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Referencias Bibliográficas

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Russell-Wood, A. J.R. The Portuguese Empire, 1415-1808. JHUP, 1998.

Pág. Citação Reflexão

Historial Macau situa-se numa


península no estuário delta do
A EXTRAÇÃO do sal foi um dos principais factores que
Rio Pérola no sudeste da
determinaram o povoamento do Rio Grande do Norte.
China e foi uma colónia
Documentos do início do século XVII ressaltam as riquezas de
portuguesa desde 1557 até
suas salinas e a excelência do sal ali existente. Entre essas salinas
1999. Macau era um centro
encontravam-se as que viriam pertencer ao Município de Macau.
comercial importante
Entretanto, foi a partir de 1889, com o regime republicano, que a do Império Português e com o
indústria do sal do nordeste tomou certo impulso, sobretudo no seu acesso único ao mercado
Rio Grande do Norte, onde, em alguns Municípios, entre os quais chinês, foi capaz de fornecer
se incluía Macau, as condições do terreno e dos ventos se aos chineses prata, pimenta e
apresentam extraordinariamente favoráveis. Com a concessão feita sândalo.
a Antônio Coelho Ribeiro Roma, em 26 de outubro de 1889, para
Crucialmente, os
instalar máquinas de exploração e purificação do sal em terrenos
comerciantes de Macau
devolutos do Rio Grande do Norte, houve uma considerável tiveram acesso às principais
valorização da região salineira do Estado, cujas riquezas salíferas feiras de seda chinesas e
passaram a despertar maior interesse entre os homens de negócios. assim levaram consigo seda e
outros bens com elevada
O povoamento de Macau foi iniciado na ilha de Manuel
procura na Ásia e na Europa,
Gonçalves, que em 1825 começou a ser invadida e obstruída pelas
como porcelana Ming,
águas do Atlântico. A ilha era, nesse tempo, habitada por
almíscar e ouro. A colónia
portugueses, dedicados à exploração e ao comércio do sal. Em
estava no seu auge em
1829, tornando-se impossível a permanência desses habitantes na
meados do século XVI a
ilha, decidiram eles transferir-se para outro local, escolhendo então
meados do século XVII, após
a ilha de Macau, na foz do rio Açu.
o qual enfrentou forte
Os fundadores do povoado de Macau foram os portugueses concorrência de outros
Capitão Martins Ferreira. Quatro genros destes – José Joaquim comerciantes europeus,
Fernandes, Manuel José Fernandes, Manuel Antônio Fernandes e principalmente holandeses e
Antônio Joaquim de Sousa – e ainda João Garcia Valadão e o britânicos. Tal como a vizinha
brasileiro João da Horta. Hong Kong, Macau foi

Macau é uma corruptela da palavra chinesa Ama-ngao, que devolvida aos chineses em
significa abrigo ou porto de Ama, deusa dos navegantes. 1999 e tornou-se uma região
administrativa especial da
Macau tornou-se Município pela Lei n.º 158, de 2 de outubro de
República Popular da China.
1847. A Comarca foi criada pela Resolução n.º 644, de 14 de
dezembro de 1871. A lei n.º 761, de 9 de outubro de 1875,
concedeu à sede do Município foros de cidade.

Segundo o quadro administrativo do País, vigente a 1.° de janeiro


de 1958, o Município é constituído de um único distrito, o da sede.

O Império Português

Desde 1497-9, quando Vasco da Gama (1469-1524) contornava o


Cabo da Boa Esperança e mostrava as possibilidades de uma rota
marítima entre a Europa e a Ásia, os portugueses estavam
ocupados a construir um império. A Cochim Portuguesa foi
fundada em 1503 e a Goa Portuguesa foi fundada em 1510.
Malaca na Malásia foi tomada em 1511. Os portugueses
navegaram incansavelmente para o leste e em 1517 uma frota
partiu de Malaca para chegar à cidade chinesa de Guangzhou, mais
familiar aos europeus pelo nome que os portugueses lhe deram:
Cantão. Esta incursão nos assuntos chineses teve um início
desfavorável quando dois dos navios portugueses foram afundados
e os enviados foram executados. Os chineses, então governados
pela isolacionista Dinastia Ming (1368 a 1644), consideravam
estes estranhos visitantes canibais e desconfiavam muito de deixá-
los entrar na sua rede comercial do leste asiático. Os chineses
também não ficaram impressionados com os portugueses a
disparar canhões, a construir um forte sem permissão e a cometer
inúmeros outros erros diplomáticos.

