História
Professor Isaac Santos
Aula 1
A Chegada dos Portugueses ao
Brasil e o Período Pré-Colonial
Introdução
Olá caros alunos, sejam bem-vindos! A partir desta aula
vamos começar uma longa, porém importante, viagem pela
história do Brasil. Nela iremos abordar a nossa história de maneira
objetiva e crítica, de acordo com as exigências dos principais
concursos vestibulares em todo o país – como USP, Unicamp –, e,
principalmente, adequada ao Enem, principal forma de acesso às
universidades públicas.
Mas afinal, você sabe como funciona o processo de
elaboração das questões (quesitos) que aparecem nas provas do
Enem? O primeiro passo é fazer uma leitura atenta do conjunto de
competências e habilidades de cada área do conhecimento que
está disponível no seu material.
Em cada uma de nossas aulas, vamos exemplificar como
algumas dessas habilidades podem se relacionar ao conteúdo
ministrado naquela aula. Na aula de hoje, faremos uma análise do
processo histórico conhecido como Expansão Marítima, que permitiu
a Portugal a condição de pioneiro nas Grandes Navegações, afinal,
foi dessa condição que resultou a chegada de Cabral por aqui em
1500. Óbvio que faremos alguns questionamentos: Que fatores
permitiram Portugal ser o pioneiro neste processo? Que relação
podemos estabelecer entre a Expansão Marítima dos séculos XV e
XVI e o processo histórico conhecido como globalização? Houve de
fato um descobrimento? Como se deu a relação entre portugueses
e nativos nos primeiros anos?
Agora vamos começar de fato a nossa viagem.
Expansão marítima e comercial
europeia
Para entendermos melhor a história do Brasil, especialmente
as suas origens, é preciso estar atento às transformações políticas,
sociais e econômicas que o mundo vivia no contexto da transição
do modo de produção feudal para o modo de produção capitalista,
especialmente após a reabertura do comércio entre o Ocidente e
o Oriente, resultante das Cruzadas.
O desenvolvimento comercial estimulou a produção
de excedentes e a economia monetária em um processo de
acumulação primitiva de capital no qual se insere a fase comercial ou
mercantilista. Com o crescimento das cidades, destacava-se cada
vez mais a atuação de comerciantes e banqueiros, que tinham nas
especiarias orientais (usadas como tempero) ou na conservação
de alimentos os produtos mais cobiçados. Politicamente,
a fragmentação feudal foi substituída por Estados Nacionais, nos
quais o poder real se fortalecia, vindo a se tornar absolutista.
Após a crise do século XIV, a economia europeia parecia
ter atingido o limite máximo de consumo das mercadorias orientais.
Além disso, observava-se a falta de metal nobre (ouro e prata) para a
confecção de moedas, o que dificultava a aquisição de especiarias.
A produção agrícola no campo ainda estava limitada pelo regime
de trabalho servil. O resultado disso era uma produtividade baixa
NÚCLEO CENTRAL NÚCLEO ALDEOTA NÚCLEO SUL
(85) 3464.7788 (85) 3486.9000 (85) 3064.2850
fariasbrit o.com.br @fariasbrit o @fariasbrit o
e, consequentemente, a falta de alimentos para abastecer os
núcleos urbanos. Já a produção artesanal nas cidades era alta
e não encontrava consumidores na zona rural, devido ao baixo
poder aquisitivo dos trabalhadores e ao caráter autossuficiente da
produção feudal.
Os mercados da Índia, da China e do Japão eram
controlados pelos mercadores árabes, e seus produtos
chegavam à Europa Ocidental através do mar Mediterrâneo,
controlado por Veneza, Gênova e outras cidades italianas.
O grande número de intermediários nesse longo trajeto encarecia
muito as mercadorias. Mas se fosse descoberta uma nova rota
marítima que ligasse a Europa diretamente aos mercados do
Oriente, o preço das especiarias se reduziria e as camadas da
população europeia com poder aquisitivo mais baixo poderiam vir
a consumi-las.
A solução para esses problemas estava na exploração de
novos mercados, capazes de fornecer alimentos e metais preciosos
a baixo custo e, ao mesmo tempo, aptos para consumir os produtos
artesanais fabricados nas cidades europeias. Portanto, podemos
destacar as seguintes causas fundamentais para o processo de
expansão marítima e comercial europeia:
• Busca de um novo caminho para as Índias;
• Escassez de metais preciosos na Europa;
• Interesses da burguesia e dos Estados Nacionais;
• Novas teorias, técnicas e instrumentos.
Com relação a estes últimos, convém destacar as novas
ideias surgidas a partir do Renascimento Cultural – com destaque
para o Racionalismo, o Empirismo e teorias como o Heliocentrismo
– e da esfericidade da Terra. Também foram vitais para o processo:
a imprensa, que permitiu que os novos conhecimentos sobre
Geografia, Ciências e navegação fossem divulgados por todo o
mundo; instrumentos como a caravela, o astrolábio e a bússola,
inventados pelos chineses e divulgados na Europa pelos árabes.
O pioneirismo português
Martin Lehmann/123RF/Easypix
Monumento aos navegantes. Lisboa, Portugal.
Portugal e Espanha foram os países que mais se destacaram
no processo das grandes navegações. Destes, Portugal foi o
pioneiro por uma série de fatores, tais como:
NÚCLEO EUSÉBIO NÚCLEO SOBRAL
(85) 3260.6164 (88) 3677.8000
colegiofariasbrit o canalfariasbrit o
História
A precoce centralização monárquica
O reino português surgiu em 1139, no contexto da Guerra
de Reconquista – a luta dos cristãos da Península Ibérica pela
expulsão dos mouros da região. O condado portucalense foi dado
ao francês Dom Henrique de Borgonha pelo rei de Leão e Castela
Dom Afonso VI, como recompensa pelo apoio dado pelo nobre
na luta contra os muçulmanos. Com a morte de Dom Henrique, o
condado portucalense passou para seu filho, Afonso Henriques,
que o libertou da vassalagem de Leão e Castela, tornando-se rei
e iniciando a Dinastia de Borgonha (1139-1383).
