Você está na página 1de 15

Macau – uma síntese histórica

(século XVI e XVII)

Leonor Diaz de Seabra, PhD


Universidade de Macau
Século XVI:
•  - 1ª viagem à China – Jorge Álvares, em 1513/4.
•  - 2ª viagem à China – Rafael Perestrelo, em 1515.
•  - Em 1517, Tomé Pires foi enviado à China para concluir um
acordo. A frota, comandada por Fernão Peres de Andrade,
chegou a Cantão e lá deixou o embaixador com a sua
comitiva, regressando a Malaca em 1518.
•  Em 1521 – Simão Peres de Andrade vai à China, para ir buscar
Tomé Pires e sua comitiva (que se pensava já ter sido recebido
pelo Imperador chinês, o que, afinal, não acontecera). Aquele
cometeu tais desmandos que só fez piorar a situação deste
último (Tomé Pires) e fez com que os Portugueses caissem no
desagrado das autoridades chinesas.
•  Em 1522 – chegou ao Rio das Pérolas outro enviado
português, Martim Afonso de Melo Coutinho, que foi muito
mal recebido pelos Chineses.
• - Em 1540 – os Portugueses, auxiliados por traficantes
chineses, estabelecem-se em Liampó (1º “entreposto”
europeu na China).
• Em 1543 – chegada dos Portugueses ao Japão (provavel-
mente, um barco desviado por uma tempestado, quando ia a
caminho de Liampó/Ningpo).
• - Em 1549 - destruição de Liampó, pelas autoridades
chinesas; os Portugueses estabelecem-se novamente no Rio
das Pérolas, na ilha de Sanchoão.
• Em 1549/1551 – Francisco Xavier está no Japão (missionação).
• - Em 1551 – S. Francisco Xavier partiu para a China, mas não
passa de Sanchoão, onde morreu em 1552.
• Em 1553 – Portugueses abandonam Sanchoão e fixam-se em
Lampacau (Lang-Pai-Kao), pequeno porto de abrigo.
• - Os Portugueses descobriram outro bom
ancoradouro, com dois portos naturais:
MACAU (1554?).
• - Em 1555 – Fernão Mendes Pinto foi o 1º a
escrever uma carta do novo ancoradouro
(MACAU).
• - Em 1557 – Portugueses deixam as
construções precárias (cabanas) e passaram a
construir edifícios de carácter permanente,
em Macau.
• - Em 1575 – o Papa Gregório XIII erigiu o Bispado português de
Macau, com jurisdição em toda a China, Japão, Coreia e ilhas
adjacentes, sendo Biospo-Governador D. Melchior Carneiro Leitão,
da Companhia de Jesus (que fundou a Santa casa da Misericórdia e
dois Hospitais: o de S. Rafael, onde foi ministrada a 1ª vacina no
Oriente; e o de S. Lázaro, para tratamento dos leprosos).
•  - Em 1578 – Cantão instituíu feiras bianuais, em que os Portugueses
podiam participar (em troca, eram cobrados impostos e
gratificações pelas autoridades chinesas).
• - Em 1570 – cobrança do foro do chão pelas autoridades chinesas,
ou seja, arrendamento do próprio chão ocupado pelos Portugueses
(a cidade).
• Em 1573 – surgiu a muralha do istmo (da península), com porta,
primeiro a abrir-se apenas uma vez por semana, depois a abrir-se
diariamente de manhã e a fechar-se à noite (ficando, assim, vedada
a entrada): Porta do limite ou cerco (Portas do Cerco).
• Macau – sede da Companhia de Jesus (Jesuítas),
desde 1563 (a construção da residência dos Jesuítas
– Casa dos Jesuítas - iniciou-se em 1565; em 1594,
passou a denominar-se Colégio de S.Paulo).
• - MACAU: impostos e comércio davam lucros para a
China; os Portugueses passaram a ser os grandes
transportadores do comércio do Oriente e os únicos
e incontestados detentores do fabuloso comércio
com o Japão, porque os Japoneses estavam poibidos
de comerciar com a China, mas esta precisava da
prata do Japão e aqueles da seda chinesa.
• Os Mercadores independentes de Macau, que negociavam com
a China e o Japão, formavam um grupo à parte.
• Estes homens que iniciaram a sua actividade dedicando-se ao
comércio ilegal, foram, a pouco e pouco, legitimando-a; de
forma persistente e determinada foram quebrando a oposição
do governo chinês, estabelecendo-se em várias localidades da
costa (chinesa).
• Estes mercadores, agindo embora com o conhecimento do Vice-
Rei de Goa ou do Capitão-mor de Malaca, tudo fizeram por sua
iniciativa e sem dispor de instruções específicas.
• A administração do entreposto comercial (Macau) começou com
um conselho formado pelos principais comerciantes da cidade: o
