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DISTINGUIR ARTE DE OBJETOS NÃO ARTÍSTICOS

Teorias essenciais

Definem a arte a partir da própria arte, das suas qualidades internas, que a tornam artística.

1. É uma teoria reduta uma vez que não engloba


♥ Representativista/imitativista outras formas de arte, como as abstratas…

Predominou na era greco-romana; 2. Se a essência da arte é representar a natureza com


exatidão. Para que precisamos dela se podemos
O objeto é artístico se representar fielmente a observar a natureza na sua forma mais pura?
realidade, quanto mais próximo da realidade, mais
artístico é; 3. Platão vai dizer que a arte é assim uma cópia da
cópia e por isso não deve ser valorizada. Impede
que o Homem ascenda ao verdadeiro
conhecimento da realidade;

1. O espectador não consegue reviver as emoções do


♥ Expressivista artista;
2. Não podemos saber se as obras tiveram origem nas
Um objeto é artístico se o artista exprimir e comunicar emoções, ou em outros fatores, alguns artistas
as suas emoções, fazendo-as passar para o
dizem ainda que a emoção não esteve envolvida
espectador; a arte deve ser um meio de as pessoas
aquando da criação da obra;
comunicarem, exige que haja clareza de expressão;

♥ Formalista 1. Petição de princípio: a forma significante provoca a


emoção estética a emoção estética é o estado
Clive Bell - Uma obra de arte é detentora de uma forma
psicológico que reconhece a forma significante; Bell
significante (relação que se estabelece entre as partes
não clarifica os conceitos que funda a sua teoria,
constituintes de uma obra de arte, no caso da pintura:
linhas, cores, formas; é aquilo que na obra de arte incorrendo uma
provoca a emoção estética); circularidade: a emoção estética é o que decorre da
forma significante e esta é o que torna possível a
emoção estética.

2. A emoção estética é arrebatadora e extática, mas


estas características são provocadas também por
objetos não estéticos;

3. Torna-se impossível refutar esta teoria pois, fazê-lo,


implicaria pressupor o mesmo que a teoria pretende
demonstrar: que a fruição de uma obra de arte genuína
produz, no observador sensível, uma emoção estética
Teorias não essenciais

Definem a arte por critérios exteriores à própria arte. O estatuto de arte advém do especialista, de características
externas à própria obra

♥ Institucionalista 1. Se certas obras são consideradas artísticas é porque


possuem propriedades que as tornam assim. Então
George Dickie – Um objeto é considerado artístico se
o juízo dos especialistas é dispensável para
reunir em si estas condições necessárias, que quando
transformar aqueles objetos em objetos artísticos,
reunidas se transformam em condição suficiente:
já que eles já o são, em virtude das suas
- artefactualidade- é necessário que o objeto seja um propriedades internas. Se não possuem essas
produto artificial, resultante da ação transformadora do propriedades cai-se numa subjetividade, uns
Homem sobre a natureza;* - Ser um artefacto é a podem dizer que é artístico e outros não;
primeira condição para algo ser arte. Acontece que esse
conceito é demasiado amplo, pois inclui tudo o que foi 2. Sendo assim, tudo se pode transformar numa obra
manipulado –total ou parcialmente – pelo ser humano. de arte com o parecer de um entendido na
Apenas são arte os artefactos que adquiriram um matéria. Isto não permite a boa da má arte, não se
estatuto no interior de um enquadramento institicional. faz então uma apreciação valorativa sobre a
qualidade da arte

3. Trata-se de uma teoria circular – É uma obra de


arte porque há pessoas que pensam desse modo,
-juízo avaliativo realizado pelos especialistas de arte e pensam assim, porque esse quadro é uma obra
que têm meritocracia; de arte.