A aliança entre o rei e a burguesia a
partir da Revolução de Avis (1383-1385)
Com a morte do rei D. Fernando em 1383, surgiu uma crise
dinástica em Portugal, pois o rei não deixou herdeiros homens.
Sua única filha, D. Beatriz, casara-se aos doze anos com o rei de
Castela. Para a nobreza, seria interessante que Portugal voltasse
a pertencer a Castela, pois obteria privilégios, tais como terras e
títulos, caso ajudasse na luta contra os mouros. Essa tese era
apoiada pela viúva do rei, D. Leonor Teles, que assumiu a regência
do país. Para a burguesia não seria interessante uma anexação,
pois o envolvimento na Guerra de Reconquista prejudicaria o
comércio e acarretaria aumento de impostos, daí sua defesa
intransigente da manutenção da independência portuguesa.
A burguesia e a arraia miúda passaram a apoiar D. João,
Grão-Mestre da Ordem de Avis e filho do rei D. Pedro I, que,
liderando os partidários da independência, venceu seus opositores
em 1385, na Batalha de Aljubarrota, sagrando-se rei e iniciando
uma nova dinastia: Avis (1385-1580). A nobreza perdeu espaço e
a burguesia passou a ser privilegiada pelo Estado, tornando-se sua
parceira nos empreendimentos marítimos.
A ausência de guerras
Após a Revolução de Avis, Portugal passou por um relativo
processo de paz em nível interno e externo, enquanto França e
Inglaterra se digladiavam na Guerra dos Cem Anos (1337-1453) e
a Espanha ainda enfrentava os mouros, só vindo a existir de fato
após a unificação de Aragão e Castela, a partir do casamento dos
reis católicos Fernando e Izabel, na segunda metade do século XV.
A posição geográfica privilegiada
Portugal tinha uma posição geográfica privilegiada, situado
na Península Ibérica, em contato direto com o oceano Atlântico e
o mar Mediterrâneo, servindo de entreposto comercial de grande
importância para o comércio no norte da Europa, destacadamente
cidades como Lisboa e Porto.
A tradição pesqueira
Os portugueses tinham na pesca, especialmente de
bacalhau, uma importante fonte de renda e trocas comerciais, o
que lhes dava certo conhecimento de navegação marítima, por já
atuarem em águas rasas e próximas ao continente.
A escola de Sagres
Fundada pelo infante D. Henrique, destinava-se a reunir
cientistas, estudiosos, cartógrafos, astrônomos, construtores
de instrumentos náuticos e navegadores, com o objetivo de
desenvolver conhecimentos para o aprimoramento das técnicas
de navegação. É importante frisar que esta escola, contestada
por alguns historiadores, realmente não se tratava de uma escola
convencional, e sim uma reunião de sábios que expunham seus
conhecimentos e descobertas que favoreceriam as aventuras
marítimas rumo ao então desconhecido mar oceânico.
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A expansão portuguesa
O marco inicial das grandes navegações marítimas foi a
conquista da cidade de Ceuta, em 1415 no norte da África. Após este
domínio, Portugal iniciou o “período africano”, e entre 1415 e 1460
foram ocupados Madeira, Açores, Cabo Verde e Guiné. Em 1488,
Bartolomeu Dias e sua esquadra atingiram o Cabo das Tormentas,
que passou a ser chamado Cabo da Boa Esperança, no sul do
continente africano. Finalmente, em 1498, Vasco da Gama atingiu
a Índia. Dois anos depois, em viagens em direção ao Ocidente, a
esquadra comandada por Pedro Álvares Cabral chegou ao Brasil.
OCEANO ATLÂNTICO
Lisboa ÁSIA
Ceuta
Cabo Verde ÍNDIA
Cabo Bojador ARÁBIA Goa
Calicute
ÁFRICA
BRASIL
OCEANO ÍNDICO
Porto
Seguro
N
Viagens
Cabo das Pedro Álvares Cabral
Tormentas Vasco da Gama
Pedras Bartolomeu Dias
Ouro Escravos preciosas Especiarias
Pedro de Covilha
As viagens espanholas
O reino espanhol só se formou de fato em 1469, em virtude
da unificação dos reinos de Aragão e Castela, a partir do casamento
dos reis católicos Fernando e Isabel. Essa demora na formação do
Estado Nacional – especialmente em relação a Portugal – associada
à Guerra de Reconquista – luta para expulsar os muçulmanos da
Península Ibérica – atrasou a expansão espanhola.
Esses reis deram crédito e patrocinaram o navegador
genovês Cristóvão Colombo, que acreditava na esfericidade da
Terra e, portanto, que era possível atingir o Oriente navegando em
direção ao Ocidente.
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Reis católicos – Fernando e Isabel.
Colombo partiu do porto de Palos em agosto de 1492, com
uma tripulação de 87 homens distribuídos nas caravelas Pinta e
Nina e na nau Santa Maria. No dia 12 de outubro, atingiram terras
que acreditaram ser as tão cobiçadas Índias. Todavia, existiam
dúvidas quanto a essas terras, bem como o Estado português
solicitava, em virtude de sua primazia na navegação marítima,
a propriedade de todas as terras descobertas no além-mar.
Além disso, o Tratado de Alcaçovas-Toledo, assinado entre os dois
países em 1480, dava a Portugal o direito de explorar todas as
terras situadas ao sul das ilhas Canárias.
A polêmica deixou as nações ibéricas próximas a um conflito
bélico e, para evitar que isso ocorresse, o papa Alexandre VI propôs
a Bula Intercoetera, em 1493, que determinava que a cem léguas a
leste de Cabo Verde seria traçado um meridiano. As terras a oeste
pertenceriam à Espanha e as terras situadas a leste pertenceriam
a Portugal.