Estabelecimento de Macau
Quaisquer que sejam os
Os portugueses não se intimidaram e acabaram por negociar um eventos precisos que levaram
acordo com os chineses. Precisamente como isso foi feito não é ao seu estabelecimento, ao
consensual entre os estudiosos, uma vez que existem várias contrário de outras colónias
versões dos eventos. Entre 1555 e 1557, de acordo com uma portuguesas, a fundação da
versão, navios portugueses armados com canhões livraram a colónia de Macau foi em
região de piratas problemáticos e, em agradecimento, as grande parte graças a
autoridades chinesas deram aos portugueses o direito de comerciantes e missionários e
estabelecer um centro comercial no continente. Esta área era não a frotas patrocinadas
Macau, localizada na península do delta do Rio Pérola, a cerca de diretamente pela Coroa. É por
100 quilómetros (62 milhas) de Cantão, no continente chinês. causa deste último facto que
Hong Kong está localizada do outro lado do mesmo estuário. Macau não se tornou uma
colónia oficial portuguesa até
Uma visão alternativa dos eventos é que o governo chinês estava
o início do século XVII.
ansioso para negociar com comerciantes que tinham acesso aos
bens da África Oriental e da Índia. Consequentemente, os
portugueses foram convidados a estabelecer uma colónia na
península de Macau desde que não construíssem quaisquer
fortificações. Por outro lado, ao investir numa colónia permanente,
os portugueses poderiam ter acesso a bens locais e fornecer aos
seus navios comerciais um porto útil que poderia ser usado como
um trampolim para navegar para o norte até o Japão ou para o sul
até a Indonésia. Um comerciante português chamado Lionel de
Sousa é frequentemente creditado por obter permissão de oficiais
cantoneses para estabelecer o primeiro posto comercial privado em
Macau. Fundamentalmente, vários dos primeiros comerciantes
europeus foram autorizados a passar várias semanas seguidas em
Cantão para participar nas suas famosas feiras de seda, realizadas
todos os meses de janeiro e junho.

A partir do grupo inicial de comerciantes com ideias semelhantes,


desenvolveu-se uma comunidade autónoma de chefes de família
ou moradores. As autoridades chinesas deixaram em grande parte
esta comunidade florescente ao domínio português, desde que os
europeus não causassem qualquer perturbação nos assuntos
internos ou no comércio chinês. Em troca, os chineses ganharam
acesso fácil a mercadorias altamente desejáveis como pimenta da
Índia, prata das Américas e do Japão e sândalo da Indonésia.

O porto de Macau era pequeno - cobria 5 km² (1,9 mil mihas ²),
mas em expansão, e acabou por se tornar o mais populoso e bem
sucedido de todos os portos portugueses na Ásia Oriental. Em
1601, Macau tinha cerca de 600 homens portugueses - mercadores,
soldados e marinheiros, muitos dos quais estariam em trânsito. Em
1669 havia mais de 300 homens casados que eram colonos
portugueses permanentes. Muitos desses colonos vieram de outras
colónias, especialmente da Índia.

Os colonos estavam sujeitos a um governador que tinha autoridade


sobre assuntos militares. O poder político estava nas mãos da
Câmara Municipal, uma instituição que recebeu a carta de
privilégios do Vice-Rei das Índias em Goa em 1586. Em 1623 foi
nomeado o primeiro capitão permanente da colónia de Macau,
representante oficial do rei português. Relembrando a história da
colónia como povoação de mercadores, a Câmara tinha o controlo
total das finanças de Macau e era independente nesta área dos
funcionários da Coroa Portuguesa. Outra fonte de poder da câmara
era a situação diplomática com representantes do imperador chinês
que se ocuparia apenas dela e não do governador ou de qualquer
outro funcionário nomeado.