Senado (1583).
• Nos séculos subsequentes, os conflitos entre o Senado e os
funcionários nomeados por Goa, tornaram-se frequentes (1623
= 1.º governador nomeado por Goa).
Planta de Macau desenhada por Barreto de Resende para uma das vias originais do Livro das Fortalezas da Índia Oriental do cronista António Bocarro (ms.
Goa, 1635)
A crise do Século XVII
• O século XVI foi o século de Expansão Marítima
Portuguesa e fixação no Oceano Índico e
Pacífico, formando-se o chamado Império
Português do Oriente.
• Isto incluia Macau, que atingiria a sua época
áurea com o comércio da China e do Japão, em
que os Portugueses de Macau desempenharam
uma função de intermediários, trocando a seda
chinesa por prata do Japão (que ia para a China).
• O século XVII, ao contrário, foi um século de
crise para Macau, com sucessivos ataques dos
Holandeses à Cidade, que começaram em
1601, culminando com o grande ataque de
1622, em que os Holandeses foram
definitivamente derrotados.
• Os Holandeses, ao quererem capturar Macau,
Malaca e Nagasaki, desejavam interceptar o
altamente rentável comércio da prata
• Com o final do comércio do Japão, em 1639, e a
ascensão do poder comercial e naval dos
Holandeses nos mares orientais, os comerciantes
independentes de Macau tiveram de se virar para
outras rotas comerciais, desenvolvendo o
comércio com outros portos do Sudeste Asiático.
• Em 1640, deu-se a restauração da independência
de Portugal, subindo ao poder o rei D. João IV, da
Casa de Bragança, o que se reflectiu em Macau,
pois os Espanhóis foram expulsos da cidade,
pondo fim ao comércio de Macau com as Filipinas.
Macau no seculo XVII (depois de 1638)
(Margem do porto interior, vista da Lapa – Fac-simile)
• Em 1641, deu-se a conquista de Malaca pelos Holandeses, com
as consequentes dificuldades económicas para Macau, que
perdeu o local onde se centralizava o comércio de especiarias.
• Em 1660, os Holandeses tomaram Macassar, obrigando inúmeras
famílias daquela zona a refugiarem-se em Macau, outras foram
para Timor e para o Sião.
• Em 1661, as autoridades da dinastia Qing deram ordens ás
populações costeiras para se retirarem para o interior, devido
aos ataques de Coxinga (Zheng Chenggong), partidário dos Ming,
que se fixara na Formosa (Taiwan), donde expulsara os
Holandeses.
• Ora, se este decreto fosse cumprido, a Cidade (Macau)
desapareceria e deixava de se justificar a presença portuguesa
no Sul da China, pelo que os comerciantes independentes de
Macau iniciaram uma luta pela sobrevivência, recorrendo ao
suborno, contrabando, diplomacia, etc.
• Para o efeito, foi enviada, pelo rei de Portugal, D. Afonso VI,
uma embaixada à China, sendo embaixador Manuel de
Saldanha.
• Entre 1684, as autoridades chinesas estabeleceram uma
alfândega (Hopu), em Macau, responsável pela tarefa de cobrar
taxas sobre o comércio estrangeiro, vigilância sobre os navios
que entrassem ou saíssem do porto, assim como o controle do
contrabando.
• Em 1685, o Imperador K`ang Hsi publicou um decreto imperial
que determinava a abertura do porto de Cantão ao comércio
estrangeiro, pelo menos uma vez por ano, durante a feira anual.
• Macau perdeu, assim, o papel de entreposto comercial
exclusivo e os Portugueses deixaram de ser os únicos
intermediários no comércio da China.
• Apesar das grandes rotas estarem perdidas para Macau, a
actividade mercantil dos comerciantes locias convinha às
autoridades chinesas, pois conseguiam uma boa fonte de
rendimentos, com as medições - as taxas alfandegárias - que
aplicavam aos navios, assim como a cobrança de impostos, o
que lhes permitia exercer um controle bastante apertado sobre
a Cidade e os seus moradores.
• Os comerciantes sediados em Macau, contudo, estavam ainda
em posição – o que continuaria a verificar-se durante os séculos
XVIII e XIX - de fornecer os poderes asiáticos com canhões,
espingardas e munições.
• Isso ter-lhes-á concedido, muitas vezes, a primazia entre os
outros concorrentes, mesmo os Chineses, que cruzavam as
mesmas rotas asiáticas, comerciando, basicamente, o mesmo
tipo de produtos.

Você também pode gostar