História
Consciente da inexistência de terras no espaço que lhe
foi determinado, o soberano português D. João II não aceitou
o documento papal e a ameaça de guerra continuava. Os dois
países, então, negociaram diretamente uma nova divisão aprovada
e assinada em 1494: o Tratado de Tordesilhas, que determinava
que a 370 léguas de Cabo Verde seria traçado um meridiano, com
as terras a leste ficando com Portugal e as terras a oeste, com a
Espanha.
Espanha
Portugal
Ilhas de
Cabo Verde
OCEANO
OCEANO ATLÂNTICO
PACÍFICO
Terras pertencentes à Espanha
Terras pertencentes a Portugal
Tratado de Tordesilhas.
Continuação das navegações
portuguesas – o Périplo Africano
e a chegada dos portugueses às
Índias e ao Brasil
Definida a polêmica acerca das terras que poderiam existir
do outro lado do oceano Atlântico, Portugal retomou o Périplo
Africano. Em 1498, uma esquadra comandada por Vasco da
Gama partiu de Lisboa, contornou todo o continente africano e
atingiu Calicute. Estava descoberto o novo caminho para as Índias.
A viagem gerou um grande lucro, estimado em seis mil por cento,
e estimulou novas investidas por parte do Estado português.
Era necessário consolidar o domínio no Oriente e,
aparentemente com este objetivo, o Rei D. Manuel I, o Venturoso,
organizou a maior de todas as esquadras portuguesas até então,
composta por 1500 homens e 13 navios, entre naus e caravelas,
cujo comando foi entregue a Pedro Álvares de Gouveia Cabral.
A esquadra contava com importantes e experientes navegadores,
como Bartolomeu Dias, Gaspar de Lemos e Nicolau Coelho, que
havia participado da expedição de Vasco da Gama. Além destes,
merecem destaque o escrivão real Pero Vaz de Caminha; Mestre
João, o médico do rei; e o frei franciscano Henrique Soares de
Coimbra.
Partindo do Tejo em março de 1500, a esquadra começou
a se afastar da costa africana, até atingir novas terras, em 22 de
abril. Depois de um reconhecimento e um contato inicial com os
habitantes, fincou-se uma cruz e realizou-se a primeira missa
nas novas terras dominadas por Portugal, em 1º de maio. No dia
seguinte, a esquadra seguiu viagem para as Índias e um dos navios,
comandado por Gaspar de Lemos, regressou a Portugal, levando
uma carta de Pero Vaz de Caminha ao rei D. Manuel, relatando
detalhes da viagem e das novas terras, chamadas inicialmente de
Ilha Vera Cruz e mais tarde de Terra de Santa Cruz.
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A polêmica do “descobrimento”
A maioria dos historiadores, atualmente, considera que a
chegada de Cabral ao Brasil não foi casual, e sim intencional, pois
Portugal já conhecia a rota para as Índias e não havia como se
perder, bastando contornar a África. Além disso, a esquadra contava
com os melhores navegadores da época, que conheciam o caminho.
Não houve relato de tempestades que pudessem alterar a rota da
esquadra, bem como Portugal não aceitara a Bula Intercoetera por
sua consciência da inexistência de terras a 100 léguas de Cabo
Verde, porém aceitando Tordesilhas. Na carta endereçada ao
rei D. Manuel I, o escrivão Pero Vaz de Caminha não demonstra
surpresa, enfatizando detalhes das novas terras.
Provavelmente, outras expedições portuguesas estiveram
nessas terras, com destaque para a expedição comandada
por Duarte Pacheco Pereira, de 1498, mantida em segredo
provavelmente para não despertar o interesse de outras nações
pelas novas terras e seus prováveis atrativos econômicos.
Existem ainda discussões acerca de quem realmente
chegou primeiro às terras brasileiras, sendo conhecidos
relatos de expedições com navegadores de outros países que
conseguiram chegar ao litoral brasileiro, como a comandada
pelo francês Jean Cousin, que teria estado na costa brasileira
por volta de 1498, e a mais conhecida, a expedição espanhola
comandada por Vicente Yañes Pinzón, que esteve no litoral
nordestino por volta de janeiro de 1500.
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Oscar Pereira da Silva. Desembarque de Cabral em Porto Seguro.
SP. Museu Paulista.
Consequências da expansão
marítima europeia
Deslocamento do eixo econômico do
Mediterrâneo para o Atlântico
A descoberta de um novo caminho para as Índias levou
a um declínio das tradicionais rotas comerciais europeias,
destacadamente o mar Mediterrâneo, quebrando a hegemonia
das cidades italianas e transformando o oceano Atlântico na
principal via de integração do comércio, que passava a ser global.
Colonização da América e
desenvolvimento do sistema colonial
A América passou a ser a principal fornecedora de metais
preciosos e gêneros tropicais aos países europeus, especialmente
Portugal e Espanha, que montaram grandes impérios coloniais.
O aproveitamento sistemático dos recursos naturais americanos,
em benefício das metrópoles europeias, permitiu a emigração de
contingentes europeus para a região. Além destes, milhões de
africanos foram arrancados de sua terra natal e levados à América
para trabalhar como escravos em diversas funções, especialmente
em grandes lavouras voltadas para exportação.
História
Genocídio das populações nativas
americanas
O contato com os europeus foi altamente danoso aos índios
americanos, pois milhões destes foram dizimados em virtude dos
conflitos com os brancos, cujas armas de fogo eram superiores e
altamente letais; das doenças transmitidas pelos europeus; da fome
provocada pela perda de terras, de onde retiravam seu sustento; e
da escravidão e outras formas de trabalho compulsório impostas
pelos europeus, altamente desgastantes e degradantes.