Um bispo foi nomeado líder espiritual da comunidade. Em 1568,


Dom Belchior Carneiro estabeleceu um hospital em Macau e uma
Santa Casa da Misericórdia foi criada para ajudar os pobres, e
realizar trabalhos de caridade. Havia um colégio jesuíta, catedral,
mosteiro e pelo menos dois conventos, que ofereciam educação a
órfãos, bem como cuidados a mulheres desfavorecidas.

Nos séculos XVII e XVIII, Macau serviu de base para


missionários católicos na Ásia Oriental - especialmente a ordem
jesuíta - mesmo que as autoridades chinesas tenham feito várias
tentativas para limitar a conversão do povo chinês
ao cristianismo dentro da colónia.

Comércio

À medida que o império de Portugal crescia, crescia também a sua


rede comercial. Na Ásia, especiarias e outros bens eram trocados
por ouro, prata, tecidos finos e arroz. Navios portugueses
licenciados pela Coroa transferiam as suas mercadorias de Lisboa,
Goa e Cochim para Macau. Para além deste comércio
intercontinental, a sua presença em Macau permitiu aos
portugueses participar no lucrativo comércio do Sudeste Asiático
que se realizava entre a China, o Japão, a Malásia e a Indonésia.

Uma presença comercial portuguesa permanente foi estabelecida


em Nagasaki, no Japão, e todos os anos, de 1555 a 1618, um único
cargueiro grande, o "Grande Navio", navegava de Macau para o
Japão (vindo de Goa). De 1619 a 1639 este único navio foi
substituído por uma frota de navios menores. Os grandes
cargueiros que faziam a rota entre Macau e Nagasaki tinham
pilotos chineses, mas estavam carregados de mercadorias e
comerciantes portugueses que aparecem nas telas japonesas da
época.

Navios comerciais navegavam regularmente das Ilhas das


Especiarias (Molucas) na Indonésia para Macau, de Goa para
Macau e de Macau para a Indonésia, Sião e Timor. Macau criou
laços comerciais fortes com Manila nas Filipinas, um comércio
que atingiu o seu auge no século XVIII. Desta forma, mercadorias
valiosas cruzaram os oceanos como seda crua e tecidos de seda (da
China), noz-moscada e cravo (Ilhas das Especiarias), sândalo
(Timor), laca (Pegu/Bago em Myanmar), prata, telas pintadas,
quimonos e espadas (Japão), tecido de algodão, pimenta e marfim
(Índia), canela (Ceilão) e diamantes (Bornéu). Macau detinha
quase todo o monopólio de alguns bens como a pimenta para o
mercado chinês e o transporte de sândalo de Timor. Na outra
direção, Macau enviou para Goa e Lisboa mercadorias como
porcelana Ming, madrepérola, pérolas, almíscar, ouro, chá e várias
raízes e ervas da China que eram consideradas medicamentos
úteis.

Resumo
Os mercadores de Macau saíram-se muito bem no comércio. Tal como noutras colónias, os cidadãos
nascidos na Europa formavam a aristocracia de Macau, e abaixo destes estavam os europeus nascidos no
império, e abaixo destes estavam os mestiços. Muitos da elite europeia de Macau viviam em grandes casas
mobiladas com os melhores móveis e peças de arte disponíveis na Ásia. Escravos, tanto africanos quanto
chineses, serviam nessas casas.

Macau continuou a prosperar como porto comercial, mesmo que os seus dias de glória fossem agora
apenas uma memória distante. A colónia tinha uma população de cerca de 30.000 habitantes em meados
do século XVIII, sendo a maioria chinesa, mas com um número significativo e cosmopolita de europeus e
asiáticos orientais.

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