♥ Historicista 1. E as primeiras formas de arte? Não se relacionam


com nenhum modelo artístico, não podem ser
Propriedade: é necessário que o artista seja o
consideradas artísticas – Consequentemente
proprietário da sua obra, ou esta esteja à sua
nenhuma forma de arte pode ser considerada
responsabilidade;
artística;

2. O direito à propriedade não pode ser uma condição


A intenção histórica do artista: é necessário que o necessária para a definição da arte, imagine-se que
artista manifeste a sua vontade de tornar uma obra as obras de arte de um artista foram elaboradas
artística, dado que na sua ótica ela se relaciona com as com materiais roubados, de acordo com Levinson,
obras artísticas do passado – pretende que a sua obra não poderiam ser categorizadas como artísticas
seja considerada artística porque se assemelha a
objetos ao longo da histórica considerados artísticos; 3. Kafka deixou a intenção manifesta de que após a
sua morte as suas obras, ainda não publicadas
deveriam ser destruídas, contudo não o foram e
são consideradas obras-primas, tendo em conta
esta teoria, não o deveriam ser;

a óptica historicista da arte de Levinson «X é uma obra de arte, se e só se, X é um objecto acerca do qual uma pessoa
ou pessoas, possuindo a propriedade apropriada sobre X, têm a intenção não passageira de que este seja
perspetivado como uma obra de arte, isto é, perspetivado de qualquer modo ou modos como o foram ou são
perspetivadas as obras de arte anteriores.» Ou citando ipsis verbis (como o disse ou escreveu) Levinson, «uma obra
de arte é uma coisa (um item, objecto, entidade) relativamente ao qual houve a intenção séria de ser vista como
uma obra de arte, isto é, vista de modo como as obras de arte pré-existentes são ou foram corretamente vistas.»

Nesta esteira, antoja-se ou evidencia-se duas condições necessárias, as quais interagindo em conjunto se convertem
numa condição suficiente para transformar um objecto em objecto artístico:

1- A propriedade, ou seja, é necessário que o artista seja o legítimo proprietário ou seja o responsável legal pelo
objecto, evitando-se assim situações anómalas e inauditas (singulares) exemplificadas por Marcel Duchamp quando,
em 1916, declarou que o edifício Woolworth era uma obra de arte, sem que o mesmo fosse contudo propriedade
sua;

2- O intencionalismo historicista é outra conditio sine qua non (condição necessária), isto é, é necessário que o
artista tenha a manifesta intenção de que a sua obra seja classificada como artística, porque na sua leitura ou
interpretação encontra-se em continuidade ou linha temporal ou histórica com todos aqueles objectos que
historicamente (tradição histórica artística) foram assim classificados no passado.

Verifica-se a fortiori (por maioria de razão), que estas duas condições (binómio) são características externas à obra e
que concorrem para a definição da sua essência ou natureza artística (o que é a arte e o que a distingue dos objectos
naturais e industriais), por isso é que esta teorética é uma teoria não essencial sobre a arte.

Este paradigma ou modelo teórico é alvo de uma série de objecções, que se encontram hipo ou abaixo-
referenciadas:

- O direito à propriedade não pode ser uma condição necessária para a definição da arte, imagine-se que as obras de
arte de um grande artista – Rembrandt, Degas, etc – foram elaboradas com materiais roubados, então, de acordo
com Levinson, não poderiam ser categorizadas como artísticas, porém a maior parte dos críticos discordam desta
assunção de Levinson;

- A condição do intencionalismo não é, outrossim, uma condição necessária, dado que há o ulterior contra-exemplo
representado por Kafka – famoso escritor do século XX - , o qual deixou a intenção manifesta de que após a sua
morte as suas duas obras de referência mundial, ainda não publicadas – O Processo e O Castelo – deveriam ser
destruídas, contudo não o foram e são consideradas obras-primas;

- O que dizer das obras de arte primevas ou primeiras (arte rupreste), antes delas não havia nenhum paradigma ou
referência de arte e na leitura de Levinson, por corolário, se essas obras não se relacionam com obras de arte
anteriores a elas, porque elas é que são as primeiras, consequentemente não podem ser classificadas como artísticas
e por dedutivismo ou conclusão, todas as outras depois delas também não o podem ser, por outros termos, como
não há arte antes da arte primeira, logo a arte primeira não pode ser arte e a arte consequente que vem depois da
arte primeira também não pode ser arte, porque a arte primeira não o é;

- Levinson não responde ao problema central da arte, por outras redundâncias,

não explica ou define o que é a arte, não denota a sua essência, iludindo a questão ao certificar que uma obra de
arte é arte porque se relaciona com as obras de arte do passado, mas não diz o que é que torna as obras do
passado e do presente artísticas, quais as características que definem o seu estatuto.

