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História da Ilha de Moçambique

A ilha de Moçambique foi uma importante escala de navegação da carreira da Índia:


mapa do percurso seguido pelas naus na ida (vermelho) e rota de regresso (verde)
Quando Vasco da Gama chegou, em 1498, a Ilha de Moçambique tornara-se uma
povoação suaíli de árabes e negros com seu xeque, subordinado ao sultão de Zanzibar e
continuava a ser frequentada por árabes que prosseguiam o seu comércio de séculos
com o Mar Vermelho, a Pérsia, a Índia e as ilhas do Índico.
A ilha de Moçambique ganhou uma importância estratégica como escala de navegação
da carreira da Índia que ligava Lisboa a Goa, tornando-se um dos pontos de encontro
das embarcações eventualmente desgarradas na viagem de ida, assim como porto de
ancoragem das que eventualmente se atrasassem e perdessem a monção. Onde na Ilha é
hoje o Palácio dos Capitães-Generais, fizeram os portugueses a Torre de São Gabriel no
ano de 1507, data em que ocuparam a Ilha, construindo a pequena fortificação que tinha
15 homens a proteger a feitoria nela instalada.
A Capela de Nossa Senhora do Baluarte, construída em 1522 na extremidade norte da
ilha, a mais próxima da Ilha de Goa, é o único exemplar de arquitectura manuelina em
Moçambique.
Em 1558 principiou a construção da Fortaleza de São Sebastião - totalmente com pedras
que constituíam o balastro dos navios, algumas das quais ainda se vêem na praia
próxima - que só terminou em 1620 e é a maior da África Austral. Esta fortaleza era
muito importante, porque a Ilha tinha-se tornado o entreposto da permuta de panos
e missangas da Índia por ouro, escravos, marfim e pau-preto de África, e era da Ilha que
partiam todas as viagens comerciais para Quelimane, Sofala, Inhambane e Lourenço
Marques. Por este motivo, os árabes não queriam perder os privilégios comerciais que
tinham adquirido ao longo dos séculos.

Para além dos portugueses outros concorrentes europeus apareceram na corrida pelo


controlo das rotas comerciais. Os franceses conseguiram assumir o papel de
intermediários do negócio da escravatura para as ilhas do Índico;
os ingleses começavam a controlar as rotas de navegação nesta região; e
os holandeses tentaram a ocupação da Ilha em 1607-1608 e, não o conseguindo,
devastaram-na pelo fogo.
A reconstrução da vila foi difícil, uma vez que o governo colonial não existia senão para
cobrar impostos e estava muito mais interessado nas terras de Sofala. Entretanto
na Zambézia tinham-se institucionalizado os Prazos da Coroa, e o desenvolvimento do
comércio do ouro naquela região leva a que a Ilha perca a sua primazia. Então, os
cristãos decidiram fundar na Ilha uma Santa Casa da Misericórdia que funcionaria
como Câmara Municipal, para a defesa dos cidadãos e da terra, até 19 de
Janeiro de 1763, ano em que a povoação passou a vila. Esta viragem resultou da decisão
do governo colonial em separar a colónia africana do Estado da Índia e criar
uma Capitania Geral do Estado de Moçambique baseada na Ilha, a 19 de Abril de 1752.
A vila voltou a prosperar e a 17 de Novembro de 1818 é elevada a cidade.
A exportação de escravos era o principal comércio da Ilha, tal como do Ibo, mas
a Independência do Brasil em 1822, que era o principal destino deste comércio, causou
o seu colapso económico. O golpe final foi a passagem da capital da colónia
para Lourenço Marques, em 1898. Depois da abertura do porto de Nacala, em 1970, a
ilha perdeu o que restava da sua importância estratégica e comercial.

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