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DE
ARAUCÁRIA
CIDADANIA
ESPAÇO
ESPAÇO MEMÓRIA
CULTURA
Pixabay
ARAUCÁRIA,
TERRA DOS
MIGRANTES
Mulher Japonesa alimentando aves numa granja da Fazendinha. Foto da décade de 1960.
Coleção Toshio Tanaka. Acervo do Arquivo Histórico Archelau de Almeida Torres.
Procuravam viver em comunidades
como no caso da Fazendinha em
Araucária, onde até hoje vivem
famílias de japoneses e
descendentes de japoneses
dedicadas à produção de
hortifrutigranjeiros. Plantações de
Membros da Família Tanaka batatas, tomates, pêssegos e
trabalhando na seleção de granjas de aves, organizadas de
tomates. Foto de 1959. Coleção acordo com a propalada eficiência
Toshio Tanaka. Acervo do
japonesa, passaram a compor a
Arquivo Histórico Archelau de
Almeida Torres. paisagem do município.
Comemoração no Clube Nipo-Brasileiro na Fazendinha,
década de 1970.
Nesse antigo clube eram
realizadas festas com comidas
típicas japonesas, organizadas
atividades esportivas,
encenadas peças teatrais e os
jovens contavam com aulas
de japonês.
Na fotografia,
candidatas a
Rainha da
Festa, década
de 1970.
8- ERVA-MATE
Os caingangues e tupis a chamavam de congonha, palavra
que significa “o que mantém o ser”. Por muito tempo foi
assim que os luso-brasileiros se referiam a erva mate, o chá-
americano que era consumida pelos índios guaranis,
caingangues, carijós, xetás, guairás, charruas e até mesmo
pelos incas desde tempos imemoráveis.
Planta nativa de partes dos territórios do
Mato Grosso do Sul, Paraná, Santa
Catarina, Rio Grande do Sul, Paraguai e
Argentina, recebeu o nome científico do
Ilex paraguariensis do grande botânico
Auguste de Saint-Hilaire em 1820. Não
demorou muito para que o cientista
viajante se arrependesse da
nomenclatura. Logo descobriu que é aqui,
no Paraná, que a planta se desenvolve
mais e em maior quantidade. Se retratou
dizendo que a planta deveria se chamar
Ilex brasiliensis.
O termo "mate" tem origem
no idioma dos incas, o
quíchua, através do vocábulo
mati, significando "cuia,
recipiente" e designando a
cabaça na qual até hoje se
bebe a infusão de erva-mate.
O termo "porongo", que
nomeia a planta que fornece
a cuia usada para beber o
mate, também vem do
quíchua [...] (WIKIBOOKS).
No início da
colonização, os
jesuítas
consideravam o
mate uma bebida
alucinógena, diziam
que os índios
estavam viciados,
então proibiram o
seu consumo nas
missões sob sua
administração.
Missão Jesuítica
1. Praça
2. Igreja
3. Colégio
4. Oficinas
5. Cemitério
6. Hospital
7. Habitações
8. Capela
9. Horta
10. Moinho
11. Olaria
12. Curral
13. Lavoura
Logo mudaram de ideia por três motivos.
Em primeiro lugar porque o consumo do
chimarrão combate o alcoolismo que tanto
mal causava aos índios e colonos. Os
religiosos também perceberam que o
inverno exigia uma bebida revigorante
capaz de aquecer os corpos nas manhãs
frias das terras meridionais. Já o terceiro e
mais forte motivo veio com o tempo, a
comercialização da erva-mate se mostrou
muito, muito lucrativa.
Consumida por indígenas,
mestiços, hispânicos e lusos em
diversas regiões do Brasil,
Paraguai, Chile, Bolívia, Argentina
e Uruguai, a erva-mate, de um
produto de consumo local, se
tornou precursora de uma
indústria que atende a um amplo
mercado internacional.
Aqui nos tempos de Tindiquera,
até 1820, a erva-mate era
preparada em rústicos pilões de
soque por negros e índios
escravizados. Depois era
transportada em lombos de
mulas pela arriscada serra do
mar até o litoral, onde era
trocada por produtos
necessários à sobrevivência dos
nossos antigos moradores.
A partir da década de 1820
modernas técnicas de
beneficiamento e comercialização
da erva-mate deram novo fôlego ao
negócio ervateiro. Os mercados
platinos e chilenos passaram a ser
atendidos por engenhos de erva-
mate construídos em Antonina,
Morretes, Paranaguá e Curitiba.
Contudo a falta de uma estrada
adequada continuava sendo um
problema de difícil solução.
A própria emancipação política
do Paraná em 1853 deve muito
ao ciclo econômico da erva-
mate. Não é por acaso que os
brasões do estado passaram a
ostentar ramos da erva-mate e
do pinheiro. Na natureza as
duas plantas estão juntas e a
sombra do pinheiro torna a
erva-mate mais saborosa.
Em 1873, a conclusão
da Estrada da Graciosa
deu novo alento ao
comércio ervateiro.
Carroções passaram a
transportar o produto
serra abaixo, o produto
ganhou em quantidade
e qualidade do
beneficiamento.
