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Ilha de

Moçambique
ilha historicamente significativa ao largo
da costa nordeste de Moçambique

A Ilha de Moçambique é uma cidade


insular situada na província de Nampula,
na região norte de Moçambique, a qual
deu o nome ao país do qual foi a
primeira capital. Devido à sua rica
história, manifestada por um
interessantíssimo património
arquitetónico, a Ilha foi considerada pela
UNESCO, em 1991 Património Mundial
da Humanidade.[1]
Ilha de Moçambique *

Património Mundial da UNESCO

Igreja de Santo António

País  Moçambique

Critérios C (iv)(vi)

Referência 599 en (http://whc.un


esco.org/en/list/59
9) fr (http://whc.une
sco.org/fr/list/599)
es (http://whc.unesc
o.org/es/list/599)
Coordenadas 15º02'03"S
40º44'09"E

Histórico de inscrição
Inscrição 1991  (15.ª sessão)

* Nome como inscrito na lista do Património Mundial. (ht


tp://whc.unesco.org/en/list)

Actualmente, a cidade é um município,


tendo um governo local eleito; e é
também, desde Dezembro de 2013, um
distrito, uma unidade local do governo
central, dirigido por um administrador.[2].
De acordo com o censo de 1997, tem 42
407 habitantes, e destes 14 889 vivem na
Ilha.
O seu nome, que muitos nativos dizem
ser Muipiti, parece ser derivado de Mussa
Ben-Bique, ou Mussa Bin-Bique, ou ainda
Mussa Al-Mbique (Moisés filho de
Mbiki)[3]) personagem sobre quem se
sabe muito pouco, mas que deu o nome
(na 2ª versão) a uma nova universidade,
sediada em Nampula.

A Ilha tem cerca de 3 km de


comprimento e 300–400 m de largura e
está orientada no sentido nordeste-
sudoeste à entrada da Baía de Mossuril,
a uma latitude aproximada de 15º02' S e
longitude de 40º44' E. A costa oriental da
Ilha estabelece com as ilhas irmãs de
Goa e de Sena (também conhecida por
Ilha das Cobras) a Baía de Moçambique.
Estas ilhas, assim como a costa
próxima, são de origem coralina.

Arquitectonicamente, a Ilha está dividida


em duas partes: a "cidade de pedra" e a
"cidade de macuti". A primeira tem cerca
de 400 edifícios, incluindo os principais
monumentos, e a segunda, na metade
sul da ilha, tem cerca de 1200 casas de
construção precária. No entanto, muitas
casas de pedra são igualmente cobertas
com macuti.

A Ilha de Moçambique está ligada ao


continente por uma ponte com cerca de
3 km de comprimento, construída nos
anos 1960.
História

A ilha de Moçambique foi uma importante escala de navegação da carreira da Índia: mapa do percurso seguido pelas
naus na ida (vermelho) e rota de regresso (verde)

Quando Vasco da Gama chegou, em


1498, a Ilha de Moçambique tornara-se
uma povoação suaíli de árabes e negros
com seu xeque, subordinado ao sultão
de Zanzibar e continuava a ser
frequentada por árabes que prosseguiam
o seu comércio de séculos com o Mar
Vermelho, a Pérsia, a Índia e as ilhas do
Índico.
A ilha de Moçambique ganhou uma
importância estratégica como escala de
navegação da carreira da Índia que ligava
Lisboa a Goa, tornando-se um dos
pontos de encontro das embarcações
eventualmente desgarradas na viagem
de ida, assim como porto de ancoragem
das que eventualmente se atrasassem e
perdessem a monção. Onde na Ilha é
hoje o Palácio dos Capitães-Generais,
fizeram os portugueses a Torre de São
Gabriel no ano de 1507, data em que
ocuparam a Ilha, construindo a pequena
fortificação que tinha 15 homens a
proteger a feitoria nela instalada.
A Capela de Nossa Senhora do Baluarte,
construída em 1522 na extremidade
norte da ilha, a mais próxima da Ilha de
Goa, é o único exemplar de arquitectura
manuelina em Moçambique.

Em 1558 principiou a construção da


Fortaleza de São Sebastião - totalmente
com pedras que constituíam o balastro
dos navios, algumas das quais ainda se
vêem na praia próxima - que só terminou
em 1620 e é a maior da África Austral.
Esta fortaleza era muito importante,
porque a Ilha tinha-se tornado o
entreposto da permuta de panos e
missangas da Índia por ouro, escravos,
marfim e pau-preto de África, e era da
Ilha que partiam todas as viagens
comerciais para Quelimane, Sofala,
Inhambane e Lourenço Marques. Por
este motivo, os árabes não queriam
perder os privilégios comerciais que
tinham adquirido ao longo dos séculos.

