grande parte, haviam apoiado o movimento de independência e a ascensão de D. Pedro I ao trono. A
necessidade de lutar contra o poder central fez com que a aristocracia rural mobilizasse as camadas populares, que
passaram então a questionar não apenas o autoritarismo do poder central, mas o da própria aristocracia da província.
Os líderes mais democráticos defendiam a extinção do tráfico negreiro e mais igualdade social. Essas ideias
assustaram os grandes proprietários de terras que, temendo uma revolução popular, decidiram se afastar do
movimento. Abandonado pelas elites, o movimento enfraqueceu e não conseguiu resistir à violenta pressão organizada
pelo governo imperial.
FAUSTO, B. História do Brasil. São Paulo: EDUSP, 1996 (adaptado).

É possível concluir que a revolta apresentada pelo texto, a princípio, envolveu


A escravos e latifundiários, descontentes com o poder centralizado.
B segmentos populares, incluindo os escravos, que desejavam o fim da hegemonia do Rio de Janeiro.
C diversas camadas da população, incluindo os grandes latifundiários, na luta contra a centralização política.
D camadas mais baixas da área rural, mobilizadas pela aristocracia, que tencionava subjugar o Rio de Janeiro.
E camadas populares, mobilizadas pela aristocracia rural, cujos objetivos incluíam a ascensão de D. Pedro I ao trono.

Comentário:
A questão analisa a atuação de diferentes segmentos sociais num movimento de luta contra um poder centralizador
constituído. Trata-se da Confederação do Equador em 1824, um movimento revolucionário de caráter emancipacionista e
republicano ocorrido no Nordeste do Brasil a partir de Pernambuco e integrando Paraíba, Rio Grande do Norte e Ceará. O
movimento representou a principal reação contra a tendência absolutista e a política centralizadora do governo de D. Pedro
I (1822-1831), esboçada na Constituição de 1824.
Movimentos de caráter revolucionário ocorridos no Brasil, também considerados populares, caracterizaram-se pela
congregação de diferentes segmentos sociais em luta contra um poder centralizador, como foram os casos da Revolta dos
Alfaiates (Conjuração Baiana) em 1798 e a Cabanagem (Pará) entre 1835 e 1840.

Você também pode gostar