Etnocídio dos nativos indígenas
Os europeus impuseram valores culturais, econômicos e,
principalmente, religiosos que levaram à destruição de valores
culturais indígenas. Dentre estes, merece destaque a catequese
imposta pela Igreja Católica.
Fortalecimento dos Estados Nacionais
O afluxo de riquezas e a forte intervenção do Estado na
economia fortaleciam o poder real e propiciavam maior luxo às
cortes europeias, bem como a compra e o aperfeiçoamento de
armas e o aparelhamento, profissionalização e fortalecimento dos
exércitos nacionais.
Ampliação de conhecimentos
A rivalidade comercial entre os países estimulou a
ampliação de investimentos em pesquisa que levaram ao
desenvolvimento científico e tecnológico. Desenvolveram-se mapas
mais aprimorados que permitiram cada vez mais informações;
navios mais aprimorados e adaptados a longas distâncias; novos
instrumentos de localização, como o telescópio, o barômetro e a
bússola de navegação. Conhecimentos de Astronomia, Medicina e
Física ajudavam a superar ou explicar mitos, superstições, lendas e
dogmas religiosos. Experiências com novas lavouras e transporte
de plantas para regiões distantes de onde eram nativas levaram
ao desenvolvimento da botânica e de novas técnicas produtivas.
Antigo Regime
O Antigo Regime na sociedade europeia possuía uma
face dupla: o Absolutismo monárquico, fundamentado na Teoria
do Direito Divino, e o Mercantilismo. Na perspectiva conceitual,
podemos afirmar que o Mercantilismo foi a política econômica do
Capitalismo Comercial, tendo contribuído para o fortalecimento
do Estado Nacional Moderno e o enriquecimento da burguesia,
na mesma proporção que trouxe a miséria e a desgraça de milhões
de trabalhadores africanos que foram reduzidos à condição de
escravos nas colônias.
O Mercantilismo era uma forma de nacionalismo econômico
fundado no dirigismo econômico, no intervencionismo estatal e
no protecionismo alfandegário, possuindo, ainda, como princípios
básicos, o metalismo, que afirmava que o Estado seria tanto
mais rico quanto maior o volume de metal (ouro e prata) que
conseguisse acumular no interior das suas fronteiras geográficas;
a Balança Comercial Favorável, que consistia na ideia do superavit
das exportações sobre as importações; o Colonialismo, no qual
as colônias seriam simples fornecedoras de matérias-primas e
produtos tropicais e consumidoras de manufaturados da metrópole.
Período Pré-Colonial
O período Pré-Colonial da história brasileira que se estende
da chegada de Pedro Álvares Cabral, em 1500, até o início efetivo
da colonização, a partir da expedição colonizadora sob o comando
de Martim Afonso de Sousa, em 1530, recebe o nome de Período
Pré-Colonial.
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Numa observação mais superficial, você poderá se
questionar se este tema tem alguma relevância para o Exame
Nacional do Ensino Médio. Note que a exploração e degradação do
meio ambiente, decorrentes das primeiras atividades econômicas,
como do pau-brasil, constituem um importante ponto a ser abordado.
Podemos ainda destacar os desdobramentos e influências
recíprocas, resultado das primeiras relações estabelecidas entre
nativos e europeus após o descobrimento.
Neste período, Portugal não tinha o Brasil como uma
prioridade, já que seus interesses comerciais se voltavam
prioritariamente para o Oriente ou Índias, de onde vinham
as valiosas especiarias. Além disso, a economia monetária e
autossuficiente dos nativos americanos impedia, de imediato,
a construção de relações capitalistas.
Apesar da importância secundária, era inegável a
preocupação real com o reconhecimento e a proteção do vasto
território, por isso foram enviadas, em 1501 e 1503, expedições
exploradoras, respectivamente, sob o comando de Gaspar de
Lemos e Gonçalo Coelho, cujos objetivos eram conhecer, coletar
informações e procurar riquezas e recursos econômicos que
pudessem interessar a Portugal.
A primeira expedição navegou do atual território do
Rio Grande do Norte percorrendo o litoral em direção ao sul. Foram
descobertos vários rios e acidentes geográficos, batizados em
homenagem a santos ou festividades religiosas assinaladas pelo
calendário católico: cabo de Santo Agostinho, rio São Francisco,
baía de Todos os Santos e ilha de São Sebastião. Esta expedição
observou ainda a grande extensão do território e a riqueza vegetal
do litoral, bem como a abundância de pau-brasil, uma madeira
avermelhada que era conhecida na Europa e utilizada para produzir
tinturas para tecidos.
Na segunda expedição, foi organizada uma entrada em
direção ao interior partindo de Cabo Frio, bem como foi montada
a primeira feitoria utilizada para armazenar o pau-brasil que viria a
ser transportado para a Europa.
A terceira expedição foi de caráter guarda-costeira,
organizada pelo rei português D. Manuel. Sua finalidade era
combater os navios franceses que contrabandeavam o pau-brasil.
O comandante dessa expedição foi Cristóvão Jacques.
Os resultados foram negativos, devido à grande extensão do litoral
brasileiro.
A expedição guarda-costeira de 1526 foi organizada por
D. João III. Seu objetivo, comandante e resultados foram os mesmos
da expedição guarda-costeira de 1516.
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Detalhe do mapa Terra Brasilis, 1519, o pau-brasil representado ao
longo da costa da Mata Atlântica.
