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O DESCOBRIMENTO DO BRASIL

Professor Brenno Olegário

Caríssimo(a) aluno(a) antes de iniciarmos os estudos sobre o descobrimento do Brasil é


preciso fazer algumas considerações importantes. Os elabores e examinadores,
especialmente no que diz respeito à história do Brasil, seguirão algumas “regras de
ouro” para a proposição das questões. Por regra, eles estarão extremamente
interessados nos fatos, e somente nos fatos. Então objetivaremos esse estudo naquilo
que realmente interessa: a história oficial, descrita nos documentos listados como
referência para a preparação ao certame. Outro ponto também importante é a
objetividade com a qual a banca dirige as questões, fugindo via de regra, de questões
dúbias ou com sentido questionável.

Vamos lá então? Bons estudos!

CONTEXTO INTERNACIONAL

No que diz respeito à realidade global no período em que data-se o “descobrimento” ou


“achamento” do Brasil, nos remetemos a uma Europa em profunda enfervência. O
mercantilismo estava em evidência, os portugueses lançavam-se ao mar embusca de
novas rotas para o comércio com as Indias.

Entre os Séculos XV e XVII, grandes potências europeias, como Portugal e Espanha,


lançaram-se ao mar na chamada Expansão Marítima.

A crise econômica desencadeada pela escassez de metais, a busca por novos


mercadosde consumo e, principalmente, o desejo da retomada do lucrativo comércio
com o Oriente impulsionaram esses impérios a lançarem-se ao mar em busca de rotas
alternativas até às Índias.

Portugal foi o reino pioneiro da expansão marítima, lançando seus primeiros navios ao
mar ainda no Século XV - a tomada de Ceuta, marco da expansão marítima portuguesa,
data de 1415.

Isso, porque além de sua posição geográfica privilegiada, sua formação como Estado
centralizado aconteceu de forma precoce, ainda na Idade Média. Além disso, a
burguesia portuguesa investiu nos empreendimentos da expansão marítima,
principalmente na construção dos navios. Nos remetemos aqui ao contexto das grandes
navegações.
Portugal especialmente, lançava-se em busca da espansão dos seus interesses imperiais
(imperialismo) e a maneira mais comum de reprodução desses interesses era a partir
da tomada de colônias (o colonialismo).

Outro fator que influenciou na expansão marítima portuguesa e, por isso, no


Descobrimento do Brasil, foi a crise institucional da Igreja Católica e as reformas
protestantes.

Lembre-se que a igreja precisava buscar novos fiéis, especialmente após a ruptura do
período medieval.

É também no contexto das grandes navegações que, poucos anos antes, Cristóvão
Colombo, navegando à frente de navios espanhóis, acaba descobrindo a América.

Até o final do Século XVI, tanto Portugal quanto Espanha continuaram a explorar os
oceanos e a colonizar territórios. Esse processo acabou por mudar o eixo econômicodo
mar mediterrâneo para o oceano atlântico.

O PÉRIPLO AFRICANO

A navegação portuguesa ganhou um importante impulso através do estímulo do Infante


Dom Henrique (1394-1460), que patrocinou a "escola" de Sagres, bem como inúmeras
expedições.

Em virtude do controle que os italianos exerciciam sobre o Mar Mediterrâneo, principal


rota de acesso à Ásia, os custos da navegação se elevaram significativamente. Forçou a
Portugal a buscar novas rotas. Surge nesse contexto a rota pela Costa Africana, que
mesmo demorando mais de 80 anos para ser completada, trouxe enorme vanguarda a
Portugal.
A difícil jornada pela costa africana foi feita aos poucos, visto que os portugueses não
conheciam a região. Quando se estabeleciam em um local, de forma amistosa
levantavam um forte administrativo chamado feitoria.

Eram intensas as trocas de mercadorias entre portugueses e africanos, principalmente


com especiarias e metais. No entanto, começou a surgir demanda por mão de obra
escrava e o interesse entre eles mudou radicalmente.

Construíram então o Forte de Arguim para dar suporte militar, bem como firmaram
acordo com algumas tribos. Além disso, começaram a capturar os negros, que eram
embarcados em navios negreiros. Enquanto isso a expansão continuava: Cabo Verde
(1445) e Mina (1475).

