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OPERAÇÃO ENEM 2021 - 16/11/2021

REVISÃO HISTÓRIA DO BRASIL


8h15

Salve galera! Chegou a hora de revisar os tópicos de História do Brasil que


mais aparecem nas provas do ENEM. Vamos passar pelo Império, escravidão e a
República. Vamos demolir!
1- (ENEM 2020 Digital) As pessoas do Rio de Janeiro se fazem transportar em
cadeirinhas bem douradas sustentadas por negros. Esta cadeira é seguida por um
ou dois negros domésticos, trajados de librés mas com os pés nus. Se é uma mulher
que se transporta, ela tem frequentemente quatro ou cinco negras indumentadas
com asseio; elas vão enfeitadas com muitos colares e brincos de ouro. Outras são
levadas em uma rede. Os que querem andar a pé são acompanhados por um negro,
que leva uma sombrinha ou guarda-chuva, como se queira chamar. LARA, S. H.
Fragmentos setecentistas. São Paulo: Cia. das Letras, 2007 (adaptado).
Essas práticas, relatadas pelo capelão de um navio que ancorou na cidade do Rio de
Janeiro em dezembro de 1748, simbolizavam o seguinte aspecto da sociedade
colonial:

a) A devoção de criados aos proprietários, como expressão da harmonia do elo


patriarcal.
b) A utilização de escravos bem-vestidos em atividades degradantes, como
marca da hierarquia social.
c) A mobilização de séquitos nos passeios, como evidência do medo da
violência nos centros urbanos.
d) A inserção de cativos na prestação de serviços pessoais, como fase de
transição para o trabalho livre.
e) A concessão de vestes opulentas aos agregados, como forma de amparo
concedido pela elite senhorial.

2- (ENEM 2018) Outra importante manifestação das crenças e tradições africanas


na Colônia eram os objetos conhecidos como “bolsas de mandinga”. A insegurança
tanto física como espiritual gerava uma necessidade generalizada de proteção: das
catástrofes da natureza, das doenças, da má sorte, da violência dos núcleos
urbanos, dos roubos, das brigas, dos malefícios de feiticeiros etc. Também para
trazer sorte, dinheiro e até atrair mulheres, o costume era corrente nas primeiras
décadas do século XVIII, envolvendo não apenas escravos, mas também homens
brancos. CALAINHO, D. B. Feitiços e feiticeiros. In: FIGUEIREDO, L. História do Brasil
para ocupados. Rio de Janeiro: Casa da Palavra, 2013 (adaptado).

A prática histórico-cultural de matriz africana descrita no texto representava um(a)

a) expressão do valor das festividades da população pobre.


b) ferramenta para submeter os cativos ao trabalho forçado.
c) estratégia de subversão do poder da monarquia portuguesa.
d) elemento de conversão dos escravos ao catolicismo romano.
e) instrumento para minimizar o sentimento de desamparo social.
3- (ENEM 2011) Após as três primeiras décadas, marcadas pelo esforço de garantir
a posse da nova terra, a colonização começou a tomar forma. A política da
metrópole portuguesa consistirá no incentivo à empresa comercial com base em
uns poucos produtos exportáveis em grande escala, assentada na grande
propriedade. Essa diretriz deveria atender aos interesses de acumulação de riqueza
na metrópole lusa, em mãos dos grandes comerciantes, da Coroa e de seus
afilhados FAUSTO, B. História Concisa do Brasil. São Paulo: EdUSP, 2002 (adaptado).

Para concretizar as aspirações expansionistas e mercantis estabelecidas pela Coroa


Portuguesa para a América, a estratégia lusa se constituiu em

a) disseminar o modelo de colonização já utilizado com sucesso pela


Grã-Bretanha nas suas treze colônias na América do Norte.
b) apostar na agricultura tropical em grandes propriedades e no domínio da
Colônia pelo monopólio comercial e pelo povoamento.
c) intensificar a pecuária como a principal cultura capaz de forçar a penetração
do homem branco no interior do continente.
d) acelerar a desocupação da terra e transferi-la para mãos familiarizadas ao
trabalho agrícola de culturas tropicais.
e) desestimular a escravização do indígena e incentivar sua integração na
sociedade colonial por meio da atividade comercial.
4- (ENEM 2016) É hoje a nossa festa nacional. O Brasil inteiro, da capital do Império
a mais remota e insignificante de suas aldeolas, congrega-se unânime para
comemorar o dia que o tirou dentre as nações dependentes para colocá-lo entre as
nações soberanas, e entregou-lhe os seus destinos, que até então haviam ficado a
cargo de um povo estranho. Gazeta de Notícias, 7 set. 1883.