Gravura belga de 1598 (Petrus Kaerius)

Para além dos portugueses outros


concorrentes europeus apareceram na
corrida pelo controlo das rotas
comerciais. Os franceses conseguiram
assumir o papel de intermediários do
negócio da escravatura para as ilhas do
Índico; os ingleses começavam a
controlar as rotas de navegação nesta
região; e os holandeses tentaram a
ocupação da Ilha em 1607-1608 e, não o
conseguindo, devastaram-na pelo fogo.

A reconstrução da vila foi difícil, uma vez


que o governo colonial não existia senão
para cobrar impostos e estava muito
mais interessado nas terras de Sofala.
Entretanto na Zambézia tinham-se
institucionalizado os Prazos da Coroa, e
o desenvolvimento do comércio do ouro
naquela região leva a que a Ilha perca a
sua primazia. Então, os cristãos
decidiram fundar na Ilha uma Santa Casa
da Misericórdia que funcionaria como
Câmara Municipal, para a defesa dos
cidadãos e da terra, até 19 de Janeiro de
1763, ano em que a povoação passou a
vila. Esta viragem resultou da decisão do
governo colonial em separar a colónia
africana do Estado da Índia e criar uma
Capitania Geral do Estado de
Moçambique baseada na Ilha, a 19 de
Abril de 1752. A vila voltou a prosperar e
a 17 de Novembro de 1818 é elevada a
cidade.

A exportação de escravos era o principal


comércio da Ilha, tal como do Ibo, mas a
Independência do Brasil em 1822, que
era o principal destino deste comércio,
causou o seu colapso económico. O
golpe final foi a passagem da capital da
colónia para Lourenço Marques, em
1898. Depois da abertura do porto de
Nacala, em 1970, a ilha perdeu o que
restava da sua importância estratégica e
comercial.

Infraestrutura

Educação

A cidade possui um campus da


Universidade Lúrio (UniLúrio), onde
funciona a Faculdade de Ciências
Sociais e Humanas. A faculdade está
sediada na Fortaleza de São
Sebastião.[4]

Galeria

Fortaleza de São Sebastião.


Hospital

Mesquita
Jardim da Memória

Cidade de macuti
Igreja de Nossa Senhora da Saúde

Palácio dos Capitães-Generais


Igreja da Mesericórdia - Museu de Arte
Sacra

Capela de Nossa Senhora do Baluarte

Notas
1. «1991 Ilha de Moçambique» (http://
www.igespar.pt/patrimonio/mundial/
origemportuguesa/126/) .
Património Mundial de Origem
Portuguesa. IGESPAR - Instituto de
Gestão do Património Arquitectónico
e Arqueológico. Consultado em 10
de janeiro de 2010
2. Lei nº 26/2013, publicada no Boletim
da República nº 101, I Série, de 18 de
Dezembro de 2013, pág. 1059-1061
(3)
3. Moçambique, in Dicionário de
Arabismos da Língua Portuguesa,
Adalberto Alves.
4. Faculdade de Ciências Sociais e
Humanas (http://www.unilurio.ac.mz/
unilurio/pt/ensino/faculdades/faculd
ade-de-ciencias-sociais-e-humanas) .
Universidade Lúrio. 2017.

Ver também
Lista de Património na Ilha de
Moçambique
Lista de Locais Património Mundial em
África

Ligações externas
«Ilha de Moçambique no WikiMapia» (h
ttp://WikiMapia.org/#lat=-15.0378922
&lon=40.7351589&z=15&l=9&m=a&v=
2)
«Pagina dedicada a Ilha de
Moçambique, desenvolvida pelo
Centro Multimédia Comunitário da
Ilha» (http://www.ilhademocambique.o
rg/pt/)
«UNESCO – Património Mundial - Ilha
de Moçambique» (http://whc.unesco.o
rg/pg.cfm?cid=31&id_site=599)
«Imagens da Ilha de Moçambique» (htt
p://www.xirico.com/c_htm/tri/ilha1.ph
p) . Retrospectiva aos anos (1950-
1975)
«As Maravilhas de Portugal no Mundo:
Ilha de moçambique» (http://tv1.rtp.pt/
noticias/?t=As-maravilhas-de-Portugal
-no-Mundo---Ilha-de-Mocambique.rtp&
headline=20&visual=9&tm=8&article=2
21273)
«Galeria da UNESCO - Fotos da Ilha de
Moçambique» (http://whc.unesco.org/i
nclude/tool_image.cfm?src=/uploads/
sites/gallery/full/site_0599_0001.jpg)
«História da Ilha de Moçambique» (htt
p://www.geocities.com/TheTropics/20
86/ilhamz.html)
«Imagens da Ilha de Moçambique» (htt
p://maputo.visitusinmaputo.com)

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title=Ilha_de_Moçambique&oldid=62321043"
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