Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
A administração de Moçambique e de Goa permaneceu unificada até 1752. A separação destas duas
regiões administradas por Portugal se deu, principalmente, porque comerciantes estabelecidos em Goa
passaram a fazer uso para autobenefício, da relação entre estas duas terras, associando-se, inclusive, a
comerciantes indianos, o que gerou desconforto para a Coroa que exigia monopólio comercial em seus
domínios.
Destes, a maioria parte da riqueza comercial era canalizada para GOA – ÍNDIA, onde uma elite comercial
se estabelecera luxuosamente em GOA, DIU, etc, e o que chegava a Lisboa era em pequena escala.
Era através de Goa que a coroa portuguesa administrava Moçambique. O capitão-geral de Moçambique
estava subordinado ao vice-rei de Goa. No séc. XVII, a Índia tornou-se verdadeiramente “metrópole”
mercantil de Moçambique no que diz respeito à acumulação do capital quando os primeiros indianos
começaram a chegar à Ilha de Moçambique.
Em 1686, o vice-rei de Portugal formou em Diu uma Companhia chamada Companhia dos Mazanes,
composta por ricos armadores e mercadores indianos, a qual obteve o monopólio do comércio entre
DIU-ÍNDIA e MOÇAMBIQUE, bem como extensos privilégios comerciais em termos de fretes, apoio
logístico, ajuda oficial portuguesa, etc.
O principal objectivo (papel) da criação da Companhia é de controlo do comércio do ouro (séc. XVI-XVII)
e mais tarde de marfim e escravos.
A formação desta companhia foi programada em Goa e não em Lisboa pelo interesse da nobreza
portuguesa na Índia e não da estabelecida em Portugal. Esse facto reflectiu contradições dentro da
própria classe dirigente portuguesa (pele obtenção do maior bocado da mina colonial mercantil),
culminando com a separação de Moçambique de Goa em 19 de Abril de 1752, altura em que o nosso
país passou a ter um estatuto próprio de subordinação à Lisboa, onde D. Francisco de Melo e Castro foi
nomeado Governador-General.
As modalidades de comércio
O comércio de marfim envolvendo os Makua e os mercadores estrangeiros fazia-se de duas formas que
por vezes se complementavam:
Tráfico regularcom os makua e os reinos vizinhos, e por vezes com mercadores yao do lago Niassa, que
levavam marfim, tabaco e azagaias para trocar nos armazéns dos portugueses, por tecidos e missangas;
Envio ao sertão,dospatamares (mercadores africanos). Este sistema era usado, em geram pelos
mercadores indianos.
A MAKUANA
Refere se região do Hinterland da Ilha de Moçambique, abrangia uma grande extensão de terras cujos
limites não eram muito precisos. Estendia-se aparentemente, do sul do paralelo da Ilha de Moçambique
até ao paralelo de Cabo Delgado, apanhando a costa de Zanzibar. A norte era limitado pelo Memba e a
sul pelo Angoxe. A Makuana surge na sequência da queda do comércio de marfim no Estado Marave ou
bloqueio da rota comercial Chire-Mussoril dominado pelos Marave.
Na Makuana existiam três territórios: Utikulo, Cambira e Uocela/Uanela que faziam parte de reinos sem
configuração estatal e cujos chefes se chamavam Morimuno, Mauruça, Mocutumuno, Movumuno e
Inhamacoma. Foram provavelmente povos de origem Phiri-Lundu os chefes que no que no séc XVI
conseguiram unificar os clãs macua da região de Uticulo, ligados ao movimento “Zimba” e envolvidos
nas numerosas guerras na macuana.
O grosso comércio era feito no hinterland fronteiro da Ilha de Moçambique (Mossuril) e nas duas
cabeceiras (grande e pequena). Havia duas modalidades de comércio: uma consistia em traficar
regularmente com Macuas de reinos vizinhos e outra sazonalmente com mercadores Ajauas, que vindo
do lago Niassa traziam essencialmente marfim em menor escala, tabaco, azagaias, etc, trocando com
portugueses por tecidos e missangas da Índia.
Esse comércio era feito em pequenos armazéns, geralmente por portugueses, que trocavam o marfim
por tecidos vindos da Índia e por missangas. O comércio na macuana era feito pelos mercadores
africanos chamados Patamares, isto é, os portugueses fixaram-se na zona costeira e os chefes africanos
(Patamares) entravam no Hinterland (interior) buscavam marfim e trocavam com os mercadores
portugueses.
Os reinos mais poderosos eram os de Mouruça e Morimuno que durante a década de 1720 envolveram-
se em conflitos com os portugueses devido à passagem dos Ajauas dos seus territórios. Mas apesar
dessas hostilidades que predominavam até 1749 as relações entre os chefes macuas e os portugueses
foram pacíficas até 1753.
A interferência constante de Morimuno no trânsito das caravanas Ajaua, que traziam marfim do interior
levou ao Governador-Geral português (Melo e Castro a atacar, em 1753, o reino Morimuno com 100
soldados regulares e 600 a 1000 auxiliares fornecidos pelo Xeique de Sancul e de Quitangonha,
incendiando as povoações abandonadas. De 1756 a 1758, Morimuno junto com Mouruça voltou a
bloquear o trânsito das caravanas Ajauas.
Por causa do marfim, os reinos envolviam-se em frequentes guerras. Cada rei tinha por costume receber
em sua casa o “comissario” encarregado de comprar marfim. E em relação ao controlo do comércio de
marfim pelos reis da Baía de Maputo podem destacar-se duas fases antes de 1800:
Primeira Fase 1550-1750: em que se estabeleceu um comércio português muito regular e de fraco
volume entre a Baia e a Ilha de Moçambique, que consistia na troca de tecidos indianos por marfim,
pontas de rinoceronte e dentes de cavalo-marinho. As trocas faziam-se em vários pontos da Ilha de
Inhaca e Xefina e nas praias de Tembe e Matola.
Segunda Fase 1750-1800: muitos navios holandeses e ingleses chegavam regularmente à baía,
incrementando a actividade comercial com a Europa e com a Índia. O marfim continuava a ser o
principal produto de exportação e em troca, recebiam missangas, lingotes de latão e de cobre.
Incrementou-se igualmente o comércio por barcos e canoas nos rios Maputo e Incomáti onde os
comerciantes garantiam o acesso com armas de fogo.
Foi durante esse processo que o rei Mabudu (Maputo) conseguiu a sua hegemonia comercial sobre a
Baía de Maputo, a área dos Nguni e o reino Nhaca. A dominação dos reinos Mabudu, Nuamba e Cossa
durou até ao ascenso dos grandes Estados Nguni-Zulo, Swazi e Gaza no período de 1820/40 passando a
estar subordinados a estes últimos.