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A NECESSIDADE DE FUNDAMENTAÇÃO DA MORAL

O PROBLEMA DO CRITÉRIO ÉTICO DA MORALIDADE

ANÁLISE COMPARATIVA DE DUAS TEORIAS SOBRE A


FUNDAMENTAÇÃO DA MORAL
A ÉTICA DEONTOLÓGICA
de
IMMANUEL KANT

(1724-1804)

Filósofo alemão, contemporâneo da Revolução


Francesa e do Século das Luzes.
O VALOR MORAL DAS AÇÕES
DEPENDE DAS INTENÇÕES

• A mesma ação pode ser praticada com diferentes intenções.

• Ajudo alguém porque espero ser recompensado ou porque sinto


ter o dever de o fazer.

• No primeiro caso, a minha ação é motivada pelo interesse


pessoal e não tem valor moral. No segundo, a minha ação tem
valor moral.

• Uma ação tem valor moral se for motivada apenas pelo


sentimento do dever.

• Para determinar o valor moral de uma ação é necessário


conhecer a intenção com que foi praticada.
O VALOR MORAL DAS AÇÕES NÃO
DEPENDE DAS CONSEQUÊNCIAS

• Certas ações mesmo que tenham boas consequências


não devem ser praticadas.

• Exemplo: A morte da população de Hiroxima teve a


consequência de evitar um número ainda maior de baixas
que aconteceria se a guerra tivesse continuado. Será,
então, que foi uma ação moralmente boa?

• Matar pessoas inocentes é sempre moralmente errado,


sejam quais forem as consequências.
O VALOR MORAL DAS AÇÕES NÃO
DEPENDE DAS CONSEQUÊNCIAS

• O único motivo que pode dar origem a uma ação


moralmente válida é o sentimento puro de respeito
pelo dever. Só mediante uma intenção pura a ação se
torna legítima.

• A intenção só é pura se derivar da vontade (boa)


A BOA VONTADE

VONTADE HUMANA ≠ VONTADE SANTA


• não é perfeita; • apta a agir guiada
• deixa-se influenciar única e
pelas exigências da exclusivamente
sensibilidade. pela razão.

BOA VONTADE = Vontade que segue a Razão; Vontade que


age de forma moralmente correta, sem se
submeter a nenhum móbil de sensibilidade.

É condição de todo o ato moral


DIFERENTES TIPOS DE AÇÕES

Ações contrárias
Ações conformes ao dever
ao Dever
movidas por realizadas por puro
inclinações sensíveis respeito pelo dever
Ações imorais, que não
cumprem as regras ou Ações que cumprem as Ações que cumprem as
normas morais e que regras ou normas regras ou normas morais e
surgem sempre por morais, mas que que ocorrem por total
inclinação sensível. ocorrem por interesse respeito pela lei moral;
ou vantagem pessoal decorrem de uma exigência
ou por qualquer puramente racional.
sentimento.
IMORALIDADE
LEGALIDADE MORALlDADE
ILEGALIDADE
LEGALIDADE E MORALIDADE

LEGALIDADE ≠ MORALlDADE

➢ caracteriza as ações ➢ caracteriza as ações


que são conformes ao realizadas
dever, mas que podem coerentemente por
muito bem ter sido dever, isto é, por puro
realizadas com fins respeito à lei moral.
egoístas ou por
motivos menos
válidos.
AUTONOMIA e HETERONOMIA
DA VONTADE

AUTONOMIA DA VONTADE ≠ HETERONOMIA DA VONTADE

➢ Característica de uma ➢ Característica de uma


vontade que cumpre o vontade que não cumpre o
dever pelo dever. Quando dever pelo dever. Quando
o cumprimento do dever é
o cumprimento do dever não
motivo suficiente para agir, a
é motivo suficiente para agir
vontade não se submete a
tendo de se invocar razões
outra autoridade que não a
externas como o receio das
razão.
consequências, o temor a
Deus, móbeis da
sensibilidade, etc., a vontade
submete-se a autoridades que
não a razão.
A MORAL BASEIA-SE NA RAZÃO, E
NÃO NA RELIGIÃO OU NOS
SENTIMENTOS

• As obrigações morais não são impostas de fora, por Deus


ou pelos bons sentimentos; são leis que a razão define para
si própria.

• Agir em obediência a regras morais só é possível sem pôr


em causa a nossa liberdade se formos nós, como seres
racionais, a ditar as normas de comportamento a que
estamos sujeitos.