As festividades em torno da Independência do Brasil marcam o nosso calendário


desde os anos imediatamente posteriores ao 7 de setembro de 1822. Essa
comemoração está diretamente relacionada com

a) a construção e manutenção de símbolos para a formação de uma identidade


nacional.
b) o domínio da elite brasileira sobre os principais cargos políticos, que se
efetivou logo após 1822.
c) os interesses de senhores de terras que, após a Independência, exigiram a
abolição da escravidão.
d) o apoio popular às medidas tomadas pelo governo imperial para a expulsão
de estrangeiros do país.
e) a consciência da população sobre os seus direitos adquiridos posteriormente
à transferência da Corte para o Rio de Janeiro.

5- (ENEM 2019 PPL) A Regência iria enfrentar uma série de rebeliões nas províncias,
marcadas pela reação das elites locais contra o centralismo monárquico levado a
efeito pelos interesses dos setores ligados ao café da Corte, como a Cabanagem, no
Pará, a Balaiada, no Maranhão, e a Sabinada, na Bahia. Mas, de todas elas, a
Revolução Farroupilha era aquela que mais preocuparia, não só pela sua longa
duração como pela sua situação fronteiriça da província do Rio Grande,
tradicionalmente a garantidora dos limites e dos interesses antes lusitanos e agora
nacionais do Prata. PESAVENTO, S. J. Farrapos com a faca na bota. In: FIGUEIREDO,
L. História do Brasil para ocupados. Rio de Janeiro: Casa da Palavra, 2013.
A característica regional que levou uma das revoltas citadas a ser mais preocupante
para o governo central era a

a) autonomia bélica local.


b) coesão ideológica radical.
c) liderança política situacionista.
d) produção econômica exportadora.
e) localização geográfica estratégica.
6- (ENEM 2018 PPL) Nas décadas de 1860 e 1870, as escolas criadas ou recriadas,
em geral, previam a presença de meninas, mas se atrapalhavam na hora de colocar
a ideia em prática. Na província do Rio de Janeiro, várias tentativas foram feitas e
todas malsucedidas: colocar rapazes e moças em dias alternados e, em 1874, em
prédios separados. Para complicar, na Assembleia, um grupo de deputados se
manifestava contrário ao desperdício de verbas para uma instituição
“desnecessária”, e a sociedade reagia contra a ideia de coeducação. VILLELA, H. O.
S. O mestre-escola e a professora. In: LOPES, E. M. T.; FARIA FILHO, L. M.; VEIGA, C.
G. (Org.). 500 anos de educação no Brasil. Belo Horizonte: Autêntica, 2003
(adaptado).

As dificuldades retratadas estavam associadas ao seguinte aspecto daquele


contexto histórico
a) Formação enciclopédica dos currículos.
b) Restrição do papel da mulher à esfera privada.
c) Precariedade de recursos na educação formal.
d) Vinculação da mão de obra feminina às áreas rurais.
e) Oferta reduzida de profissionais do magistério público.

7- (ENEM 2010) Para o Paraguai, portanto, essa foi uma guerra pela sobrevivência.
De todo modo, uma guerra contra dois gigantes estava fadada a ser um teste
debilitante e severo para uma economia de base tão estreita. Lopez precisava de
uma vitória rápida e, se não conseguisse vencer rapidamente, provavelmente não
venceria nunca. LYNCH, J. As Repúblicas do Prata: da Independência à Guerra do
Paraguai. BETHELL, Leslie (Org). História da América Latina: da Independência até
1870, v. III. São Paulo: EDUSP 2004.

A Guerra do Paraguai teve consequências políticas importantes para o Brasil, pois

a) representou a afirmação do Exército Brasileiro como um ator político de


primeira ordem.
b) confirmou a conquista da hegemonia brasileira sobre a Bacia Platina.
c) concretizou a emancipação dos escravos negros.
d) incentivou a adoção de um regime constitucional monárquico.
e) solucionou a crise financeira, em razão das indenizações recebidas.
8- (ENEM 2016) As camadas dirigentes paulistas na segunda metade do século XIX
recorriam à história e à figura dos bandeirantes. Para os paulistas, desde o início da
colonização, os habitantes de Piratininga (antigo nome de São Paulo) tinham sido
responsáveis pela ampliação do território nacional, enriquecendo a metrópole
portuguesa com o ouro e expandindo suas possessões. Graças à integração
territorial que promoveram, os bandeirantes eram tidos ainda como fundadores da
unidade nacional. Representavam a lealdade à província de São Paulo e ao Brasil.
ABUD, K. M. Paulistas, uni-vos! Revista de História da Biblioteca Nacional, n. 34,1 jul.
2008 (adaptado).