Objetivismo e subjetivismo estético

Juízos estéticos são juízos de valor ou de apreciação relativamente ao belo, ou às categorias que lhe são afins. os
juízos estéticos tendem para um modo de apreciação que se associa à sensibilidade e ao sentimento.

A beleza está nos olhos de quem a vê ou no objeto que é visto e contemplado?,quando dizemos que “x” é
belo,estamo-nos a referir a uma qualidade de x,ou a nossa maneira subjetiva de apreciar “x”?
Há filósofos defensores de que a ideia do Belo é independente do sujeito (objetivismo estético). Outros sustentam a
perspetiva de que a beleza depende do sujeito (objetivismo estético).

Objetivismo estético Subjetivismo estético

O belo não depende dos gostos nem dos sentimentos O belo depende dos gostos, preferências e sentimentos
pessoais pessoais

O juízo segundo o qual algo é belo baseia-se nas O juízo segundo o qual algo é belo decorre
propriedades do objeto, efetivamente existente neles exclusivamente da sensibilidade do sujeito perante um
objeto
Apesar de nem todos concordarem, existem critérios
objetivos que permitem dizer que algo é belo Como nem todos concordam em relação à beleza de
algo, só os critérios subjetivos permitem dizer que algo
A beleza está presente nas coisas – o juízo relativo ao é belo
belo é objetivo
A beleza está nos olhos de quem a vê – o juízo relativo
ao belo é subjetivo

objetivismo estético - a beleza depende das propriedades do objeto independentemente do que o Observador
sente. quer o sujeito vejo a beleza do objeto quer não esta não depende do seu juízo. a beleza está nas coisas e não
NOS olhos de quem a vê. apesar de nem todos concordarem relativamente à beleza de algo, existem critérios
objetivos que permitem dizer que algo é Belo.

A doutrina principal de platão é a teoria das ideias.De acordo com esta teoria,as ideias são objetos de
conhecimento,que encontrando-se no mundo inteligível permitem avaliar as coisas do mundo sensível,o mundo em
que vivemos,de sombras e aparências,marcado pela corrupção e mutabilidade.As ideias,sendo a ideia de Bem a ideia
suprema,são realidades puras,e que servem de modelo às coisas sensíveis.Estas serão meras cópias da
realidade.Nesse sentido,uma vez que participam de ideias,as coisas,se são belas,são no porque participam da Beleza
em si.

Para ascender a Beleza absoluta , é necessário remover os obstáculos e os erros de aparências,dos sentidos,dando
primazia à razão.Esse processo faz-se através do amor. observa-se a síntese desse processo:

A contemplação da beleza absoluta é a contemplação do bem supremo e da verdade soberana.

Para Platão, não significa que a beleza seja a essência da arte.Pelo contrário, chega a negar que a mesma não seja
encontrada nas pinturas.Defende que a arte é uma imitação de uma imitação, podendo não ser uma boa fonte de
conhecimento moral.Alimenta paixões em vez de razão,contribuindo para que surjam maus cidadãos.

afirma se o caráter metafísico e por consequência são pressupostos modelos universais.


Subjetivismo estético - os juízos estéticos expressam o sentimento provocado pela contemplação desinteressada do
objeto estético. o Belo depende dos gostos, preferências e sentimentos pessoais. por isso um mesmo objeto pode
afetar 2 pessoas de modos diferentes, porque têm sensibilidades diferentes. como nem todos concordamos
relativamente à beleza de algo então só os critérios subjetivos e que permitem dizer que algo é Belo os conceitos e
modas influenciam os juízos de gosto.