O grande impulso para a economia ervateira
estava chegando: a conclusão da estrada de
Ferro Curitiba-Paranaguá em 1885. Obra prima
da engenharia concebida pelo engenheiro
afrodescendente Antônio Rebouças Filho, a
ferrovia elevou a economia da erva-mate aos
patamares de uma verdadeira indústria, capaz
de fabricar a primeira burguesia industrial do
Paraná.
Até a década de 1940, a
indústria ervateira
edificaria fortunas ainda
hoje rememoradas por
antigas residências em
Curitiba, que outrora
foram moradas de
algumas das famílias
mais abastadas da
capital.
Por outro lado, as condições
de trabalho dos caboclos e
colonos dedicados à
economia da erva-mate
pouco mudaram ao longo
dos anos. Antes de chegar
aos engenhos o
beneficiamento da erva-
mate já havia passado por
quatro etapas, a saber:
corte, sapeco, secagem e
cancheamento.
O trabalho da coleta começa logo pela manhã, após o sol secar o
orvalho das folhas. O corte dos ramos é feito na diagonal por
meio de instrumentos como facões, foices e tesouras. Logo a
seguir os ramos são submetidos ao sapeco. Ao tostar levemente
a erva evita-se que ela fermente, assim, desidratada, ela fixa cor
e sabor. Ainda no mesmo dia ela deverá ser levada ao barbaquá
onde a erva passa pelos processos de secagem e cancheamento.
Na secagem a erva-mate é submetida por meio de um duto
subterrâneo ao calor de uma fogueira. No cancheamento a erva-
mate é triturada por um cancheador movido por força motriz
animal.
Cancheador de
erva-mate
movido à força
animal. Acervo
Arquivo
Histórico
Archelau de
Almeida Torres.
Foto Sidney
Dored.
Durante muito tempo essa erva-
mate cancheada era embalada em
sacos e transportada até os
engenhos em Curitiba por carroções
que vinham da Lapa. O
beneficiamento feito nos engenhos
transformava a erva-mate em um
produto de qualidade superior.
Acondicionada em barricas, com
lindos rótulos na tampa, a erva-mate
era transportada de trem até
Paranaguá, donde ganhava os
mercados do Uruguai, Argentina,
Paraguai e Chile.
9-MADEIRA
O doutor Vitor Ferreira do Amaral (1862-1953) não
poderia ter escolhido nome melhor para a nossa cidade.
Araucária, cidade símbolo do Paraná! Araucaria
angustifolia, nome científico do nosso pinheiro.
No reino das Araucárias muitas outras árvores faziam
desse canto da terra um lugar cobiçado: Aroeiras,
Bracatingas, Bugreiros, Cedros, Erva-Mate, Gabirobeiras,
Guamirins, Imbuias, Ipês-Amarelos e tantas outras.
A excelência do Pinheiro do Paraná,
assim como a excelência da imbuia,
cedros e outras madeiras de lei,
condenou nossa mata nativa à queda
dos gigantes.
Os colonizadores precisavam de terras
para o cultivo. Os madeireiros
precisavam de matéria prima para a
sua indústria.
Fotografias da colheita manual de linho, década de 1940. Foto doada por Waldomiro Gayer Jr. Vista interna dos teares da Companhia
São Patrício, década de 1950. Companhia São Patrício, década de 1950.
A retomada da atividade
industrial na Europa no
período pós-guerra e a
entrada dos tecidos
sintéticos foram dois
golpes fatais à indústria de
tecidos de linho em
Araucária. Por mais de 20
anos, o linho, a vestimenta
de Cristo, foi garantia de
emprego e renda para
Fotografia da sala de penteação da Companhia São Patrício, década
de 1940. As indústrias de linho em Araucária eram marcadas pela muitos dos nossos
forte presença feminina. ascendentes.
11-LUGARES DA MEMÓRIA
Museu Tingui-Cuera
“Inaugurado em 1980, foi transferido em 1982 para o endereço
atual, no antigo prédio que abrigava a indústria de massa de tomate
e farinha de milho, que pertenceu à família Torres. É um museu
histórico e seu acervo reúne objetos do trabalho e do cotidiano dos
antigos moradores do município. Possui: sala de reserva técnica e
auditório Julio Grabowski.”
O POPULAR. Guia Comercial Tudo Araucária. Araucária: Editora O Popular do Paraná, 2015, p. 256
PORTAL POLONÊS
Aqui em Araucária nós temos um lindo Portal Polonês, ele localiza-se no bairro Barigui,
para ser mais exato na Avenida das Araucárias.
Inaugurado em 9 de abril de 2000, esse lindo portal multicolorido marcou o encerramento
do IV Congresso Polônico da América Latina.
No Portal foi deixada uma urna com dados históricos daquele dia e uma placa que convida
às pessoas do ano de 2500 a testemunharem o que lá foi depositado.
O Portal pretende representar no seu projeto, duas fases distintas da arquitetura do
imigrante polonês, combinando elementos arquitetônicos da casa de tronco da segunda
metade do século XIX à arquitetura das casas de tábuas de Araucária.