História
O extrativismo vegetal Entre 1500-1530, no chamado período Pré-colonial, Portugal
deixou o Brasil em segundo plano priorizando o comércio das
A primeira atividade econômica especiarias no Oriente. Assim, ocorreram inúmeras invasões

Reprodução/Coleção particular
desenvolvida no Brasil pelo Estado inglesas e francesas, preocupando a Coroa portuguesa.
português foi o extrativismo vegetal de Em 1530, Portugal vive um grande dilema: colonizar ou perder
pau-brasil, conhecido pelos nativos como o Brasil. Diante da queda nos lucros das especiarias no Oriente,
ibirapitanga. A extração da madeira foi Portugal optou em colonizar o Brasil. Porém, a nação portuguesa
declarada estanco, ou seja, monopólio não possuía recursos para esse empreendimento, preferindo
real. Assim, somente o rei de Portugal, dividir o Brasil em capitanias hereditárias, doando as terras
ou alguém que tivesse sua permissão, para os donatários. Depois de alguns anos os portugueses
poderia explorar o pau-brasil. O primeiro perceberam que, de uma forma geral, as capitanias hereditárias
arrendatário a explorar pau-brasil com não deram certo. Os donatários tinham uma grande extensão
concessão real foi o cristão-novo Fernão de Noronha. territorial para administrar, havia falta de recursos econômicos
A extração da madeira era realizada pelos índios, que ainda para investir e os ataques indígenas eram frequentes.
transportavam os troncos até as feitorias montadas no litoral e
embarcavam-nos nos navios em troca de espelhos, facas, colares e Apenas duas capitanias hereditárias tiveram sucesso durante o
outros objetos europeus de baixo valor comercial e que despertavam empreendimento inicial dos portugueses no Brasil, as capitanias
a curiosidade dos nativos. Essa troca de bens e serviços sem a de:
intermediação do dinheiro recebe o nome de escambo. A) Pernambuco e Ilhéus.
Foram fundadas várias feitorias ao longo do litoral brasileiro, B) Espírito Santo e São Vicente.
que naquele momento serviam apenas para armazenar o pau-brasil, C) São Tomé e Santo Amaro.
não se constituindo em núcleos de povoamento. Havia, ainda, D) Ceará e Santana.
grande número de feitorias estrangeiras, principalmente fundadas E) Pernambuco e São Vicente.
por franceses, que praticavam pirataria no litoral brasileiro com a
conivência do próprio Estado, que não concordava com a divisão 2. (Cesmac) Em 1514, o Papa Leão X concedeu aos monarcas
da América entre Portugal e Espanha, conforme determinava o portugueses, em caráter hereditário, o Padroado sobre as terras
Tratado de Tordesilhas. conquistadas, o que, na colonização do Brasil, fez desses
Para combater a presença de corsários e piratas, destruir monarcas grão-mestres da Ordem de Cristo, que os autorizava
feitorias estrangeiras e defender o litoral brasileiro, o governo a:
português enviou duas expedições Guarda-Costas ao Brasil, A) reterem o monopólio da exploração do pau-brasil.
nos anos de 1516 e 1526, sob o comando de Cristóvão Jacques. B) cobrarem aos colonos a décima parte (dízima) de toda a
Essas expedições fracassaram em virtude da extensão do litoral, produção.
que deveria ser protegido, e do reduzido número de navios, homens C) administrarem os sacramentos do catolicismo como
e armas. representantes da Sé de Roma.
Diante da impossibilidade de combater a presença D) delegarem a administração da Justiça aos capitães
estrangeira no litoral brasileiro apenas com expedições e do perigo donatários nas suas capitanias
de outras nações ocuparem e fundarem núcleos de povoamento, E) impedirem a participação de judeus e comerciantes nas
levando Portugal a perder parte de seu território, o governo luso câmaras municipais.
decidiu-se pela colonização do Brasil.
3. (IF Sertão) Assinale a alternativa que corresponde às razões
do pioneirismo português na expansão marítima.
Exercícios A) A unificação dos pequenos reinos e a formação de Portugal;
o surgimento do mercado interno forte e a circulação de
moeda comum; a Escola de Sagres, reunindo navegadores,
1. (UniAtenas) “Em janeiro de 1531 chegou ao Brasil a expedição cartógrafos, cosmógrafos, e todos aqueles que estavam
de Martim Afonso de Souza. D. João III (O Colonizador), a dispostos a investir nas grandes navegações; a conquista
enviou para o Brasil com o principal objetivo de colonizar a de Ceuta em 1415, liderança na rota do comércio de
recém-descoberta colônia. A expedição era composta por especiarias.
cerca de 400 homens (colonos e tripulantes), que trouxeram B) A perda de espaços no comércio com o Oriente e a África
sementes de cana-de-açúcar, instrumentos agrícolas, mudas Ocidental; as guerras napoleônicas; a subida de D. João III
de plantas e animais domesticados.” [...] Com o cargo de a Coroa ibérica; o domínio das rotas do comércio com a
capitão-mor, Martim Afonso tinha como missão proteger o litoral África Austral.
contra invasões estrangeiras, aplicar a justiça, estabelecer C) O território dividido com a Alemanha e a variedade de
núcleos de povoamento, nomear funcionários, buscar novas idiomas da população; o conhecimento dos portugueses
riquezas (pedras e metais preciosos) e administrar o território.” das rotas pelo Pacífico para dominar as terras irlandesas.
D) D. João VI e a fuga da família real para o Brasil; o comércio
MARANHÃO, Ricardo. Expedição Colonizadora de Martim Afonso de Souza.
História do Brasil. Editora: Terceiro Nome.
de cana-de-açúcar e os lucros que o açúcar estava
Disponível em: http://www.historiadobrasil.net/brasil_colonial/ proporcionando ao Brasil; a expansão dos turcos otomanos
ex pedicao_martim_afonso.htm.
na península ibérica.
E) A unificação do reino da Inglaterra e as alianças com
O fragmento anterior se refere à criação das Capitanias
Portugal; o comércio de bugigangas com os indígenas; as
Hereditárias no Brasil, em 1534, durante o reinado de João III.
relações comerciais com os árabes nas Índias Ocidentais.

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História
4. (UFRR) “No Rio Branco sou vida, sou aruanã, sou canaimé,
mapinguari, yakoana, Pajé waymiri. No meu sangue o gosto
de açaí” (“Sou”, Zeca Preto).