Hume foi um defensor desta teoria. Salienta que o que interessa na arte é a sua agradabilidade,a qual se encontra o
sentimento e não uma propriedade intrínseca.O juízo sobre o belo tem como base o sentimento.Podemos fazer uma
comparação entre distinguir o belo e o feio com o doce do amargo.

Apesar de o gosto pela arte ser relativo existe um padrão de gosto.Este consiste num conjunto de princípios gerais
relativos aquilo que,no âmbito da arte, é digno de aprovação e aquilo que não o é,baseados no que tem sido
universalmente aceite. Não são princípios absolutos,o que acontece é que as pessoas em virtude da sua natureza
tendem a gostar das mesmas coisas.

Apesar disso, existe uma notória divergência ao nível dos gostos pessoais:

1. Pela diferença de características e opiniões pessoais,em particular o facto de o nosso grau de


sensibilidade não ser igual em todos,uns são mais sensíveis e outros têm dificuldade em captar a
beleza de uma obra.Um artista tem mais sensibilidade do que alguém que não o é. Em diferentes
idades, há distintas preferências artísticas,que assentam em hábitos e opiniões típicos da idade em
questão.
2. De facto os costumes,os hábitos, opiniões e elementos culturais de um país ou uma época
conduzem estas diferenças.Kant foi um subjetivista a respeito do belo,diferenciando o juízo estético
do juízo científico, relativo ao conhecimento universal e necessário .

O juízo estético é um sujeito subjetivo, uma vez que depende da maneira como o sujeito sente o objeto que
percepciona e é por ele afetado.Dizer “x é belo” é referir a satisfação que sente perante esta obra. A mesma
é desinteressada: ao dizer que algo é belo, não nos estamos a referir ao seu interesse prático, estamos a
ajuizar pela sua satisfação. belo é diferente de agradável. Agradável é aquilo que causa uma sensação de
bem-estar, podendo a beleza estar ou não presente.É uma preferência ligada aos sentidos.

Define-se belo aquilo que apraz universalmente sem conceito.Não sendo um juízo teórico,o juízo estético
também não se reduz a uma simples inclinação pessoal ligada aos sentidos ou aquilo que é meramente
agradável. Apenas dizemos que é belo aquilo que achamos que tem mérito suficiente para ser considerado
como tal.

Nega-se que o belo existe como uma ideia separada ou como uma propriedade inerente às coisas.

o que é a religião?
Ao nível etimológico, o mesmo tem uma origem discutível.Diferentes étimos foram avançados,sendo um deles o
verbo religare,que significa ligar ou unir.Trata se da ligação ou união do humano com o divino.

Existem várias religiões em todo o mundo: cristianismo, islamismo, judaísmo,

hinduísmo, budismo, etc. Há, no entanto, grandes diferenças entre elas. Esse facto dificulta que encontremos um
denominador comum que nos sirva para esclarecer o que conta como sendo efetivamente uma religião. Este
problema corresponde ao problema da definição de religião. O que há de comum em todas as religiões e que só às
religiões se refere?

A diferenciação entre o sagrado e o profano é apontada como um possível denominador comum, como uma
característica eventualmente partilhada por todas as religiões

O sagrado e o profano

Havendo atualmente uma grande multiplicidade de religiões, é importante procurar o denominador comum a todas
elas. Ao nível etimológico religião, vem de religare – ligação ou união do humano com o divino.

Esta ligação pode ser feita a vários níveis, pressupõe geralmente uma rotura entre o sagrado e o profano.

Sagrado Profano

Relativo a algo reservado, interdito, suscetível a Relativo a tudo aquilo que faz parte integrante do
veneração. A sua natureza supera radicalmente, a mundo natural e quotidiano, o mundo da experiência
natureza do valor das coisas do mundo em que comum.
vivemos.
Lugares profanos: todos os que não estão integrados do
ponto de vista sagrado: cafés, a rua, o campo
Nos lugares sagrados (igrejas, sinagogas, mesquitas), é Tempo profano: qualquer outro tempo
habitual estar-se em silêncio e de forma entendida
como respeitosa. Em espaços profanos, como a escola
ou a nossa própria casa, a nossa postura é
comparativamente mais informal.