Podemos ainda observar os lambrequins, recortes na madeira usados para adornar as
abas do telhado.
Casa do Cavalo Baio
“[...] a casa foi tombada em 26 de dezembro de 1978 pela Secretaria de
Estado da Cultura. Edificada em 1870 para a família Suckow, teve como
construtor responsável Walter Joslin. Por muito tempo foi um
estabelecimento comercial, onde se trocavam mercadorias que vinham
em carroças e tropas, sendo negociadas entre colonos e comerciantes. Em
1943, a propriedade foi vendida para a família Chavet. Segundo a
advogada Maria Luiza Charvet, a casa ficou conhecida como “Cavalo
Baio”, porque a família possuía muitos cavalos que ficavam do lado de
fora da casa, sendo que um deles se destacava pelo porte e beleza. Era um
cavalo baio que passou a servir de referência para o local.
O POPULAR. Guia Comercial Tudo Araucária. Araucária: Editora O Popular do Paraná, 2013, p. 207.
Memorial da Imigração Polonesa situado no Parque
Romão Wachowicz. Criado pela Prefeitura Municipal
em 27 de julho de 1995 com o objetivo de preservar
a memória da imigração polonesa, hoje é
reconhecido como uma linda homenagem à colônia
Thomaz Coelho, que foi a maior colônia de
imigrantes poloneses da região de Curitiba. No local
ainda podemos conhecer a Capelinha de São Miguel,
um mirante para a barragem do Passaúna, um
bosque, um pomar, um anfiteatro e uma trilha que
contorna o parque. Se localiza na Avenida
Centenário 1.105, na localidade de São Miguel,
Araucária.
Memórias submersas
“Acompanhando o crescimento das cidades estava o conforto,
mas também os problemas, e a cidade precisava arcar com novas
necessidades, como luz elétrica, água e esgoto, garantidos
também para as indústrias. A água, no entanto, já começava a ser
racionada, principalmente em épocas de estiagem, e era preciso
construir uma nova represa. Foi escolhido, então, em 1974, como
local para a construção da nova barragem a bacia do rio Passaúna,
localizada no coração da colônia Thomaz Coelho, tendo sido
iniciadas as obras no ano de 1982 e concluídas em 1990.
Foi, então, considerada de utilidade pública a desapropriação de 10 km²
de terras na bacia do Passaúna para a construção da represa. Eram
propriedades de colonos poloneses, que pertenciam às suas famílias
havia gerações. [...] “Thomaz Coelho vê seu final com a chegada das
águas” foi o título de uma reportagem especial publicada no Jornal do
Estado, no dia 01 de fevereiro de 1987, que tratava da triste saída dos
colonos, muitos deles ainda sem saber para onde ir e como sobreviver. O
vale do rio Passaúna constituía-se como a região mais povoada da
colônia, pois, assim que chegaram da Polônia, os colonos procuraram
residir o mais próximo possível da água, para facilitar sua busca. E foi
justamente esse núcleo o principal atingido pelo represamento das águas
do rio.” Texto de Luciane Czelusniak Obrzut para o Arquivo Histórico Archelau de Almeida Torres.
Armazém e galpões da família Czelusniak
em início de alagamento da represa
Passaúna, 1989. Foto João Urban.
REFERÊNCIAS
ALMEIDA, Rafael de Jesus Andrade de. Araucária, nossa história: povoamento e trabalho. Araucária:
Prefeitura Municipal de Araucária, 2022.
ALVIM, Zuleika. Imigrante: a vida dos pobres do campo. In: SEVCENKO, Nicolau (org.). História da vida
privada no Brasil, vol. 3. São Paulo: Companhia das Letras, 2002, p. 215-287.
ARAUCÁRIA, Prefeitura Municipal. A construção de uma história: a presença étnica em Araucária. Coleção
História de Araucária, vol. 5. Secretaria Municipal de Cultura e Turismo, 2010.
ARAUCÁRIA, Prefeitura Municipal. Agricultura e Indústria: memória do trabalho em Araucária. Coleção
História de Araucária, vol. 1. Araucária: Secretaria Municipal de Cultura e Turismo, 2010.
ARAUCÁRIA, Prefeitura Municipal. Da madeira ao aço: a industrialização de Araucária. Coleção História de
Araucária, vol. 4. Araucária: Secretaria Municipal de Cultura e Turismo, 1999.
WACHOWICZ, Romão. A Saga de Araucária. Curitiba: Gráfica Vicentina Ltda, 1975. p. 119-120.
WACHOWICZ, Romão. Homens da Terra. Curitiba: Vicentina, 1997.
WACHOWICZ, Ruy. Evolução Política de Araucária. Jornal dos Pinheirais. V.2, n.31, p.6, fevereiro de 1980.
WACHOWICZ, Ruy. História do Paraná. Ponta Grossa: Editora UEPG, 2016.
WACHOWICZ, Ruy. Tomas Coelho – Uma comunidade camponesa. Curitiba: Real Artes Gráficas Ltda, 1977.