No período da história nacional analisado, a estratégia descrita tinha como objetivo

a) promover o pioneirismo industrial pela substituição de importações.


b) questionar o governo regencial após a descentralização administrativa.
c) recuperar a hegemonia perdida com o fim da política do café com leite.
d) aumentar a participação política em função da expansão cafeeira.
e) legitimar o movimento abolicionista durante a crise do escravismo.

9) (ENEM) O trabalho de recomposição que nos espera não admite medidas


contemporizadoras. Implica o reajustamento social e econômico de todos os rumos
até aqui seguidos. Comecemos por desmontar a máquina do favoritismo parasitário,
com toda sua descendência espúria.

Discurso de posse de Getúlio Vargas como chefe do governo provisório,


pronunciado em 03 de novembro de 1930.FILHO, I. A. Brasil, 500 anos em
documento. Rio de Janeiro: Mauad, 1999 (adaptado).
Em seu discurso de posse, como forma de legitimar o regime político implantado
em 1930, Getúlio Vargas estabelece uma crítica ao

a) funcionamento regular dos partidos políticos.


b) controle político exercido pelas oligarquias estaduais.
c) centralismo presente na Constituição então em vigor.
d) mecanismo jurídico que impedia as fraudes eleitorais.
e) imobilismo popular nos processos político-eleitorais.
10- (ENEM 2020 Digital) O jovem que nasceu e cresceu sob a ditadura perdeu
muitos contatos com a realidade e com a história como processo vivo. Mas
conheceu em sua carne o que é a opressão e como a repressão institucional (às
vezes inconsciente e definitiva, dentro da família, da escola etc.) é odiosa. Essa é
uma riqueza ímpar. O potencial radical de um jovem — pobre, de pequena burguesia
ou “rico” — que sofre prolongadamente uma experiência dessas, constitui um agente
político valioso. Ele está “embalado” para rejeitar e combater a opressão sistemática
e a repressão dissimulada, o que o converte em um ser político inconformista
promissor. FERNANDES, F. O dilema político dos jovens. In: Florestan Fernandes na
constituinte: leituras para reforma política. São Paulo: Expressão Popular, 2014.
No contexto mencionado, Florestan Fernandes tematiza um efeito inesperado do
exercício do poder político decorrente da

a) evolução histórica do conflito de gerações.


b) fragilidade moral das instituições públicas.
c) impossibilidade de realização do controle total.
d) legitimação ideológica do nacionalismo estatal.
e) restrição da oferta de oportunidades de educação.
TREININHO DE QUESTÕES DE HISTÓRIA DO BRASIL
10h

Clique AQUI para ter acesso às questões que serão utilizadas na aula!
REVISÃO DE VÍRGULAS
13h30

Uma das aulas mais aguardadas por vocês chegou! Vamos revisar um dos
desvios mais comuns que cometemos na mais temida das competências, aquela
que foi criada apenas para tirar pontos: a Competência 1! Para essa aula, vamos
revisar as principais regras de uso da vírgula, aquela que quase sempre nos pega
desprevenidos. Então, povo lindo, já coloca a gramática num pedestal e separa uma
vela, porque, a partir de agora, é pra ela que a gente vai rezar!

Parte I – Qual a função da vírgula e quando é usada?


● O que a vírgula marca:

● Quando é usada:
Parte II – Pressupostos básicos

ORDEM DIRETA DA ORAÇÃO:

SUJEITO + VERBO + COMPLEMENTO + ADJUNTO ADVERBIAL

Os messalvinos farão o Enem no próximo domingo.

ORDEM INDIRETA DA ORAÇÃO:

No próximo domingo, os messalvinos farão o Enem.

ORDEM INDIRETA DA ORAÇÃO:

No próximo domingo, farão o Enem os messalvinos.

● Adjunto adverbial:

● Conjunção:
O período do texto dissertativo-argumentativo:

Conectivo/Adjunto, ORAÇÃO 1 (principal), conjunção/locução subordinativa +


ORAÇÃO 2 (subordinada).