Tempo sagrado: é um tempo santificado, tornando-se


presente no momento da festa religiosa ou da liturgia

Ao acontecimento, que é a manifestação do sagrado no


profano, do divino nas realidades do quotidiano, dá-se
o nome de hierofania. Um exemplo de hierofania é a
encarnação de Deus em Jesus Cristo. Através da
hierofania, qualquer elemento natural pode tornar-se
um símbolo religioso, apontar para o divino,
funcionando como elo de ligação ou estrutura de
mediação entre o que é terreno e o que é sobrenatural.

A finitude e a transcendência

A finitude designa o caráter limitado e contingente da existência humana,marcada pela aspiração ao infinito,mas
sujeito à ignorância e a morte. Sabemos que somos finitos e vivemos essa finitude, por exemplo, sempre que alguém
de quem gostamos morre. A nossa vulnerabilidade é uma evidência. Projetamos o futuro, mas sabemos que há
margens de incerteza, de risco e de insegurança sob as quais não temos controle absoluto. A ideia de finitude traduz
essa experiência e pode caracterizar-se como a consciência de que somos seres mortais, imperfeitos limitados.

Esta experiência permite-nos compreender a origem da religiao.Com efeito,é por esta criatura frágil que o ser
humano é habitado pelo medo,é atraído pelo mistério e procura ultrapassar a sua finitude.

Ela tem a particularidade de poder conduzir a uma abertura do ser humano ao que se situa além de si, a uma
realidade superior, ou, de o conduzir à transcendência.Quando dizemos que algo nos transcende, referimo-nos ao
que nos ultrapassa, ao que se situa fora ou acima de nós. Em geral, o termo aplica-se ao que nos é superior, daí o
usamos para nos referirmos ao sagrado.
Esta opõe-se à imanência,que designa a ação cujo termo é interior ao sujeito agente,ao pensamento e ao ser.

Não se pode dizer, no entanto, que tudo o que é sagrado nos transcende porque nem todas as religiões são iguais.
Certas religiões, como o cristianismo, o judaísmo ou o islamismo, falam-nos de um Deus efetivamente
transcendente, situado acima da nossa realidade e dela criador.-Perspectiva teísta . Neste caso, o sagrado é algo que
nos transcende.

Mas numa perspetiva panteísta (o universo e Deus são idênticos), crê-se que Deus não está fora e acima do mundo,
mas que Deus e o mundo são uma mesma entidade. Nesse sentido é identificado com o próprio universo, Deus é
imanente ao mundo.

O fideísmo

O fideísmo é a doutrina que sustenta a incapacidade da razão humana para atingir determinadas verdades,
considerando que elas só são acessíveis através da fé. A razão nada nos pode ensinar acerca da verdadeira natureza
das coisas. Existe, no lugar da razão, a “inteligência”, determinada pela fé. O ser humano assume e vive na fé,
mesmo que isso possa ir contra as normas morais convencionais estabelecidas pela sociedade.

Posições relativas à existência de Deus

Teísmo – afirma a existência de Deus, omnipotente, omnisciente, livre, bom, eterno, único, autoexistente,
transcendente, criador e conservador do universo. O teísta admite que Deus governa o mundo, considerando ser
possível uma demonstração racional da sua existência.

Deísmo – afirma a existência de Deus, concebido como um ser supremo, mas nega a sua intervenção no mundo
posteriormente à criação.

Ateísmo – posição filosófica que nega a existência de Deus e qualquer realidade que possa considerar-se da natureza
divina.

Agnosticismo – posição filosófica segundo a qual não é possível ao ser humano saber se Deus existe ou não nem
aceder ao conhecimento da sua essência, limitada a capacidade cognitiva humana ao mundo dos fenómenos Deus é
visto como incognoscível.

Panteísmo – posição filosófica segundo a qual Deus e o mundo são a mesma realidade, são apenas um. afirma que
Deus é tudo e tudo é Deus

Argumentos da existência de Deus

A existência divina pode ser alvo de uma demonstração de atividade lógico argumentativa a priori ou a posteriori.

