Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
A pesca continua a ser uma das principais atividades económicas de Quelimane, somando a
agricultura (plantação de coqueiros, cultivo de arroz e hortaliça). Dada a sua situação
topográfica e hidrográfica, assim como a expansão da população em áreas de risco, as
inundações são propícias na cidade.
O que se conhece sobre Quelimane é-nos transmitido por via da tradição oral e de algumas
obras escritas, sendo datada de 1154 a primeira notícia, através de um cronista árabe de nome
El Edrisi, no relato perante a corte italiana, referindo-se a “Dendema”, um burgo situado na
área da cidade, supostamente antepassado do Quelimane presente: Diz a tradição que Vasco
da Gama, ao chegar à terra de Quelimane, entre 22 e 25 de Janeiro de 1498, entrou no estuário
do rio Qua-Qua, que baptizou como rio dos Bons Sinais; ao desembarcar, implantou, na praia
de Palane, que na altura denominou de S. Rafael, um pesado padrão de pedra com as armas
reais de Portugal e a cruz lá talhadas.
Quelimane integrava, no século XV, a rede comercial muçulmana dominada por Quíloa, que
se estendia por vários pontos da costa oriental africana. A sua fundação relacionou-se com o
alargamento dos centros de exploração aurífera para o norte do planalto Karanga,
acompanhando a expansão do Estado de Monomotapa.
A presença continuada dos portugueses está registada desde 1544. Nos primeiros anos de
seiscentos, aumentaram o controlo da região, após a cedência das minas do Monomotapa,
pelo Tratado de 1607, com a colonização do Vale do Zambeze.
Cerca de 1634 notava-se uma dúzia de casas ao longo do rio, e no final da centúria elas eram
14 ou 15. Os edifícios cobertos de colmo e raramente de telha eram fabricados mormente em
taipa e as habitações eram rodeadas de hortas e cercadas por fortes paliçadas. Em volta,
distribuíram-se vastos palmares e pomares e as casas dos escravos. Na povoação, existia uma
igreja, a de Nossa Senhora do Livramento, paroquiada pelos jesuítas, o hospício dos
dominicanos e a casa dos padres da companhia de Jesus. No espaço urbano, destacava-se o
Chuambo, um forte de madeira, sem guarnição militar, que abrigava os moradores das
investidas dos chefes africanos. A pressão dos povos maraves, que, vindos do norte,
acometeram nessa altura a região, contribuiu para que os macuas procurassem a protecção do
forte português. Desenvolvendo uma identidade distinta, os macuas do litoral tornaram-se
conhecidos por chuabos (gente do forte).
De uma povoação com cerca de 30 moradores, dos quais apenas 2 portugueses, em 1737,
Quelimane passa à categoria de Vila na sequência de ordens régias de 29 de Maio de 1761,
começando a gozar desse estatuto apenas em 6 de Julho de 1763. É instituída a câmara
municipal, conservando o nome de S. Martinho de Quelimane.
A igreja de Nossa Senhora do Livramento foi mandada reconstruir pelo governador e capitão–
mor general Baltazar Pereira do Lago em 1776, mas só foi concluída em 1786, por António de
Melo e Castro.
No decurso dos anos oitocentos, a vila passa a capitania e capital do Distrito do mesmo nome,
época em que já se exportava pelo seu porto, para além de escravos, ouro e marfim, dando-se
início à criação das companhias majestáticas e outras de grande dimensão que se dedicam à
exploração da copra, em regime de grandes plantações, substituindo os anteriores prazos.
Índico. Em 1878, Quelimane assiste ao surgimento das primeiras revoltas camponesas, tendo
tomado parte activa na sua repressão o prazeiro Mariano Henriques de Nazareth e sendo, na
altura, presidente da Câmara Municipal de Quelimane o prazeiro José Bernardo de
Albuquerque. Os sobreviventes foram acantonados em frente à Central Eléctrica de
Quelimane. Quelimane foi desde sempre um centro cultural e literário, tendo editado o
“Clamor Africano”, um dos três jornais periódicos, de combate à exploração colonial,
fundado entre 1886/1894 pelo jornalista angolano Alfredo Aguiar, chegado a Moçambique
em 1879. Há referências de circularem em Quelimane e Tete selos próprios entre 1893 e 1913
e, apenas em Quelimane, entre 1913 e 1920. De 1904 a 1922 saíram do porto de Quelimane
trabalhadores recrutados para S. Tomé e Príncipe e para o Transval, registando-se, até 1907, a
saída de 8141 trabalhadores. Nesse período, Quelimane acolheu a visita do Príncipe herdeiro
do trono de Portugal, D. Luís Filipe que, no ano seguinte, viria a ser assassinado juntamente
com o seu pai, o Rei D. Carlos. Em 1922 entra em funcionamento a linha férrea Quelimane-
Mocuba e, no âmbito associativo, várias organizações socioeconómicas vêm os seus estatutos
aprovados: o Clube de Quelimane e a Associação do Fomento do Distrito de Quelimane
(1924); o Grémio Francisco Luís Gomes (1932); o Sporting Clube de Quelimane e o Grupo
Desportivo Zambeziano (1936); a Associação Hindu e o Aeroclube da Zambézia (1937); o
Sport Lisboa e Benfica (1954) tendo, nessa data, o Sporting Clube de Quelimane sido