“Além disso, é fundamental o debate acerca da aversão ao grupo em pauta,


uma vez que ambos representam impasses para a completa socialização dos
portadores de transtornos mentais.”

“Além disso, é fundamental o debate acerca da aversão ao grupo em pauta,


uma vez que, na sociedade brasileira, ambos representam impasses para a
completa socialização dos portadores de transtornos mentais.”

ORAÇÃO 1 (principal), conjunção/locução subordinativa + ORAÇÃO 2


(subordinada).

"A obra cinematográfica brasileira “Nise: O Coração da Loucura” retrata a luta


de Nise da Silveira pela redução dos estigmas nas alas psiquiátricas e nas formas
de tratamento enfrentadas por pacientes com enfermidades mentais, na medida em
que desumanizavam estes indivíduos.”

"A obra cinematográfica brasileira “Nise: O Coração da Loucura” retrata a luta


de Nise da Silveira pela redução dos estigmas nas alas psiquiátricas e nas formas
de tratamento enfrentadas por pacientes com enfermidades mentais, na medida em
que, em tais instituições, desumanizavam estes indivíduos.”

Conectivo/Adjunto, ORAÇÃO 1 (principal), conjunção/locução subordinativa +


Oração 2, oração reduzida (subordinada).

“Ademais, essa falta de subsídio informacional é grave, visto que impede que
uma grande parcela da população brasileira conheça a seriedade das patologias
psicológicas, sendo capaz de comprometer a realização de tratamentos adequados,
a redução do sofrimento do paciente e a sua capacidade de recuperação.”
Parte III – Principais desvios de uso da vírgula
1) Vírgula separando o sujeito do predicado

“Uma boa solução para este problema seria o governo criar alguma lei que
garantisse acesso...”

2) Vírgula separando a conjunção integrante da oração subordinada

“É importante ressaltar que, hoje em dia, as escolhas de conteúdos são feitas a


partir de conteúdos que aparecem...”

3) Quando se separa a locução conjuntiva da oração subordinada:

“Certamente, a falta de informação sobre a gravidade das doenças mentais é uma


das causas do preconceito contra pessoas que sofrem de tais males, visto que,
indivíduos consideram os transtornos psicológicos como mera “frescura”.”

“Certamente, a falta de informação sobre a gravidade das doenças mentais é uma


das causas do preconceito contra pessoas que sofrem de tais males, visto que, na
maioria das vezes, indivíduos consideram os transtornos psicológicos como mera
“frescura”.”
Parte IV – Casos em que a ausência da vírgula é penalizada
1) Isolamento de apostos, adjuntos adverbiais longos e orações intercaladas

“É comum que, em certos dias, o sujeito perca a noção exata de que horas são ou
se esqueça em que dia está, mas, ao desbloquear a tela do celular e visualizar o horário,
por exemplo, ele toma consciência do momento no qual se insere”

“É comum que, em certos dias, o sujeito perca a noção exata de que horas são ou
se esqueça em que dia está, mas ele toma consciência do momento no qual se insere ao
desbloquear a tela do celular e visualizar o horário, por exemplo.”

2) Vírgula antes do “e”:


Usamos vírgula antes da conjunção “e” que estiver no início de uma oração com
sujeito diferente do da anterior. No Enem, esta regra não é observada.

Ao final de enumerações, usa-se a conjunção “e” para introduzir o último elemento


da enumeração, sem a necessidade de vírgula antes da conjunção:
“Assim sendo, medidas que atenuem a gravidade desses estigmas devem ser
discutidas por diferentes esferas: a sociedade civil, os profissionais da saúde e o governo.”
RECONHECENDO UMA REDAÇÃO NOTA 1000
15h

Neste treino de Redação, vamos olhar para uma redação nota mil de um
ex-aluno nosso, o Savicevic Ortega. Ele prestou a prova de Redação do Enem digital
em 2020 e foi o único a conquistar a nota máxima com o tema de redação aplicado
nesta edição, que foi “O desafio de reduzir as desigualdades entre as regiões
brasileiras”. Tá curioso pra saber o que ele fez pra conquistar essa nota? Então bora
dar uma olhada nesse texto!