Argumentos a priori: recorrem exclusivamente ao pensamento racional, independentemente da experiência para


provar a existência divina.

Ex: O argumento ontológico de Santo Anselmo da Cantuária

Santo Anselmo tem uma conceção infinita, eterna, imutável e una de Deus. Pode então, conceber-se um ser pelo
pensamento como um ser maior do que o qual nada se pode pensar. Logo, este existe necessariamente, quer no
pensamento quer na realidade, porque se só existisse no pensamento e não na realidade, seria concebível um ser
maior do que ele, o da realidade. Neste sentido Deus existe necessariamente no pensamento e na realidade.

Críticas:

1. Kant criticou neste argumento o pressuposto de que a existência é uma propriedade. Se dissermos que o ser
humano é um animal racional, estamos a referir-nos a algo que faz parte da definição de ser humano, se
dissermos que ser humano existe não estamos a referir nada que faça parte da essência humana. Por isso dizer
que Deus existe não lhe acrescenta qualquer predicado. A existência não é uma propriedade essencial, Como
Seria a omnipotência ou a suma bondade.
Argumentos a posteriori: utilizar argumentos empíricos que partem da experiência para demonstrar o
existencialismo divino.

EX: as 5 vias de são Tomás de Aquino – argumento cosmológico

Santo Tomás de Aquino utiliza 5 argumentos a posteriori teístas para demonstrar a existência de Deus.

1. Argumento do 1º motor imóvel - a física do universo não se move autonomamente, mas sim é uma cadeia
interativa movente. Os corpos são seres móveis, moventes, movíveis, logo um movimento desta mecânica
pressupõe um 1º motor imóvel. Dado que segundo são Tomás de Aquino é absurdo o regresso até ao infinito
“do mesmo modo que um bastão só move alguma coisa pelo impulso recebido pela mão”. Esse 1º motor é
Deus.
2. Argumento 1ª causa eficiente - o cosmos é uma cadeia de efeitos causantes de causas causadoras causadas. Esta
cadeia causadora causada tem que pressupor, dado que é absurdo regresso até ao infinito, uma causa causadora
em causada, uma causa eficiente primeira que é causa de si e de tudo o resto.
3. 3º argumento - é relativo ao ser necessário e contingente. A realidade cósmica é constituída por seres
contingentes (sujeitos à morte e ao nascimento) logo, a sua existência não é autónoma, não existem em si e por
si, mas se existem é porque foram criados por um ser necessário, que é Deus.
4. 4º argumento – Refere os graus refeição do mundo. Os corpos são detentores de qualidades comparáveis entre
si, sobre uma métrica maior ou menor que só o é face a um critério absoluto, quem é causa de todas essas
perfeições, que é a perfeição Suprema de Deus.
5. Quinto argumento - refere-se ao governo do mundo, a realidade é detentora de uma ordem de uma
complexidade. As funções dos seres estão concentradas entre si. Logo, esta ordem não é fruto do acaso, só pode
ter sido concebida por Deus.

Críticas:

1. Autocontraditório - defende ao mesmo tempo que não há causa que não tenha sido causada e que existe
uma causa que não foi causada.
2. O quinto argumento baseia-se numa fraca analogia.
3. Perde força quando confrontado com a teoria de Charles Darwin. a teoria evolucionista das espécies não
caminha para um fim as espécies evoluem de forma ateleológica.

Argumento fideísta da aposta de Pascal

Pascal utiliza este argumento de vida e estuda aposta na sua obra, que tem a seguinte estrutura:

● se acreditar em Deus e estiver errado terei uma perda infinita


● se acreditar em Deus e estiver certo terei um ganho infinito
● se não acreditar em Deus estiver certo então terei um ganho finito
● se não acreditar em Deus e estiver errado terei uma perda infinita

Deus não é assim demonstrável pela razão logo como podemos acreditar nele? Pascal utiliza os atuais princípios da
psicologia social, o condicionamento social, um descrente torna-se crente praticando a liturgia dos crentes e chega a
uma altura que graças a esse mimetismo comportamental passa também a acreditar.

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