Esses primeiros habitantes do Brasil sofreram com a chegada
dos europeus. De acordo com os registros deixados por
viajantes e missionários, a partir de meados do século XVI,
ocorreu uma dizimação da população indígena, que se agravou
nos séculos seguintes. Os fatores que mais contribuíram para
essa redução populacional indígena foram:
A) a prisão e a venda do índio para trabalhar nas minas de
prata na Serra do Salitre.
B) as doenças trazidas pelos europeus, os maus tratos e o
trabalho escravo, a que os índios foram submetidos.
C) os conflitos permanentes entre as tribos indígenas, afastou
definitivamente grupos nativos que seguiram para outros
continentes.
D) a guerra entre os grupos canibais, os ritos comandados por
pajés e xamãns e a crueldade incentivada, inclusive, pelas
mulheres mais velhas da tribo.
E) a exploração do trabalho indígena ocorreu de maneira pouco
intensa, com incentivo dos dominantes e a reprovação dos
padres jesuítas.
8.
5. (Unifor) Exaustas caravelas, desgarradas de rotas mais ou
menos surpreendentes, rondaram Rostro Hermoso e as
madrugadas do Mucuripe abriram-se indolentes às vistas
espanholas, deslumbradas pelo fulgor das tépidas correntes,
pela luz destas praias tabajaras, deitadas ao sabor das ondas
claras.
Luciano Maia
A) entre as características do período pré-colonial, destaca-se
a montagem de estabelecimentos provisórios em diferentes
lugares da costa do país, onde eram amontoadas as toras
de pau-brasil, para serem exportadas para a Europa.
B) a primeira forma de exploração econômica exercida pelos
colonizadores e a dominação cultural e religiosa difundida
pelo território brasileiro são, respectivamente, a atividade
agrícola e a submissão dos índios por meio da catequização.
C) o contato amistoso entre não-índios e índios foi preservado
pela Igreja, que sempre respeitou a cultura indígena por meio
da catequese e pelos colonos, que escravizaram somente
o africano na atividade produtiva de exportação.
D) os portugueses chegaram ao território, depois denominado
Brasil, em 1500, mas a administração da terra somente foi
organizada em 1549. Isso ocorreu porque os franceses,
aliados aos espanhóis, controlavam os diferentes povos
indígenas ao longo do litoral bem como as feitorias da costa
sulatlântica.
E) a expedição de Pedro Álvares Cabral, em 1500, expressou
a subordinação da Coroa portuguesa à Igreja Católica, já
evidenciada quando o Papa estabeleceu a partilha do Mundo
Novo, em 1494, através do tratado de Tordesilhas.
(Unesp) Analise o mapa.
Caracas
Calena
Tordesilhas (1494)
Bogotá
FRANCÊS
Quito
(1612–1615)
Belém
Manaus São Luís HOLANDÊS
(1624–1654)

Recife
Assinale a alternativa correta que corresponde à interpretação Lima Cuzco
do poema: Salvador
La Paz Instalações
A) Cabral chega ao Brasil. Portugueses Espanhóis
B) Colombo chega à América. Rio 1550
C) Vicente Pinzón chega ao litoral cearense. São
Paulo
de Janeiro 1650
1763
D) Matias Beck chega ao Ceará. FRANCÊS Jesuítas
E) Martins Soares Moreno chega ao Mucuripe, no Ceará. Santa Fé (1555–1560)
Rota
Santiago das Bandeiras
Buenos Aires Montevidéu Fronteiras
6. (ESA) No tocante às primeiras atividades econômicas Fronteiras atuais do Brasil

desenvolvidas pelos portugueses na colônia do Brasil, entre os Territórios adquiridos pelas

anos 1501 a 1530, é correto afirmar que se destacaram como
atividade (s) principal (is)
A) a exploração de ouro e pedras preciosas.
B) a escravização do indígena.
C) a extração das chamadas drogas do sertão e a criação de
gado.
D) a extração e comercialização do pau-brasil.
E) o cultivo do fumo e do café.
7. (UFRR) “Napë (homem branco) não quer preservar a natureza,
cuidar da terra. Só quer destruir, tirar riqueza da floresta,
negociar madeira pra país onde não tem. E ainda tem problema
de biopirataria e garimpeiro(...) Mataram meu povo por conta de
ouro e diamante. Querem fazer brinco de pedra pras mulheres
deles ficarem bonitas e enfeitar a casa, enfeitar loja, enfeitar
tudo...”
Davi Kopenawa Yanomami, liderança indígena internacionalmente conhecida
por lutar pelos direitos do povo Yanomami, que habita a região entre
os Estados de Roraima, Amazonas e a fronteira com a Venezuela.
negociações do Barão do Rio Branco
Marie-Françoise Durand et al. Atlas da Mundialização: compreender
o espaço mundial contemporâneo, 2009. Adaptado.
A partir do mapa, são feitas as seguintes afirmações:
I. Imensa colônia de um pequeno Estado europeu, o território
do Brasil colonial foi resultado da partilha de 1494 entre as
duas potências ibéricas;
II. O Brasil colonial não era uma construção contínua, uma vez
que as capitanias, relativamente independentes umas das
outras, mantinham um laço direto com a metrópole;
III. A localização de quatro áreas de evangelização de indígenas
pelos jesuítas estavam distribuídas na fronteira dos territórios
portugueses e espanhóis;
IV. A característica do relevo sul-americano possibilitou o
rápido avanço populacional tanto do lado Atlântico como
do Pacífico, o que evitou, na região central do continente,
vazios demográficos desde 1650.

Revista Trip, Ano 26, julho 2012, n. 212. Estão corretas as afirmações
A) I e II, apenas.
O trecho anterior pode ser utilizado para compreender a B) I, II e III, apenas.
exploração sofrida pelos povos indígenas desde o período C) III e IV, apenas.
pré-colonial até o momento presente. Sobre esse período da D) II, III e IV, apenas.