Parte I – A proposta de redação do Enem digital 2020


Parte II – Redação nota mil Enem digital 2020
"A segunda fase do Modernismo brasileiro teve a crítica social e o
regionalismo como principais características do período artístico. Nesse movimento
literário, os escritores buscaram denunciar em suas produções os problemas que
permeavam as regiões brasileiras, os quais intensificavam as desigualdades entre
elas. Ao sair do contexto da literatura, percebe-se que as disparidades regionais,
denunciadas pelos escritores de 1930, ainda são latentes na sociedade brasileira.
Sob esse viés, é imprescindível compreender as origens dessas diferenças e de que
modo elas reverberam sobre o Brasil.
Em primeira análise, é válido destacar a industrialização da Região Sudeste
como geradora das disparidades regionais. Esse fenômeno se deu de forma
desordenada e acelerada durante o século XIX, com a transferência do eixo
econômico para Minas Gerais, em virtude do ciclo aurífero. Assim, indivíduos de
todo o Brasil migraram para o novo polo industrial em busca de oportunidades de
trabalho e melhores condições de vida. Como resultado, o intenso fluxo migratório
provocou o desenvolvimento desenfreado da Região Sudeste e a estagnação das
demais, sobretudo a Região Nordeste, a qual, durante o mesmo período, começou a
sofrer com os problemas da seca, situação retratada pelo artista Candido Portinari
na tela "Os Retirantes",
Por conseguinte, as disparidades regionais acentuam problemas como a
desigualdade social e a pobreza. Tais consequências são geradas, segundo o
geógrafo brasileiro Milton Santos, pela hierarquização das regiões e intensificadas
pela globalização. Em sua obra "Por Uma Nova Globalização", o geógrafo compara
os problemas da desigualdade e da pobreza no Brasil e explica o porquê do Produto
Interno Bruto (PIB) ser tão discrepante dentro do mesmo país. Provas dessa análise
são dados referentes à renda per capita de cada estado, divulgadas pelo IBGE em
2019, os quais evidenciaram que os 16 estados do Brasil com menor renda
domiciliar pertencem às regiões Norte e Nordeste. Essa concentração de renda
promove, sem dúvidas, a segregação socioespacial, uma vez que marginaliza os
indivíduos não detentores de renda favorável, os quais passam a ocupar locais
insalubres e com péssimas condições de saneamento.
Portanto, nota-se que as disparidades regionais precisam ser reduzidas.
Sendo assim, o Ministério da Economia, no papel de gestor orçamentário federal,
deve criar um plano desenvolvimentista para o redirecionamento dos investimentos
regionais. Esse redirecionamento deve ser realizado com base no IDHM de cada
município dos estados brasileiro (sic). Esse plano se dará por meio do mapeamento
das cidades mais conurbadas de cada região, a fim de viabilizar o crescimento
equitativo do Brasil e uma maior integração entre as regiões. Somente assim, as
denúncias realizadas pela geração regionalista de 1930 poderão ser objeto de
estudo literário e não de uma realidade brasileira."
Redação de Savicevic Ortega
AS MICROSCOPIAS DO TEXTO
16H15

“A leitura é a arte da microscopia” (Ricardo Piglia)

Bloco I

Saber analisar e interpretar as diferentes maneiras como diferentes


linguagens (pintura, fotografia, poesia, crônicas, contos, romances, texto
publicitários, artigos de opinião, charges, etc) se expressam é uma exigência
importante da prova de linguagens do ENEM. Isso quer dizer que precisamos saber
ver como diferentes textos se estruturam e se constroem, o que também significa
perceber como produzem sentidos e que sentidos produzem.
A habilidade 18 da competência 6 da Matriz de Referência pede que os/as
estudantes saibam identificar como textos de diferentes gêneros se estruturam e se
organizam; também pede que vocês saibam identificar quais elementos do texto
são responsáveis por fazer um texto progredir, avançar tematicamente.
O que tudo isso quer dizer?
Podemos simplificar com um dito popular: “o diabo mora nos detalhes”, mas
também podemos simplificar com uma frase do escritor argentino Ricardo Piglia
que escreveu: “a leitura é a arte da microscopia”.
Ler envolve atenção aos microdetalhes de um texto, envolve atenção às
distintas maneiras como os textos se organizam e se estruturam.
Falamos sobre isso muitas vezes ao longo do ano. Na hora da prova é
importante lembrar que uma série de questões vão demandar de vocês essas
habilidades. A habilidade de ser um leitor ou uma leitora microscópicos.
QUESTÃO 1 (ENEM 2013)

Manta que costura causos e histórias no seio de uma família serve de metáfora da
memória em obra escrita por autora portuguesa