• A lei moral pode ser conhecida com base apenas na razão:


a moral é a priori e inerente a todos os seres racionais por
serem racionais.
A FORMA DOS NOSSOS DEVERES

• Kant pretende encontrar a forma segundo a qual todo e


qualquer ser racional deve agir

Qual é, então, a forma dos nossos deveres?

À fórmula que nos indica o que devemos fazer Kant chama


imperativo.
A FORMA DOS NOSSOS DEVERES

IMPERATIVO HIPOTÉTICO ≠ IMPERATIVO CATEGÓRICO


• ordena que se cumpra • é um mandamento que nos
determinada ação em indica universalmente a forma
concreto para atingir como proceder, como
determinado fim devemos agir.
desejado Ex. «Se queres • não nos diz o que fazer em
a, deves fazer b.» Por situações concretas - «faz isto
exemplo, «Se queres ser se queres aquilo» -, indica-
atleta, treina.» nos apenas, ainda que de
modo absoluto e
Particular e Contingente incondicionado, a forma a que
devem obedecer todas as
nossas ações.
Universal e Necessário
SERÃO OS IMPERATIVOS MORAIS
HIPOTÉTICOS?

• Se a moral consistisse em seguir regras hipotéticas, só teríamos a


obrigação de, por exemplo, ajudar quem precisa em certas condições,
mas não em todas.

• A obrigação de ajudar dependeria, por exemplo, de termos um certo


sentimento (compaixão), e só existiria enquanto esse sentimento se
mantivesse.

• Mas nós temos o dever de ajudar em todas as circunstâncias,


quaisquer que sejam os nossos sentimentos.

• As obrigações morais não são hipotéticas; só têm valor moral as


ações praticadas por dever.

• O imperativo categórico é o único critério válido que devemos seguir


para decidir se um ato é ou não moralmente permissível.
A LEI MORAL
FÓRMULAS DO IMPERATIVO
CATEGÓRICO

1.ª Formulação do imperativo categórico

Age unicamente de acordo com a máxima que te faça


simultaneamente desejar a sua transformação em lei
universal.
Ou então: Age como se a máxima da tua ação devesse ser
instituída pela tua vontade como LEI UNIVERSAL DA
NATUREZA.

Primeira exigência da lei moral – Só é moral a máxima


que é universalizável
OBRIGAÇÕES PARTICULARES E A
LEI MORAL

Uma ação é moralmente permissível quando pode ser


universalizada. Obrigações morais particulares como não mentir ou
não roubar, têm em comum o facto de serem universalizáveis.

Esta obrigação moral básica é o fundamento de todas as


obrigações morais particulares.
A LEI MORAL
FÓRMULAS DO IMPERATIVO
CATEGÓRICO

2.ª Formulação do imperativo categórico

Age de tal forma que trates a humanidade, tanto na tua pessoa


como na de qualquer outro, sempre simultaneamente como
um fim, e nunca como um meio.

Segunda exigência da lei moral – reconhecimento do ser


humano, enquanto
pessoa, como um fim
em si mesmo e nunca
como um meio.
OBRIGAÇÕES PARTICULARES E A
LEI MORAL

É proibido usar as pessoas unicamente como instrumentos para


satisfazer as nossas necessidades e interesses; é nosso dever
respeitá-las enquanto seres racionais e autónomos.

Kant pensava que os seres humanos detêm uma posição única no


conjunto da natureza.

Ao contrário dos restantes seres vivos, que apenas possuem um


valor instrumental – resultante da sua utilidade para nós – os seres
humanos são valiosos enquanto tais: têm valor intrínseco e não
podem ser usados apenas em função da utilidade que tenham para
os nossos projetos.
LIBERDADE MORAL

Kant afirma a autonomia e a liberdade moral do agente: a


moralidade das nossas ações não depende de nada que
nos seja dado do exterior (sociedade, Deus, ou outra
qualquer entidade), mas do interior. O homem é livre
quando a sua vontade se submete às leis da razão, isto é,
quanto a sua vontade é autónoma.
A ética é um sistema de
regras absolutas

O valor moral de uma ação


decorre da intenção com que
é praticada

As regras morais devem ser


respeitadas
independentemente das
consequências (boas ou
más)
A ética de Kant
As regras morais são leis
que a razão estabelece e
valem para todos os seres
racionais

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