História do Brasil, é correto afirmar que: E) I, II, III e IV.

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História
9. (Enem) Quando os portugueses se instalaram no Brasil, o
país era povoado de índios. Importaram, depois, da África,
grande número de escravos. O Português, o Índio e o
Negro constituem, durante o período colonial, as três bases
da população brasileira. Mas no que se refere à cultura, a
contribuição do Português foi de longe a mais notada.
Durante muito tempo o português e o tupi viveram lado a lado
como línguas de comunicação. Era o tupi que utilizavam os
12. (Unifor) “Os tupinambás habitam defronte da citada grande
bandeirantes nas suas expedições. Em 1694, dizia o Padre
Antônio Vieira que “as famílias dos portugueses e índios em
São Paulo estão tão ligadas hoje umas com as outras, que
as mulheres e os filhos se criam mística e domesticamente,
e a língua que nas ditas famílias se fala é a dos Índios, e a
portuguesa a vão os meninos aprender à escola.”
TEYSSIER, P. História da língua portuguesa .
Lisboa: Livraria Sá da Costa, 1984. Adaptado.
A identidade de uma nação está diretamente ligada à cultura
de seu povo. O texto mostra que, no período colonial brasileiro,
o Português, o Índio e o Negro formaram a base da população
e que o patrimônio linguístico brasileiro é resultado da
A) contribuição dos índios na escolarização dos brasileiros.
B) diferença entre as línguas dos colonizadores e as dos
indígenas.
C) importância do padre Antônio Vieira para a literatura de
língua portuguesa.
D) origem das diferenças entre a língua portuguesa e as línguas
tupi.
E) interação pacífica no uso da língua portuguesa e da língua tupi.
10. (FMJ) Leia as afirmações a seguir.
I. No início do século XVI, as regiões recém-descobertas da
América, apesar de reivindicadas pelas Coroas portuguesa
e espanhola, sofreram várias tentativas de ocupação por
parte de outros países europeus;
II. No caso específico do Brasil, o Estado português definiu
rapidamente uma estratégia de ocupação do território por
meio da produção de gêneros agrícolas tropicais, evitando,
com isso, a invasão estrangeira;
III. Contando desde o início da colonização com o
estabelecimento de pessoas que ocupavam a terra com
finalidades agrícolas, a extração do pau-brasil foi sempre
uma atividade secundária na economia da colônia.
Está correto apenas o que se afirma em
A) I. B) II.
C) I e II. D) I e III.
E) II e III.
11. (UCS) Considere as seguintes afirmativas sobre a posição da
Igreja Católica em relação às escravidões indígena e africana
ocorridas no Brasil durante o período colonial.
I. A escravidão indígena era proibida pela Igreja, que defendia
a necessidade de catequizar os índios, sem escravizá-los.
Além disso, representava um negócio pouco lucrativo e
restrito à região colonial;
II. Acreditava-se que a escravidão do africano era uma forma
de purgar os pecados desses povos, que haviam tido contato
com a religião muçulmana. Além disso, era um negócio
extremamente lucrativo, envolvendo três continentes e vários
produtos;
III. Na Assembleia Geral da Conferência Nacional dos Bispos do
Brasil (CNBB), concluída em 3 de maio de 2000, em Porto
Seguro, Bahia, foi aprovada uma carta intitulada “Brasil – 500
anos: diálogo e esperança”. Em 81 parágrafos, os bispos,
entre outras coisas, pedem perdão aos índios e aos negros
pela violência imposta no passado e pelas injustiças que
perduram até hoje.
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Das afirmativas anteriores, pode-se dizer que
A) apenas I está correta.
B) apenas II está correta.
C) apenas I e II estão corretas.
D) apenas II e III estão corretas.
E) I, II e III estão corretas.
serra, bem junto ao mar; mas também além da montanha
se estende o seu território por cerca de sessenta milhas.
No Rio Paraíba, que nasce nesta serra e corre paralelo a
costa, desembocando então no mar, têm ele também terra,
que habitam, beirando uma região de vinte e oito milhas
de comprimento. São acossados por inimigos de todos os
lados. Ao norte é sua vizinha uma tribo de gentios chamados
guaiatacás, são-lhes adversos. Seus inimigos ao sul
chamam-se tupiniquins; os que habitam mais ao interior são
chamados carajás; próximos deles, na serra vivem os guaianás,
e entre ambos há ainda uma outra tribo, os maracajás, pelos
quais são muito perseguidos. Todas essas tribos guerreiam
entre si, e, quando alguém apanha um inimigo, come-o.”
STADEN, Hans. Duas viagens ao Brasil. São Paulo: Edusp,1974,p.154.
Sobre a dinâmica da ocupação do litoral brasileiro por povos
indígenas antes e depois da chegada dos europeus, analise
as assertivas a seguir.
I. Quando os portugueses chegaram ao Brasil, os tupis-guaranis
completavam a conquista do litoral frente a outros povos
indígenas. Os tupis ocupavam uma faixa litorânea que
compreendia parcelas significativas das atuais regiões
Nordeste (Ceará) até o Sudeste (São Paulo). Já os guaranis
dominavam o litoral sul, além do interior contíguo a essa faixa
litorânea, nas bacias dos Rios Paraná e Paraguai;
II. A guerra representava uma instituição fundamental entre as
sociedades tupis-guaranis. Não se formando alianças, todos
os grupos vizinhos eram potenciais inimigos, especialmente
entre as comunidades tupis. A guerra pode ser considerada
endêmica entre esses povos, como disputa constante por
áreas litorâneas privilegiadas, que apresentassem abundância
de alimentos e fontes de proteína animal. Nessa disputa,
os vencedores eram os grupos mais numerosos, coesos
e tecnologicamente avançados (uso de canoas, fabrico de
cerâmicas, desenvolvimento de técnicas agrícolas);
III. Relatos de viajantes como os do alemão Hans Staden e do
francês Jean de Lery, que viveram entre os tupinambás no
século XVI, são importantes fontes documentais acerca dos
hábitos culturais e do cotidiano deste povo indígena ligado
ao tronco tupi. Por meio de suas memórias de viagem,
é possível saber que os tupinambás praticavam uma
agricultura semi-itinerante e suas comunidades podem ser
consideradas semissedentárias, porque quando esgotavam
os recursos alimentares que podiam ser obtidos, construíam
novas habitações em um lugar não muito distante daquele
que ocupavam.