O que poderia valer mais do que a manta para aquela família? Quadros de pintores
famosos? Joias de rainha? Palácios? Uma manta feita de centenas de retalhos de
roupas velhas aquecia os pés das crianças e a memória da avó, que a cada
quadrado apontado por seus netos resgatava de suas lembranças uma história.
Histórias fantasiosas como a do vestido com um bolso que abrigava um gnomo
comedor de biscoitos; histórias de traquinagem como a do calção transformado em
farrapos no dia em que o menino, que gostava de andar de bicicleta de olhos
fechados, quebrou o braço; histórias de saudades, como o avental que carregou uma
carta por mais de um mês... Muitas histórias formavam aquela manta. Os
protagonistas eram pessoas da família, um tio, uma tia, o avô, a bisavó, ela mesma,
os antigos donos das roupas. Um dia, a avó morreu, e as tias passaram a disputar a
manta, todas a queriam, mais do que aos quadros, joias e palácios deixados por ela.
Felizmente, as tias conseguiram chegar a um acordo, e a manta passou a ficar cada
mês na casa de uma delas. E os retalhos, à medida que iam se acabando, eram
substituídos por outros retalhos, e novas e antigas histórias foram sendo
incorporadas à manta mais valiosa do mundo.

Fonte: LASEVICIUS, A. Língua Portuguesa, São Paulo, n. 76, 2012 (adaptado).

A autora descreve a importância da manta para aquela família, ao verbalizar que


“novas e antigas histórias foram sendo incorporadas à manta mais valiosa do
mundo”. Essa valorização evidencia-se pela

A) oposição entre os objetos de valor, como joias, palácios e quadros, e a velha


manta.
B) descrição detalhada dos aspectos físicos da manta, como cor e tamanho dos
retalhos.
C) valorização da manta como objeto de herança familiar disputado por todos.
D) comparação entre a manta que protege do frio e a manta que aquecia os pés das
crianças.
E) correlação entre os retalhos da manta e as muitas histórias de tradição oral que
os formavam.
QUESTÃO 2 (ENEM 2009)

Quando eu falo com vocês, procuro usar o código de vocês. A figura do índio no
Brasil de hoje não pode ser aquela de 500 anos atrás, do passado, que representa
aquele primeiro contato. Da mesma forma que o Brasil de hoje não é o Brasil de
ontem, tem 160 milhões de pessoas com diferentes sobrenomes. Vieram para cá
asiáticos, europeus, africanos, e todo mundo quer ser brasileiro. A importante
pergunta que nós fazemos é: qual é o pedaço de índio que vocês têm? O seu
cabelo? São seus olhos? Ou é o nome da sua rua? O nome da sua praça? Enfim,
vocês devem ter um pedaço de índio dentro de vocês. Para nós, o importante é que
vocês olhem para a gente como seres humanos, como pessoas que nem precisam
de paternalismos, nem precisam ser tratadas com privilégios. Nós não queremos
tomar o Brasil de vocês, nós queremos compartilhar esse Brasil com vocês.

TERENA, M. Debate. MORIN, E. Saberes globais e saberes locais. Rio de Janeiro:


Garamond, 2000 (adaptado).

Na situação de comunicação da qual o texto foi retirado, a norma padrão da língua


portuguesa é empregada com a finalidade de

A) demonstrar a clareza e a complexidade da nossa língua materna.


B) situar os dois lados da interlocução em posições simétricas.
C) comprovar a importância da correção gramatical nos diálogos cotidianos.
D) mostrar como as línguas indígenas foram incorporadas à língua portuguesa.
E) ressaltar a importância do código linguístico que adotamos como língua nacional.
Bloco II

Texto II

Breve discussão:
1. Quais são os recursos expressivos empregados aqui?
2. Que sentidos produzem?
Texto II

Canção do Vento e da Minha Vida

O vento varria as folhas,


O vento varria os frutos,
O vento varria as flores...
E a minha vida ficava
Cada vez mais cheia
De frutos, de flores, de folhas.

O vento varria as luzes,


O vento varria as músicas,
O vento varria os aromas....
E a minha vida ficava
Cada vez mais cheia
De aromas, de estrelas, de cânticos.

O vento varria os sonhos,


E varria as amizades...
O vento varria as mulheres...
E a minha vida ficava
Cada vez mais cheia
De afetos e de mulheres.

O vento varria os meses


E varria os teus sorrisos...
O vento varria tudo!
E a minha vida ficava
Cada vez mais cheia
De tudo.

Manuel Bandeira

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