A estratégia de contornar a África para chegar às Índias sem dúvidas trouxe a Portugal
inúmeros avanços.

A CHEGADA AO BRASIL

A chegada dos portugueses se deu em 22 de abril de 1500, Pedro Álvares


Cabral aproxima-se da costa com treze caravelas na região que hoje é Porto Seguro. A
chegada dos portugueses nesse território desconhecido deu início à chamada América
Portuguesa.

Os primeiros contatos com as populações nativas aconteceram dois dias depois da


chegada dos portugueses e foram descritos como um encontro estranho e pacífico
nas cartas de Pero Vaz de Caminha.

Os nativos foram chamados de índios, assim como os nativos espanhóis, pois os


europeus acharam que tinham chegado nas Índias.

Neste contato, que foi um verdadeiro “choque de culturas”, houve estranhamento de


ambos os lados. Os portugueses estranharam muito o fato dos índios andarem nus,
enquanto os indígenas também estranharam as vestimentas, barbas e as caravelas dos
portugueses.

No dia 26 de abril, foi celebrada a primeira missa no Brasil, rezada pelo Frei Henrique de
Coimbra. Após a missa, a esquadra rumou em direção às Índias, em busca das
especiarias. Como acreditavam que a terra descoberta se tratava de uma ilha, a
nomearam de Terra de Vera Cruz (primeiro nome do Brasil).
Principal fonte histórica

A principal fonte histórica sobre o Descobrimento do Brasil é um documento redigido por


Pero Vaz de Caminha, o escrivão da esquadra de Cabral. A "Carta de Pero Vaz de Caminha" a
D. Manuel I, rei de Portugal, conta com detalhes aspectos da viagem, a chegada ao litoral
brasileiro, os índios que habitavam a região e os primeiros contatos entre os portugueses e
os nativos.

O DESINTERESSE PORTUGUÊS

Muitos alunos se perguntam o motivo da não entrada incisiva do colonizador no novo


território lusitano. Isso deve-se especialmente ao fato relacionado ao comércio
extremamente lucrativo já aplicado com os mercados da Ásia e da África. A nova terra
em questão ficaria em segundo plano. Até mesmo por esse motivo não houve uma
investida na proteção do mesmo. O Brasil se tornou então um paraíso para corsários e
contrabandistas de pau-brasil, que, por meio do escambo trocavam objetos simples pelo
trabalho dos nativos na extração da madeira tão valorizada na Europa.

A OCUPAÇÃO E RELAÇÃO ECONÔMICA PRÉ COLONIAL (ANTES DAS CAPITANIAS


HEREDITÁRIAS)

A primeira e principal atividade econômica desenvolvida no Brasil após a sua descoberta


foi a extração do pau-brasil, madeira avermelhada que servia para a fabricação de tintas
e móveis. Por não haver nenhuma preocupação em repor as árvores cortadas, o tempo
de exploração do pau-brasil foi relativamente curto.

É importante pontuar que a chegada dos portugueses não significou nem de perto uma
rápida consolidação do domínio colonial.

Na verdade, o Período Pré-Colonial foi marcado por um relativo desinteresse da coroa


portuguesa por explorar efetivamente essas terras. Isso porque, o sucesso de Vasco da
Gama ao traçar uma nova rota às Índias - e o crescente comércio de
especiarias consequentes dessa rota - era o objetivo central dos portugueses e onde
concentraram seus investimentos.

Sendo assim, nos primeiros anos desde o descobrimento, investir no comércio com as
Índias ainda era mais lucrativo que focar na exploração da América portuguesa.

A partir de 1530, após a expedição de Martin Afonso de Souza, Portugal passou a se


interessar mais pelo Brasil, visto as potencialidades de exploração. Além disso, muitos
piratas estrangeiros roubavam ilegalmente o pau-brasil, crescendo também a ameaça
de uma ocupação estrangeira definitiva. Assim, a metrópole decidiu, de fato, colonizar
o Brasil, resultando na experiência do plantio de cana-de-açúcar e do surgimento do
sistema de capitanias hereditárias.

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