É correto apenas o que se afirma em
A) I e III.
B) I e II.
C) I, II e III.
D) II e III.
E) II.
História
13. (Mackenzie) Ao longo de toda a História, a formação de colônias
permitiu que a espécie humana pudesse se distribuir pelo
mundo. Contudo, o crescimento populacional e econômico,
verificado em algumas civilizações, determinou um novo tipo
de colonização, que passou a ter o caráter de dominação
e conquista territorial. Ao compararmos o processo de
colonização romana com o português, fazem-se as seguintes
afirmações:
I. O sucesso em superar suas lutas sociais internas possibilitou
aos romanos implantar o regime de império, implicando
uma ação conquistadora, que, graças à ação do exército,
levou à incorporação de novas regiões. Da mesma forma,
após sucessivas guerras religiosas internas, para conquistar
sua unificação, Portugal também adotou uma ação
expansionista;
II. Roma, além de conquistar territórios para o seu
desenvolvimento econômico, também procurava criar um
grande Império, aumentando sua supremacia em todo
Oriente e o Ocidente. Da mesma forma, Portugal, com o
início do processo de expansão marítima, no século XIV,
almejava criar uma grande nação ultramarina, restaurando
o antigo Império Romano;
III. O processo português de colonização correspondia ao
modelo mercantilista europeu, no qual a exploração
das colônias objetivava enriquecer a metrópole, sem a
preocupação de desenvolvê-las. No caso romano, além
da necessidade econômica, visando manter o escravismo,
almejavam criar um grande Império, possibilitando que seus
habitantes pudessem se tornar cidadãos de Roma.
Assinale a alternativa correta.
A) Somente a I está correta.
B) Somente a II está correta.
C) Somente a III está correta.
D) Somente a I e a II estão corretas.
E) Somente a II e a III estão corretas.
14. (Enem)
Texto I
Ao comparar os textos, as formas de designação dos grupos
nativos pelos europeus, durante o período analisado, são
reveladoras da
A) concepção idealizada do território, entendido como
geograficamente indiferenciado.
B) percepção corrente de uma ancestralidade comum às
populações ameríndias.
C) compreensão etnocêntrica acerca das populações dos
territórios conquistados.
D) transposição direta das categorias originadas no imaginário
medieval.
E) visão utópica configurada a partir de fantasias de riqueza.
15. (IFBA) “A conquista do Brasil pressupunha também o domínio
ideológico dos povos das regiões colonizadas pela Coroa
lusitana. Havia que provar pelo convencimento e pela força –
a superioridade do modo oficial português de ser. Era necessário
convencer as populações nativas e os recém-chegados da
inferioridade e do ‘bestialismo’ dos hábitos americanos. A opção
de europeus pela cultura material e social tupinambá causava
tensões insustentáveis na férrea camisa-de-força vivencial em
que as elites civis e religiosas ibéricas enquadravam as classes
subalternas – metropolitanas e coloniais.”
MAESTRI, Mário. Os senhores do litoral.
Conquista portuguesa e agonia tupinambá no litoral brasileiro. (século 16).
POA: Editora da Universidade/UFRGS, 1994. p. 61.
O texto e seus conhecimentos sobre as relações de dominação
entre europeus e as populações indígenas na América
Portuguesa permitem afirmar que
A) os missionários analisavam o sistema cultural indígena, seus
costumes, seu cotidiano, etc., segundo a moralidade cristã.
B) a adaptação dos europeus aos Trópicos e a assimilação de
certos costumes indígenas foi estimulada pela Coroa e pela
Igreja Católica.
C) os colonizadores, os missionários e os agentes portugueses
compreendiam os costumes indígenas de forma idealizada,
tolerante e idílica.
D) os primeiros anos de colonização do território brasileiro foram
marcados pela miscigenação e tolerância acerca do sistema
cultural tupinambá.
E) embora na colônia os europeus tenham adotado práticas
de intolerância, na metrópole possuíam postura com maior
respeito à diversidade cultural e religiosa.

Documentos do século XVI algumas vezes se referem aos Gabarito

habitantes indígenas como “os brasis”, ou “gente brasília” e,
ocasionalmente no século XVII, o termo “brasileiro” era a eles AULA 01
aplicado, mas as referências ao status econômico e jurídico 1 2 3 4 5
desses eram muito mais populares. Assim, os termos “negro
E B A B C
da terra” e “índios” eram utilizados com mais frequência do que
qualquer outro. 6 7 8 9 10
D A B E A
SCHAWARTZ, S. B. Gente da terra braziliense da nação. Pensando o Brasil:
a construção de um povo. In: MOTA, C. G. (Org.).Viagem incompleta: 11 12 13 14 15
a experiência brasileira (1500-2000). São Paulo: Senac, 2000. Adaptado.
E C C C A
Texto II

Índio é um conceito construído no processo de conquista da

América pelos europeus. Desinteressados pela diversidade
cultural, imbuídos de forte preconceito para com o outro,
o indivíduo de outras culturas, espanhóis, portugueses,
franceses e anglo-saxões terminaram por denominar da mesma
forma povos tão díspares quanto os tupinambás e os astecas.
SILVA, K. V.; SILVA, M. H. Dicionário de conceitos históricos.
São Paulo: Contexto, 2005.
Dig.: Sofia – Rev.: Rita

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